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DIREITO SINDICAL X DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

CONCEITO

Segmento do direito do trabalho que trata da organização sindical, dos conflitos coletivos de trabalho e suas formas de solução, da negociação coletiva de
trabalho e da representação dos trabalhadores no local de trabalho.

ORGANIZAÇÃO SINDICAL

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a
interferência e a intervenção na organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial,
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

Normas que regulam a formação dos sindicatos - Art. 8º CF (cont.)

V - Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei
estabelecer.

ORGANIZAÇÃO SINDICAL

• Modelos intervencionistas ou espontâneos

• A questão da liberdade sindical

• Funções dos sindicatos, custeio de suas atividades, proteção contra atos antissindicais

CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO

• Estudo das diversas manifestações dos conflitos coletivos de trabalho

• A questão do direito de greve – art. 9º CF

• Estudo das suas formas de solução

• Modelos autônomos x heterônomos

NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABLAHO

• Criação das normas jurídicas trabalhistas pela via negocial

• Autonomia privada coletiva

• Instrumentos normativos negociados

• A questão da prevalência do negociado sobre o legislado (Reforma Trabalhista de 2017)

REPRESENTAÇÃO DOS TRABALHADORES

• Os diferentes órgãos de representação dos trabalhadores no local de trabalho

• Sindicais e não sindicais

• Regulamentação: art. 11 CF → Comissão interna: + de 200 empregados.

• Reforma Trabalhista de 2017

FONTES DO DCT E SUA HIERARQUIA DINÂMICA

• Fontes formais vs. Fontes materiais

• Pluralismo de fontes no DCT

• Fontes Estatais (CF / Lei / MP / Jurisprudência)

• Fontes não-estatais (CCTs e ACTs)

• Fontes Internacionais (OIT) • Hierarquia Dinâmica das Fontes


• Negociado sobre o legislado

• Aplicação da norma mais favorável ao trabalhador

PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

1. Liberdade Sindical;

2. Unicidade Sindical;

3. Autonomia Coletiva da Vontade e democracia sindical interna (melhoria da condição social do trabalhador);

4. Equilíbrio da relação capital x trabalho;

5. Poder Normativo da Negociação Coletiva;

6. Boa-fé na Negociação Coletiva;

7. Dever de informação e transparência;

8. Inescrutabilidade da Negociação Coletiva;

9. Razoabilidade e Proporcionalidade;

10. Participação obrigatória das entidades sindicais;

11. Prevalência relativa do negociado sobre o legislado;

12. Intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva;

INTERPRETACÇÃO, INTEGRAÇÃO E APLICAÇÃO DO DTC

Art. 8º, CLT - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,
por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o
direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

§ 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho.

§ 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir
direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei.

§ 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais
do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da
intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.

Aplicação da Lei no Tempo:

• Vigência das normas estatais → LINDB

• Vigência das normas coletivas → Máximo de 2 anos, sendo vedada a ultratividade (Lei n. 13.467/2017 e ADPF n. 323)

Aplicação da Lei no Espaço:

• Normas estatais → Competência da União (art. 22, I, CF)

• Normas coletivas → Competência do sindicato representativo da categoria em determinada base territorial (art. 8º, II, CF)

OS SUJEITOS DAS RELAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO E O SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRO

SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA COLETIVA DO TRABALHO

A relação individual de trabalho diz respeito ao contrato individual de trabalho, envolvendo o empregado e o empregador (sujeitos) em seus interesses individuais
(dizem respeito ao contrato de trabalho individual, ou seja, a relação de emprego). Trata de regulação do contrato de trabalho (direitos e deveres de ambas as
partes).

As relações individuais diferem das coletivas porque, nestas, as questões ultrapassam o contrato individual de trabalho para atingir uma coletividade que se une
para defender suas reivindicações.

Direito Coletivo representa o conjunto de normas elaboradas pelo Estado e pelas organizações de trabalhadores e de empresários, que busca disciplinar as
relações coletivas de trabalho, propondo soluções e instrumentos na pacificação dos conflitos advindos destas relações.

