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FAMIG

Direito do Trabalho e Previdenciário


Professor: Fernando Quadros
Aula 24/02/2021

FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

“Fonte material” é o conjunto dos fenômenos sociais que contribuem para a


formação da matéria do Direito, ou seja, os fatores ou elementos que
determinam a substância das normas jurídicas e o conteúdo de todo um
sistema jurídico.

Ao buscar nos fatos sociais as bases para a construção de um ordenamento


jurídico, o ser humano adota decisões políticas, que nada mais são do que os
frutos da correlação de forças existentes no meio em que vive.

A norma jurídica, portanto, surge a partir de uma fonte material, que leva à
decisão política de sua elaboração. 

“Fonte formal” é a maneira pela qual o Direito se revela socialmente; os


processos de manifestação do Direito, por meio dos quais o ordenamento
jurídico adquire existência, atuando de maneira válida e eficaz em determinado
contexto social.

É preciso lembrar que um ordenamento jurídico não se limita a regular o


comportamento dos indivíduos em sociedade, mas vai mais além, tratando,
também, de fixar o próprio modo pelo qual se devem produzir e modificar as
normas. 

Há a necessidade de uma opção política que envolve a decisão sobre os


mecanismos admitidos como válidos para “criar” o Direito; questão de grande
repercussão para o direito do trabalho, pois este é um ramo do Direito que se
caracteriza justamente pela sua pluralidade de fontes “formais”.

O TRABALHO É UM DIREITO SOCIAL, assim o direito do trabalho tem


previsão Constitucional, importante fonte de seu regramento, a saber:

ARTIGO 6º DA CONSTITUIÇÃO: “SÃO DIREITOS SOCIAIS A EDUCAÇÃO, A


SAÚDE, O TRABALHO, A MORADIA, O LAZER, A SEGURANÇA, A
PREVIDÊNCIA SOCIAL, A PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA, A
ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS, NA FORMA DESTA
CONSTITUIÇÃO.”

ARTIGO 8º DA CONSTITUIÇÃO: “É LIVRE A ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL


OU SINDICAL, OBSERVADO O SEGUINTE:

I – A LEI NÃO PODERÁ EXIGIR AUTORIZAÇÃO DO ESTADO PARA A


FUNDAÇÃO DE SINDICATO, RESSALVADO O REGISTRO NO ÓRGÃO
COMPETENTE, VEDADAS AO PODER PÚBLICO A INTERFERÊNCIA E A
INTERVENÇÃONA ORGANIZAÇÃO SINDICAL;

II – É VEDADA A CRIAÇÃO DE MAIS DE UMA ORGANIZAÇÃO SINDICAL,


EM QUALQUER GRAU, REPRESENTATIVA DE CATEGORIA
PROFISSIONAL OU ECONÔMICA, NA MESMA BASE TERRITORIAL, QUE
SERÁ DEFINIDADA PELOS TRABALHADORES OU EMPREGADORES
INTERESSADOS, NÃO PODENDO SER INFERIOR À ÁREA DE UM
MUNICÍPIO;

III - AO SINDICATO CABE A DEFESA DOS DIREITOS E INTERESSES


COLETIVOS OU INDIVIDUAIS DA CATEGORIA, INCLUSIVE EM QUESTÕES
JUDICIAIS OU ADMINISTRATIVAS;

IV – A ASSEMBLÉIA GERAL FIXARÁ A CONTRIBUIÇÃO QUE, EM SE


TRATANDO DE CATEGORIA PROFISSIONAL, SERÁ DESCONTADA EM
FOLHA, PARA CUSTEIO DO SISTEMA CONFEDERATIVO DA
REPRESENTAÇÃO SINDICAL RESPECTIVA, INDEPENDENTEMENTE DA
CONTRIBUIÇÃO PREVISTA EM LEI;

V – NINGUÉM SERÁ OBRIGADO A FILIAR-SE OU A MANTER-SE FILIADO A


SINDICATO;

VI – É OBRIGATÓRIA A PARTICIPAÇÃO DOS SINDICATOS NAS


NEGOCIAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO;

VII – O APOSENTADO FILIADO TEM DIREITO A VOTAR E SER VOTADO


NAS ORGANIZAÇÕES SINDICAIS;

VIII – É VEDADA A DISPENSA DO EMPREGADO SINDICALIZADO A PARTIR


DO REGISTRO DA CANDIDATURA A CARGO DE DIREÇÃO OU
REPRESENTAÇÃO
SINDICAL E, SE ELEITO, AINDA QUE SUPLENTE, ATÉ UM ANO APÓS O
FINAL DO MANDATO, SALVO SE COMETER FALTA GRAVE NOS TERMOS
DA LEI.

