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DIREITO MATERIAL E
PROCESSUAL DO TRABALHO
E DIREITO INTERNACIONAL
Autor: Me. Kélvia Faria Ferreira
Revisor: Larissa Gonçalves
INICIAR
introdução
Introdução
Nesta unidade, estudaremos as disciplinas direito do trabalho, direito processual do
trabalho e direito internacional.
Espera-se que, ao final da leitura, você tenha sido capaz de relembrar esses pontos
tão importantes para sua aprovação.
No direito do trabalho, não seria diferente. Esse ramo é conduzido por princípios
específicos da área, mas também por princípios constitucionais direcionados às
relações de trabalho e emprego.
Art. 59, § 5º, CLT: compensação de jornada por meio de banco de horas.
Art. 75‐C, CLT: teletrabalho.
Art. 477, CLT: rescisão do contrato de trabalho sem necessidade de
homologação.
Art. 484‐A, CLT: extinção do contrato de trabalho por comum acordo entre
as partes.
Sendo assim, o art. 3º da CLT (BRASIL, 1943, on-line ) aponta quais são os requisitos
para a caracterização da relação de emprego. Observe que são requisitos
cumulativos, ou seja, todos devem estar presentes:
As relações de emprego se submetem às normas trabalhistas e se desenvolvem no
âmbito da relação empregado X empregador. A relação de emprego tem caráter
contratual, conforme estabelece o art. 442 da CLT (BRASIL, 1943, on-line ).
Contrato de trabalho
Como vimos, existem relações de trabalho e, dentro destas, relações de emprego.
Assim, quando ocorrer a realização de algum trabalho sem a existência de um ou
alguns dos requisitos caracterizadores da relação de emprego, estaremos diante de
uma relação de trabalho genérica. Vejamos alguns exemplos:
Trabalho autônomo
É um dos tipos de contrato de trabalho em que não há o requisito da subordinação.
A pessoa física desenvolve a atividade por conta própria, e a relação travada com o
tomador do serviço se dá por meio de contrato de prestação de serviços – arts.
593 a 609, CC (BRASIL, 2002, on-line ).
Trabalho eventual
Nesse tipo de contrato, o requisito ausente é o da continuidade ou da não
eventualidade. Os serviços prestados pelo trabalhador eventual ocorrem conforme
surge a necessidade da tomadora.
Trabalho avulso e portuário
Aqui também está ausente o requisito da continuidade ou da não eventualidade. O
trabalhador avulso exerce atividade de modo semelhante ao trabalhador eventual,
mas a prestação do serviço é intermediada por uma entidade específica. Essa
entidade tem a função de ligar o trabalhador avulso à empresa tomadora. O
trabalhador, neste caso, não possui vínculo empregatício com a empresa tomadora
nem com a entidade.
Trabalho temporário
Também é o tipo de relação que não possui o requisito da continuidade ou da não
eventualidade. A Lei nº 6.019/1974 cuida de regulamentar o desenvolvimento do
trabalho temporário. Até 2017, era possível que o empregador contratasse
diretamente o trabalhador nessa modalidade. Com a reforma trabalhista, no
entanto, não há mais essa possibilidade. O tomador de serviços passou a depender
de uma empresa intermediadora da relação entre ele e o trabalhador temporário.
Tem-se, portanto, duas relações jurídicas: uma relação de natureza civil, travada
entre a empresa tomadora do serviço e a empresa de trabalho temporário; e uma
relação de natureza trabalhista, travada entre o trabalhador temporário e a empresa
de trabalho temporário.
reflita
Reflita
Atenção! Apenas é possível a contratação
de trabalhadores temporários em duas
situações: acréscimo na demanda de
serviço (produção na época do Natal, por
exemplo) e substituição temporária de
pessoal permanente (férias e licenças, por
exemplo).
Trabalho voluntário
Ausente o requisito da onerosidade. Trabalho desenvolvido com intenções
beneficentes e caridosas, prestado a entidades públicas ou privadas sem fins
lucrativos, apresentando objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos,
recreativos ou de assistência à pessoa, conforme previsão do art. 1° da Lei nº
9.608/1998, que regulamenta o tema.
Estagiário
O trabalho desenvolvido pelo estagiário tem finalidade educativa, a fim de preparar
o estudante para o futuro exercício profissional. É regulamentado pela Lei nº
11.788/2008.
