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Betim
2019
Thamires Dayra do Carmo Andrade
Betim
2019
Thamires Dayra do Carmo Andrade
Betim
2019
RESUMO
The purpose of this paper is to analyze the new modality individual labor contract,
inserted in the Consolidation of Labor Laws (CLL), through Law 13,467 / 2017,
entitled Intermittent Work. The purpose of this analysis is to verify the constitutionality
of the new provisions of CLT in relation to the Constitution of the Federative Republic
of Brazil of 1988, having as a parameter the constitutional principles and articles
related to Labor Law. The construction of this study begins with the general
explanation of the changes brought by Law no. 13467/2017; with subsequent
presentation of the definition of Intermittent Work, its requirements and discursions
on the subject; The following is an analysis of the evolution of Labor Law in relation
to the Brazilian constitutions; Finally, the unconstitutionality of this modality is verified
before the fundamental, social principles and the work as economic and social order,
foreseen in the Constitution.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. PANORÂMA GERAL DA REFORMA TRABALHISTA – LEI Nº 13.467/2017 .. 15
3. INTRODUÇÃO DO TRABALHO INTERMITENTE PELA LEI Nº 13.467/17 ...... 19
3.1 Conceito de Trabalho Intermitente e seus requisitos.............................. 19
3.2 O trabalho Intermitente e os requisitos da relação de emprego ............ 22
3.3 Das vantagens e desvantagens do Trabalho Intermitente ...................... 24
4. O DIREITO DO TRABALHO FRENTE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
29
4.1. A evolução do Direito do Trabalho até Constituição de 1988 ................ 29
5. A INCONSTITUCIONALIDADE DO TRABALHO INTERMITENTE ................... 35
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45
13
1. INTRODUÇÃO
que o trabalhador consiga obter tal condição. O empregador por sua vez, poderá
obter mão de obra quando necessário, o que diminui custos para a sua produção.
Dentre as desvantagens, podem ser elencadas a incerteza do trabalhador quanto à
sua convocação para a prestação de serviço e em relação ao recebimento de salário
final, o que acarreta assim impactos físicos e psicológicos no mesmo.
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) fora recepcionada pela
Constituição Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), havendo a inclusão de direitos e
princípios inerentes à relação de emprego.
Ressalta-se que, dentre as constituições do Brasil, desde a primeira no
período imperial em 1824 até a última em 1988, aconteceram diversos avanços
relacionados às relações trabalhistas. De início, a previsão era simplória apenas no
sentido de não poder proibir nenhum gênero de trabalho. Já a Constituição de 1934
foi a primeira a apresentar um rol de direitos relacionados ao amparo e à proteção
do trabalhador, bem como à criação de órgão administrativo para dirimir questões
entre empregadores e empregados. Em 1946, tal órgão foi integrado ao Poder
Judiciário, intitulado como Justiça do Trabalho.
Com o advento da CF/88, foi inserido o direito ao trabalho entre os princípios
fundamentais e sociais, além de ser intitulado como fundamento da ordem
econômica e social.
A análise das normas infraconstitucionais mostra-se necessária frente à
Constituição, por ser o topo da hierarquia das normas jurídicas. Desta forma, no
capitulo cinco é examinada a constitucionalidade do trabalho intermitente, inserido
pela lei 13.467/2017.
A insegurança trazida ao trabalhador pela inexistência de uma jornada de
trabalho fixa a possibilidade da violação da garantia de um salário mínimo pelo
serviço prestado, previstos no art. 7 da CF/88, bem como o possível ferimento aos
princípios constitucionais ligados à relação de trabalho, faz surgir o tema central
deste trabalho. Busca-se analisar se houve por parte do legislador violação dos
direitos constitucionais inerentes aos trabalhadores, fazendo com que o trabalho
intermitente possa ser considerado inconstitucional.
