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Direito do Trabalho é o ramo da ciência jurídica que estuda as relações jurídicas entre os
trabalhadores e os tomadores de seus serviços, em especial as relações entre
empregados e empregadores.
1.2 – Características:
Proteger o trabalhador.
Fundamento deste ramo do Direito: ao pressupor que o trabalhador é hipossuficiente,
ante a desigualdade existente entre o detentor do capital (empregador) e o detentor da
força de trabalho (empregado), conclui-se que o empregado não poderia negociar
livremente sua força de trabalho.
Constitui um ramo autônomo da ciência jurídica.
A proteção do trabalhador relaciona-se ao princípio da dignidade humana, de sede
constitucional.
Entende-se incompatível com o Direito do Trabalho a desregulamentação das relações
trabalhistas.
Francês Abade Lacordaire: “entre o patrão e o operário, é a liberdade que oprime e a lei
que liberta”.
- Outras características:
O Estado mantém sua intervenção nas relações de trabalho. O que acontece quando se
autorizam regras menos rígidas, mas mantém-se o chamado “mínimo existencial”.
b) Desregulamentação:
1.3 – Divisão:
a) Direito Coletivo do Trabalho: que trata das relações de determinado grupo, classe ou
categoria, em geral reunidos em um sindicato.
b) Direito Individual do Trabalho: que trata das relações entre empregado e empregador.
1.4 – Natureza:
1.5 – Funções:
Impedir a exploração do trabalho humano como fonte de riqueza dos detentores do capital,
de modo que, originalmente, teria sido concebido como verdadeiro instrumento de
proteção do polo mais fraco da relação de trabalho (trabalhador).
Deve-se aplicar ao caso concreto, havendo mais de uma norma em vigor regendo o
mesmo assunto, a que seja mais favorável ao empregado.
Pela aplicação deste princípio, portanto, respeitadas as regras de Hermenêutica Jurídica,
deve-se buscar a aplicação da norma mais favorável ao obreiro.
O princípio aplica-se mesmo antes que as normas trabalhistas entrem em vigor, ou seja,
durante a elaboração das mesmas.
- Desdobramentos do princípio durante a elaboração das normas trabalhistas:
I - Elaboração das normas:
O princípio auxilia a política legislativa, para que as futuras leis assegurem ou ampliem o
rol de direitos trabalhistas.
II - Confronto de regras concorrentes:
Aqui cabe a hierarquização das normas, onde teriam lugar a teoria da acumulação
(onde o intérprete seleciona, nas normas comparadas, os dispositivos de cada uma mais
favoráveis ao obreiro) e a teoria do conglobamento (pela qual o operador jurídico
seleciona a regra mais favorável ao trabalhador enfocando globalmente seu conjunto
normativo).
III - Interpretação das regras jurídicas:
Uma regra prevista em um Acordo Coletivo do trabalho, por exemplo, poderá prevalecer
sobre disposição existente no texto de uma lei, ainda que a regra legal seja mais favorável
ao empregado. Portanto, para tais assuntos, houve uma inegável tentativa de
esvaziamento do princípio da norma mais favorável.
Mudança promovida pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista)
III - Segundo as regras da Lei da Reforma Trabalhista:
Art. 648 CLT: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente
desta garantia.]
Súmula 51 TST: I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens
deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou
alteração do regulamento.
Diante de duas ou mais interpretações sobre a mesma norma, escolhe-se a que seja
mais favorável ao empregado.
Fundamenta-se na necessidade de equilibrar a relação entre capital e trabalho também no
aspecto processual, o que, atualmente, atrita com a teoria do ônus da prova.
Tem origem no princípio geral do direito civil da inalterabilidade dos contratos (pacta sunt
servanda).
Art. 468 CLT: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.
Este princípio não impede alterações contratuais trabalhistas, que são comuns na prática.
O que se restringe são as alterações lesivas onde o empregado é prejudicado.
Jus variandi do empregador: possui poder diretivo para gerenciar seu negócio.
Pequenas alterações efetuadas pelo empregador, que não frustrem direitos trabalhistas
podem ser implementadas, devendo-se analisar o caso concreto para verificar se houve
ou não afronta ao princípio da inalterabilidade contratual lesiva.
Algumas cláusulas contratuais podem ser negociadas com intermediação da
representação sindical obreira, através de negociação coletiva.
Por meio de negociação coletiva, que certas cláusulas sejam flexibilizadas com vistas a
evitar mal maior.
Alterações mais vantajosas, feitas pelo empregador por mera liberalidade, não pode ser
reduzida pois configura direito adquirido (entendimento TST).
São aqueles com nível superior e que recebem salários superiores a 2 vezes o teto do
RGPS, poderão negociar diretamente com seus empregadores, sem intermediação
pelo sindicato profissional (CLT, art. 444, parágrafo único).