PARÁGRAFO ÚNICO: AS DISPOSIÇÕES DESTE ARTIGO APLICAM-SE À


ORGANIZAÇÃO DE SINDICATOS RURAIS E DE COLÔNIAS DE
PESCADORES, ATENDIDAS AS CONDIÇÕES QUE A LEI ESTABELECER.”

ARTIGO 9º DA CONSTITUIÇÃO: “É ASSEGURADO O DIREITO DE GREVE,


COMPETINDO AOS TRABALHADORES DECIDIR SOBRE A
OPORTUNIDADE DE EXERCÊ-LO E SOBRE OS INTERESSES QUE DEVAM
POR MEIO DELE DEFENDER.

PARÁGRAFO 1º: A LEI DEFINIRÁ OS SERVIÇOS OU ATIVIDADES


ESSENCIAIS E DISPORÁ SOBRE O ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES
INADIÁVEIS DA COMUNIDADE.

PARÁGRAFO 2º: OS ABUSOS COMETIDOS SUJEITAM OS REAPONSÁVEIS


ÀS PENAS DA LEI.”
ARTIGO 10 DA CONSTITUIÇÃO: “É ASSEGURADA A PARTICIPAÇÃO DOS
TRABALHADORES E EMPREGADORES NOS COLEGIADOS DOS ÓRGÃOS
PÚBLICOS EM QUE SEUS INTERESSES PROFISSIONAIS OU
PREVIDENCIÁRIOS SEJAM OBJETO DE DISCUSSÃO E DELIBERAÇÃO.”

ARTIGO 11 DA CONSTIUIÇÃO: “NAS EMPRESAS DE MAIS DE DUZENTOS


EMPREGADOS, É ASSEGURADA A ELEIÇÃO DE UM REPRESENTANTES
DESTES COM A FINALIDADE EXCLUSIVA DE PROMOVER-LHES O
ENTENDIMENTO DIREITO COM OS EMPREGADORES.”

RAMOS DO DIREITO DO TRABALHO

- O Direito do Trabalho é ramo autônomo, possui legislação própria, poder


judiciário próprio e elementos próprios, inclusive relações específicas.

- O Direito Material do Trabalho é composto pelo ramo Individual e ramo


Coletivo;

- Os sujeitos da relação jurídica do direito do trabalho são empregador e


empregado;

- Naturalmente, o empregador age como um “ser” coletivo, isto é, agente


socioeconômico e político cujas ações produzem impacto na comunidade de
forma mais ampla;

- O empregado, por sua vez, apresenta-se como um “ser” individual (o


trabalhador), inserido na relação jurídica mas que não é capaz, isoladamente
e em regra, de produzir impacto amplo na comunidade por suas ações
individuais;
- Essa disparidade de posições existentes na realidade concreta,fez surgir um
Direito Individual do Trabalho largamente protetivo, buscando equilibrar a
desigualdade na prática da relação de emprego;

- Já o Direito Coletivo, parte de uma relação entre “seres” equivalentes, por


exemplo: empresas x sindicatos;

- O Direito Coletivo pode atuar sobre o Direito Individual, e até alterar seu
conteúdo, naquilo em que a lei permite, por exemplo através de uma
Convenção Coletiva de Trabalho – adicional hora extra; banco de horas,
regime de compensação de jornada de trabalho; etc;

- Daí a necessidade de se ter PRINCÍPIOS que foram a, base do Direito


Individual do Trabalho, a fim de se evitar ofensas as normas da ordem jurídica
do Trabalho;

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

PRINCÍPIO – IDÉIA DE COMEÇO / INÍCIO, “o primeiro momento da existência de


algo ou de uma ação ou processo”.
Pode ser entendido ainda como “causa primeira, raiz, razão”, como aquilo que
“serve de base a alguma coisa.”

Princípio político, moral ou religioso – fundamentos, idéias, que se aplicam a


realidade como diretriz (parâmetro) de condutas.

Portanto, no Direito, “princípio” será o fundamento que se forma na consciência


das pessoas e grupos sociais, a partir de certa realidade, e que visam a
compreensão ou reprodução dessa realidade.

O Direito visa uma realidade ideal de conduta com base em normas, modelos de
comportamento ou organização. É o dever ser.
Os Princípios são síntese (resumos) de orientações com base no ideal de
comportamento em determinado momento (como deveria ser na realidade).

· PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO

O Direito do Trabalho busca atenuar, diminuir o desequilíbrio presente na


prática e no desenvolvimento do contrato de trabalho, visando, no plano
jurídico, proteger a parte hipossuficiente (mais fraca) na relação
empregatícia (o obreiro);
- são intervenções favoráveis aos interesses obreiros;
- influi em toda a estrutura do Direito do Trabalho: sem a idéia protetiva o Direito
Individual do Trabalho não se justificaria nem histórica e nem cientificamente;
- o princípio tutelar (proteção) inspira todo o complexo de regras desse ramo
jurídico.

· PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL

Dispõe que o operador do Direito deve optar pela aplicação da regra mais
favorável ao obreiro em três momento distintos:
- no instante de elaborar a regra – orientar a ação legislativa;
- quando for confrontar regras concorrentes – orientar a hierarquização das
normas trabalhistas (eleger a regra que irá prevalecer dentro do contexto
jurídico); e
- no momento de interpretar as regras jurídicas – orientar a própria aplicação da
regra trabalhista.

Tem tríplice dimensão: informar, hierarquizar (definição de ordem) e


interpretar.

 PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS


No Direito do Trabalho prevalecem as leis trabalhistas obrigatórias, e de
caráter geral, sobre a manifestação da vontade das partes.
Em regra, prevalece a lei trabalhista sobre a vontade das partes, como forma
de assegurar as garantias fundamentais do empregado;

 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS

Complementa o anterior, e traduz a impossibilidade do empregado dispor (abri


mão), por sua vontade própria, das vantagens e direitos que lhe asseguram a Lei
e o Contrato de Trabalho – ex: CTPS.
Assegura liberdade ao obreiro, vez que traz a obrigatoriedade da norma,
portanto, perante o sujeito coletivo, o sujeito individual está sujeito a uma lei, e
em função dela não pode abri mão de direitos ao contratar.
Não pode haver renúncia de direito e nem de obrigação, que importe em
prejuízo ao trabalhador empregado.

 PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA

Reflete o direito adquirido. É forma de garantir e preservar, ao longo do


desenvolvimento do contrato de trabalho, cláusula ou situação maios vantajosa ao
empregado. Havendo ponto conflitante, prevalecerá o mais favorável ao
empregado.
Aqui não são conflitos de normas, mas de cláusulas contratuais, ou seja,
cláusulas benéficas somente podem ser suprimidas (extintas) por outras
posteriores e ainda mais favoráveis – (direito adquirido) analisadas caso a
caso – em regra, não se muda para o “pior”.

 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA


Em regra, os pactos (contratos) devem ser cumpridos. O empregador
responde pelos riscos do empreendimento, mantendo-se intocados os direitos
trabalhistas dos empregados. Fatores externos não podem modificar o contrato
trabalhista, tais como crises econômicas, mudanças industriais, fracassos do
negócio, etc.
O Direito do Trabalho incentiva alterações favoráveis e veda as
desfavoráveis ao empregado – art. 468.

 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE

- Valoriza o contrato realidade


- A prática habitual / concreta efetivada ao longo da prestação dos serviços
altera o contrato, gerando novos direitos e obrigações.
- Contrato escrito mais cotidiano do trabalho
- Grande importância para a Justiça do Trabalho.

 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL (462, CLT)

- Salário tem caráter alimentar e deve atender as necessidades essenciais do


ser humano.
- Princípio está ligado à dignidade da pessoa humana.
- O salário é a contra partida econômica do emprego.
- Garantia salarial – contra prejuízo, redução – ou seja, integridade e integridade
salarial.
Exceção: art. 649, CPC – Alimentos e art. 7º, VI CF/88.

 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO

- Manutenção do Vínculo Empregatício (é o emprego o bem maior do direito do


trabalho);
- O empregado como parte estrutural da empresa;
- Permite, por exemplo, promoções; aumentos de salários; tempo de serviço;
etc.
- Investimento no empregado – Longos contratos são melhores para todos;

 CF/88: Estabeleceu o FGTS para todos os empregados acabando com a


“opção”;
- Art. 7º, III (FGTS)
- Art. 7º, I – indenização compensatória (40% sem o FGTS)
- Art. 7º, XXI – Aviso Prévio;
- Enunciado 212 do TST – pág. 615 CLT/LTR
- Se o empregador ou o empregado quiser romper o vínculo de emprego, terá o
ônus.
- Pedido de demissão não se presume, dispensa sem justa causa é presumida.
- Na Justiça do Trabalho, quem tem que provar a demissão é o patrão, pois a
continuidade do vínculo se presume.
- Se o contrato é presumido, é por tempo indeterminado.
- Direito Penal “in dúbio pro reo”
- Direito do Trabalho “in dúbio pro operario”
- parte mais fraca
- hoje está em desuso, já que o sistema jurídico brasileiro adota o modelo
do “juiz natural” pelo qual há o “ônus da prova” – o juiz decide pelo exame de fatos
e provas.

 PRINCÍPIO DO MAIOR RENDIMENTO

- Quanto à produtividade.

- Bom rendimento, lealdade e boa-fé do empregado;


- Leal contraprestação, conduta de esforço e dedicação em prol da empresa;
- Prestação de serviços regular, disciplinada e funcional;

Justa Causa – art. 482 e art. 483 CLT


- Está em desuso, já que lealdade e boa-fé devem estar presentes em todas as
relações jurídicas.

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