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Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

Centro de Ciências e Tecnologia – CCT


Unidade Acadêmica de Engenharia Química – UAEQ
Disciplina: Sociologia Industrial
Aluna: Pietra Santana Matos

Desmonte dos direitos trabalhistas, as


novas configurações do trabalho e o
esvaziamento da ação coletiva.
Conquista dos direitos trabalhistas
Os direitos trabalhistas foram conquistados depois de muita exploração dos trabalhadores:

• Era comum uma jornada de trabalho de 18 horas;


• Grande incidência de trabalho infantil;
• Baixa remuneração (além das condições ainda análogas a escravidão);

Ao longo da história os direitos foram conquistados por meio de conflitos, greves e morte de alguns
trabalhadores. Alguns dos direitos conquistados foram:

• Em 1917 no México foi conquistada às 8 horas de jornada de trabalho e um salário mínimo (Ocorreu
em 1934 no Brasil);
• O 13° salário foi conquistado em 1962;
• 15 dias de férias remuneradas em 1925 e 30 dias com a CLT em 1943;
• Na década de 30 foi instituído um número máximo de hora extra e que deveria ser remunerado;
• A constituição de Vargas em 1934 previu alguns direitos e a CLT em 1943;
O que é a CLT?

A Consolidação das Leis do Trabalho, popularmente chamada de CLT, regulamenta as relações


trabalhistas, tanto do trabalho urbano quanto do rural, de relações individuais ou coletivas.

Ela foi decretada no Estado Novo – período autoritário da Era Vargas – em 1º de maio de 1943.
Essa legislação visa a proteger o trabalhador, a regular as relações de trabalho e criar o direito
processual do trabalho.

Sua importância está na maneira com que se propôs a coibir relações abusivas de trabalho, que antes
eram comuns: não havia leis que regulassem horários, condições de trabalho nem de benefícios. Ou
seja, ela foi uma conquista dos trabalhadores, pois garantiu condições mínimas de trabalho.
Direitos que a CLT prevê

• Carteira de trabalho;
• Falta justificada;
• Salário mínimo;
• Descanso semanal;
• Direito à greve;
• Hora extra remunerada;
• Licença a maternidade;
• FGTS e Aposentadoria;
• Férias remuneradas de 30 dias;
• 13° salário;
• Diversos outros direitos que são aplicados aos dias de hoje;
Reforma trabalhista e implicações
• A Reforma Trabalhista é um conjunto de novas regras criadas pelo governo brasileiro para atualizar e
reformular a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), além de modernizar as relações de trabalho. 

Foi em 2017 o ano que o governo (na época do ex-presidente Temer) aprovou o desmonte dos direitos
trabalhistas conquistados durante um século por meio da reforma trabalhista, contudo o início das mudanças
dos direitos deu-se muito antes.
A contrarreforma - como cita o artigo - buscou ajustar-se ao capitalismo contemporâneo e legalizar práticas
que já existiam no mercado de trabalho, fazendo com que o trabalhador se submetesse a regulação do
mercado, ampliando a liberdade do empregador e minando o trabalhador.

O que foi implementado na reforma já estava previsto em um documento de 2015 do PMDB chamado “Uma
ponte para o futuro”, tendo assim a tentativa do partido pôr suas decisões no governo vigente e agradou-se
com o impeachment, da presidência da época (governo Dilma), tendo seu vice, Michael Temer do PMDB,
Assumido o seu posto .

• Esta reforma trabalhista estava em favor do capital em detrimento do trabalhador, onde no período
anterior os direitos que haviam sido conquistados foram retrocedidos.
Regulação trabalhista
A análise das medidas da relação entre capital e trabalho tem como base duas regulações: a regulação
pública e a regulação privada.

Tem-se como regulação pública, o processo de definição das regras com base na ação dos trabalhadores por
meio de negociação coletiva ou regulamentação estatal, que se traduz na colocação de limites sobre a forma
como o capital utiliza a força de trabalho. A análise não deve ser por funcionalidade econômica e sim pela
natureza histórica para garantir a dignidade do trabalhador em trica da sua força de trabalho.

• A relação entre capital e trabalho é marcada por uma assimetria, sendo fundamental assegurar a
existência do sindicato e da negociação ou a intervenção do Estado para proteger o elo mais frágil da
relação.
• O trabalho não pode ser considerado como uma mercadoria qualquer, pois quem vende a força de
trabalho é uma pessoa humana e sua dignidade precisa estar assegurada

Tem-se como regulação privada, a definição de regras pelo âmbito do mercado ou pelo poder do
empregador. Portanto, a análise das medidas é feita utilizando como critério a sua contribuição para ampliar
a proteção social e redistribuir a riqueza gerada ou para alargar a liberdade da empresa na determinação das
condições de contratação, uso e remuneração do trabalho.
O início do desmonte
Após a segunda guerra na Europa foi um período de desmercantilização da força de trabalho, mas
após a crise de 1970 voltou-se a mercantilização.
Nos anos recentes, a partir de 1980 nos países da Europa ocidental e 1990 no Brasil, há uma
tendência de fragilizar a regulação pública favorecendo a regulação privada, em que o trabalhador
fica mais exposto aos mecanismos de mercado na determinação de suas condições de
sobrevivência. Ou seja, deu início a uma era de favorecimento da empresa e não do trabalhador.