No caso destes empregados, eles próprios poderão transacionar direitos, de modo que,
para eles, houve redução na incidência do princípio da indisponibilidade dos direitos
trabalhistas.
Quanto mais tempo dura o contrato, maiores benefícios o empregado tende a alcançar
(aumento de salário, ganho de anuênios, progressão no quadro de carreira etc).
b) Investimento educacional e profissional:
A maioria das pessoas depende de salário para sobreviver, e um empregado com contrato
de trabalho de longa duração tem maiores possibilidades de se afirmar socialmente (ao
contrário dos que possuem contratos de curta duração, temporários, desempregados etc,
que ficam fragilizados e com menos condições financeiras de se manter).
Este princípio confere ao salário diversas garantias jurídicas, visto que este possui
natureza alimentar.
A intangibilidade salarial abrange não apenas a irredutibilidade nominal do seu valor, mas
também vedação a descontos indevidos, tempestividade no pagamento, etc.
- Dispositivos da CF/88 e da CLT que materializam o princípio da intangibilidade salarial:
Art. 7º CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
VI - Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.
Art. 459 CLT: O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não
deve ser estipulado por período superior a 1 mês, salvo no que concerne a comissões,
percentagens e gratificações.
Art. 462 CLT: Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.
Art. 465 CLT: O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho,
dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando
efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo anterior.
Fontes heterônomas do direito do trabalho (leis, decretos, etc.) são normas elaboradas
pelo Estado, não havendo participação direta dos destinatários da mesma em sua
produção.
- Tipos de fontes heterônomas:
a) Leis:
c) Decretos:
Art. 192 CLT: O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40%, 20% e 10% do salário-mínimo da região, segundo se
classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.
Com base na determinação acima exposta, o Ministério do Trabalho expediu a Portaria
3.217/78, que inclui a Norma Regulamentadora nº 15, em cujos Anexos podemos
encontrar limites de tolerância para ruído, calor e agentes químicos. Com base neste
entendimento, podemos considerar as Normas Regulamentadoras (NR) de Segurança e
Saúde do Trabalho do MTb - aprovadas mediante Portaria - como fonte formal do direito
do trabalho.
e) Sentenças Normativas:
f) Laudo Arbitral:
Com a reforma trabalhista, passou a existir no Direito do Trabalho, mas apenas naqueles
casos em que o empregado percebe remuneração superior a 2 vezes o teto da
previdência:
Art. 507-A CLT: Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a
duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde
que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos
previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Há consenso doutrinário de que o laudo arbitral é fonte formal do direito do trabalho, mas
há controvérsias sobre esta figura enquadrar-se como fonte heterônoma ou autônoma.
b) Usos e Costumes:
A parte majoritária da doutrina enquadra os usos e costumes como fonte formal do direito
do trabalho, com fundamento no artigo 8º da CLT:
Art. 8º CLT: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por
analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do
direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado,
mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o
interesse público.
3.2.3 - OUTRAS FONTES (fontes que possuem controvérsia quanto o seu tipo específico):
a) Jurisprudência:
Com a EC 45/2004 o Supremo Tribunal Federal (STF) tem o poder de aprovar súmulas
que vinculam a Administração Pública, ou seja, dotadas de generalidade,
impessoalidade e abstração e que, por isso, podem ser consideradas como fontes formais:
Art. 103-A. CF: O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
b) Princípios:
c) Regulamento Empresarial:
Em relação tanto às convenções e aos acordos coletivos, após a reforma trabalhista, para
determinados assuntos (previstos no art. 611-A da CLT) o “negociado prevalecerá sobre o
legislado”.
A respeito de tais temas, as regras previstas nessas fontes autônomas (ACT e CCT)
poderão se sobrepor a regras de fontes heterônomas (estatais).
- Passível de negociação de acordo com o art. 611-A da CLT:
a) Jornada:
I – Pactuação da jornada de trabalho – observados os limites constitucionais;
II – Banco de horas anual;
III - Intervalo intrajornada – mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 06 horas;
X - Modalidade de registro de jornada de trabalho;
XI – Troca do dia de feriado;
XII – Prorrogação da jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia do MTb;
VIII – Teletrabalho;
VII – Regime de sobreaviso;
VIII – Trabalho intermitente;
b) Remuneração:
IX – Remuneração por produtividade, incluindo por desempenho individual e gorjetas;
XIV – Prêmios de incentivo em bens e serviços;
XV – PLR;
c) Outros:
V – Plano de cargos e identificação dos cargos que sem enquadram como funções de confiança;
XII – Enquadramento do grau de insalubridade;
VII – Representante dos trabalhadores no local de trabalho;
IV – Adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE);
VI – Regulamento empresarial.
- Fontes supletivas ou subsidiárias:
Art. 7º CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
O FGTS é regulado pela lei 8.036/90, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, e dá outras providências.
