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Direito individual x Direito coletivo

• Direito Individual regem a relação de trabalho entre um trabalhador e um empregador individualmente


considerando o contrato de trabalho (relações individuais). Inexiste a presença do sindicato.

• Direito coletivo regem às relações que envolvem um empregador ou um grupo de empregadores com os
grupos de trabalhadores ou com as organizações que os representam. Para que configure Direito Coletivo do
Trabalho, é necessária uma pluralidade de trabalhadores.

Os sujeitos são os grupos de trabalhadores e de empregadores, representados por seus sindicatos de (categoria
profissional ou categoria econômica), apresentando-se como relações intersindicais. O direito coletivo é
indivisível e não atinge pessoas definidas, pois tem por objetivo o interesse coletivo do grupo. Chamado com
frequência de “direito sindical”.

DENOMINAÇÕES DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


NO PASSADO: Direito Corporativo, Direito Normativo e Direito Sindical.
HOJE: Direito Coletivo do Trabalho e Direito Sindical.

FUNÇÕES GERAIS (mesmas do Direito Individual do Trabalho):


a) Melhoria das condições de Trabalho;
b) Modernização e progresso da sociedade do ponto de vista econômico e social através da normas
trabalhistas;
c) Respeito ao patamar civilizatório mínimo: normas constitucionais, tratados e convenções
internacionais vigorantes no Brasil e normas legais infraconstitucionais.

FUNÇÕES ESPECÍFICAS
a) Geração de normas jurídicas
b) Pacificação de conflitos de natureza sócio coletiva
c) Função sociopolítica e econômica

ASPECTOS HISTÓRICOS
O sindicalismo surgiu na Inglaterra em 1720, para reivindicar melhores condições de trabalho, surgiu a primeira
associação de trabalhadores, os TRADE-UNIONS que foi reconhecida pelo parlamento em 1824, com algumas
restrições.

Na Revolução Industrial, o agrupamento de homens em torno da máquina, despertou a consciência dos operários
da comunhão de seus interesses, surgindo o movimento operário moderno do sindicalismo. A Revolução Francesa,
suprimia as corporações de ofício e não reconhecia o direito de associação. A liberdade das associações de
trabalhadores foi reconhecida na França de 1884, anteriormente era proibida pela Lei Le Chapellier, 1791.
O direito de associação foi conquistado na Inglaterra em 1871 e na França em 1884, dando início a liberdade
sindical. Porém, os sindicatos independentes encontram resistência nos governos autoritários e nas democracias
populares.

Em 1919 com o Tratado de Versalhes, a criação da OIT e suas Convenções, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, os direitos de livre associação e sindicalização tornam-se sedimentados na cultura jurídica ocidental.

A Constituição de Weimar,1919, foi a primeira a permitir a liberdade associativa dos trabalhadores. Tem-se como
marco a Carta del Lavoro de 1927, que guiou as relações de trabalho na sociedade italiana, estabelecendo um
modelo político-econômico corporativista.

Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, determina que todo homem tem direito a ingressar num
sindicato. A OIT regeu a atividade sindical em sua convenção n°87 de 1948.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO NO BRASIL


A Constituição Imperial (1824), aboliu as corporações de ofício, seus juízes e mestres. A Carta de 1891 não fez
menção específica e permitiu a associação para fins pacíficos. Por não haver vedação surgiram os primeiros
sindicatos/ligas operárias, por influência dos imigrantes. A Constituição de 1934 permitiu a sindicalização dos
trabalhadores.

As primeiras Confederações de Trabalhadores surgiram em 1920, decorrente do industrialismo moderno.


Após a Revolução Liberal de 1930, surgi o Estado intervencionista, sujeitando o Sindicato ao Estado, suprimindo-lhe
a autonomia. A Constituição de 1937, regulou a sindicalização brasileira inspirada na organização corporativa
italiana.

A Carta 1967 permitiu a livre associação sindical, portanto, o modelo sindical brasileiro era corporativista, sendo
controlado e instrumentalizado pelo Estado, contrariando o modelo sindical democrático consagrado pela
Convenção 87 da OIT, sobre a liberdade sindical.

No final dos anos 70 os sindicatos desafiaram as leis realizando-se greve para reajustes salariais. Em 1988 com a
Constituição, os sindicatos foram retirados do poder do Estado, passando para o Direito Privado. Não podendo a lei
exigir autorização do Estado para seu funcionamento, ressalvando o registro no órgão competente. O atual
sistema não é mais corporativista, mas sim, uma estrutura sindical isolada que abrange: Sindicatos;
Confederações e Federações.