Os elementos integrantes do Direito Coletivo do Trabalho são: (a) organização sindical; (b) convenção coletiva de trabalho (direito normativo); (c) conflitos
coletivos de trabalho; e (d) solução dos conflitos coletivos de trabalho.

EMPRESAS

Art. 2º, CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.

§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações
decorrentes da relação de emprego.
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado,
a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.

COMISSÃO DE REPRESENTANTES DOS EMPREGADOS

Art. 510-A. Nas empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de uma comissão para representá-los, com a finalidade de promover-
lhes o entendimento direto com os empregadores.

§ 1º A comissão será composta:

I - nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por três membros;

II - nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por cinco membros;

III - nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete membros.

§ 2º No caso de a empresa possuir empregados em vários Estados da Federação e no Distrito Federal, será assegurada a eleição de uma comissão de
representantes dos empregados por Estado ou no Distrito Federal, na mesma forma estabelecida no § 1º deste artigo.

Art. 510-B. A comissão de representantes dos empregados terá as seguintes atribuições:

I - representar os empregados perante a administração da empresa;

II - aprimorar o relacionamento entre a empresa e seus empregados com base nos princípios da boa-fé e do respeito mútuo;

III - promover o diálogo e o entendimento no ambiente de trabalho com o fim de prevenir conflitos;

IV - buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação de trabalho, de forma rápida e eficaz, visando à efetiva aplicação das normas legais e contratuais;

Art. 510-B. (cont.)

V - assegurar tratamento justo e imparcial aos empregados, impedindo qualquer forma de discriminação por motivo de sexo, idade, religião, opinião política ou
atuação sindical;

VI - encaminhar reivindicações específicas dos empregados de seu âmbito de representação;

VII - acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, previdenciárias e das convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho.

§ 1º As decisões da comissão de representantes dos empregados serão sempre colegiadas, observada a maioria simples.

§ 2º A comissão organizará sua atuação de forma independente.

Art. 510-C. A eleição será convocada, com antecedência mínima de trinta dias, contados do término do mandato anterior, por meio de edital que deverá ser
fixado na empresa, com ampla publicidade, para inscrição de candidatura.

§ 1o Será formada comissão eleitoral, integrada por cinco empregados, não candidatos, para a organização e o acompanhamento do processo eleitoral, vedada
a interferência da empresa e do sindicato da categoria.

§ 2o Os empregados da empresa poderão candidatar-se, exceto aqueles com contrato de trabalho por prazo determinado, com contrato suspenso ou que
estejam em período de aviso prévio, ainda que indenizado.

Art. 510-C. (cont.)

§ 3o Serão eleitos membros da comissão de representantes dos empregados os candidatos mais votados, em votação secreta, vedado o voto por representação.

§ 4o A comissão tomará posse no primeiro dia útil seguinte à eleição ou ao término do mandato anterior.

§ 5o Se não houver candidatos suficientes, a comissão de representantes dos empregados poderá ser formada com número de membros inferior ao previsto
no art. 510-A desta Consolidação.

§ 6o Se não houver registro de candidatura, será lavrada ata e convocada nova eleição no prazo de um ano.

Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados será de um ano.

§ 1o O membro que houver exercido a função de representante dos empregados na comissão não poderá ser candidato nos dois períodos subsequentes.

§ 2o O mandato de membro de comissão de representantes dos empregados não implica suspensão ou interrupção do contrato de trabalho, devendo o
empregado permanecer no exercício de suas funções.

§ 3o Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer
despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

§ 4o Os documentos referentes ao processo eleitoral devem ser emitidos em duas vias, as quais permanecerão sob a guarda dos empregado s e da empresa
pelo prazo de cinco anos, à disposição para consulta de qualquer trabalhador interessado, do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho.

ENTIDADES SINDICAIS

Sindicato é o instituto organizado para o exercício do direito nas relações entre empregadores e empregados, de forma agrupada ou individualmente,
característica utilizada tanto para os empregadores como para os empregados.

Os sindicatos que se constituírem por categorias similares ou conexas (art. 570, CLT) adotarão denominação em que fiquem, tanto como possível, explicitamente
mencionadas as atividades ou profissões concentradas (art. 572).