Todos os empregadores ficam obrigados a depositar, em conta bancária vinculada, a
importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
cada trabalhador.
Os contratos de aprendizagem têm a alíquota do FGTS reduzida para 2%.
VII - Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável;
É garantido aos empregados, como forma de evitar que empregadores reduzam ainda
mais este patamar salarial mínimo que, como vimos, é nacionalmente unificado.
Para a aplicação da regra é o valor total a ser recebido, ou seja, nada impede que a
parcela variável seja inferior ao mínimo, desde que esta parcela, somada à parcela fixa, lhe
garanta o salário-mínimo.
As verbas salariais têm natureza alimentar, e por isso o empregador não pode reter o
salário.
XI – Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
Esta verba foi regulamentada pela Lei 10.101/00, que “regula a participação dos
trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre
o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da
Constituição”.
XIII - Duração do trabalho normal não superior a 08 horas diárias e 44 semanais, facultada
a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho;
Nos casos em que haja negociação coletiva estabelecendo alíquotas superiores a este
patamar mínimo constitucional, valerão os percentuais negociados por meio do sindicato.
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
As férias serão gozadas durante o período concessivo (que ocorre após o período
aquisitivo), e sua remuneração deve ser acrescida do terço constitucional, que
representa 1/3 do salário normal do empregado.
XVIII - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120
dias;
Ainda não há lei fixando prazo para a licença, então continuam válidos os 05 dias previstos
no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Caso haja alguma previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho com prazo maior,
aplicar-se-á a disposição do diploma coletivo.
Lei 13.257/2016 - que alterou a Lei do Programa Empresa Cidadã: agora também é
possível a prorrogação da licença-paternidade por 15 dias, totalizando 20 dias.
XXII - Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
Os adicionais são devidos nas situações definidas na CLT, segundo a qual o exercício de
trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40%, 20%
ou 10% do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio
e mínimo.
A CLT fala em “salário-mínimo da região”, mas com a CF/88 o salário-mínimo é
nacionalmente unificado (CF, art. 7º, inciso IV).
Periculosidade: esta se configura quando há contato permanente com inflamáveis,
explosivos, energia elétrica, violência física ou motocicleta, em condições de risco
acentuado. Nestes casos os empregados fazem jus a um adicional de 30% sobre o
salário-base (ou seja, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa).
XXIV - Aposentadoria;
XXV - Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 anos de
idade em creches e pré-escolas;
XXIX - Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de 5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após
a extinção do contrato de trabalho;
Este dispositivo trata dos prazos prescricionais em matéria trabalhista, que é de 02 anos
após a extinção do contrato de trabalho (prescrição bienal) e 05 anos durante a vigência
deste (prescrição quinquenal).
Salário-mínimo (inciso IV) - Irredutibilidade do salário (inciso VI) - Décimo terceiro salário
(inciso VIII) - Repouso semanal remunerado (inciso XV) - Férias anuais remuneradas com
1/3 (inciso XVII) - Licença à gestante (inciso XVIII) - Licença paternidade (inciso XIX) -
Aviso prévio (inciso XXI) - Aposentadoria (inciso XXIV).
b) Direitos ampliados pela EC 72/2013 – aplicabilidade imediata:
Garantia do mínimo aos que percebem remuneração variável (inciso VII) - Proteção ao
salário na forma da lei (inciso X) - Duração do trabalho não superior a 8h/dia e
44h/semanais (inciso XIII) - Remuneração do trabalho extraordinário ≥ 50% da hora normal
(inciso XVI) - Redução dos riscos inerentes ao trabalho – normas de SST (inciso XXII) -
Reconhecimentos de ACT e CCT (inciso XXVI) - Proibição de diferença de salário por
motivo de sexo, idade, cor, estado civil (inciso XXX) - Proibição de discriminação em
salário e critério de admissão do trabalhador portador de deficiência (inciso XXXI) -
Proibição de trabalho noturno, perigoso e insalubre a menores de 18 e de qualquer
trabalho a menores de 16 (inciso XXXIII).
c) Direitos ampliados pela EC 72/2013 – atendidas as condições estabelecidas em lei
(atualmente, LC 150/2015):
Proteção contra despedida arbitrária (inciso I) - Seguro-Desemprego (inciso II) - FGTS
(inciso III) - Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno (inciso IX) - Salário-
família (inciso XII) - Auxílio aos filhos e dependentes em creches e pré-escolas (inciso
XXV) - Seguro contra acidentes de trabalho (inciso XXVIII)
d) Direitos que continuam não elencados no art. 7º, § único:
Piso salarial (inciso V) - Participação nos lucros ou resultados (inciso XI) - Jornada máxima
6 horas/dia para TIR (inciso XIV) - Proteção ao mercado de trabalho da mulher (inciso XX)
- Adicional de insalubridade, periculosidade e penosidade (inciso XXIII) - Proteção em face
da automação (inciso XXVII) - Prescrição bienal e quinquenal (inciso XXIX) - Proibição de
distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos
(inciso XXXII) - Igualdade de direitos entre empregado e trabalhador avulso (inciso XXXIV).
