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467/20171 e
sua inconstitucionalidade no que tange o tempo a disposição do empregador
(horas in itinere)
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos gerados pela reforma trabalhista
Lei 13.467/2017. Logo de início, a fim de uma compreensão do assunto, foi abordado o
contexto histórico da CLT desde a sua criação. Também nessa mesma ótica, uma análise
acerca da elaboração da reforma trabalhista, seus objetivos e características, e por fim, um dos
itens alterados que foi o tempo a disposição do empregador, e sua compreensão através dos
tribunais. E analisar os princípios básicos presentes na nossa constituição, que são contrários
ao retrocesso social e a segurança jurídica, confrontando os mesmos com os pressupostos
utilizados na alteração das Leis trabalhistas.
Palavras-chave: Trabalho. Reforma Trabalhista. CLT. Tempos a disposição do
Empregador. Constituição.
Abstract
The present work aims to analyze the impacts generated by the labor reform Law
13.467/2017. Right from the start, in order to understand the subject, the historical context of
the CLT since its creation was addressed. Also in this same perspective, an analysis of the
elaboration of the labor reform, its objectives and characteristics, and finally, one of the
changed items that was the time available to the employer, and its understanding through the
courts. And analyze the basic principles present in our constitution, which are contrary to
social regression and legal certainty, confronting them with the assumptions used in the
amendment of labor laws.
Keywords: Job.Labor Reform.CLT. Times available to the Employer.
1
Artigo apresentado à Universidade Potiguar– UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Direito, em 2022.
2
Graduando em Direito pela UNP. E-mail: fernandomenezes23@hotmail.com
3
Graduanda em Direito pela UNP: E-mail: sabrinataynamagu1216@gmail.com
4
Professor orientador. Professor Especialista. E-mail: glauber.soares@unp.br
2
1 Introdução
O governo propôs com a atual reforma, a modernização da lei trabalhista com o intuito
de garantir e preservar um direito fundamental que é o emprego. Ao longo do trabalho é
possível observar que embora o intuito tenha sido esse não obteve êxito em seu objetivo, pelo
contrário, aumentou ainda mais as desigualdades.
Dessa maneira, objetivo do presente trabalho é analisar a CLT no contexto histórico de
quando foi criada e o contexto histórico de quando foi alterada, abordando como a alteração
prejudicou a classe trabalhadora, frente as leis adotadas dentre elas “o tempo a disposição do
empregador”, destacando a sua inconstitucionalidade frente a nossa carta magna.
A criação da CLT se deu durante o governo de Getúlio Vargas entre 1930 e 1945, ela
se encontra na lista de Direitos adquiridos mediante um contexto político e econômico no qual
o pós-guerra e a crise de 1929 influenciaram diretamente na sua criação, isso se deu devido a
mudança na percepção que esses eventos geraram no mundo, no qual após isso a política
mundial voltou-se para criação de políticas voltadas para os trabalhadores e desenvolvimento
do estado. A consolidação consumou-se em 1943, e realizou a unificação de todas as leis e
decretos existentes até então no país, foi criada através do Decreto-lei n° 5.452, de 1° de maio
de 1943, durante a vigência do Estado novo.
As relações trabalhistas no Brasil até 1929 encontravam-se atreladas ao modo de
produção agrário, dominado por oligarquias. Embora a escravidão já tivesse sido abolida em
1888 com a lei Aurea, as condições de trabalho que se tinha até então, eram condições de
miserabilidade, no qual fazia os trabalhadores se submeterem as condições impostas pelos
patrões, condições essas que se assemelhava a escravidão.
Anteriormente a esse período até existiu alguns pontos em constituições anteriores
que traziam a luz algum direito e reconhecimento deste para a classe trabalhadora, porém
nada que trouxe melhorias significativas para os trabalhadores, um exemplo disso são as
4
“Ela nos exigiu não só uma rápida e efetiva política estatal de defesa da renda
e do emprego, mas também a construção de uma política de industrialização,
única rota para sair da grave crise e ingressar em formas econômicas urbanas
mais modernas e progressistas” (Cano 2015, p.446).