FONTES DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO (MATERIAIS E FORMAIS)


 Fontes materiais são os fatores sociais, econômicos, históricos… (conteúdo concreto das normas);
 Fontes formais são as normas jurídicas (os atos internacionais; a Constituição Federal; as leis; os pactos sociais;
a convenção coletiva e o acordo coletivo; as decisões normativas; a jurisprudência…)

HIERARQUIA DAS FONTES FORMAIS JUSTRABALHISTAS ---------------------------------------


HIERARQUIA DAS NORMAS JUSLABORAIS: pelo princípio da proteção, opera-se a norma mais favorável ao
trabalhador, não sendo, portanto, necessariamente a Constituição Federal, a depender do tema em questão. A reforma
trabalhista altera parcialmente o cenário. O princípio da norma mais favorável sofre uma grande flexibilização, isso
ocorre por três motivos:

1. alteração do art. 620 da CLT: As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão
sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho (NORMA MAIS ESPECÍFICA AFASTA A NORMA GERAL);

2. inclusão de parágrafo único do art. 444 da CLT: As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho,
aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Parágrafo único.
A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta
Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de
empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a
duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Se o trabalhador que possui diploma de curso superior receber salário mensal igual ou maior que o dobro
do limite máximo dos benefícios do regime geral da previdência (hoje R$ 6.433,57 x 2 = R$ 12.867,14), o que
for estipulado no contrato entre ele e o empregador prevalece sobre as normas coletivas. Isto significa que,
para esses trabalhadores de salário maior e com diploma de nível superior, suas cláusulas contratuais, em
regra, prevalecem sobre instrumento de Acordo e Convenção Coletiva.
3. inclusão do art. 611-A da CLT: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei
quando, entre outros, dispuserem sobre:
I. pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;
II. banco de horas anual;
III. intervalo intrajornada, limite mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 6h;
IV. adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE) da Lei n. 13.189, de 19/11/2015;
V. plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como
identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;
VI. regulamento empresarial;
VII. representante dos trabalhadores no local de trabalho;
VIII. teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;
IX. remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas e remuneração por desempenho individual;
X. modalidade de registro de jornada de trabalho;
XI. troca do dia de feriado;
XII. enquadramento do grau de insalubridade;
XIII. prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do
Ministério do Trabalho;
XIV. prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo;
XV. participação nos lucros ou resultados da empresa
A nova regra assegura a prevalência da norma coletiva sobre a lei. Isso significa que a norma coletiva poderia
prever vantagens inferiores à lei e ainda assm, ela prevaleceria. Contudo, o art. 611-B cria restrições a essa nova
regra.

CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO: A autonomia dos grupos profissionais e econômicos é


exteriorizada por meio das convenções e dos acordos coletivos de trabalho, que contêm normas que
determinam o conteúdo dos contratos individuais de trabalho aos quais se aplicam (cláusulas econômicas), além
das cláusulas obrigacionais, que vinculam as partes convenentes.

As normas coletivas dão maleabilidade ao conteúdo da lei, ampliando a gama de direitos e garantias legais
assegurados aos trabalhadores e, em outros casos, prevendo situações de flexibilização que, aparentemente,
geram condições in pejus (redução de salário, compensação de jornada, aumento da jornada dos turnos
ininterruptos de revezamento).

Nesse sentido, importante destacar que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) ampliou as possibilidades
da negociação coletiva, estabelecendo que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
prevalência sobre a lei quando dispuserem, entre outros (rol exemplificativo, portanto), sobre as matérias
indicadas no art. 611-A, CLT.
Ao contrário, em âmbito muito mais restrito, as previsões de convenções coletivas e acordos coletivos de
trabalho que são consideradas ilícitas são indicadas no art. 611-B, CLT.

PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL: A Constituição de 1988, por meio dos seus artigos 8º, 9º, 10 e 11 apresenta uma
serie de proteções ao direito coletivo do trabalho. Vejamos:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I. a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II. é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III. ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
IV. a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em
folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da
contribuição prevista em lei;
V. ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI. é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII. o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII. é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se
cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a
finalidade exclusiva de promover- lhes o entendimento direto com os empregadores.

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