- Representantes dos empregados:
Renúncia: Ato unilateral da parte, através do qual ela se despoja de um direito de que é
titular, sem correspondente concessão pela parte beneficiada da renúncia.
Transação: Ato bilateral (ou plurilateral), pelo qual se acertam direitos e obrigações entre
as partes acordantes, mediante concessões recíprocas (despojamento recíproco),
envolvendo questões fáticas ou jurídicas duvidosas (res dubia).
- Regras sobre renúncia e transação:
Art. 444 CLT: As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação
das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao
trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades
competentes.
Art. 468 CLT: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
garantia.
Mauricio Godinho Delgado: conclui que a transação é cabível quando se relacione aos
direitos de indisponibilidade relativa, desde que não resulte em prejuízo ao empregado.
Reforma trabalhista (Lei 13.467): ampliou as possibilidades de renúncia e transação, a
exemplo daquelas realizadas pelo sindicato dos trabalhadores (CLT, art. 611-A) e, até
mesmo, pelo próprio empregado (CLT, art. 444, p.ú.), em alguns casos.
6 – HERMENÊUTICA:
Interpretar a norma jurídica equivale a buscar seu sentido real. Após tal etapa, passa-se à
aplicação da norma jurídica, ou seja, a subsunção do fato (caso concreto) à norma.
- 3 Processos da Hermenêutica:
6.1 - INTERPRETAÇÃO – MÉTODOS:
Com base na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (LINDB), a doutrina aponta cinco
métodos básicos de interpretação da norma jurídica, utilizadas não apenas na
interpretação das normas trabalhistas, mas em todos os ramos do Direito, a saber:
a) interpretação gramatical: parte da análise literal do texto legal, inferindo-se o sentido da
norma a partir das palavras utilizadas;
b) método lógico ou racional: procura identificar o pensamento contido na lei (a lógica da lei), a
partir da lógica formal;
c) método sistemático: a partir da análise do sistema legal (Constituição, Leis ordinárias, Leis
complementares etc.), busca-se o sentido da norma de modo que esta se harmonize com o
restante do sistema jurídico;
d) método teleológico: teleologia significa, do grego, o estudo da finalidade de algo. Por meio
deste método, portanto, busca-se entender o sentido da norma a partir dos seus fins, ou seja, do
objetivo visado pela norma sob análise. A legislação privilegia o uso deste método (LINDB, art. 5º
e CLT, art. 8º), ao dizer que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige (..)”.
e) método histórico: busca o sentido da norma a partir da análise das razões históricas e
sociais que levaram à sua elaboração.
- Considerações sobre os 5 métodos de interpretação:
Estes métodos não devem ser usados isoladamente um a um, já que a melhor
interpretação resulta da utilização coordenada de todos eles.
No Direito do Trabalho, o primeiro detalhe é que há uma maior prevalência dos
princípios e valores essenciais ao Direito do Trabalho, de modo que os valores sociais
(ou coletivos) se sobrepõem aos valores individuais.
A segunda especificidade da interpretação no âmbito do Direito do Trabalho, até como
decorrência da anterior, consiste na utilização do princípio da norma mais favorável, que
flexibiliza a rigidez da pirâmide normativa normalmente verificada em outros ramos do
Direito.
Para se saber qual norma deve ser aplicada no caso concreto, devemos analisar o caso
sob o aspecto geográfico (eficácia da norma no espaço) e temporal (eficácia da norma no
tempo).
a) Eficácia das normas trabalhistas no espaço:
Significa que a lei trabalhista não alcança os atos que foram praticados antes do início de
sua vigência. Ou seja, a lei nova não se aplica aos contratos de trabalho já terminados.
Existe a máxima constitucional de que lei não retroage para prejudicar a coisa julgada, o
direito adquirido e o ato jurídico perfeito (CF, art. 5°, XXXVI).
II – Efeito imediato:
Apesar de não retroagir, a nova lei trabalhista é aplicada de modo imediato às relações
trabalhistas em curso
Exemplo: no curso de um contrato de trabalho, há o início da vigência de uma nova lei, os
atos relacionados a este contrato, deverão ser praticados segundo as regras da lei nova.
Como regra, o ordenamento jurídico brasileiro não permite o julgamento por equidade.
Exceção no direito do trabalho:
Art. 114, §2º CF: Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de
natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente.
Art. 766 CLT: Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas condições
que, assegurando justos salários aos trabalhadores, permitam também justa retribuição
às empresas interessadas.