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1.

[Conceito de Direito do Trabalho


Segundo Ricardo Resende (2001, p. 01), direito do trabalho “é ramo da ciência jurídica que
estuda as relações jurídicas (as normas, as instituições jurídicas e os princípios que
disciplinam as relações de trabalho subordinado) entre os trabalhadores e os tomadores de
seus serviços, ou seja, entre empregados e empregadores”.
O direito do trabalho surge a partir da Revolução Industrial, com vistas a reduzir, por meio da
intervenção estatal, a desigualdade existente entre o capital (empregador) e o empregado.

A principal caracterísca do Direito do Trabalho: a proteção do trabalhador, principalmente do


trabalhador subordinado, que é o empregado.

2. Fontes de Direito do Trabalho


É o meio pelo qual o Direito do Trabalho se forma, se origina e estabelece suas normas
jurídicas.
2.1. Tipos de fontes
As fontes do Direito do Trabalho dividem-se em duas categorias: fontes materiais e fontes
formas. As fontes formais são divididas ainda em fontes formais autónomas e fontes
formais heterónomas.
2.1.1. Fontes materiais
Podemos entender como fontes materiais toda movimentação social dos trabalhadores em
busca de melhores condições de trabalho por meio de protestos, reivindicações, greves,
paralisações, ou seja, é a pressão exercida pelos colaboradores em busca de melhores
condições de trabalho através das manifestações. Toda essa movimentação social pode servir
de impulso para que o poder público crie normas trabalhistas.

Em suma, a fonte material do direito do trabalho é a ebulição social, política e


económica que influencia de forma directa ou indirecta na confecção, transformação ou
formação da norma jurídica. Estas causas pressionam o Estado ou a própria sociedade
a fim de que se elabore o direito, regule ou imponha uma forma de comportamento
social uniforme a ser adoptado.

Logo, fonte material são as circunstâncias que pressionam a sociedade e o próprio Estado a
criar as regras jurídicas, a fim de solucionar as controvérsias que estejam conturbando as
relações sociais.
De igual modo, as pressões dos empregadores em busca de seus interesses económicos ou
para a flexibilização das regras rígidas trabalhistas também são consideradas fontes materiais.

Desta feita, as fontes materiais encontram-se num estágio anterior à criação das leis. Elas
contribuem para a formação do direito material. A fonte material é o antecedente lógico das
fontes formais.

2.1.2. Fontes formais


As fontes formais são o resultado das fontes materiais, ou seja, são as próprias normas
jurídicas trabalhistas. São comandos gerais (destinados a todos e não a uma só pessoa),
abstratos (regulamentar uma situação hipotética e não um caso concreto), impessoais, e
imperativos (de cumprimento obrigatório a todos os seus destinatários). Conferem à norma
jurídica o caráter positivo, obrigando os agentes sociais. São impostas e se incorporam às
relações jurídicas.
Em resumo, as fontes formais do Direito do Trabalho são as próprias normas jurídicas
trabalhistas. São classificadas em fontes formais autónomas e fontes formais
heterónomas.

a) Fontes formais autónomas, também chamadas de profissionais, primárias ou não


estatais (extra-estatais): são elaboradas pelos próprios destinatários, sem a
intervenção estatal. Os próprios agentes sociais espontaneamente a produzem;
emergem da vontade das partes. São elas: convenção colectiva, acordos colectivos,
contrato individual de emprego/trabalho e costumes.
b) Fontes formais heterónomas, também chamadas de imperativas, estatais ou
indirectas: são aquelas que emanam do Estado e, normalmente são impostas, ou
aquelas em que o Estado participa ou interfere. São elas: Constituição da República,
leis (em geral), decretos expedidos pelo Poder executivo, sentença normativa,
súmulas vinculou, tratados e convenções internacionais.
3. Princípios do Direito de Trabalho
Princípios são regra que orientam determinadas áreas, seja ela jurídica ou não. Os princípios
servem de base sendo assim essenciais para o desenvolvimento da área pelos quais estão
inseridos.
3.1. Princípio da Proteção
Refere-se à importância de proteger uma das partes (os empregados). Com o objectivo de
igualar as partes. O princípio protetor é dividido em 03 (três) vertentes:
 Princípio do in dúbio pro operário: É a regra de interpretação das normas jurídicas,
segunda a qual, diante de vários sentidos possíveis de uma determinada norma, o juiz
ou o intérprete deve optar por aquele que seja mais favorável ao trabalhador.
 Princípio da norma mais favorável: Determina que, havendo mais de uma norma
aplicável a um caso concreto, deve-se optar por aquela que seja mais favorável ao
trabalhador, ainda que não seja a que se encaixe nos critérios clássicos da hierarquia
de normas.
 Princípio da condição mais benéfica: A aplicação de uma nova norma trabalhista
nunca pode significar diminuição de condições mais favoráveis a que se encontra o
trabalhador. As condições mais favoráveis devem ser verificadas em relação às
condições concretas anteriormente reconhecidas ao trabalhador, e que não podem ser
modificadas para uma situação pior ou menos vantajosa.
3.2. Princípio da Irrenunciabilidade
Consiste na impossibilidade jurídica de o trabalhador privar-se voluntariamente de uma ou
mais vantagens concedidas pelo direito trabalhista em benefício próprio.
 Limitação da autonomia da vontade
3.3. Princípio da Continuidade
Consiste no objectivo que têm as normas trabalhistas de dar ao contrato individual de
trabalho a maior duração possível e que tem por fundamento o fato de ser o contrato de
trabalho um contrato de trato sucessivo, que não se esgota com a execução de um único e
determinado acto, mas, ao contrário, perdura no tempo, regulando obrigações que se
renovam.
 São reflexos do princípio da continuidade da relação de emprego:
a) Contrato por prazo indeterminado ser a regra. Só se admite contrato por prazo
determinado nas hipóteses previstas em lei.
b) Sucessão de empregadores/sucessão trabalhista/sucessão de empresas
c) Hipóteses de interrupção e suspensão do contrato individual de trabalho.
d) Hipóteses de estabilidades ou garantias de emprego.
e) Aviso prévio.
3.4. Princípio da realidade
Tem por objetivo fazer com que a realidade verificada na relação entre o trabalhador e o
empregador prevaleça sobre qualquer documento que disponha em sentido contrário.
“significa que as relações jurídico-trabalhistas se definem pela situação de fato, isto é, pela
forma como se realizou a prestação de serviços, pouco importando o nome que lhes foi
atribuído pelas partes”
3.5. Princípio da boa-fé
Este princípio abrange tanto o empregado como empregador. No primeiro caso, baseia-se na
suposição de que o trabalhador deve cumprir seu contrato de boa-fé, entre cujas exigências
está a de colocar todo o seu empenho no cumprimento de suas tarefas. Em relação ao
empregador, supõe que deve cumprir lealmente suas obrigações para com o trabalhador.
4. Os vários instrumentos legais do Direito de Trabalho
 Constituição da República,
 Actos normativos emanados da Assembleia da República e do Governo,
 Os tratados e convenções internacionais, bem como os instrumentos de
regulamentação colectiva de trabalho.
 Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
 Lei do trabalho 23/2007 de 1 de Agosto
 Legislação laboral
 Legislação do Direito do Trabalho

Referencia Bibliografia
RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2011.

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