Você está na página 1de 68

DIREITO ADMINISTRATIVO

SERVIÇOS PÚBLICOS

Livro Eletrônico
LISIANE BRITO

Professora de Direito Administrativo, especia-


lista em preparação para concursos públicos.
Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão
Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na
OAB/MG desde 1997. Graduada em direito pela
Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga expe-
riência como docente, tendo ministrado aulas
de Direito Administrativo nos principais cursos
preparatórios do país. Já participou de bancas
examinadoras e elaboração de questões para
processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações
e Contratos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Serviços Públicos.........................................................................................7
Introdução.................................................................................................7
As Normas Legais que Tratam dos Serviços Públicos, no Direito Positivo
Brasileiro Atual............................................................................................9
Constituição Federal de 1988...................................................................... 10
Lei n. 8.987/1995, de 13/02/1995............................................................... 10
Lei n. 9.074/1995:.................................................................................... 10
Inovações legislativas produzidas pela Lei n. 13.097/2015.............................. 11
Conceito de Serviço Público........................................................................ 15
A Expressão Serviço Público em Sentido Objetivo e Subjetivo.......................... 16
Critérios Identificadores do Serviço Público................................................... 17
Princípios dos Serviços Públicos................................................................... 18
Princípio da Permanência ou Continuidade.................................................... 19
Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico................................................. 20
Princípio da Adequação.............................................................................. 20
Princípio da Obrigatoriedade....................................................................... 21
Princípio da Atualidade, Modernidade ou Adaptabilidade.................................. 21
Princípio da Generalidade ou Universalidade.................................................. 21
Princípio da Modicidade da Remuneração...................................................... 21
Princípio da Cortesia.................................................................................. 22
Princípio da Transparência.......................................................................... 22
Princípio da Segurança............................................................................... 22
Classificação dos Serviços Públicos............................................................... 23
Classificação de Hely Lopes Meirelles............................................................ 23

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Quanto à Essencialidade............................................................................. 23
Quanto à adequação.................................................................................. 23
Quanto à Finalidade................................................................................... 24
Titularidade dos Serviços Públicos................................................................ 25
Serviços Privativos..................................................................................... 25
Serviços Comuns....................................................................................... 26
Direitos e Obrigações dos Usuários do Serviço Público.................................... 26
Formas de Prestação de Serviços Públicos..................................................... 26
Prestação Direta........................................................................................ 27

Prestação Indireta..................................................................................... 28
Prestação Indireta por Outorga.................................................................... 28
Prestação Indireta por Delegação................................................................ 28
Serviço Público não Exclusivo...................................................................... 30
Direitos e Deveres dos Usuários.................................................................. 31
Concessão e Permissão de Serviços Públicos: Delegação Contratual de Serviços.31
Concessionárias de Serviços Públicos........................................................... 34
A Licitação para Entrega da Concessão......................................................... 35
O Contrato de Concessão............................................................................ 36
Características do Contrato de Concessão..................................................... 37
Subconcessão........................................................................................... 38
Intervenção na Concessão.......................................................................... 38
Extinção da Concessão............................................................................... 38
Política Tarifária......................................................................................... 39
Permissão dos Serviços Públicos.................................................................. 40
Principais Diferenças entre Concessão e Permissão de Serviços Públicos............ 40
Concessão Especial de Serviços Públicos (Parcerias Público-Privadas)............... 40

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Definição de PPP........................................................................................ 42
Espécies de Parceria Público-Privadas........................................................... 42
1. Concessão Patrocinada........................................................................... 42
2. Concessão Administrativa....................................................................... 43
Diferença entre a Concessão Comum e a Parceria Público Privada.................... 43
A Tutela dos Riscos na PPP.......................................................................... 44
Regime Jurídico......................................................................................... 44
Requisitos................................................................................................ 46
Impossibilidade de Mera Execução de Obra Pública como Objeto das PPP.......... 47
Conclusão................................................................................................ 47
Exercícios................................................................................................. 49
Gabarito................................................................................................... 55
Gabarito Comentado.................................................................................. 56

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Caro(a) aluno(a),

Nessa aula vamos abordar o tema “Serviços Públicos”.

Vamos trabalhar com alguns conceitos elaborados pelos doutrinadores mais im-

portantes do Direito Administrativo, bem como a classificação mais adotada pela

doutrina.

Ao final da aula teremos, como de costume, algumas questões de concursos

anteriores, para que você possa testar seus conhecimentos.

Então, vamos em frente!

Bom estudo!

Lisiane Brito

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

SERVIÇOS PÚBLICOS
Introdução
Serviço público é uma atividade prestacional que tem por fim a satisfação do

interesse público e se caracteriza pela presença do Estado, direta ou indiretamente,

em seu exercício. Essa atividade deverá ser executada sob um regime de princípios

e prerrogativas, com obediência à regra de competência que rege a matéria.

Quando analisamos a relação do Serviço Público com o Estado, não vamos en-

contrar uma prestação de serviços públicos na época das monarquias absolutistas.