O seu elemento primordial é refletir a organização de um grupo que existe na sociedade, podendo reunir pessoas físicas ou pessoas jurídicas, respectivamente,
trabalhadores e empresas. O sindicato tem como escopo básico a representação dos interesses de um grupo na esfera das relações trabalhistas.

FEDERAÇÃO

Faculta-se aos sindicatos, sempre em número superior a 5, desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas,
similares ou conexas, organizarem-se em federação (art. 534, CLT). Via de regra, a representação é estadual. Excepcionalmente, interestadual ou nacional (art.
534, § 2º).
CONFEDERAÇÕES

A confederação é formada por, pelo menos, 3 federações, e terá sede na capital do país (art. 535).

As confederações existentes são: Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria; Confederação Nacional do
Comércio, Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, Confederação Nacional dos Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação Nacional de Transportes Terrestres, Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Transportes Terrestres, Confederação Nacional das Empresas de Crédito, Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de
Crédito, Confederação Nacional de Educação e Cultura, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura; Confederação
Nacional das Profissões Liberais (art. 535, §§ 1º e 2º, e art. 577, CLT, anexo).

ELEMENTOS COMUNS ÀS FEDERAÇÕES E CONFEDERAÇÕES

Atualmente, os pedidos de registro da Federação e Confederação são disciplinados administrativamente pelo arts. 20 e segs., da Portaria 186, do Ministro do
Trabalho e Emprego.

A estrutura interna de ambas é composta pela diretoria, conselho de representantes e conselho fiscal.

A diretoria e o conselho fiscal serão constituídos de, no mínimo, 3 membros cada, eleitos pelo conselho de representantes, para mandato de 3 anos (art. 538,
caput e § 1º, CLT).

O conselho de representantes será formado pelas delegações dos sindicatos, constituída cada delegação de 2 membros, com mandato de 3 anos, cabendo um
voto a cada delegação (art. 538, § 4º).

A competência do conselho fiscal é limitada à fiscalização da gestão financeira da entidade sindical (art. 538, § 5º).

CENTRAIS SINDICAIS

As centrais sindicais são entidades situadas acima das categorias profissionais e que agrupam organizações situadas tanto em nível de sindicatos como de
federações ou confederações. Estão amparadas na liberdade associativa constitucional (art. 5º, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI, CF).

Até recentemente, a central sindical não detinha poderes de representação das categorias econômica ou profissional, bem como não pode assinar documentos
em nome das categorias. Vale dizer, a central sindical não tem poderes para participar de negociação coletiva ou de propor dissídio coletivo.

Em que pese outras tentativas anteriores, apenas com a Lei 11.648/08 houve o reconhecimento formal da central sindical, a qual tem por características: (a) ser
organização de representação geral dos trabalhadores; (b) ter natureza jurídica de associação em âmbito nacional; (c) ser constituída por entidades de categorias
profissionais.

Pelo prisma legal, a central sindical é uma associação supracategorial de âmbito nacional, integrada por entidades sindicais representativas das categorias
profissionais, constituindo-se, assim, em uma organização de representação geral dos trabalhadores

Art. 1º, Lei n. 11.648/2008: A central sindical, entidade de representação geral dos trabalhadores, constituída em âmbito nacional, terá as seguintes atribuições
e prerrogativas:

I - coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais a ela filiadas; e

II - participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam
em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores.

Parágrafo único. Considera-se central sindical, para os efeitos do disposto nesta Lei, a entidade associativa de direito privado composta por organizações
sindicais de trabalhadores

Para o exercício das atribuições e prerrogativas de participação em negociações tripartites (art. 2º, I a IV), o legislador exigiu parâmetros de representatividade
da central sindical.

Os requisitos são: (a) consistência numérica, que compreende a presença de sindicatos que representem, no mínimo, 7% do total de empregados sindicalizados
em âmbito nacional. Nos primeiros 24 meses da publicação da Lei 11.648, o percentual é de 5%; (b) abrangência territorial dos representados, ou seja, filiação
mínima de 100 sindicatos distribuídos nas 5 regiões do País. Por outro lado, em 3 regiões do País deverá haver a existência mínima de 20 sindicatos; (c)
abrangência categorial dos representados que implica constatação de filiação mínima de sindicatos em 5 setores de atividade econômica.