Nos anos de 1990, quando o Brasil optou por se inserir no processo de globalização financeira, o
neoliberalismo ganhou expressão nos governos Collor e, especialmente, FHC a agenda de
flexibilização das relações de trabalho.
Os argumentos eram: Que é necessário flexibilizar para enfrentar o desemprego e informalidade e
que era necessário ajustar o regulamento do trabalho as novas tecnologias.
Construindo a reforma desde 1990
O debate econômico da época de 1990 Existiam duas teses: Os Neoclássicos e os Novos
Keynesianos

• Os Neoclássicos defendiam que havia excesso de rigidez no mercado de trabalhos;

• Os Novos Keynesianos defendiam que havia uma flexibilidade prejudicial à


produtividade;

Mas os dois defendiam que a legislação leva a comportamentos individuais e oportunistas


que prejudicam a dinâmica econômico.
Governo FHC
O governo não teve forças para implementar uma reforma global, todavia definiu:

• O avanço de formas de contratação atípica (contrato por prazo determinado, contrato parcial, ampliação do
período para utilização do contrato temporário);
• A flexibilização da jornada (banco de horas, liberalização do trabalho aos domingos);
• A remuneração variável (o fim da política salarial o fim dos mecanismos de indexação do salário mínimo, a
introdução do programa de Participação nos Lucros e Resultado e liberação do salário utilidade);
• A introdução de mecanismos privados de solução de conflitos (mediação, arbitragem e Comissão de
Conciliação Prévia).
• Redução do poder do estado e dos sindicatos;
• Facilidade de contratar e demitir;
• Despadronização da jornada de trabalho;

Porém não conseguiu definir três importantes pontos:


• A liberalização da terceirização;
• A prevalência do negociado sobre a legislação
• A reforma no sistema de organização sindical.

O que foi modificado no Brasil acompanhou as mudanças da Europa. Tendo a lógica do mercado acima da vida
social.
Governo Lula
Tentou iniciar uma reforma sindical e trabalhista por meio da FNT com participação dos 3 poderes , porém
não teve apoio e não tramitou, mas elaborou a lei do reconhecimento sindical em 2008, que proporcionou
bases para seu financiamento.
A questão dos direitos trabalhistas também não tramitou por falta de apoio.
Foram introduzidas quinze medidas de ampliação nas políticas públicas, entre elas:
• Valorização do salário mínimo;
• Regularização do trabalho doméstico;

Ao mesmo tempo foram implementadas vinte e uma medidas que reforçam a lógica da flexibilização e
redução da proteção social, como:
• A reforma da previdência no setor público de 2003;
• As restrições do seguro desemprego e do abono salarial;
• A lei das falências;

Houve também um aumento das instituições públicas.


Anos 2000
O TST consolidou uma série de interpretações mais favoráveis à proteção dos trabalhadores, tais como a questão da
ultratividade, o cômputo da jornada e a caracterização da relação de emprego disfarçada.
No entanto, especialmente nos anos recentes, após 2013, o Supremo Tribunal Federal fez o movimento contrário de
constituir decisões judiciais muito desfavoráveis ao direito do trabalho, em clara oposição às tendências do TST.

No fim do governo Lula nenhuma reforma trabalhista e sindical foi realizada, mas ocorreram algumas mudanças
pontuais.

Em 2013 a pausa da flexibilização foi finalizada com o esgotamento do governo PT.

Em 2015 a crise política apagou os direitos trabalhistas.

Pensando na elite econômica do Brasil, Temer demonstrou apoio ao impeachment para a aplicação do documento do
PMDB já citado, apoiando o ultraliberalismo. Nele há:
• A indicação de reduzir o tamanho do Estado e de reduzir o gasto social
• Retirar direitos a redução do gasto social, e diminuir a proteção social
• Previa as privatizações, a reforma da previdência e a reforma trabalhista
A contrarreforma: perda dos direitos
Em relação aos direitos:

• Em relação as contratações: Atípicas temporárias e mais precárias

• Em relação as demissões: Facilita o empregador a demitir e diminui o direito do trabalhador

• Em relação a jornada de trabalho: a ampliação da liberdade do empregador manejar o tempo de trabalho necessário e a
redução de custos com o não pagamento de parte do tempo em que o trabalhador fica à disposição do empregador, mas não
está necessariamente produzindo. Insalubridade, acarreta doenças...

• Em relação a remuneração: contribui para desigualdade da distribuição da riqueza do capital e o trabalho

• Em relação as instituições: enfraquecimento do sindicato e o encerramento de vários órgãos públicos


Referências:
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/uma-historia-dos-direitos-do-trabalho
https://www.politize.com.br/direitos-trabalhistas-historia/
https://www.politize.com.br/clt/
https://abridordelatas.com.br/direitos-trabalhistas-tem-historia-nao-cairam-do-ceu/
https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/138082/138676
https://www.cesit.net.br/nunca-houve-desmonte-tao-grande-dos-direitos-trabalhistas/
https://www.migalhas.com.br/depeso/350288/mp-1045-21-e-desmonte-aos-direitos-trabalhi
stas
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/12/nova-proposta-de-reforma-trabalhista-liber
a-domingos-e-proibe-motorista-de-app-na-clt.shtml?origin=folha
https://www.sinesp.org.br/noticias/aconteceu-no-sinesp/13650-governo-quer-aprofundar-ref
orma-trabalhista-e-desmonte-da-clt-para-proteger-direitos-das-empresas

O desmonte dos direitos, as novas configurações do trabalho e o esvaziamento da ação


coletiva Consequências da reforma trabalhista - José Dari Krein

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