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DIREITO DO TRABALHO

Princípios que regem o Direito do Trabalho


O Direito Trabalhista é regido por 5 princípios principais. São eles:
Princípio da irredutibilidade salarial;
Princípio da norma mais favorável;
Princípio da primazia da realidade;
Princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas;
Princípio da continuidade da relação de emprego

Irredutibilidade salarial
Importantíssimo princípio do Direito do Trabalho que garante que os salários dos
trabalhadores nunca podem ser reduzidos.
Assim, independente de alteração de cargo ou função a empresa é vedada de reduzir o salário
base do trabalhador.
Claro, que existe exceções, a primeira prevista no artigo 611-A da CLT que autoriza a
redução salarial provisória desde ocorra em Convenção Coletiva e proteja os trabalhadores
contra demissão sem justa causa durante o período da redução.
Ou seja, mesmo nesse caso a redução não será definitiva, ela será apenas por um determinado
tempo, e enquanto isso os trabalhadores não poderão ser demitidos.
Importante também destacar que tal regra não vale para o salário condição, como:
adicional de insalubridade;
hora extra;
adicional noturno.
Não havendo mais o trabalho nas condições necessárias, a empresa pode tranquilamente
suprimir tais adicionais, não sendo considerado redução salarial.

Princípio da Continuidade da Relação de Emprego


Em regra, todo contrato de trabalho deve ser celebrado por prazo indeterminado, ou seja, de
modo a durar indefinidamente. Os contratos a termo, aqueles com prazos determinados, são
exceção e só podem ser celebrados em casos específicos e previstos na CLT.
Nesse princípio, o contrato de trabalho caracteriza-se pela continuidade, valorizando a
permanência do empregado no vínculo empregatício, dadas as vantagens que isso representa.
Segundo a continuidade, a permanência do contrato de trabalho gera repercussões como
elevação dos direitos trabalhistas, relação de emprego, investimento educacional e
profissional e afirmações sociais dos indivíduos.
Da norma mais favorável
Outro importante princípio do direito do trabalho, determina que havendo duas normas
diferentes sobre o mesmo assunto, deve ser aplicada a mais favorável ao trabalhador.
Por exemplo, temos Convenção Coletiva determinando o pagamento de 70% de hora extra,
essa norma por ser mais favorável deve prevalecer sobre da Constituição.
Tal princípio era muito importante nos casos de Convenção e Acordo coletivo, onde
havendo duas regras para o mesmo direito, deveria prevalecer o mais favorável ao
trabalhador.
Contudo, a Reforma Trabalhista alterou tal regra por meio do artigo 620 da CLT,
estabelecendo que o acordo coletivo sempre irá prevalecer sobre a Convenção Coletiva.
Nesse caso, mesmo havendo norma mais favorável na Convenção ela não será aplicada e sim
do Acordo Coletivo.

Primazia da Realidade
Talvez um dos princípios com mais efeitos na prática trabalhista e com certeza todo
advogado irá se deparar, o princípio da primazia da realidade.
Ele determina que a realidade da relação de trabalho prevalece sobre qualquer cláusula ou
documento, o que importante é a verdade real, o que realmente aconteceu.
Tal princípio é importantíssimo para casos de pejotização por exemplo, apesar de haver
contrato de prestação de serviço, ele poderá ser anulado com base nesse princípio se ficar
comprovado que na realizado havia uma relação empregatícia.

Irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas


Importantíssimo por ser uma proteção aos trabalhadores, esse princípio determina que os
direitos trabalhistas são irrenunciáveis.
Ou seja, o trabalhador não poderá fazer um termo desistindo de receber o décimo terceiro ou
do FGTS.
Outro exemplo seria do trabalhador que abre mão do recolhimento patronal do INSS, que
excluirá a condição de segurado do trabalhador e excluiria seu direito a benefícios
previdenciários, como auxílio-doença e pensão por morte.
Caso seja realizado ele será declarado nulo por afronta a esse artigo. Tal princípio traz
enorme proteção aos trabalhadores, já que muitos poderiam simplesmente abrir mão de seus
direitos por pressão da empresa.
Apesar disso, com a reforma trabalhista cresceu o número de direitos que podem alterados ou
reduzidos via Convenção Coletiva ou ainda entre acordo as partes.
Por exemplo é possível realizar banco de horas abrindo mão de horas extras com mero acordo
entre o trabalhador e a empresa, desde que o banco seja compensado no máximo em 6 meses.
Apesar disso, a grande maioria dos direitos trabalhistas são irrenunciáveis, não podendo o
trabalhador abrir mão de seus direitos trabalhistas.

