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a.3) Princípio “in dubio pro operario” – defende que quando houver dúvida aplica-se
a melhor condição para beneficiar os trabalhadores – art. 818 da CLT. Também
denominado “in dubio pro misero”. Afirma que se uma determinada regra permite duas
ou mais interpretações, deverá ser escolhida a que for mais favorável ao empregado.
1) vínculo de estágio entre Maria e Pedro – O vínculo entre Maria e Pedro, no período
da manhã – entre 08:00h e 12:00h – é regulamentado pela Lei nº 11.788/2008, conhecida
como Lei do Estágio. Portanto, não envolve a CLT, ou seja, não é pauta para a
Consolidação das Leis Trabalhistas.
A Lei nº 11.788/2008 define o estágio como um ato educativo escolar
supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o
trabalho produtivo do estudante. Portanto, o estágio integra o itinerário formativo do
educando e faz parte do projeto pedagógico do curso. Nesse sentido, os estagiários podem
ser contratados por pessoas jurídicas de direito privado e por órgãos da administração
pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos poderes da união, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios. Além disso, os profissionais liberais de nível
superior, devidamente registrados em seus respectivos conselhos, também podem
oferecer estágio.
Os estagiários devem ser estudantes que frequentam o ensino regular, em
instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação
especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação
de jovens e adultos, segundo o art.1º da Lei 11.788/2008.
Como o estágio não caracteriza vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que
observados os requisitos legais, não haverá necessidade de calcular os encargos sociais,
trabalhistas e previdenciários, segundo art. 3º e art. 15 da Lei nº 11.788/2008.
Os requisitos legais que devem ser observados na concessão do estágio, segundo o
art. 3º da Lei nº 11.788/2008 são: I.- matrícula e frequência regular do educando público-
alvo da lei; II.- celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente
do estágio e a instituição de ensino; e III.- compatibilidade entre as atividades
desenvolvidas no estágio e as previstas no termo de compromisso.
É vedada a cobrança de qualquer taxa dos estudantes a título de remuneração pelos
serviços dos agentes de integração (§2º do art. 5º da Lei nº 11.788/2008).
De acordo com a lei vigente, a jornada do estagiário será definida de comum acordo
entre a instituição de ensino, a parte concedente (a empresa) e o aluno ou seu
representante legal (em caso de menores de 18 anos) e deverá constar do Termo de
Compromisso de Estágio. Portanto, precisa ser compatível com as atividades escolares e
respeitar os seguintes limites: b) quatro horas diárias e vinte horas semanais, no caso de
estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional de educação de jovens e adultos; c) seis horas diárias e trinta horas semanais,
no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do
ensino médio regular; d) oito horas diárias e quarenta horas semanais, no caso de cursos
que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas
presenciais, desde que esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de
ensino, como aponta o art. 10 da Lei nº 11.788/2008.
O prazo de duração do estágio é de até dois anos, para o mesmo concedente, exceto
quando se tratar de estagiário portador de deficiência, conforme o art. 11 da Lei nº 11.788,
de 2008.
O contrato de estágio pode ser rescindido por qualquer parte, sem ônus. Desde que
obedecido o prazo máximo, o contrato de estágio pode ser continuamente renovado, desde
que o estudante esteja frequentando as aulas e que esteja acobertado por seguro de
acidentes pessoais, conforme expressa previsão da lei. Ressalta-se que, a inexistência de
contrato de estágio ou a falta de seguro de acidentes pessoais gera o vínculo empregatício,
acarretando em sanções previstas na CLT.
Observa-se, que o texto afirma que Maria foi dispensada por Pedro. Mas, na
verdade as dificuldades para estudar e as seguidas faltas as aulas culminaram na perda de
disciplinas, o que impediu a permanência de Maria no programa técnico profissional da
instituição. A Lei do Estágio implica, segundo art. 3º da Lei nº 11.788/2008, inciso I, que
haja frequência continua as aulas.
2) vínculo de trabalho entre Maria e João – inicialmente Maria foi contrata por João
por 2 meses, caracterizando um contrato por prazo determinado, portanto é um contrato
para TRABALHADOR TEMPORÁRIO, com datas de início e fim combinadas entre o
empregador e o empregado. Trata-se de uma modalidade prevista na CLT, criada pela Lei
n.°9.601/98 e já descrita anteriormente (item 4, dos principais tipos de trabalhadores).