Nesse modelo de Estado, as atividades estatais eram predominantemente de co-

ação, limitadoras das liberdades dos indivíduos. Isso porque o Estado surgiu e se

organizou com foco na realização da função de polícia.

Avançando na história, chegamos ao Século XVII e percebemos que nessa época

houve o surgimento de uma nova mentalidade mercantilista. Diante disso, os Esta-

dos se viram na necessidade de adotar algumas políticas de incentivo a atividades

privadas mercantilistas, que seriam o embrião do que viria um dia a ser o fomento

a atividades empresariais. Essas primeiras medidas adotadas pelos estados eram,

entretanto, bastante rudimentares e sem qualquer sistematização.

Ainda não podemos identificar naquele momento da evolução dos Estados uma

atividade estatal de prestação de serviços públicos. E assim foi até o advento das

revoluções liberais do século XVIII. Aí começaram a aparecer, de forma mais orga-

nizada, atividades voltadas para a satisfação de necessidades da população. Era o

surgimento dos serviços públicos.

Até o início do século XIX, a prestação e serviços públicos era do tipo “uti unver-

si”, ou geral, que se resumiam a atividades de polícia, justiça, relações exteriores,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

forças armadas, principalmente. Não havia ainda serviços públicos individualizados

(“uti singuli”).

Com o surgimento e fortalecimento dos ideais revolucionários, a universalização

do ensino público passou a ser vista como instrumento de igualdade social.

Esse novo contexto filosófico/político levou os Estados à necessidade de volta-

rem-se para funções assistenciais, principalmente as que diziam respeito a educa-

ção e saúde, de forma sistemática e dirigidas a pessoas determinadas. Aí já pode-

mos identificar a prestação de serviços “uti singuli” pelo Estado.

Para que se pudessem prestar esses serviços, no entanto, foi necessária a cria-

ção de uma estrutura administrativa. Isso torna esse momento histórico muito im-

portante para o estudo do direito administrativo.

Em 1775, Adam Smith1, em sua obra, advertia que era necessário que os Es-

tados criassem e assumissem estabelecimentos de ensino e obras públicas, já que

esses, embora fossem extremamente necessários. Não poderiam ser bancados pe-

los particulares.

Houve muitos esforços, por parte dos estudiosos e doutrinadores, no sentido

de estudar esse novo fenômeno social e definir a gama de atividades que seriam

desempenhadas pelo Estado.

Na França, surgiu a chamada “Escola do Serviço Público”, cujos representan-

tes mais célebres são Leon Diguit e Gaston Jèze.

A professora Maria Sylvia Di Pietro nos ensina que

1
Adam Smith é considerado o pai da economia moderna, e o mais importante teórico do libera-
lismo econômico. Sua obra mais conhecida é Uma investigação sobre a natureza e a causa
da riqueza das nações, que continua sendo usada como referência para gerações de econo-
mistas. Nesse livro ele procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de
indivíduos que, movidos inclusive (e não apenas exclusivamente) pelo seu próprio interesse (sel-
f-interest), promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

as primeiras noções de serviço público surgiram na França, com a chamada Escola de


Serviço Público, e foram tão amplas que abrangiam, algumas delas, todas as atividades
do Estado.
Leon Duigit, por exemplo, acompanhado de perto por Roger Bonnard, considerava o
serviço público como atividade ou organização, em sentido amplo, abrangendo todas as
funções do Estado; ele chegou ao ponto de pretender substituir a noção de soberania
pela de serviço público, dizendo que o Estado é uma cooperação de serviços públicos
organizados e fiscalizados pelos governantes. Para ele, em torno da noção de serviço
público gravita todo o direito público.2

As Normas Legais que Tratam dos Serviços Públicos, no


Direito Positivo Brasileiro Atual
A Constituição Federal de 1988 tratou dos serviços públicos, nos seguintes ar-

tigos:

• Art. 175.

• Art. 21, incisos X, XI, XI – serviços públicos de competência da União

• Art. 23, incisos II, VI, VII, IX – serviços públicos de competência concorrente

• Art. 25, § 2º

• Art. 30, V – serviços públicos de competência dos municípios.

Além desses dispositivos constitucionais, os serviços públicos são tratados na

legislação infraconstitucional:

• Lei n. 8.987/1995;

• Lei n. 9.074/1995;

• Lei n. 11.079/2004

Passamos, agora, à análise de cada uma dessas normas regulamentadoras dos

serviços públicos:

2
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 98.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Constituição Federal de 1988


Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre por meio de licitação, a prestação de serviços públicos.

Lei n. 8.987/1995, de 13/02/1995


Ementa:
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos pre-
visto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de servi-
ços públicos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei,
pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o ca-
ráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caduci-
dade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

Lei n. 9.074/1995:

Trata-se de uma norma autônoma à Lei n. 8.987/1995, específica para algu-

mas espécies de concessão ou permissão, elencadas no seu art. 1º.

