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No âmbito do Direito do Trabalho, há uma integração entre o Direito Material do

Trabalho, Direito Coletivo do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito


Público do Trabalho.

O Direito Público do Trabalho é subdividido entre Direito Administrativo do Tra-


balho, Direito Constitucional do Trabalho e Direito Penal do Trabalho.

- Evolução Histórica do Direito do Trabalho

Como surgiu e se desenvolveu o Direito do Trabalho?

Revolução Industrial – Peel’s Act, 1802

Manifesto Comunista (1848)

Criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1919

Crise do Petróleo (1970)

Fim da escravidão no Brasil (1888) – Lei Áurea

Criação do Ministério do Trabalho, por Getúlio Vargas (1930)

Promulgação da Constituição Federal de 1934 (Constitucionalização do Direito do


Trabalho)

Organização da Justiça do Trabalho (1939)

Promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943

Criação da Justiça do Trabalho, como órgão do Poder Judiciário, a partir da promul-


gação da Constituição Federal de 1946

- Questões incômodas

1) Por que o Direito do Trabalho existe?

2) As relações de emprego poderiam ser reguladas livremente? Explique

3) Existe igualdade entre empregado e empregador? Por quê?


4) Faz sentido termos, no Brasil, a Justiça do Trabalho? Por quê?

5) Na sua ótica, a legislação trabalhista impede o desenvolvimento nacio-


nal? Por quê?

Sistema jurídico – Conjunto de normas, princípios e institutos, voltados a regular de


forma sistemática, lógica, determinado ramo do direito.

Especificamente no ramo do Direito do Trabalho, há de se acrescentar a teleologia


na interpretação das normas trabalhistas, porquanto tem um conteúdo finalístico,
que é o objetivo da regulamentação laboral = aprimorar as relações trabalhistas.

- Tipologias

 Modelo negociado

o Mais comum nos países do direito consuetudinário (common law)

o Livre negociação de direitos entre entidades coletivas e empregadores

 Modelo legislado

o Mais comum nos países do direito positivo (civil law)

o O Estado toma protagonismo na produção normativa e na discussão


dos direitos coletivos, contudo, há liberdade para entidades coletivas

 Modelo autoritário

o Mais comum nos países autoritários (ex.: Alemanha nazista)

o O Estado tem controle absoluto das normas trabalhistas e discussão


dos direitos coletivos

Obs.: Na época da ditadura militar, houve a promulgação da CLT sob os moldes au-
toritários. Hoje, não se pode mais afirmar que o Brasil é um país com legislação
trabalhista autoritária, contudo, mas não é possível afirmar, também, que ele está no
modelo legislado, pois ainda há alguns remanescentes do modelo autoritário.

- Fontes do Direito do Trabalho


 Fontes materiais: São os fenômenos sociais que empolgam a produção de de-
terminada norma jurídica. Atuam na fase anterior à existência da norma (pré-
jurídica). Podem ser de natureza:

o Econômica

o Sociológicas

o Políticas

o Filosóficas

 Fontes formais: Correspondem aos instrumentos que exteriorizam as nor-


mas jurídicas. Momento em que a norma já está criada. Podem ser:

o Autônomas (criadas pela iniciativa privada. Ex.: Convenção Coletiva


de Trabalho e Acordo Coletivo de Trabalho)

o Heterônomas (criadas pelo Estado. Ex.: legislações em geral e juris-


prudência vinculante)

- Especificidade trabalhista

A ordem jurídica trabalhista se caracteriza pela possibilidade de os entes coletivos


privados (sindicatos e empresas), em negociação coletiva, criarem diplomas norma-
tivos (ACT ou CCT), os quais irão regular as relações empregatícias específicas das
categorias envolvidas.