Contexto histórico do Direito do Trabalho


Antes de ser botadas em prática as primeiras leis trabalhistas, a sociedade pré-industrial no
Brasil é marcada pela falta de legislação trabalhista, sendo praticamente um trabalho análogo
e escravo. Ou seja, este era tratado como uma mercadoria não sendo sequer sujeito de direito
- apenas obrigações -, e consequentemente, não possuindo direitos trabalhista.
Assim como o escravo, o servo era um trabalhador preso a terra, dependente do seu senhor e
obrigado a pagar tributos. Logo, seus únicos direitos eram suas casas e porção de terra que
podia cultivar em dias determinados. Porém, a sua dívida com o senhor feudal não o
possibilitava de se desvencilhar da terra. As corporações de ofício da Idade Média davam
mais liberdade ao trabalhador e tinham um estatuto com as normas disciplinando as relações
de trabalho. Dividiam as categorias entre os mestres (algo como os empregadores dos dias de
hoje), os companheiros (homens livres, como os empregados) e aprendizes (menores que
recebiam ensinamentos).
Outra forma de relação trabalhista da sociedade pré-industrial era a locação, ou seja, a
prestação de serviço ou da construção de uma obra mediante remuneração. Algo similar com
o prestador de serviço autônomo dos dias de hoje. Esse trabalhador não possuía direitos
trabalhistas.
Primeiras Leis Trabalhistas
As primeiras leis trabalhistas legisladas foram de caráter ordinárias.
Uma lei importante que se aplicava na Inglaterra e em suas proximidades, era a Lei
Chapelier. Essa limitava o trabalho infantil a apenas 12 horas por dia. Outro marco
importante é o Código de Napoleão, que distingui o Direito Civil e o Direito do Trabalho.
Porém, após o Estado perceber a importância dessas na nova sociedade que vinha se
firmando, ocorreu o “constitucionalismo social”. Este foi um movimento que visava incluir as
leis trabalhistas em certas constituições, uma vez que notava que as leis sociais deveriam se
posicionar em um alto grau na hierarquia judiciária.
A Constituição Política dos Estados Unidos Mexicanos, de 1917, inova ao legislar sobre
direitos humanos e trabalhistas. É uma constituição de cunho social e marca o que seriam
chamados os direitos humanos de Segunda Geração.
Em seu artigo 123 disciplina a jornada de trabalho, o descanso semanais, a proteção à
maternidade, o salário mínimo, a igualdade salarial, a proteção contra os acidentes no
trabalho, direito a sindicalização, assim como o de greve, de conciliação e arbitragem dos
conflitos, indenização e proibi o trabalho de menores de 12 anos.
Revolução Industrial na Inglaterra
O principal fenômeno político, social e econômico do Direito do Trabalho ocorreu na
Inglaterra, que foi a Revolução Industrial, esta por sua vez foi financiada pelos burgueses no
Século XVIII. Ou seja, com a figura do proletariado assalariado (empregado, com vínculo
empregatício de subordinação) e a sociedade industrial. Por razões econômicas, políticas e
jurídicas.
A razão econômica dessa mudança é a Revolução Industrial do século XVIII, ocorrida na
Inglaterra. Graças ao uso do vapor como fonte de energia surgiram as primeiras máquinas e
indústrias, e para operá-las foram contratos trabalhadores assalariados: os proletariados.
No plano político o que nos levou ao surgimento do Direito do Trabalho foi a mudança do
Estado Liberal para o Neoliberalismo. O primeiro pregava uma ordem econômica auto-
reguladora, na qual o capitalista podia impor livremente suas obrigações sem a interferência
estatal, quando uma “mão-invisível” controlaria a economia e a sociedade. Em contrapartida,
o segundo prega a interferência do Estado nas questões econômico-sociais, porém com certas
limitações. Apesar disso, o proletário encontrava-se em uma situação de ampla desvantagem.
As indústrias dos séculos XVIII e XIX não tinham qualquer preocupação com os
trabalhadores, empregando, inclusive, crianças pequenas em seus quadros. Os empregados
restava a submissão a condições de trabalho severas, com jornadas exaustivas, baixa
remuneração, exposição a riscos, entre outros absurdos
Essa realidade leva a necessidade da elaboração de leis que nivelem as desigualdades,
protegendo os empregados e limitando os poderes arbitrários dos empregadores.
A ideia de justiça social, também, teve participação importante para as modificações legais,
incluindo as trabalhistas. Pois a defesa da justiça social motivou o Estado a fazer os retoques
jurídicos necessários para equilibrar as relações sociais do trabalho, e acabar com situações
desumanas de emprego.