5
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rep/a/FwKt39SvPW36Thr993KRrfF/?format=pdf, acessado em
17/05/2022.
6
CLT: Consolidação das leis do trabalho [recurso eletrônico] / Eliezer de Queiroz Noleto (organizador). – Brasília:Câmara dos
Deputados, Edições Câmara, 2018.
5
Esse período que corresponde de 1934 a 1943, foi conturbado politicamente, porém
trouxe ganhos para a classe trabalhadora, um exemplo disso foi a constituição de 1934,
implementada durante o governo provisório, que trouxe em seu conteúdo a materialidade de
leis que beneficiava os trabalhadores, pois instituiu direitos como:
7
CARVALHO, Carlos Eduardo; PINHEIRO, Maurício Mota Saboya. FGTS: avaliação das propostas de reforma
e extinção. Texto para discussão, Rio de Janeiro, n. 671, set. 1999. Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_ Acesso em: 05/05/2022.
8
Monteiro, João Antolino,1964- o discurso da economia solidária no contexto capitalista: desafios e
contradições,2016.https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/3465/1/Disserta%C3%A7%C3%
A3o%20%20Ci%C3%AAncias%20da%20linguagem%20Jo%C3%A3o%20Antolino%20Monteiro.Acessado em
06/05/2022.
6
Os Direitos sociais é um dos frutos gerados pela Revolução industrial, uma vez que,
com o advento da revolução, a massa trabalhadora foi sendo substituída gradualmente pelas
máquinas, e devido a isso ia gerando um desemprego em massa dos trabalhadores que
ocupavam esses postos de trabalho. Foi necessário a intervenção estatal para que essa massa,
que já não vivia em condições dignas, tivesse pelo menos condições de se alimentar e integrar
novamente o sistema, nesse interim o estado proporcionou um assistencialismo a essas
pessoas, que estava em condições desfavoráveis. A conquista Social de Direitos progrediu
durante o século XX, embora, inicialmente tenha sido desfavorável para o trabalhador a
Revolução industrial favorece em certos aspectos essas conquistas.
São Direitos fundamentais na formação de um Estado social de Direito, visando a
melhoria de condições dos cidadãos hipossuficientes que compõem o Estado, buscando a
igualdade social sendo fundamentados na nossa Carta magna9.
“que exigem do Poder Público uma atuação positiva, uma forma atuante de
Estado na implementação da igualdade social dos hipossuficientes. São, por
esse exato motivo, conhecidos também como direitos a prestação, ou direitos
prestacionais” (Tavares apud Bertramello, 2012, p.837)13v.
Dessa maneira nossa carta magna traz em sua essência desde a elaboração a proteção
e garantia desses direitos sociais, pelo quais a classe trabalhadora batalhou ao longo dos anos
para sua elaboração, direitos esses conquistados através de muito labor.
12 Demarchi,Maieski. Indicadores sociais como instrumento de efetivação de direitos sociais, anais XIV
simpósio nacional de direito constitucional, pg.7.Disponível em https://abdconst.com.br/anais6/74.%201485-
1506%20%20INDICADORES%20SOCIAIS%20COMO%20INSTRUMENTO%20DE%20EFETIVA%C3%87
%C3%83O%20DE%20DIREITOS%20FUNDAMENTAIS.pdf acessado em 16/05/2022.
13
https://rafaelbertramello.jusbrasil.com.br/artigos/121943093/os-direitos-sociais-conceito-finalidade-e-teorias.
Acessado em 07/05/2022.
14
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
8
Diante disso o Estado a se compromete a promover uma vida digna ao cidadão, como
garantia de direitos e dignidade. Só permitindo sua alteração mediante votação e aprovação
por parte da câmara dos deputados, que detêm a autoridade de legislar. Diante do processo de
redemocratização do país foi resolvido incluir esses direitos na Carta Magna, fruto de uma
evolução dos direitos conquistados desde 1943, com a inclusão e consolidação das leis
trabalhistas. Dessa maneira, a carta Magna de 1988 é o que regula e estabelece normas do
direito do trabalho no Brasil.