 Fontes formais autônomas

 Critério hierárquico de especialização

 Princípio da norma mais favorável (se for mais favorável ao empregado, pode
sobrepor até o que dispõe a Constituição Federal)

o Teoria da Acumulação: defende que, na comparação entre normas


trabalhistas sobre a mesma temática, deve-se selecionar, de cada uma
e de forma fracionada, regras específicas, e isoladamente considera-
das, que seriam mais favoráveis ao trabalhador;

 Crítica: vertente teórica criticada porque enfraquece a noção


de Direito como sistema. A seleção dos preceitos mais favorá-
veis ficaria dependente das inclinações ideológicas do
intérprete;
o Teoria do Conglobamento Amplo: defende que, na comparação en-
tre normas trabalhistas sobre a mesma temática, deve-se optar por um
diploma ou ordenamento que seria mais favorável ao trabalhador,
considerando-se a globalidade do diploma ou ordenamento;

 Crítica: representa hipótese oposta à da Teoria da Acumula-


ção. Na seleção global de determinado diploma normativo,
acabamos, na prática, optando por normas prejudiciais ao em-
pregado, em contraposição ao princípio da norma mais
favorável. Não guarda coerência com a noção de Direito como
sistema;

o Teoria do Conglobamento Mitigado (Setorizado): defende que, na


comparação entre normas trabalhistas sobre a mesma temática, deve-
se selecionar, de cada uma e de forma analítica, conjuntos coerentes
de dispositivos em relação a cada matéria (blocos temáticos) que se-
riam mais favoráveis ao trabalhador;

 Mais aceita pela doutrina e jurisprudência: critério coerente


com a noção de sistema e, inclusive previsto em lei: art. 3º, II,
da Lei 7.064/82;

Exceção: não se aplica o Princípio da Norma mais Favorável nos casos de norma
proibitiva, ou seja, se a CF proíbe algo, mesmo que uma CCT dê a possibilidade de
fazer aquela coisa de forma favorável ao empregado, não é possível aplicar o referido
princípio.

- Espécies de fontes formais heterônomas

Criados pelo Estado, incluindo-se também, as normas internacionais ratificadas


pelo Estado Brasileiro.

1) Constituição Federal

A Lei Maior do país, fundamento de validade para todo o ordenamento jurídico pá-
trio, inclusive o trabalhista.

2) Lei

Norma jurídica geral, abstrata, impessoal e obrigatória, emanada do Poder Legisla-


tivo e sancionada e promulgada pelo Poder Executivo.
As leis ordinárias e as leis complementares que dispõem sobre o Direito Individual
do Trabalho ou que têm aplicação subsidiária na Ordem Jurídica Trabalhista.

3) Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – Decreto-Lei 5.452/43

Direito material do trabalho (art. 1º a 510-D), direito coletivo do trabalho (art. 511
a 625-H), direito administrativo do trabalho (art. 626 a 642-A) e direito processual
do trabalho (art. 643 a 908).

A CLT disciplina, essencialmente, contratos de trabalho urbanos. Os contratos de


trabalho rurais, esses são regulados pela Lei 5.889/73. Os vínculos trabalhistas dos
trabalhadores domésticos são regidos pela Lei Complementar 150/2015. A Lei do
Estágio é a de nº 11.788/08.

Aplicação subsidiária: é a operação jurídica que o intérprete exerce quando, ao


identificar a ausência de dispositivo trabalhista específico para o caso, recorre-se
para as normas do direito comum, nos termos do art. 8º, § 1º, da CLT. (Ex.: Código
Civil, Código Penal, etc.)

4) Medidas Provisórias

Tipo especial de diploma normativo criado, exclusivamente, pelo Presidente da Re-


pública, quando identificada situação de relevância e urgência, nos termos do art.
62 da CRFB.

A norma tem status de lei ordinária e deve ser submetida de imediato ao Congresso
Nacional. Perde a eficácia se não for aprovada pelo CN, no prazo de 60 dias (pror-
rogável).

5) Convenções internacionais da OIT

Normas internacionais trabalhistas criadas pela OIT que somente adquirem força
de lei quando ratificadas pelo Estado Brasileiro. Entende-se que as normas interna-
cionais trabalhistas têm natureza de Direitos Humanos.

Ratificação

OIT Decreto-
legislativo

• Criação da • Convenção se
convenção transforma em
fonte formal
6) Normas regulamentadoras trabalhistas

Conjunto de preceitos, de natureza trabalhistas, criadas pela Portaria do Ministério


do Trabalho nº 3.214/78, em função da delegação legislativa prevista no art. 155, I,
c/c 200, ambos da CLT.

As Normas Regulamentadoras tem função importantíssima na regulação do direito


fundamental previsto no art. 7º, XXII, da CRFB (“redução dos riscos inerentes ao
trabalho”).