Centrais sindicais reconhecidas

Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB);
Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST); Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB); Central Sindical e Popular Conlutas (CSP CONLUTAS); Central
Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB); Central Brasileira Democrática dos Trabalhadores (CBDT); Central do Servidor (PÚBLICA); Instrumento de Luta e
Organização da Classe Trabalhadora (INTERSINDICAL); Central Unificada dos Profissionais Servidores Públicos do Brasil; União Sindical dos Trabalhadores
(UST).

OS SUJEITOS DAS RELAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO E O SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRO - PARTE 2

Entidades sindicais

No âmbito da CLT, a organização sindical brasileira é composta de sindicatos, federações e confederações.

As federações e as confederações são entidades sindicais de nível superior ao sindicato.

Já as centrais sindicais, entidade de representação geral dos trabalhadores, coordenam a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais
a ela filiadas e participam de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos
quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores (art. 1º, Lei 11.648/08).

Da associação em sindicato

Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores,
empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou
profissões similares ou conexas. § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o
vínculo social básico que se denomina categoria econômica. § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de
emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como
categoria profissional. § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de
estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. § 4º Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões
dentro das quais a categoria econômica ou profissional é homogênea e a associação é natural .

Art. 512. Somente as associações profissionais constituídas para os fins e na forma do artigo anterior e registradas de acordo com o art. 558 poderão ser
reconhecidas como Sindicatos e investidas nas prerrogativas definidas nesta Lei.

Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos :

a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos
associados relativos á atividade ou profissão exercida;

b) celebrar contratos coletivos de trabalho;

c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal;

d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, na estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão
liberal;

e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.

Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de fundar e manter agências de colocação.

Art. 514. São deveres dos sindicatos :

a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social;

b) manter serviços de assistência judiciária para os associados;

c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho;

d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta
própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na Classe.

Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de :

a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito;

b) fundar e manter escolas do alfabetização e pré-vocacionais.

Do reconhecimento e da investidura sindical

Art. 515. As associações profissionais deverão satisfazer os seguintes requisitos para serem reconhecidas como sindicatos:

a) reunião de um terço, no mínimo, de empresas legalmente constituídas, sob a forma individual ou de sociedade, se se tratar de associação de empregadores;
ou de um terço dos que integrem a mesma categoria ou exerçam a mesma profissão liberal se se tratar de associação de empregados ou de trabalhadores ou
agentes autônomos ou de profissão liberal;

b) duração de 3 (três) anos para o mandato da diretoria;

c) exercício do cargo de presidente por brasileiro nato, e dos demais cargos de administração e representação por brasileiros.

Parágrafo único. O ministro do Trabalho, Indústria, e Comércio poderá, excepcionalmente, reconhecer como sindicato a associação cujo número de associados
seja inferior ao terço a que se refere a alínea a.

Art. 516 - Não será reconhecido mais de um Sindicato representativo da mesma categoria econômica ou profissional, ou profissão liberal, em uma dada base
territorial.

Art. 517. Os sindicatos poderão ser distritais, municipais, intermunicipais, estaduais e interestaduais. Excepcionalmente, e atendendo às peculiaridades de
determinadas categorias ou profissões, o ministro do Trabalho, Indústria e Comércio poderá autorizar o reconhecimento de sindicatos nacionais.

§ 1º O ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, outorgará e delimitará a base territorial do sindicato.

§ 2º Dentro da base territorial que lhe for determinada é facultado ao sindicato instituir delegacias ou secções para melhor proteção dos associados e da categoria
econômica ou profissional ou profissão liberal representada.

Art. 518. O pedido de reconhecimento será dirigido ao ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, instruído com exemplar ou cópia autenticada dos estatutos da
associação.