Art. 1º Sujeitam-se ao regime de concessão ou, quando couber, de permissão, nos ter-
mos da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, os seguintes serviços e obras públicas
de competência da União:
Incisos I, II e III: VETADOS
IV – vias federais, precedidas ou não da execução de obra pública;
V – exploração de obras ou serviços federais de barragens, contenções, eclusas ou
outros dispositivos de transposição hidroviária de níveis, diques, irrigações, pre-
cedidas ou não da execução de obras públicas;
VI – as estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso público, não
instalados em áreas de porto ou aeroporto, precedidos ou não de obras públicas;
VII – os serviços postais

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

 Obs.: a Lei n. 8.987/1995, por ser lei geral, aplica-se paralela e subsidiariamente

à Lei n. 9.074/1995.

Lei n. 13.097/2015:

A Lei n. 13.097 promoveu alterações da Lei Geral de Concessões e Permissões

(Lei n. 8.987/1995).

Em relação à Lei n. 9.074/1995, apenas de forma indireta ela foi afetada

pela Lei n. 13.097/2015.

Inovações legislativas produzidas pela Lei n. 13.097/2015

1. Inclusão do Art. 27-A na Lei n. 8.987/1995

Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de concessão, o poder concedente


autorizará a assunção do controle ou da administração temporária da concessio-
nária por seus financiadores e garantidores, com quem não mantenha vínculo so-
cietário direto, para promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade
da prestação dos serviços.
(grifei)

Comentários ao art. 27-A:

 Obs.: * O § 2º do art. 27 da Lei n. 8.987/1995 foi revogado. Esse parágrafo fazia

menção apenas à assunção do controle da concessionária.

 O novo art. 27-A fala em assunção do controle ou administração tempo-

rária.

Art. 27-A, § 1º

Na hipótese prevista no caput, o  poder concedente exigirá dos financiadores e dos


garantidores que atendam às exigências de regularidade jurídica e fiscal, podendo

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

alterar ou dispensar os demais requisitos previstos no inciso I do parágrafo único do


art. 27.
*(leia-se § 1º)

Comentário ao § 1º do art. 27-A:

a) O legislador errou, ao mencionar o parágrafo único do art. 27, que não exis-

te. Deveria ter mencionado o § 1º.

b) Para a habilitação de empresa ou consórcio na licitação para a outorga de

concessão ou permissão, é exigido o cumprimento de requisitos de regularidade ju-

rídica e fiscal, capacidade técnica e idoneidade financeira. Mas, para a empre-

sa que vai assumir o controle ou administração da concessionária, a lei dispensa

a exigência de capacidade técnica e idoneidade financeira

Art. 27-A, § 2º

§ 2º A assunção do controle ou da administração temporária autorizadas na forma do


caput deste artigo não alterará as obrigações da concessionária e de seus controladores
para com terceiros, poder concedente e usuários dos serviços públicos
(grifei)

Comentário

O antigo § 4º do art. 27 (revogado) dispunha que a assunção do controle não

alteraria as obrigações da concessionária e dos seus controladores, perante o poder

concedente.

O § 2º do novo art. 27-A diz que a assunção do controle ou da administração

temporária não altera as obrigações da concessionária e de seus controladores não

só em relação ao poder concedente mas também em relação a terceiros e

aos usuários.

Art. 27-A, § 3º

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

§ 3º Configura-se o controle da concessionária, para os fins dispostos no caput deste


artigo, a propriedade resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e garantido-
res que atendam aos requisitos do art. 116 da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Comentário ao § 3º do art. 27-A

O art. 116 da Lei n. 6.404 (Lei das Sociedades Anônimas), mencionado no

§ 3º, trata dos deveres impostos ao controlador.

O § 3º do art. 27-A estabelece que o controlador, embora ocupe a posição de

acionista apenas por certo período, atuará como se fosse sócio permanente, com

absoluta fidelidade aos objetivos da companhia e com transparência em relação

aos demais sócios.

Art. 27-A, § 4º

§ 4º Configura-se a administração temporária da concessionária por seus financia-


dores e garantidores quando, sem a transferência da propriedade de ações ou
quotas, forem outorgados os seguintes poderes:
I – indicar os membros do Conselho de Administração, a serem eleitos em As-
sembleia Geral pelos acionistas, nas sociedades regidas pela Lei n. 6.404, de 15 de
dezembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos pelos quotistas, nas demais
sociedades;
II – indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pelos acionistas ou quotistas
controladores em Assembleia Geral;
III – exercer poder de veto sobre qualquer proposta submetida à votação dos acionistas
ou quotistas da concessionária, que representem, ou possam representar, prejuízos aos
fins previstos no caput deste artigo;
V – outros poderes necessários ao alcance dos fins previstos no caput deste artigo

Comentário ao § 4º do art. 27-A

O legislador concede ao administrador temporário poderes parecidos com os

dos controladores, superiores aos dos sócios da concessionária.

Art. 27-A, § 5º

A administração temporária autorizada na forma deste artigo não acarretará

responsabilidade aos financiadores e garantidores em relação à tributação, encar-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

gos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive com o

poder concedente ou empregados.

Comentários ao § 5º

• O § 5º isenta os administradores temporários de qualquer responsabilidade

pela gestão da empresa.