Terceirização de serviços
Ausentes a pessoalidade e a subordinação. Antes da reforma trabalhista, apenas era
possível a terceirização de atividade-meio, mas, a partir de 2017, passou-se a
permitir, também, a terceirização de atividade-fim.
Remuneração e salário
Como decorrência do requisito da onerosidade, o empregado faz jus a uma
contraprestação financeira pelo trabalho executado. O tema está tratado nos arts.
457 a 467 da CLT (BRASIL, 1943, [ on-line ]).
De forma genérica, a contraprestação financeira paga ao empregado é chamada de
remuneração . O salário é uma das parcelas que constituem a remuneração. Assim,
a remuneração abrange todos os valores recebidos pelo empregado pela prestação
do serviço, paga pelo empregador e por terceiros. Nos termos do art. 457 da CLT
(BRASIL, 1943, [ on-line ]), a remuneração é a soma do salário e das gorjetas.
O salário pode ser constituído por uma importância fixa ( salário-base ), acrescida
de gratificações legais (exemplo: art. 62, parágrafo único, CLT) e de comissões
(variável, condicionada ao serviço ou à produção realizados – art. 457, § 1º). Também
constitui o salário a importância paga pelo serviço em forma de utilidades (art. 458
da CLT).
Já a gorjeta pode ser própria ou imprópria. Gorjeta própria é aquela que é dada
espontaneamente pelo cliente ao empregado. A gorjeta imprópria é a que o
empregador cobra dos clientes na nota de serviço, conforme art. 457, § 3º, da CLT
(BRASIL, 1943, [ on-line ]).
Atenção! Sobre as comissões, ver: art. 7º, VII, CF; art. 78, CLT; Súmula nº 27, TST;
Súmula nº 340, TST; OJ SDI-1 397, TST; PN 5, TST.
Verbas rescisórias a
Tipo de extinção Motivo que faz jus o
empregado
Verbas rescisórias a
Tipo de extinção Motivo que faz jus o
empregado
Justa causa do
empregador Ocorre
por iniciativa do
empregado, quando há
Gera para o
a prática de um ato
empregado as mesmas
faltoso pelo seu
consequências da
empregador (art. 483,
dispensa sem justa
CLT). Geralmente,
causa, tendo direito a
depende de processo
todas as verbas
judicial para ser
rescisórias: saldo de
reconhecida, já que o
Dispensa indireta salário; aviso-prévio;
empregador não
13º proporcional; férias
concordará com a
vencidas, acrescidas de
alegação do
1/3, se houver; férias
empregado de ter
proporcionais,
cometido falta grave.
acrescidas de 1/3;
Art. 27, parágrafo
indenização de 40%
único, da Lei
dos depósitos do FGTS.
Complementar nº
150/2015 (justa causa
do empregador
doméstico).
Morte do empregador
pessoa física com o Todas as verbas
encerramento das rescisórias.
atividades
Da confirmação da
gravidez até cinco
meses após o parto.
Súmula nº 244, TST.
Art. 391-A, CLT.
Aborto espontâneo:
estabilidade no
Empregadas período em que
urbanas, rurais esteve grávida e até
e domésticas as duas semanas de
Art. 10, II, b , (art. 25, licença após o
Gestante
ADCT. parágrafo único, aborto (art. 395,
da Lei CLT). Morte da
Complementar criança após o
nº 150/2015). parto: mantêm-se
os cinco meses de
estabilidade.
Estabilidade da
gestante é garantia
constitucional e é
irrenunciável (OJ
SDC 30, TST).
Registro da
candidatura até um
ano após o término
do mandato. Art.
165, CLT, prevê a
possibilidade de o
cipeiro ser
dispensado por
motivo disciplinar,
técnico, econômico
ou financeiro, mas a
previsão do ADCT
Representante ampliou a
dos Art. 10, II, a , Titular e estabilidade,
empregados na ADCT suplente. equiparando-a
CIPA àquela do dirigente
sindical (dispensa
apenas por falta
grave do
empregado).
Súmula nº 339, TST
(I - estabilidade
também do
suplente; II -
término da
estabilidade em
caso de extinção do
estabelecimento).
Um ano após o
retorno ao trabalho
(cessação do
benefício
previdenciário).
Súmula nº 378, TST
(I - reconhece a
constitucionalidade
do art. 118; II -
estabelece os
pressupostos da
Empregado Art. 118, Lei nº estabilidade:
acidentado 8.213/1991 afastamento
superior a 15 dias e
recebimento de
auxílio-doença
acidentário; III -
estabilidade se
aplica aos contratos
de trabalho por
prazo determinado
e ao trabalhador
em período de
experiência).