15
Desta forma, por meio do projeto de lei nº 6.787 que propôs a alteração de
vários dispositivos constantes no Decreto-Lei mencionado anteriormente, deu-se a
publicação, em 13 de junho de 2017, da Lei nº 13.467/2017, devidamente
sancionada pelo Presidente da República, Michel Miguel Elias Temer Lulia. Essa lei
ficou conhecida popularmente como “Lei da Reforma Trabalhista” e entrou em vigor
16
Sobre a mesma ótica, Homero Batista Mateus da Silva (2017) disserta sobre
a insegurança jurídica trazida, bem como as dificuldades enfrentadas na Justiça do
Trabalho:
Observa-se que o art. 452-A da CLT (2017) traz em seu texto condições
específicas para contratação sobre a forma de trabalho intermitente, como por
exemplo: a convocação para o trabalho; a possibilidade de recusa por parte do
empregado; o pagamento de multa em caso de descumprimento tanto por parte do
empregado quanto pelo empregador; o período de inatividade não é considerado
21
Referida Portaria, ao contrário da MP, não detém a força de Lei. Não ocupa,
assim, o vácuo legal deixado pela MP 808/2017 quando vigente. Ou seja,
enquanto previstas na MP, as normas eram de aplicação obrigatória. Agora,
como Portaria Ministerial, as regras prestam-se a orientar o próprio
Ministério do Trabalho no âmbito da sua atuação, especificamente para as
inspeções realizadas pela Fiscalização do Ministério do Trabalho.
(GIAMUNDO NETO, 2018).
sendo assim, insubordinado, podendo ser aplicado a ele até mesmo dispensa por
justa causa.
Mariana Correia D’Amorim (2018) critica a manutenção da subordinação no
caso do trabalho intermitente, sendo para ela, a mitigação do princípio da
subordinação aplicada em favor do empresário, vejamos:
enquanto não for convocado. Tal possibilidade está prevista no art. 452-A da CLT
(2017).
Contudo, conforme posicionamento de Renan Leite Vieira (2018), diante do
grande número de desempregados no Brasil, é praticamente impossível que o
trabalhador consiga obter dois ou mais empregos desta forma, fazendo com que tal
norma possa não surtir o efeito esperado.
Outra vantagem destacada é em favor do empregador, no qual este poderá
contratar devido a sua demanda, com um custo reduzido, conforme Willian
Fernandes Chaves (2018):
Porém, vale ressaltar, que apesar de haver ponto positivo ao empregado que
poderá realizar, em tese, mais de um contrato, a flexibilização trazida pela nova
norma beneficia o empregador ao passo de poder reduzir os gastos contratando
empregados intermitentes, podendo levar a diminuição de contratações por tempo
integral, como as outras formas de contrato.
Já em relação às desvantagens, destaca-se a própria intermitência, na qual o
empregado, apesar de possuir vínculo empregatício, não possui a certeza de que irá
laborar de forma efetiva, tampouco a garantia de um salário mínimo fixo. Tal
situação poderá gerar ao trabalhador impactos físicos e psicológicos, haja vista a
falta de rotina e de organização financeira, ante a intermitência do trabalho.
Sobre esse prisma, aduz sobre o assunto Marilane Oliveira Teixeira, Andréia
Galvão, José Dari Krein e Magda Barros Biavashi (2017):
Vale ressaltar, ainda, que, de acordo com o art. 157, §7º da Constituição
(1967), o direito de greve foi garantido, sendo esse proibido aos serviços públicos e
atividades essenciais, definidas em lei.
Hoje com o advento da Constituição Federal de 1988, o trabalho é tratado
em vários dispositivos. De inicio, o art. 1º, IV prevê, como fundamento da República
Federativa do Brasil, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (BRASIL,
1988). Já no art. 5º, XIII, reconhece como ‘‘livre o exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer’’.
Por outro lado, os direitos envolvendo diretamente o trabalhador e a
regulamentação dos sindicatos são estabelecidos pelos artigos 6º a 11, elencados
no Capítulo dos direitos sociais.