• Crítica: é desproporcional o volume de poderes conferidos e os deveres que

a lei atribui a esses administradores.

Pois bem, amigo(a)

Essas são as últimas alterações produzidas na legislação relativa aos serviços

públicos.

Vamos, agora, dar sequência a nosso estudo.

O art. 175, da Constituição Federal de 1988, traz uma disposição acerca dos

Serviços Públicos, nos seguintes termos:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de


concessão ou permissão, sempre por meio de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o ca-
ráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caduci-
dade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

Perceba que a Constituição confere ao Poder Público a titularidade do serviço

público, determinando que essa atividade poderá ser desempenhada diretamente,

ou sob o regime de concessões ou permissões.

Perceba que a prestação indireta de serviços públicos é constitucionalmente

prevista.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo3 chamam atenção para o seguinte:

(…) Com efeito, deve-se notar que o art. 175 encontra-se topicamente inserido no Tí-
tulo VII da Constituição de 1988, que trata “Da Ordem Econômica e Financeira”. Logo,
os serviços públicos a que o art. 175 de reporta são aqueles enquadrados como ativi-
dade econômica em sentido amplo, isto é, serviços públicos que têm possibilidade de
ser explorados com intuito de lucro, sem perder a natureza de serviço público. Por essa
razão, têm aptidão para se prestados por particulares como serviço público, mediante
delegação. São exemplos os serviços públicos enumerados no Texto Magno, no art. 21,
XI, e XII, no art. 25, § 2º e no art. 30, V.

Por se tratar de atividade intrinsecamente ligada ao Poder Público, em regra se

submete ao regime de direito público. Mas há exceções, em que o direito privado

poderá ser aplicado. Podemos dizer que há um regime híbrido, marcado pela pre-

ponderância do regime jurídico de direito público.

Conceito de Serviço Público


Embora não seja fácil conceituar Serviço Público, devido à grande variedade de

aspectos que podem ser levados em consideração, eu selecionei alguns conceitos

formulados por renomados juristas brasileiros:

Para Hely Lopes Meirelles serviço público é:

Todo o serviço prestado pela Administração ou por seus delegados, sob as normas e
controles estatais, para satisfazer as necessidades essenciais ou secundarias da coleti-
vidade, ou simples conveniência do Estado.4

Maria Sylvia Di Pietro nos traz o seguinte conceito:

3
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direto Administrativo Descomplicado. 17. ed. São Paulo:
Método, 2009.
4
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 33. ed. Atualizada por Eurico Azevedo et al. São
Paulo: Malheiros.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que exerça diretamente ou por
meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente as necessidades
coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.5

Por fim, trago o conceito de José dos Santos Carvalho Filho:

Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob o regime
de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundarias da
sociedade.6

A Expressão Serviço Público em Sentido Objetivo e Subje-


tivo
A expressão serviço público, quando é utilizada como sinônimo de administra-

ção pública, está sendo empregada em sentido orgânico, ou subjetivo.

Então, não estranhe se um dia você ouvir alguém falar algo assim: “no Brasil o

serviço público é lento”, ou coisa parecida.

A própria Constituição de 1988 faz utiliza o termo Serviço Público, no sentido

de administração pública.

Veja o que diz o art. 37, inciso XIII:

Art. 37.
(…)
XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para
o efeito de remuneração de pessoal do serviço público

Por outro lado, quando o termo “Serviço Público” é adotado em sentido espe-

cífico, para definir uma atividade ou grupo de atividades, a expressão está sendo

empregada no sentido objetivo, ou material.

5
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2002
6
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2009.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Chamo a atenção para isso, porque é nesse sentido que vamos estudar serviços

públicos.

Critérios Identificadores do Serviço Público


Se observarmos os três conceitos abordados anteriormente, vamos verificar

que alguns elementos se repetem. Isso ocorre por serem eles, tradicionalmente,

os elementos que caracterizam um serviço como sendo público.

Elemento Subjetivo: o titular do serviço público é o Poder Público. A atividade

é da titularidade do Estado.

Sabemos que a própria Constituição permite ao Poder Público delegar a parti-

culares a execução de alguns serviços públicos. Mas é o próprio Estado, por meio

da lei, que define os serviços que, em determinado momento, são considerados

públicos.

Elemento formal: leva em consideração o regime jurídico que deve regrar o

serviço público. Será, em regra, de direito público, com base no princípio da Supre-

macia do Interesse Público sobre o privado.

Lembre-se de que o direito privado pode regrar algumas atividades da Adminis-

tração. No entanto, mesmo que venham a incidir aspectos de direito privado nas

relações do Estado, nunca será absoluta essa aplicação, pois a responsabilidade do

Estado será sempre objetiva.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Elemento material: esse critério dá ênfase à atividade. Assim, deve ser uma

atividade essencial à satisfação das necessidades públicas fundamentais e, mais do

que isso: é necessário que a lei atribua a atividade ao Estado.

Dito isso, é necessário fazermos algumas considerações importantes.

Modernamente a doutrina entende que não se pode exigir que esses três cri-

térios estejam simultaneamente presentes em uma atividade, para que possamos

identificá-la como sendo serviço público.