§ 1º Os estatutos deverão conter :

a) a denominação e a sede da associação;

b) a categoria econômica ou profissional ou a profissão liberal cuja representação é requerida;

c) a afirmação de que a associação agirá como órgão de colaboração com os poderes públicos e as demais associações no sentido da solidariedade social e da
subordinação dos interesses econômicos ou profissionais ao interesse nacional;

d) as atribuições, o processo eleitoral e das votações, os casos de perda de mandato e de substituição dos administradores; e) o modo de constituição e
administração do patrimônio social e o destino que lhe será dado no caso de dissolução;

f) as condições em que se dissolverá associação. § 2º O processo de reconhecimento será regulado em instruções baixadas pelo ministro do Trabalho, Indústria
e Comércio.

Art. 519 - A investidura sindical será conferida sempre à associação profissional mais representativa, a juízo do Ministro do Trabalho, constituindo elementos
para essa apreciação, entre outros:

a) o número de associados;

b) os serviços sociais fundados e mantidos;


c) o valor do patrimônio.

Art. 520. Reconhecida como sindicato a associação profissional, ser-Ihe-á expedida carta de reconhecimento, assinada pelo ministro do Trabalho, Indústria e
Comércio, na qual será especificada a representação econômica ou profissional conferida e mencionada a base territorial outorgada.

Parágrafo único. O reconhecimento investe a associação nas prerrogativas do art. 513 e a obriga aos deveres do art. 514, cujo inadimplemento a sujeitará às
sanções desta lei.

Art. 521 - São condições para o funcionamento do Sindicato:

a) proibição de qualquer propaganda de doutrinas incompatíveis com as instituições e os interesses da Nação, bem como de candidaturas a cargos eletivos
estranhos ao sindicato.

b) proibição de exercício de cargo eletivo cumulativamente com o de emprego remunerado pelo sindicato ou por entidade sindical de grau superior;

c) gratuidade do exercício dos cargos eletivos.

d) proibição de quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades mencionadas no art. 511, inclusive as de caráter político-partidário;

e) proibição de cessão gratuita ou remunerada da respectiva sede a entidade de índole político-partidária.

Parágrafo único. Quando, para o exercício de mandato, tiver o associado de sindicato de empregados, de trabalhadores autônomos ou de profissionais liberais
de se afastar do seu trabalho, poderá ser-lhe arbitrada pela assembleia geral uma gratificação nunca excedente da importância de sua remuneração na profissão
respectiva.

Da administração dos sindicatos

Art. 522. A administração do sindicato será exercida por uma diretoria constituída no máximo de sete e no mínimo de três membros e de um Conselho Fiscal
composto de três membros, eleitos esses órgãos pela Assembleia Geral. (Vide ADPF 276)

§ 1º A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o presidente do sindicato.

§ 2º A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato.

§ 3º - Constituirão atribuição exclusiva da Diretoria do Sindicato e dos Delegados Sindicais, a que se refere o art. 523, a representação e a defesa dos interesses
da entidade perante os poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com poderes outorgados por procuração da Diretoria, ou associado investido em
representação prevista em lei.

Art. 523 - Os Delegados Sindicais destinados à direção das delegacias ou seções instituídas na forma estabelecida no § 2º do art. 517 serão designados pela
diretoria dentre os associados radicados no território da correspondente delegacia.

Art. 524 - Serão sempre tomadas por escrutínio secreto, na forma estatutária, as deliberações da Assembleia Geral concernentes aos seguintes assuntos:

a) eleição de associado para representação da respectiva categoria prevista em lei

b) tomada e aprovação de contas da diretoria;

c) aplicação do patrimônio;

d) julgamento dos atos da Diretoria, relativos a penalidades impostas a associados;

e) pronunciamento sobre relações ou dissídio de trabalho. Neste caso, as deliberações da Assembleia Geral só serão consideradas válidas quando ela tiver sido
especialmente convocada para esse fim, de acordo com as disposições dos estatutos da entidade sindical. O quorum para validade da Assembleia será de
metade mais um dos associados quites; não obtido esse quorum em primeira convocação, reunir-se-á a Assembleia em segunda convocação com os presentes,
considerando-se aprovadas as deliberações que obtiverem 2/3 (dois terços) dos votos.

Art. 524 – (cont.)