Registro da
Diretores de Não abrange os
Art. 55, Lei nº candidatura até um
sociedades suplentes (OJ
5.764/1971 ano após o término
cooperativas SDI‐1 253, TST).
do mandato.
Representantes Registro da
Membros de
dos candidatura
CCP (Comissão Art. 625‐B, §
empregados. (doutrina) até um
de Conciliação 1º, CLT
Titular e ano após o término
Prévia)
suplente. do mandato.
Representante
dos Da nomeação até
Art. 3º, § 9º,
empregados no Efetivos e um ano após o
Lei nº
Conselho suplentes. término do
8.036/1990
Curador do mandato.
FGTS
Titulares e
Representante suplentes. Pode
dos ser dispensado
Da nomeação até
empregados no Art. 3º, § 7º, se cometer falta
um ano após o
Conselho Lei nº grave, cuja
término do
Nacional da 8.213/1991 apuração
mandato.
Previdência depende de
Social processo
judicial.
Membros da
Registro da
comissão de
Art. 510‐D, § candidatura até um
representantes
3º, CLT ano após o fim do
dos
mandato.
empregados
Aviso-prévio
Aviso-prévio é a forma pela qual uma das partes do contrato avisa à outra a sua
intenção de não continuar com a relação trabalhista. Tanto empregado quanto
empregador têm a obrigação de avisar previamente à outra parte quando quiser
romper o vínculo. Ele é aplicável às relações de trabalho com prazo indeterminado,
mas também aos contratos com prazo determinado, quando houver a intenção de
encerrar a relação antecipadamente (Súmula nº 163, TST).
Está previsto no art. 7º, inciso XXI, da Constituição Federal como direito fundamental
dos trabalhadores urbanos e rurais (BRASIL, 1988, on-line ). Também se estende aos
trabalhadores avulsos, à medida que o inciso XXXIV do mesmo artigo prevê a
igualdade de direitos entre os trabalhadores com vínculo empregatício permanente
e os trabalhadores avulsos. Por fim, o parágrafo único do mesmo artigo assegura tal
direito aos empregados domésticos. A CLT trata de regulamentar o tema, em seus
arts. 487 a 491 (BRASIL, 1943, on-line ).
FGTS
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi instituído pela Lei nº
5.107/1966, como alternativa à estabilidade decenal. Com a Constituição de 1988, o
FGTS torna-se obrigatório, sendo verdadeiro direito fundamental de trabalhadores
urbanos, rurais e domésticos, conforme seu art. 7º, III e parágrafo único. A
Constituição de 1988 eliminou também a estabilidade decenal. Regulamentam o
FGTS a Lei nº 8.036/1990 e o Decreto nº 99.684/1990.
Têm direito ao FGTS os trabalhadores urbanos, rurais (art. 7º, III, CF), domésticos
(art. 7º, parágrafo único, CF) e avulsos (art. 7º, XXXIV, CF); o empregado transferido
para o exterior (OJ SDI‐1 232, TST). Os diretores de empresas que não sejam
empregados não têm direito ao FGTS, mas a empresa, caso assim entenda, pode
conceder o benefício, que será, então, considerado remuneração (art. 15, § 4º e art.
16, Lei nº 8.036/1990).
Os incisos I, I-A, II, III, IV, IX e X do art. 20 da Lei nº 8.036/1990 são hipóteses de
movimentação em caso de extinção do contrato de trabalho . Por outro lado, os
incisos V, VI, VII, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII do art. 20 da Lei nº 8.036/1990
constituem hipóteses de movimentação durante a vigência do contrato de
trabalho . Há, ainda, a hipótese de movimentação pela permanência fora do
regime do FGTS por três anos, conforme inciso VIII do art. 20 da Lei nº 8.036/1990.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Renato é um empregado doméstico que atua como caseiro no sítio de lazer do seu
empregador. Contudo, a CTPS de Renato foi assinada como sendo operador de máquinas
da empresa de titularidade do seu empregador. Renato tem receio de que, no futuro, não
possa comprovar experiência na função de empregado doméstico e, por isso, intenciona
ajuizar reclamação trabalhista para regularizar a situação.