Já compreendemos que há serviços públicos que são prestados por particulares,

mediante delegação do poder público (nesse caso o elemento subjetivo não está

atendido).

Também é possível encontrarmos serviços públicos que não se configuram em

atividades essenciais, mas de mera utilidade pública, o que afeta o elemento ma-

terial da atividade.

Por outro lado, temos serviços essenciais que não são prestados pelo Estado,

e sim por particulares, sob regime de direito privado (isso desatende o critério

formal), como ocorre com a educação ou a saúde prestadas por particulares sob

regime privado (escolas e hospitais particulares).

Princípios dos Serviços Públicos

Maria Sylvia Zanella Di Pietro7, citando Rivero8, ensina que existem alguns prin-

cípios que são inerentes ao regime jurídico dos serviços públicos, os da:

• continuidade do serviço público;

• mutabilidade do regime jurídico; e

• igualdade dos usuários.

7
Op. Cit.
8
RIVERO, Jean. Droit administratif. Paris: Dalloz, 1973.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Vamos analisá-los, com outros, igualmente importantes, que devem pautar a

atividade a fim de que essa atenda a seus fins de forma satisfatória.

Princípio da Permanência ou Continuidade

Os serviços públicos não devem sofrer interrupção. Sua prestação, em regra,

não pode parar.

Esse princípio tem forte aplicabilidade, nos contratos administrativos e no exer-

cício da função pública.

Em relação a contratos administrativos, o princípio da continuidade aparece, por

exemplo:

• no momento em os contratados devem cumprir prazos rigorosos;

• na restrição à “exceção do contrato não cumprido” contra a administração;

• no reconhecimento do direito da administração de utilizar equipamentos, ins-

talações e pessoal da contratada;

• no caso de rescisão contratual; e

• na aplicação da teoria da imprevisão, para restabelecimento do equilíbrio eco-

nômico financeiro inicial do contrato.

A Lei n. 8.987/1995, no art. 6º, § 3º, prevê situações em que a paralisação do

serviço público não configura descontinuidade ilícita. Lembre-se dessas situações

na hora da sua prova:

Art. 6º
(…)
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação
de emergência ou após prévio aviso, quando:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,


II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

Esse dispositivo legal pôs fim à polêmica que havia sobre a legitimidade ou não

do corte do fornecimento do serviço por falta de pagamento.

Veja o entendimento jurisprudencial sobre o assunto, bastante cobrado em pro-

vas:

1. Não pode ser feito o corte no fornecimento de água por inadimplemento de


anterior morador (STJ, 2ª Turma, AgRg no AG 1.399.175/RJ, DJe 24/06/2011);
2. Não pode ser suspenso o fornecimento de energia elétrica em razão de
cobrança de débitos pretéritos (STJ, 1ª Seção, EREsp 1.069.215/RS, DJe
1º/02/2011);
3. É ilegal a suspensão de fornecimento de energia elétrica no caso de dívidas
contestadas em juízo (STJ, AgRg nos EDcl no Af 1.377.519/ RS. 1ª Turma, DJe
13/05/2011);
4. É vedado vincular o recebimento de tarifa mensal à quitação de débitos
anteriores (STJ, 2ª Turma, REsp 299.523/SP DJ 12/03/2007)

Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico

Maria Sylvia Di Pietro menciona esse princípio:

Autoriza mudanças no regime de execução do serviço, a fim de adaptá-lo ao interesse


público, que é sempre variável no tempo. Em decorrência disso, nem os servidores pú-
blicos, nem os usuários dos serviços públicos, nem os contratados pela administração
têm direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto dos
funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser alterados ou mesmo
rescindidos, para atender ao interesse público.

Princípio da Adequação

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

A Lei n. 8.987/1995 estabelece, no § 1º do art. no art. 6º, que serviço ade-

quado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,

segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das

tarifas.

Alexandre Mazza9 informa que

a adequação se constitui verdadeiro princípio geral da prestação dos serviços públicos,


impondo à Administração e aos seus delegados privados o dever de prestar o serviço do
modo exigido pela legislação e pelo contrato, e não segundo os critérios e preferências
do prestador.

Princípio da Obrigatoriedade

Por esse princípio, a prestação do serviço público não é uma faculdade do Esta-

do, que tem o dever de prestá-lo ou promover sua prestação.

Princípio da Atualidade, Modernidade ou Adaptabilidade

Esse princípio se relaciona à técnica empregada na prestação do serviço público,

que deve ser a mais avançada possível, de acordo com o desenvolvimento dos mé-

todos, equipamentos e instalações, com vistas à melhoria e expansão do serviço.

Princípio da Generalidade ou Universalidade

A prestação de serviço público deverá ser acessível ao maior número possível

de usuários, sem discriminação entre os beneficiários.

Princípio da Modicidade da Remuneração

9
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Por esse princípio, o valor cobrado do usuário, a título de remuneração pelo uso

do serviço público deverá ser o menor possível, suficiente para remunerar o pres-

tador com uma pequena margem de lucro. A expressão “modicidade” é derivada da

palavra “módico”, que significa barato.