Sobre esse prisma George Marmelstein (2011, p. 205) aduz:
Esses direitos possuem uma função diferente da função dos demais direitos
fundamentais, pois eles têm como principal destinatário as empresas
privadas e não o Estado. São, portanto, normas que limitam o poder de
direção do empregador como vistas a proporcionar condições mais dignas
de trabalho. Para isso, o constituinte estabeleceu uma série de garantias
mínimas a serem observadas na relação trabalhista, sem prejuízo de outras
estabelecidas em lei, tratados internacionais ou até mesmo acordos entre
patrões e empregados. (MARMALSTEIN, 2011, p. 205)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: [...] XIII - duração do trabalho
normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho. (BRASIL, 2017).
Portanto, por receber de forma irregular e não ter a garantia do quantum a ser
recebido, o planejamento econômico do trabalhador e de sua família fica
comprometido, uma vez que tais mudanças não asseguram um valor mínimo fixo
para suprir suas necessidades básicas, violando assim o dispositivo constitucional e
a convenção da OIT.
Outro ponto importante a ser ressaltado é o fundamento da ordem econômica
na valorização do trabalho (art. 170, CF/88), em especial a observância do principio
da busca pelo pleno emprego previsto no inciso VIII. Havendo violação os direitos
inerentes aos trabalhadores (jornada de trabalho e direito ao salário mínimo), não há
como se falar em valorização do trabalho, tampouco a busca pelo pleno emprego,
haja vista que a finalidade de tais institutos é de “assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social” (BRASIL, 1988).
Para Eros Roberto Grau (2014) qualquer norma que não seja compatível com
a valorização do trabalho será considerada inconstitucional, senão vejamos:
Desta forma, pelo fato do Brasil ser signatário ao Protocolo de São Salvador e
ante o caráter supralegal da disposição, as leis deverão ser submetidas à análise
dessas normas internacionais.
Assim, o trabalho intermitente, trazido pela Lei nº 13.467/2017, por ferir os
direitos dos trabalhadores, confronta a ordem econômica no que diz respeito à
valorização do trabalho, ou seja, a norma infraconstitucional acaba por entrar em
confronto com normas constitucionais e supralegais.
Neste sentido, diante da violação dos direito inerentes ao empregado, pode-
se dizer que o trabalho intermitente fere dois princípios fundamentais da República
Federativa do Brasil, quais sejam: a dignidade da pessoa humana e os valores
sociais do trabalho, previstos no art. 1º, incisos III e IV, respectivamente, da CF/88
(BRASIL, 1988).
Um dos princípios norteadores do Direito do Trabalho é o principio da
proteção. Este tem como fundamental característica a proteção do trabalhador frente
ao empregador por ser o hipossuficiente da relação trabalhista, conforme exposto
por Renato Saraiva (2011):
Desta forma, Renato da Fonseca Janon (2016) salienta que, por haver
violação de incisos IV e XIII do art. 7º da CF/88 pela nova forma de contrato
individual, há então nítida violação de clausula pétrea, assim como violação dos
núcleos essenciais. Desta forma, qualquer legislação que causa supressão destes
princípios sociais violará o principio da vedação ao retrocesso social, no qual
consequentemente estará ferindo a Constituição Federal.
Por derradeiro, acrescenta-se que estão em curso no Supremo Tribunal
Federal (STF) quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), segundo o site
do STF, referentes as disposições previstas na Lei nº 13.467/2017 ao que diz
respeito ao trabalho intermitente.
A primeira ADI de nº 5.806 ajuizada pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores de Segurança Privada (Contrasp), alega violação ao direito ao salário
mínimo e grave flexibilização do princípio protetor, que rege do direito do trabalho
(NOVA..., 2017)
A segunda de nº 5.826 interposta pela Federação Nacional dos Empregados
em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Fenepospetro),
traz como inconstitucionalidade a
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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2011.
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14. maio. 2019.
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14. maio. 2019.
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14. maio. 2019.
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