(Ano: 2020, Banca: FGV, Órgão: OAB, Prova: FGV – 2020 – OAB – Exame de Ordem Unificado
XXXI – Primeira Fase)
a) Somente o salário poderia ser objeto de demanda judicial para se comprovar que
o empregado recebia valor superior ao anotado, sendo que a alteração na função
não é prevista, e a demanda não terá sucesso.
b) Caso Renato comprove que é doméstico, o pedido será julgado procedente, mas
a alteração será feita com modulação de efeitos, com retificação da data da
sentença em diante.
c) Caso comprove que, de fato, é doméstico, Renato conseguirá a retificação na
CTPS, pois as anotações nela lançadas têm presunção relativa.
d) Renato não terá sucesso na sua reclamação trabalhista, pois a anotação feita na
carteira profissional tem presunção absoluta.
Processo do trabalho
I
Parte geral
Neste tópico, veremos como a Justiça do Trabalho se organiza, ou seja, quais são os
órgãos que a compõem e como estes se estruturam. Falaremos também sobre a
distribuição de competência na jurisdição trabalhista – quais são as causas que
competem à Justiça do Trabalho julgar e como se define o foro competente.
Veremos, ainda, quais os tipos de ação que são possíveis de se ingressar na
jurisdição trabalhista.
Por fim, o Tribunal Superior do Trabalho (art. 111-A, CF) representa a instância
superior da jurisdição trabalhista. É composto por 27 ministros (quinto
constitucional e juízes de carreira dos TRTs). Sua competência é estabelecida em lei
(art. 111-A, § 1º, CF).
A competência material da Justiça do Trabalho está prevista no art. 114 da CF, bem
como na Súmula Vinculante nº 22, Súmula nº 392 do TST, Súmula Vinculante nº 23 e
Súmula Vinculante nº 53. O TST possui diversas orientações a respeito do tema.
Indicamos a leitura das seguintes súmulas e OJs: Súmula nº 19, Súmula nº 189,
Súmula nº 300, Súmula nº 368, Súmula nº 389, Súmula nº 454; OJ SDI-1 138, OJ SDI-2
129, OJ SDI-2 130.
Saliente-se, ainda, que a Justiça do Trabalho possui competência não apenas para
julgar as causas individuais de trabalhadores, mas também competência normativa.
A reforma trabalhista inseriu os arts. 855-B a 855-E na CLT, por meio dos quais se
instituiu o procedimento para homologação de acordo extrajudicial celebrado entre
empregado e empregador.
Processo de conhecimento
Como vimos, os dissídios a serem julgados pela Justiça do Trabalho podem ser
individuais ou coletivos. Dentro de cada uma dessas possibilidades, existem tipos de
ações com ritos processuais diferenciados, a depender da tutela jurídica que se
pretende obter. Falaremos, agora, especificamente, do processo de conhecimento,
que é aquele por meio do qual a parte busca a declaração ou a constituição de uma
relação jurídica ou a condenação do reclamado a uma obrigação de pagar, fazer ou
não fazer.
Procedimento ordinário
O procedimento ordinário está regulamentado do art. 837 ao art. 852 da CLT
(BRASIL, 1943, on-line). É o procedimento aplicável à maioria dos casos, sendo o de
maior utilização. Suas hipóteses de utilização são encontradas por eliminação, ou
seja, não cabendo a aplicação do procedimento sumaríssimo ou do procedimento
sumário, será cabível o procedimento ordinário.
O desenvolvimento da ação de procedimento ordinário tem o seguinte andamento:
Figura 4.3 - Procedimento ordinário
Fonte: Elaborada pela autora.
O reclamado será notificado por via postal para comparecer à audiência, e, junto
com a notificação, será remetida uma segunda via da reclamação. Caso o reclamado
não seja encontrado, será notificado por edital. Observe que a notificação, na Justiça
do Trabalho, diferentemente do que ocorre na jurisdição cível, não inicia o prazo
para contestação – que poderá ser apresentada eletronicamente até a data da
audiência ou feita oralmente nessa ocasião.
Aberta a audiência, o juiz proporá conciliação (art. 846, CLT). Caso esta seja
alcançada, lavrar-se-á termo assinado pelo juiz e pelos litigantes, com a
especificação de todas as condições do acordo (art. 846, § 1º e § 2º da CLT). Não
alcançada a conciliação, passar-se-á à apresentação de defesa – que poderá ser feita
oralmente, por 20 minutos (art. 847, CLT), caso não tenha sido apresentada
eletronicamente (art. 847, parágrafo único).