A reforma trabalhista de 2017, alterou em seu bojo mais de 100 artigos presentes na
CLT, modificados em sua integralidade, a mudança vale tanto para contratos novos como
antigos e alterou princípios basilares da CLT, tais como: modalidade de contratação, férias,
15https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2824/Consideracoes-sobre-os-direitos-sociais-no-
jornada de trabalho, plano de carreira, acordo coletivo, higiene e troca de uniforme, banco de
horas etc.
Um desmonte nos direitos adquiridos desde 1943. Embora a promulgação da CLT,
tenha sido durante o período ditatorial de Getúlio Vargas, sabe-se que antes disso existia
legislação no tocante ao direito dos trabalhadores, muito embora, esparsa e vaga. Somente no
período Vargas ela foi reunida e sistematizada e promulgada em 1° de maio de 1943.
Para diversos pensadores dentre eles (Delgado apud gorete ,2017, p.39)16 “O sentido
da Reforma Trabalhista Brasileira de 2017, está ligado ao antigo objetivo do Direito na
História como Instrumento de exclusão, segregação e sedimentação da desigualdade entre as
pessoas humanas e grupos sociais17.”. O projeto a princípio tinha como objetivo de acordo
com Rogerio Marinho:
“aprimorar as relações do trabalho no Brasil, por meio da valorização da
negociação coletiva entre trabalhadores e empregadores, atualizar os
mecanismos de combate à informalidade da mão-de-obra no país,
regulamentar o art. 11 da Constituição Federal, que assegura a eleição de
representante dos trabalhadores na empresa, para promover-lhes o
entendimento direto com os empregadores, e atualizar a Lei n.º 6.019, de
1974, que trata do trabalho temporário”. (MARINHO, 2017, p. 02).
Dessa maneira, o que se extrai da declaração do relator da proposta de lei que entrou
em vigor em 2017, o objetivo era somente alterar a lei n°6.01918, porém, foi mais ampla da
que se esperava do projeto original, foram apresentadas mais de 100 emendas para
modificação da Lei anterior.
E importante salientar que o pressuposto de atualizar a CLT, não condiz com a
realidade, pois ela já tinha passado por mais de “quinhentas alterações” desde a sua criação
(Arantes,2017, p.43). Existindo várias leis complementares que supria a CLT, inexistindo
comprovadamente sua caducidade.
O Brasil no período da elaboração e aprovação da Reforma passava por uma
instabilidade política e econômica, e devido a isso a classe empresarial viu nesse momento
uma ótima oportunidade para colocar em pauta esse projeto. O que se verificou foi uma
verdadeira mobilização através de lobby dos empresários. De acordo com a reportagem
publicada pelo El pais:
16
Disponível em: http://www.uece.br/eventos/seminariocetros/anais/trabalhos_completos/425-12758-15072018-
160133.pdf, acessado em 15/05/2022.
17 https://vlex.com.br/vid/sentido-da-reforma-trabalhista-701526433, acessado em 22/05/2022.
18
Dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas, e terceirização.
10
19
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/26/politica/1493239710_815493.html, acessado em 15/05/2022.
20
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
21
A reforma trabalhista e a subcidadania brasileira:/ Raul Barreto Filho: Teresa Olinda Caminha Bezerra,
orientadora, Niterói, 2018. 43 disponível em: https://1library.org/article/a-precariza%C3%A7%C3%A3o-do-
trabalho-reforma-trabalhista-lei.q2k982rq, acessado em 14/05/2022.
11
22
https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2021/10/07/reforma-trabalhista-michel-
temer-empregos-4-anos.htm,acessado em 12/05/2022.
12
Sendo assim, diante da perspectiva social dos direitos dos trabalhadores que a
Reforma trabalhista alterou, encontram-se também princípios constitucionais que não
condizem com tais alterações, como princípio da proteção, princípio da proibição do
retrocesso social, e princípio da segurança jurídica, itens esses que ficam claros na fala do
ministro Celso de Mello.