7) Sentença normativa

Espécie de fonte formal produzida em um processo judicial coletivo de trabalho, que


dispõe sobre as condições de trabalho que prevalecerão no âmbito de determinada
empresa ou categoria, nos termos do art. 114, § 2º, da CF e do art. 868 da CLT.

Quando um sindicato de trabalhadores e um sindicato de empresas não conseguem


chegar à um acordo em relação à determinada temática, para criar uma convenção
ou acordo coletivo, eles podem instaurar um processo de dissídio coletivo, a fim de
submeter a controvérsia para um juiz, que irá proferir uma sentença normativa, a
qual será aplicável para todos os trabalhadores da categoria.

Diz-se que a sentença normativa tem corpo de sentença, mas alma de lei.

8) Jurisprudência

Conjunto de decisões reiteradas dos Tribunais sobre determinado tema. Regra ge-
ral, atua como elemento integrativo do Direito do Trabalho (art. 8º, caput, da CLT).

Somente são fontes formais quando revestidas de efeito vinculante (art. 103-A da
CF e art. 988 do CPC).

São precedentes que têm efeito vinculante: I) Súmulas vinculantes; II) Decisões do
STF em controle concentrado de constitucionalidade; III) Decisões em Incidente
de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR); e IV) Decisões em Incidente de
Assumpção de Competência (IAC).

- Espécieis de fontes formais autônomas

Aquelas criadas pelas partes diretamente envolvidas. Fenômeno jurídico que ocorre
com frequência na Ordem Jurídica Trabalhista.
1) Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e Convenção Coletiva de Trabalho
(CCT)

São os instrumentos de negociação coletiva criados pelos entes coletivos privados:


sindicatos e empresas. A Constituição Federal reconhece, expressamente, a possi-
bilidade de elaboração dessas normas autônomas, nos termos do art. 7º, XXVI, da
CRFB.

 Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)

Espécie de instrumento de negociação coletiva firmado entre as empresas e os sin-


dicatos profissionais. Portanto, com abrangência restrita à empresa (art. 611, § 1º,
da CLT).

 Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)

Espécie de instrumento de negociação coletiva firmado entre os sindicatos da cate-


goria profissional e os sindicatos da categoria econômica. Portanto, com
abrangência mais ampla, envolvendo toda a categoria (art. 611, caput, da CLT).

Funções dos princípios trabalhistas:

i. Função informadora

Inspira o legislador a criar a norma em direção ao bem jurídico a ser tutelado.

ii. Função interpretadora

Orienta o interprete jurídico tanto na prática (análise de algume caso concreto)


quanto na teoria (produção da doutrina).

iii. Função diretiva

Unifica o ordenamento jurídico, apontando a direção que deve ser tomada pelos
operadores e intérpretes.

iv. Função integrativa

Atua como instrumento integrador do Direito, suprindo as lacunas legais (art. 8º,
caput, da CLT e art. 4º do DL 4.657/42).
1) Princípio da Proteção

Informa que o Direito do Trabalho detém todo um conjunto de regras, princípios,


institutos e presunções voltados a tutelar o empregado, que é a parte mais vulnerável
da relação empregatícia.

Visa dar efetividade à igualdade material (ou seja, tenta igualar no plano jurídico o
que é naturalmente desigual no mundo dos fatos).

Justifica a própria necessidade da existência do Direito do Trabalho.

Abrange todos os outros princípios do Direito Individual do Trabalho.

2) Princípio da norma mais favorável

Orienta o intérprete jurídico a optar pela norma que mais beneficie o trabalhador,
quando houver aparente conflito entre normas trabalhistas sobre a mesma temática.

Atua em aparentes conflitos interpretativos entre duas ou mais normas jurídicas.

Sob a perspectiva da teoria do conglobamento setorizado, que é a mais aceita pela


doutrina e jurisprudência, defende-se que, na comparação entre normas trabalhistas
sobre a mesma temática, deve-se selecionar, de cada uma e de forma analítica, con-
juntos coerentes de dispositivos em relação a cada matéria (blocos temáticos) que
seriam mais favoráveis ao trabalhador.

Art. 3º, inciso II, da Lei 7.064/82.

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