Esse princípio se aplica não só aos serviços remunerados por tarifa, como tam-

bém aos remunerados por meio de taxas.

A lei estabelece mecanismos para propiciar a redução do valor cobrado dos usu-

ários, como o emprego de fontes alternativas de receita para o prestador do serviço

(um exemplo dessas fontes alternativas de receita é a publicidade, em ônibus e

metrô), além da escolha do menor valor da tarifa, como critério de julgamento das

concorrências para outorga de concessão de serviços públicos.

Princípio da Cortesia

Esse princípio exige dos prestadores de serviços públicos polidez e educação no

trato com os usuários.

Princípio da Transparência

De acordo com esse princípio os usuários de serviços públicos devem receber

do concessionário e do Poder Concedente as informações cabíveis e necessárias à

defesa de seus interesses, sejam eles individuais ou coletivos. (Lei n. 8.987/1995,

art. 9º e 11)

Princípio da Segurança

A prestação do Serviço Público não pode oferecer riscos à integridade dos usu-

ários nem à segurança da coletividade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Classificação dos Serviços Públicos


Se há um ponto abordado com grande frequência nas provas, no que se refere

a Serviços Públicos, é a classificação.

Dois doutrinadores, em especial, classificam serviços públicos, sob vários as-

pectos: Celso Antonio Bandeira de Mello10 e Hely Lopes Meirelles11.

Vamos abordar a classificação adotada por Hely Lopes Meirelles, mais cobrada

em provas.

Classificação de Hely Lopes Meirelles


Quanto à Essencialidade

Serviços públicos propriamente ditos

São os que a Administração presta diretamente à coletividade, sendo vedada

sua delegação a terceiros, devido à essencialidade e necessidade para a sobrevi-

vência do próprio Estado ou da coletividade.

Exemplos: Defesa Nacional, preservação da saúde pública.

Serviço de utilidade pública

Nesse caso, a Administração reconhece sua conveniência (não essencialidade,

nem necessidade) para a coletividade.

São prestados diretamente ou por terceiros.

Exemplos: energia elétrica, gás,

Quanto à adequação
10
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
11
Op. Cit.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Serviços próprios do Estado

São relacionadas diretamente as atribuições essenciais do Poder Público, sendo

prestados gratuitamente, ou mediante baixa remuneração.

Exemplos: segurança pública, saúde pública.

Serviços impróprios do Estado

Não afetam diretamente as necessidades da coletividade, mas satisfazem o in-

teresse comum e de seus órgãos ou entidades. São serviços delegáveis.

Exemplo: telefonia.

Quanto à Finalidade
Serviços administrativos

Aqueles que a Administração presta para atender a suas necessidades internas

ou preparar outros serviços que são prestados ao público.

Exemplo: imprensa oficial.

Serviços industriais

Por serem atividade econômica, poderão ser exploradas diretamente pelo Es-

tado quando necessárias aos imperativos da segurança nacional ou por relevante

interesse público.

Exemplo: venda de refeições a preço popular por uma empresa pública munici-

pal.

Serviços “uti universi” e Serviços “uti singuli”

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Serviços gerais, ou “uti universi”

São os que não têm usuários determinados. Destinam-se a atender a necessi-

dades de toda a coletividade.

Exemplo: iluminação pública

Serviços individuais, ou “uti singuli”

São os que têm usuários determinados e individualizados.

Exemplo: água, telefone, energia elétrica.

Titularidade dos Serviços Públicos

Quanto à titularidade, os serviços públicos podem ser, na ótica federativa, Fede-

rais, Estaduais, Distritais e Municipais.

É a própria Constituição que determinará a distribuição dos serviços, entre os

entes federativos.

A regulamentação será feita pela entidade federativa que tem competência para

a prestação do serviço.

Serviços Privativos
• Privativos da União: CF/1988, art. 21 (serviço postal, por exemplo).

• Privativos dos estados: CF/1988, art. 25, § 2º (gás canalizado, por exem-

plo).

• Privativos dos municípios: CF/1988, art. 30, V (transporte coletivo intramu-

nicipal, por exemplo).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Serviços Comuns

Podem ser prestados por mais de um ente federativo.

Exemplos: saúde pública (art. 23, II CF/1988); programas de construção de

moradias (art. 23, IX); proteção do meio ambiente (art. 23, VI).

Direitos e Obrigações dos Usuários do Serviço Público


A CF/1988 garante expressamente a proteção dos direitos do usuário dos ser-

viços públicos. A Lei n. 8.987/1995, em seu art. 7º, I a III relaciona os direitos,

mas também são atribuídas obrigações, tais como levar ao conhecimento do poder

público as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes aos serviços

prestados.

O direito fundamental do usuário é receber o serviço público adequado, sendo

uma garantia constitucional expressa.

Em se tratando de serviço “uti singuli” ou individual, o interessado pode exigir ju-

dicialmente sua prestação, desde que atenda a exigências regulamentares para

sua obtenção (art. 37, § 3º, I). A prestação do serviço público deverá ser feita pelo

Estado, que poderá efetivar essa execução de forma direta ou mediante descentra-

lização.