§ 1º - A eleição para cargos de diretoria e conselho fiscal será realizada por escrutínio secreto, durante 6 (seis) horas contínuas, pelo menos, na sede do
Sindicato, na de suas delegacias e seções e nos principais locais de trabalho, onde funcionarão as mesas coletoras designadas pelos Delegados Regionais do
Trabalho

§ 2º - Concomitantemente ao término do prazo estipulado para a votação, instalar-se-á, em Assembleia Eleitoral pública e permanente, na sede do Sindicato, a
mesa apuradora, para a qual serão enviadas, imediatamente, pelos presidentes das mesas coletoras, as urnas receptoras e as atas respectivas. Será facultada
a designação de mesa apuradora supletiva sempre que as peculiaridades ou conveniências do pleito a exigirem.

§ 3º - A mesa apuradora será presidida por membro do Ministério Público do Trabalho ou pessoa de notória idoneidade, designado pelo Procurador-Geral da
Justiça do Trabalho ou Procuradores Regionais.

§ 4º - O pleito só será válido na hipótese de participarem da votação mais de 2/3 (dois terços) dos associados com capacidade para votar. Não obtido esse
coeficiente, será realizada nova eleição dentro de 15 (quinze) dias, a qual terá validade se nela tomarem parte mais de 50% (cinqüenta por cento) dos referidos
associados. Na hipótese de não ter sido alcançado, na segunda votação, o coeficiente exigido, será realizado o terceiro e último pleito, cuja validade dependerá
do voto de mais de 40% (quarenta por cento) dos aludidos associados, proclamando o Presidente da mesa apuradora em qualquer dessas hipóteses os eleitos,
os quais serão empossados automaticamente na data do término do mandato expirante, não tendo efeito suspensivo os protestos ou recursos oferecidos na
conformidade da lei.

§ 5º - Não sendo atingido o coeficiente legal para eleição, o Ministério do Trabalho, Industria e Comercio declarará a vacância da administração, a partir do
término do mandato dos membros em exercício, e designará administrador para o Sindicato, realizando-se novas eleições dentro de 6 (seis) meses.

Art. 525 - É vedada a pessoas físicas ou jurídicas, estranhas ao Sindicato, qualquer interferência na sua administração ou nos seus serviços.

Parágrafo único - Estão excluídos dessa proibição:

a) os delegados do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, especialmente designados pelo ministro ou por quem o represente;

b) os que, como empregados, exerçam cargos no Sindicato mediante autorização da Assembleia Geral.

Art. 526 - Os empregados do Sindicato serão nomeados pela diretoria respectiva ad referendum, da Assembleia Geral, não podendo recair tal nomeação nos
que estiverem nas condições previstas nos itens II, IV, V, Vl, VII e VlIl do art. 530 e, na hipótese de o nomeador haver sido dirigente sindical, também nas do
item I do mesmo artigo.
Parágrafo único. Aplicam-se ao empregado de entidade sindical os preceitos das leis de proteção do trabalho e de previdência social, inclusive o direito de
associação em sindicato.

Art. 527. Na sede de cada sindicato haverá um livro de registro, autenticado pelo funcionário competente do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, e do
qual deverão constar: a) tratando-se de sindicato de empregadores; a firma, individual ou coletiva, ou a denominação das empresas e sua sede, o nome, idade,
estado civil, nacionalidade e residência dos respectivos sócios ou, em se tratando de sociedade por ações, dos diretores, bem como a indicação desses dados
quanto ao sócio ou diretor que representar a empresa no sindicato; b) tratando-se de sindicato de empregados ou de agentes ou trabalhadores autônomos ou
de profissionais liberais, além do nome, idade, estado civil, nacionalidade, profissão ou função e residência de cada associado, o estabelecimento ou lugar onde
exerce a sua profissão ou função, o número e a série da respectiva carteira profissional e o número da inscrição na instituição de previdência a que pertencer.

Art. 528 -Ocorrendo dissídio ou circunstâncias que perturbem o funcionamento de entidade sindical ou motivos relevantes de segurança nacional, o Ministro do
Trabalho e Previdência Social poderá nela intervir, por intermédio de Delegado ou de Junta Interventora, com atribuições para administrá-la e executar ou propor
as medidas necessárias para normalizar-lhe o funcionamento.

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