A modalidade apresenta previsão legal no art. 452/CLT, sendo o tipo de contrato
de trabalho mais comum nas empresas, que tem prestação de serviço feita de forma
contínua e subordinada.
O texto, que descreve o Caso, não destaca se houve formalização de contrato de
trabalho entre as partes em função de convenção ou acordo coletivo, mas em razão da
amizade existente entre Maria e João. Nesse aspecto, o contrato temporário pode ser
considerado nulo e ser estendido por tempo indeterminado.
Destaca-se, também, que aos trabalhadores temporários são assegurados os
mesmos direitos que os trabalhadores sem tempo determinado como: salário mínimo legal
ou piso salarial da categoria; jornada de trabalho de 8 horas, com pagamento de horas
extras não excedentes a duas horas por dia; 13º salário proporcional (inciso VIII do artigo
7º da CF); férias proporcionais (inciso XVII do artigo 7º da CF); repouso semanal
remunerado (inciso XV do artigo 7º da CF); adicional por trabalho noturno (inciso IX do
artigo 7º da CF); seguro contra acidente do trabalho (inciso XXVIII do artigo da CF);
proteção da previdência.
Posteriormente, como Maria havia perdido o estágio, João resolve prorrogar o
contrato dela por mais seis meses, sendo que Maria deveria trabalhar em período integral.
No entanto, após dois meses houve uma briga entre João e Maria que culminou na sua
demissão. Entretanto, João pagou somente o saldo salarial, o 13º e as férias proporcionais.
Ocorre que a interrupção do contrato de trabalho, antes do prazo determinado pelas
partes, implica em indenização pela rescisão (artigo 480 da CLT). Quando o empregador,
sem justa causa, despede o empregado contratado por prazo determinado, torna-se
obrigatório o pagamento, a título de indenização, da metade da remuneração à qual teria
direito da data da dispensa até o término regular do contrato.
A indenização não pode exceder a de um empregado em idênticas condições
(artigos 479 e 480 da CLT). Há uma tendência de dispensa sem justa causa, já que a lei
não a proíbe. Mas, o empregado terá sempre direito a reparação mais ampla possível,
recebendo todas as vantagens, inclusive com os reajustes salariais ocorridos no período
de suspensão ou interrupção. Portanto, João deverá indenizar Maria pelo total do contrato
de trabalho, uma vez que a dispensa aconteceu antes do término de 6 meses (art.480 CLT).
Os princípios do Direito do Trabalho, que podem estar envolvidos na relação entre
Maria e João são: Princípio da proteção, que visa compensar a condição de
hipossuficiência do empregado; os subprincípios do Princípio In Dubio Pro Operário
(quando houver dúvida aplica-se a melhor condição para beneficiar o empregado),
Princípio da utilização da Norma mais favorável (escolha da norma mais favorável ao
empregado) e Princípio da Condição Mais Benéfica (impõe que as condições mais
benéficas previstas no contrato de trabalho ou no regulamento de empresa); o Princípio
da irrenunciabilidade de direitos (o empregado não pode renunciar as vantagens
garantidas por lei, segundo o art. 9º e 468 da CLT); Princípio da primazia da realidade
(valida-se o que acontece na realidade da relação trabalhista e não no contrato formal de
trabalho); Princípio da continuidade da relação de emprego (quando o ônus da prova do
término do contrato de trabalho é do empregador); Princípio da inalterabilidade
contratual; Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas (veda que empregador
e empregado definam uma relação fora das leis trabalhistas).
O contrato de trabalho entre Maria e João é por tempo determinado, ou seja, foi
estabelecido por um período definido. A legislação permite a vigência contratual para
dois anos no máximo, podendo ser renovado se houver um intervalo de, no mínimo, seis
meses entre o fim de uma e o começo de outra contratação. Como o prazo de validade do
contrato é estabelecido previamente, o empregado não recebe o valor correspondente à
multa de 40% em relação ao FGTS e a indenização de aviso prévio.
REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICAS
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2010.