Formas de Prestação de Serviços Públicos


A prestação dos serviços públicos poderá ser feita centralizadamente, pelos pró-

prios entes federativos ou, em alguns casos, descentralizadamente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

A descentralização poderá ser Administração indireta, por outorga, ou para par-

ticulares, mediante contratos administrativos, visando a imprimir maior eficiência à

prestação do serviço e também com vistas à especialização.

Vamos analisar mais detalhadamente essas duas formas de prestação de servi-

ços públicos.

Prestação Direta

O próprio Estado se incumbe da prestação, por meio de sua Administração Pú-

blica direta.

Se houver remuneração pela prestação direta de um serviço, o pagamento será

feito por meio de TAXAS (tributos), pagos pelos usuários.

A prestação direta de serviços públicos pode se efetivar de duas formas:

a) Pessoalmente pelo Estado: nesse caso será feita por órgãos públicos inte-

grantes da Administração Pública direta. Um exemplo clássico é a varrição de ruas.

b) Mediante auxílio de particulares: os prestadores deverão participar de

licitação e posteriormente assinarão contrato de prestação de serviços com a Ad-

ministração.

A prestação direta de serviços públicos, com o auxílio de particulares, é feita em

nome do Estado, e não em nome do prestador.

Por isso, se houver dano ao particular, em decorrência da prestação, a responsabi-

lidade será exclusiva do Estado!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Prestação Indireta

Há uma descentralização do serviço, na qual a prestação será transferida, pela

Administração Direta, para outra pessoa, a fim de ser prestado com mais autono-

mia e perfeição.

O serviço descentralizado pode ser prestado pelo Estado de duas formas: ou-

torga ou delegação.

Geralmente a outorga é por prazo indeterminado, e a delegação é por prazo certo.

Prestação Indireta por Outorga

Também denominada descentralização por serviço, ocorre por meio de lei.

O ente federativo, por meio de lei ordinária específica, cria uma entidade des-

centralizada e transfere a ela a titularidade de determinado serviço público. É o que

se dá com as autarquias, associações públicas e fundações públicas.

A remuneração paga pelos usuários por esse tipo de serviço tem a natureza

de taxa.

Caso surjam danos, em decorrência da prestação do serviço, a responsabilida-

de objetiva é direta do prestador, mas o Estado responde subsidiariamente, caso o

orçamento da entidade não suporte o valor da indenização.

Exemplo de serviço outorgado: serviço postal – ECT.

Prestação Indireta por Delegação

Também denominada descentralização por colaboração, poderá ocorrer por

meio de contratos de concessão e permissão de serviços públicos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Nesse caso, o Estado transfere ao particular, por meio de licitação, apenas a

execução do serviço.

Deverá haver previsão legal específica, no caso da concessão de serviço, ou

autorização legislativa, no caso da permissão.

 Obs.: Nota: a prestação indireta por delegação só poderá ocorrer em caso de ser-

viços “uti singuli”.

A responsabilidade pela prestação do serviço será objetiva, do Concessionário

ou permissionário. O Estado responderá subsidiariamente.

A remuneração do serviço se dá mediante o pagamento de tarifas (preço pú-

blico) pelo usuário.

Exemplo de serviço delegado: transporte de passageiros, radiodifusão de sons

e imagens.

Serviço público exclusivo, não delegável

Não admite delegação a particulares.

A CF/1988 prevê expressamente dois desses serviços exclusivos: serviço

postal e Correio Aéreo Nacional.

A doutrina ainda acrescenta outros, tais como a administração tributária e a

organização administrativa.

A ECT executa serviço público por outorga, gozando inclusive de regime jurídico

igual ao da fazenda pública, segundo entendimento do STF.

Serviço público exclusivo, delegável

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

São os serviços que devem ser necessariamente prestados pelo Estado, que

pode realizar esta prestação diretamente ou mediante delegação a particulares.

Exemplo: transporte público, energia elétrica.

Serviço público de delegação obrigatória

O Estado não pode monopolizar esses serviços. Assim, devem ser prestados

pelo Estado e, necessariamente, deverão ser delegados a particulares que execu-

tarão esses serviços mediante delegação. São os serviços de radiodifusão de sons

e imagens.

Serviço Público não Exclusivo

Tanto o Estado quanto o particular prestam esses serviços.

O fato de o particular também poder prestá-lo não exonera o Estado da obriga-

ção de também prestá-lo.

Veja o que ocorre com a educação e prestação de serviço de saúde: existem

escolas e hospitais privados, mas isso não desonera o Estado de fazer a execução

direta dessas atividades, sob a forma de serviços públicos.

Mas, quando os particulares desempenham essas atividades, não se trata de

serviço público, de acordo com a doutrina e jurisprudência do STF. São serviços

particulares, de utilidade pública, prestados por privados, sem delegação.