Muita embora, a jurisprudência mencionada não trate dos direitos trabalhistas, pode
facilmente ser aplicado ao mesmo, pois trata de direitos que foram extintos e modificados, e
relacionam-se perfeitamente ao tema em voga, que é a modificação das horas in itinere, sendo
um grave retrocesso social, para (Urtiga apud Bulos,2014, p.538) “é inconstitucional qualquer
ato legislativo que anule, revogue ou aniquile liberdades públicas assentadas no seio da
sociedade.” Portanto, o autor segue a ótica de Mendes, de que a supressão de direitos
fundamentais ou sociais, após criados, seria um verdadeiro retrocesso”2526.
E o princípio da segurança jurídica, que ao tema a jurista Theresinha Inês Neles pires
27
, diz:
“O princípio da segurança, em uma acepção genérica, vem expressamente
previsto no artigo 5°, caput, da Constituição Federal, como uma garantia
fundamental associada ao princípio da igualdade. Ainda no capítulo relativo
aos direitos individuais e coletivos, a Carta Constitucional acolhe, dessa vez
indiretamente, o princípio da segurança, ao firmar, no inciso XXXVI do
artigo 5°, o respeito ao “direito adquirido”, ao “ato jurídico perfeito” e à
“coisa julgada”1. Já no capítulo da Constituição dedicado aos direitos
sociais, a segurança aparece na qualidade de um direito público prestacional,
ao lado de direitos básicos, tais como os direitos à saúde, à educação, ao
trabalho e à previdência social (artigos 6o, caput, e 7°, inciso XXII)”.28
Dessa maneira a segurança jurídica deve ser considerada como principio basilar nas
relações jurídicas em um Estado democrático de direito, trazendo segurança e paridade de
armas aqueles que o buscam. Porém quando relacionamos com a Lei n° 13.467/17,
verificamos que esta principio não é e não foi cumprido uma vez que traz incerteza, devido a
modificação e ausência do direito em relação as horas in itinere, causando insegurança aos
que usufruíam desse direito.
24
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627428, acessado em 17/05/2022.
25 https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/13486/1/JPUP30112018.pdf, acessado em
22/05/2022.
26
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional - 8. ed. rev. e atual. de acordo com a Emenda
Constitucional n. 76/2013 -São Paulo: Saraiva, 2014, p. 538.
27
SEGER, Giovana Abreu da Sila; SEGER, Marcelo. Princípio da segurança jurídica. Revista Eletrônica
Direito e Política, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da UNIVALI, Itajaí, v.8, n.3,
3º quadrimestre de 2022. Disponível em: <www.univali.br/direitoepolitica> - ISSN 1980-7791.
28 https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/201/ril_v51_n201_p129.pdf, acessado em 17/05/2022.
16
Mediante a explanação sobre esses dois princípios que constam na nossa carta magna,
é verificável de como foi prejudicial e inconstitucional essa supressão de direitos, uma vez
que, não traz proteção aos trabalhadores, e retira e viola direitos já adquiridos, indo de
encontra as jurisprudências adotas pelo STF, que é justamente contrária ao retrocesso social.
Diante do exposto, verificamos uma violação total ao direito dos trabalhadores com
supressão dos princípios norteadores dos direitos constitucionais e trabalhista, com a remoção
dos direitos adquiridos, é verificável, a inconstitucionalidade da Lei n° 13.467/2017- Reforma
trabalhista, principalmente a retirada das horas in itinere, que teve como objetivo principal
dessa pesquisa.
Considerações Finais
alterações ao longo do tempo. E uma das partes interessadas não participou desses debates em
torno dessas alterações realizadas nos Direitos dos trabalhadores, verificou-se que a classe
empresarial por meio de lobbys e influencia política, alterou sem nenhuma contra partida para
os trabalhadores, a lei que justamente resguardava o direito deles.
No 3° capitulo, chegamos a conclusão da inconstitucionalidade do entendimento em
relação as horas in itinere, pois viola princípios legais estabelecidos na nossa carta magna.
Princípios esses essenciais para a construção de um Estado democrático de direitos, uma vez
que vislumbra e olha para os hipossuficientes e a parte mais fraca das relações jurídicas
ideológicas. E de constatamos de como essa modificação foi prejudicial para os trabalhadores.
Referências
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