Procedimento sumaríssimo
Está regulamentado pelo art. 852-A ao art. 852-I da CLT (BRASIL, 1943, on-line). É
cabível nos dissídios individuais cujo valor da causa seja de até 40 salários mínimos.
Não se aplica quando a administração pública for parte do litígio (art. 852-A,
parágrafo único). Como se trata de procedimento menos formal e mais célere, há
que se observar as seguintes peculiaridades: pedido certo ou determinado e com
indicação do valor correspondente; não cabe citação por edital; julgamento deve
ocorrer em 15 dias após o ajuizamento.
Procedimento sumário
Cabe em ações cujo valor da causa não exceda dois salários mínimos. São as
chamadas ações de alçada, sobre as quais não cabe recurso, exceto se se tratar de
matéria constitucional. Não há necessidade de se fazer resumo dos depoimentos,
constando da ata de audiência apenas a conclusão do juiz sobre a matéria de fato.
Muito embora de uso reduzido, o procedimento sumário permanece em vigor no
nosso ordenamento jurídico. Nesse sentido, recomenda-se a leitura das seguintes
súmulas do TST sobre o tema: Súmula nº 71, Súmula nº 356 e Súmula nº 365.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Em sede de reclamação trabalhista proposta por Sávio, os pedidos liquidados somaram
valor inferior a 40 salários mínimos nacionais. A ação foi movida em face do ex-
empregador e da União, em razão de alegação de responsabilidade subsidiária.
(Ano: 2019, Banca: FGV, Órgão: OAB, Prova: FGV – 2019 – OAB – Exame de Ordem Unificado
XXX – Primeira Fase)
a) A ação correrá sob o rito ordinário, pois, em que pese o valor da causa, figura
ente de direito público no polo passivo.
b) A ação correrá sob o rito sumaríssimo, pois cabível o rito especial para qualquer
parte na Justiça do Trabalho, desde que o valor da causa seja compatível.
c) A ação correrá no rito ordinário, mas, caso a primeira ré não seja encontrada, não
será possível realizar a citação por edital, em vista de a segunda ré ser a União.
d) A ação correrá no rito sumaríssimo, e, em caso de prova testemunhal, cada parte
terá direito a ouvir até três testemunhas.
Processo do trabalho
II
Recursos
A possibilidade de se buscar nova decisão que modifique decisão judicial
desfavorável decorre do princípio constitucional do duplo grau de jurisdição,
estampado no art. 5º, LV, da Constituição Federal (BRASIL, 1988, on-line ). Além
deste, podemos mencionar como princípios aplicáveis aos recursos em processo do
trabalho os seguintes:
Fundamento Hipóteses de
Recurso Prazo Preparo/Depósito
legal cabimento
Decisão nos
dissídios
coletivos de
competência
originária do TST
e decisões
divergentes das
turmas do TST Deve realizar o
Embargos em dissídios depósito recursal,
Art. 894, CLT 8 dias
no TST individuais, ou e a interposição se
contrárias a dá no juízo a quo .
súmula ou
orientação
jurisprudencial
do TST ou
súmula
vinculante do
STF.
Decisões
definitivas ou
terminativas das
Varas do
Trabalho e Deve pagar as
decisões custas e realizar o
Recurso
Art. 895, CLT 8 dias definitivas ou depósito recursal,
ordinário
terminativas dos e a interposição se
Tribunais dá no juízo a quo .
Regionais, em
processos de
sua competência
originária.
Interpretações
divergentes da
aplicada em
outro TRT, na
Deve pagar as
SDI do TST, em
custas e realizar o
Recurso de Art. 896 a súmula do TST
8 dias depósito recursal,
revista 896-C, CLT ou em súmula
e a interposição se
vinculante do
dá no juízo a quo .
STF; infringência
de lei federal ou
afronta direta e
literal à CF.
Deve realizar o
Contra
depósito recursal,
despachos que
Agravo de Art. 897, b , e a interposição se
8 dias denegarem a
instrumento CLT dá no juízo que
interposição de
negou seguimento
recursos.
ao recurso.
Decisões
proferidas nas
execuções; o
agravante deve
delimitar,
Não há preparo, e
justificadamente,
a interposição é
Agravo de Art. 897, a , as matérias e os
8 dias no próprio juízo
petição CLT valores
prolator da
impugnados,
decisão.
permitida a
execução
imediata da
parte
remanescente.
