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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – FACULDADE DE DIREITO


SDB00166 - DIREITO DO TRABALHO I - A2 2023 / 1º
PROFESSORA WANISE CABRAL SILVA

A INOVAÇÃO CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE DA REFORMA 2017

Leonardo Jandre
Mataruna; Eduardo Takeo Komaki

Resumo: Abordamos a nova modalidade de contratação trazida pela reforma


trabalhista de 2017 na CLT com pesquisa jurisprudência e análise crítica.

Palavras-chaves: reforma trabalhista, contrato de trabalho, CLT.

Introdução
O contrato intermitente é uma inovação introduzida pela Reforma
Trabalhista, por meio da Lei nº 13.467/2017, que permite a contratação de empregados
para prestarem serviços de forma não contínua, ou seja, de maneira descontínua
alternada, em períodos determinados. Essa modalidade de contrato está prevista no
artigo 443, §3º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto-lei 5.452/1943 que
estabelece:

"O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou


expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou
para prestação de trabalho intermitente."

Essa disposição legal confirma a possibilidade de celebração do contrato


intermitente, desde que respeitadas as formalidades e condições estabelecidas pela
legislação trabalhista.

Caracteriza-se pela prestação de serviços subordinados com alternância


de períodos de trabalho e inatividade, que podem ser determinados em horas, dias ou
meses. O contrato intermitente deve ser celebrado por escrito e conter informações
obrigatórias, como o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário
do salário mínimo ou à remuneração dos demais empregados na mesma função. Além
disso, a convocação do empregado para o trabalho deve ocorrer com antecedência
mínima de três dias corridos, e o empregado tem a liberdade de aceitar ou recusar a
convocação sem que isso caracterize falta injustificada.

Em relação à remuneração, o empregado intermitente tem direito a


receber, no momento da convocação, as seguintes verbas: remuneração, férias
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proporcionais com acréscimo de um terço, décimo terceiro salário proporcional, repouso
semanal remunerado e adicionais legais. Além disso, ao final de cada período de
prestação de serviço, o empregador deve efetuar o pagamento das verbas rescisórias
devidas.

A modalidade do contrato intermitente tem gerado discussões e


divergências jurídicas. Há entendimentos de que essa forma de contratação possibilita
maior flexibilidade para o empregador, permitindo adequar a força de trabalho às
necessidades do negócio. Por outro lado, críticos argumentam que o contrato intermitente
pode precarizar as relações de trabalho, reduzindo a estabilidade e a previsibilidade da
remuneração dos empregados.

No âmbito jurisprudencial, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem se


manifestado sobre diversos aspectos do contrato intermitente. Em alguns casos,
reconhece-se a transcendência jurídica do recurso de revista, validando o trabalho
intermitente.

No campo doutrinário, há diferentes interpretações sobre a aplicação do


contrato intermitente e seus impactos nas relações de trabalho. Autores renomados como
Sérgio Pinto Martins, Maurício Godinho Delgado e Alice Monteiro de Barros abordam o
tema em suas obras.

No âmbito doutrinário, há diferentes interpretações sobre a aplicação do


contrato intermitente e seus impactos nas relações de trabalho. Autores renomados no
campo, como Sérgio Pinto Martins, Maurício Godinho Delgado e Alice Monteiro de Barros,
abordam o tema:

Renomado jurista trabalhista Sérgio Pinto Martins aborda o contrato


intermitente em suas obras, apresentando uma posição favorável em relação a essa
modalidade de contratação. Argumenta que o contrato intermitente pode ser uma forma
adequada de ajustar a oferta e a demanda de trabalho, permitindo a flexibilização das
relações de trabalho.

Jurista Maurício Godinho Delgado, autor de obras sobre direito do trabalho,


adota uma posição crítica em relação ao contrato intermitente. Ele destaca a possibilidade
de precarização das condições de trabalho e a instabilidade econômica e social que
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podem resultar desse tipo de contrato. Delgado defende que é necessário assegurar a
proteção e a dignidade dos trabalhadores, evitando abusos e garantindo direitos
fundamentais.

Jurista Alice Monteiro de Barros é uma referência no campo do direito do


trabalho e também adota uma posição crítica em relação ao contrato intermitente. Ela
argumenta que essa modalidade de contratação pode fragilizar a segurança e a
remuneração dos trabalhadores, além de dificultar o planejamento de suas vidas e
finanças. Enfatiza a importância de garantir condições dignas de trabalho e proteção aos
direitos trabalhistas.

No âmbito jurisprudencial, destaca-se a seguinte decisão do Tribunal


Superior do Trabalho (TST) que aborda o contrato intermitente no PROCESSO Nº TST-
RR-10454-06.2018.5.03.0097, a 4ª Turma do TST reconheceu a transcendência jurídica
do recurso de revista, validando o trabalho intermitente.

Essa decisão reforça a posição do TST em reconhecer a legalidade e a


validade do contrato intermitente, dentro dos limites estabelecidos pela legislação
trabalhista.

Dessa forma, tanto a jurisprudência quanto a legislação respaldam a


modalidade de contratação por contrato intermitente, apesar de existirem diferentes
posicionamentos doutrinários e debates em relação aos seus impactos nas relações de
trabalho.

Considerações finais
O contrato intermitente é uma modalidade que suscita questões jurídicas
relevantes, especialmente quando analisado à luz do art. 7º da Constituição Federal, que
estabelece direitos mínimos aos trabalhadores. A ADI 5826, em julgamento no STF,
discutiu a constitucionalidade dessa modalidade contratual. Embora os ministros Nunes
Marques e Alexandre de Moraes tenham votado pela sua constitucionalidade, o ministro
Edson Fachin defendeu sua inconstitucionalidade, fundamentado na proteção da
dignidade do trabalhador. É fundamental valorizar os direitos e garantias dos
trabalhadores, pois isso não apenas equilibra a relação laboral, mas também impulsiona o
desenvolvimento da sociedade como um todo.
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Referências bibliográfica

BARROS, Alice Monteiro de. Contrato intermitente: impactos na segurança e


remuneração dos trabalhadores. Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, v. 45, n. 169,
p. 136-156, jan./mar. 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5826.


Brasília: Portal do STF, 2022. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5578353. Acesso em: 02 de julho
de 2023.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de


1943. Texto compilado. Brasília: Diário Oficial da União, 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 02 jul. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nº
6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de
1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2017/ l13467.htm>. Acesso em: 02 jul. 2023.

DELGADO, Maurício Godinho. Contrato intermitente: reflexões sobre a precarização do


trabalho. São Paulo: LTr, 2018.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de direito do trabalho. 14ª ed. Ver., ampl. e
atual. Salvador: Editora JusPodvim, 2020.

MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e


coletivas do trabalho. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

MARTINS, Sérgio Pinto. Contrato intermitente: uma forma de ajustar a oferta e a


demanda de trabalho. In: Revista Trabalhista: Jurisprudência e Doutrina, v. 83, n. 4, p.
525-540, abr. 2020.
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TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Acórdão nº TST-RR-10454-06.2018.5.03.0097.
Relatora Ministra Delaíde Miranda Arantes. Brasília, DF, 10 dez. 2019.

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