Formação e evolução do Direito do Trabalho no Brasil


No Brasil, podemos dividir a história do direito do trabalho em três fases: a primeira, do
descobrimento à abolição da escravatura; a segunda, da proclamação da república à
campanha política da Aliança Liberal; e a terceira, da Revolução de Trinta aos nossos dias.

Nas primeiras fases o direito do trabalho ainda não possuía a forma que tem hoje, somente a
partir da última fase que ele se assenta no Brasil, e inicia sua fase contemporânea.

Como dito anteriormente, o direito do trabalho no Brasil começa a se formar influenciado


pelo contexto histórico mundial, principalmente, das transformações que ocorriam na Europa
com o crescimento dos diplomas legais sobre o tema e, inclusive, com a entrada do país na
OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Com a proclamação da república desencadeia-se no Brasil o constitucionalismo social, já
vivenciado em outros países, por meio do qual os direitos trabalhistas começam a receber
mais atenção, mas ainda, não toda a atenção devida.

A política trabalhista brasileira começa a ser introduzida em 1930, com Getúlio Vargas, com
a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Uma das primeiras constituições a tratar do direito do trabalho é a de 1934, a qual garantiu
direitos aos trabalhadores, quais sejam: liberdade sindical, isonomia salarial, salário mínimo,
jornada de 8 (oito) horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres e crianças, repouso
semanal e férias anuais remuneradas.

No entanto, a constituição de 1937, advinda do golpe de Vargas houve significativo


retrocesso de tudo aquilo que foi implementado na carta magna anterior.

Um dos marcos mais importantes do direito do trabalho se deu em 1943, com a aprovação da
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a qual reuniu todas as leis esparsas existentes,
sistematizando-as em uma só. O segundo, foi o advento da constituição cidadão, a
constituição de 1988, por meio da qual os direitos trabalhistas adquiriram status
constitucional, sendo assim devidamente consagrados no ordenamento brasileiro.

No Brasil, o trabalho livre só aparece a partir de 1988, com a abolição da escravatura com a
promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1988, que aboliu o trabalho escravo, pelo
menos de maneira formal. Foram 4 séculos, portanto, de trabalho escravo no Brasil. Quando
o direito do trabalho surge no século XIX, fica conhecido como legislação industrial. Isto
porque, o direito do trabalho surge no meio da regulamentação da atividade industrial. As
primeiras regras trabalhistas surgem entre a regulamentação da atividade industrial. Quando o
direito do trabalho começa a ter vida própria, passa a ser conhecido como direito operário.

Interpretação e aplicação do Direito do Trabalho


A aplicação do Direito do Trabalho no tempo refere-se à entrada da lei em vigor, seguindo a
regra geral do direito comum. Assim, aplica-se a lei nova de forma imediata e não retroativa,
que significa que tem efeitos imediatos, mas não atinge o direito adquirido, a coisa julgada e
o ato jurídico perfeito.
Em matéria de interpretação e aplicação da lei trabalhista, aquilo que não for resolvido pelo
art. 8º da CLT o será pela LINDB, nos termos do parágrafo único do próprio art. 8º, segundo
o qual “o direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo que não for
incompatível com os princípios fundamentais deste”.
Deste modo, normalmente as disposições do Direito do Trabalho entram em vigor a partir da
data da publicação da lei, tendo eficácia imediata. Não havendo disposição expressa na lei, o
art. 1.° da LINDB estabelece que esta começa a vigorar 45 dias depois de oficialmente
publicada, quando não houver disposição estabelecendo outro período de vacatio legis. Nos
Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se três meses
depois de oficialmente publicada.
A tarefa de interpretar o Direito do Trabalho começa com os doutrinadores e advogados,
estes que são os primeiros juízes das causas, que levarão ao Judiciário o seu entendimento
sobre as normas legais e, finalmente, os juízes do Trabalho têm a tarefa de dizer sobre o
alcance das normais trabalhistas, se estão ou não em conformidade com a Constituição
Federal, que é a lei maior a ser observada por todos. Por isso, o primeiro cuidado do
intérprete de uma lei é verificar se ela se conforma com a Constituição Federal no do seu
conteúdo. No ponto central do papel do Direito do Trabalho, o artigo 7º da Constituição
Federal estabelece que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social, todos aqueles inseridos nos seus incisos. São os
chamados direitos mínimos, estando incluídos neles o piso vital mínimo ou patamar
civilizatório No ponto central do papel do Direito do Trabalho, o artigo 7º da Constituição
Federal estabelece que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social, todos aqueles inseridos nos seus incisos. São os
chamados direitos mínimos, estando incluídos neles o piso vital mínimo ou patamar
civilizatório

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