Saliente-se, por fim, que, muito embora não seja recurso específico do processo do
trabalho, é possível que as decisões trabalhistas desafiem a interposição de recurso
extraordinário para o Supremo Tribunal Federal – o que será possível quando a
decisão recorrida estiver enquadrada nas hipóteses de cabimento desse recurso
(art. 102, III, alíneas a a d, CF). Nesses casos, deverão ser observados todos os
pressupostos de admissibilidade desse recurso.
A liquidação de sentença rege-se pelo art. 879 da CLT (BRASIL, 1943, on-line ) e pode
se dar por cálculo, por arbitramento ou por artigos. Ocorre a liquidação por cálculo
quando o valor a ser apurado é encontrado a partir da simples realização de cálculos
aritméticos. A liquidação por arbitramento tem lugar quando há a necessidade de
se individualizar os valores de um serviço prestado ou de um bem. As partes podem
apresentar pareceres e documentos que contribuam para a apuração dos valores, e
é possível a nomeação de perito. Observe que, nesse tipo de liquidação, nenhum
fato necessita ser provado, não há espaço para atividade probatória. Por sua vez, na
liquidação por artigos – chamada, no CPC (BRASIL, 2015, on-line ), de liquidação
pelo procedimento comum –, há necessidade de comprovação de fatos novos,
desenvolvendo-se atividade probatória, mas única e exclusivamente para apurar o
valor devido. Não ocorre uma reabertura da fase probatória, a decisão judicial já
definiu os limites do que é devido, basta apurar a quantidade.
Assim, requerida a execução (art. 880, CLT), o devedor é citado por oficial de justiça
(ou por edital, caso não seja encontrado) para pagar em 48h ou garantir a execução.
Procedendo ao pagamento – que deve ser realizado na secretaria do juízo –, lavrar-
se-á termo de quitação, e será finalizada a execução. Caso não proceda ao
pagamento, o devedor precisará garantir a execução, por meio do depósito da
quantia correspondente à condenação, atualizada e acrescida das despesas
processuais (art. 882, CLT), para que possa apresentar embargos. Caso não pague
nem garanta a execução, proceder-se-á à penhora de bens do executado (art. 883,
CLT).
Na sentença, que será proferida em cinco dias, a contar da conclusão dos autos ao
juízo, serão julgados os embargos e eventuais impugnações à liquidação. O juiz
julgará subsistente ou insubsistente a penhora. Sendo subsistente, proceder-se-á à
avaliação dos bens e à consequente arrematação para pagamento dos valores
devidos (arts. 887 e 888, CLT).
Direito internacional
Sabemos que nem sempre você conseguirá estudar todo o assunto, por isso,
falaremos dos conceitos mais recorrentes no Exame da Ordem e indicaremos a
leitura dos principais instrumentos de direito internacional – tratados, convenções,
acordos internacionais – cobrados na prova.
Assim, vamos focar, primeiramente, no tema nacionalidade , uma vez que é um dos
assuntos com maior recorrência na prova. O tema da nacionalidade é tratado no art.
12 da Constituição Federal (BRASIL, 1988, on-line ) e estabelece a distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, da seguinte forma:
Figura 4.5 - Nacionalidade
Fonte: Elaborada pela autora.
reflita
Reflita
Vale relembrar, aqui, os conceitos de
nacionalidade jus soli e jus sanguinis . O
critério jus soli determina que serão
consideradas naturais de um determinado
país as pessoas que lá nasceram, não
importando a nacionalidade de seus pais.
Esse critério está relacionado, portanto, ao
espaço territorial de nascimento da
pessoa. Já o critério jus sanguinis
determina que serão nacionais de um país
os filhos dos nacionais daquele país. Tal
critério considera, portanto, a relação da
pessoa com aquele espaço por meio da
ancestralidade.
Em regra, o Brasil adota o critério jus soli, sendo brasileiro aquele que nasceu em
território brasileiro. No entanto, esse critério sofre algumas mitigações para os casos
de brasileiros no exterior a serviço do Brasil ou que optem pela nacionalidade
brasileira.
Em sua biblioteca virtual, há bons livros para aprofundamento. Bons estudos e uma
excelente prova! E que venha a aprovação!
referências
Referências
Bibliográficas
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 . Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm .
Acesso em: 18 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 . Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, [2018]. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm . Acesso em: 18
fev. 2021.