Uma escola privada necessita de autorização do poder público, para entrar em

funcionamento, pois o Estado fiscaliza essa atividade, por meio do seu poder de

polícia, e não de delegação de serviços públicos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Direitos e Deveres dos Usuários


A Lei n. 8.987/1995 estabelece, nos arts. 7º e 7-A os direitos e deveres dos

usuários de serviços públicos nos seguintes termos:

Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, são di-
reitos e obrigações dos usuários:
I – receber serviço adequado;
II – receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de
interesses individuais ou coletivos;
III – obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de
serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.
IV – levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de
que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V – comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessioná-
ria na prestação do serviço;
VI – contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos por meio dos
quais lhes são prestados os serviços.
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos Es-
tados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro
do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de
vencimento de seus débitos.
Parágrafo único. (VETADO)

Concessão e Permissão de Serviços Públicos: Delegação


Contratual de Serviços
A CF/1988 estabelece, no parágrafo único do art. 175, que a lei disporá sobre o

regime jurídico das concessões e serviços públicos, devendo também estabelecer

as regras acerca da caducidade dos contratos, sua fiscalização e extinção, além de

estabelecer os critérios para o serviço adequado.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de


concessão ou permissão, sempre por meio de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o ca-


ráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caduci-
dade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

Para regulamentar o art. 175, foi editada a Lei n. 8.987/1995, que traça as

normas gerais sobre a concessão e permissão de serviços públicos.

Em 2004, foi editada a Lei n. 11.079/2004, que instituiu normas gerais sobre

as Parcerias Público-privadas.

Ambas são leis nacionais, ou seja, aplicáveis a todas as esferas federativas.

Os entes federados podem editar leis próprias, tratando das concessões e per-

missões de serviços públicos, bem como de parcerias público-privadas, desde que

tais leis não contrariem as normas gerais estabelecidas nas leis federais.

A Lei n. 8.987/1995 traz, em sua ementa o seguinte texto:

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos pre-


visto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.

Embora diga a ementa que a lei cuida das concessões e permissões de servi-

ços públicos, o fato é que o texto legal quase não cuida das permissões.

Apenas no parágrafo único do art. 40 faz uma observação:

Art. 40. Aplica-se às permissões o disposto nessa lei.

Então, de acordo com a lei, as disposições referentes às Concessões serrão apli-

cadas, no que couber, às permissões.

As poucas diferenças que existem, entre concessão e permissão de serviços pú-

blicos, encontram-se muito mais na doutrina do que propriamente na lei.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

É Interessante, inclusive, observar que a Lei n. 8.987/1995, ao se referir ao

Poder Público, usa genericamente o termo “Poder Concedente”, sem qualquer dife-

renciação no que tange à permissão.

O art. 2º, incisos II e IV, traz a distinção entre concessão e permissão de servi-

ços públicos.

Veja:

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:


I – poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja
competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pú-
blica, objeto de concessão ou permissão;
II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
e risco e por prazo determinado;
III – concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante lici-
tação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o in-
vestimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado;
IV – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação,
da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídi-
ca que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

O art. 40, por sua vez, determina que a permissão de serviços públicos se for-

maliza mediante contrato de adesão e se refere à precariedade desse contrato.

DAS PERMISSÕES
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de ade-
são, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de
licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo
poder concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.

A doutrina aponta algumas diferenças.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino12 sintetizam essas diferenças nos seguintes

termos:

Conforme se constata, as poucas diferenças formais ou apenas teóricas entre concessão


e permissão de serviços públicos, nos termos da lei, são:
a) Só há concessão para pessoas jurídicas ou consórcios de empresas, ao passo que as
permissões podem ser celebradas com pessoas físicas ou jurídicas;
b) As concessões obrigatoriamente devem ser precedidas de licitação na modalidade
concorrência, enquanto as permissões devem obrigatoriamente ser precedidas de licita-
ção, mas a lei não especifica modalidade determinada;
c) A lei afirma que as permissões devem ser formalizadas em um “contrato de adesão”,
aludindo “à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder conceden-
te”; diferentemente, não se refere a “contrato de adesão” para qualificar o contrato de
concessão, tampouco à “precariedade” ou a “revogabilidade unilateral” desse contrato.

 Obs.: a Lei n. 8.987/1995 frisou que a permissão se formaliza mediante contrato

de adesão, sem fazer essa referência à concessão. Entretanto, de acordo

com o entendimento doutrinário, todo o contrato administrativo é um con-

trato de adesão, já que a administração estabelece as cláusulas e o contra-

tado “adere” a elas, sem possibilidade de negociação.

Por isso, as características gerais dos contratos administrativos, apontadas pela

doutrina, valem tanto para os contratos de concessão quanto para os contratos de

permissão de serviços públicos.

Advertem Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino13: “(…) Logo, elas são contratos

bilaterais, formais, de adesão, celebrados intuitu personae.”

Concessionárias de Serviços Públicos

12
Op. Cit.
13
Op. Cit.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Concessionário de serviço público é uma empresa ou consórcio de empresas,

com personalidade jurídica de direito privado, que celebra o contrato administrativo

de concessão, tornando-se com isso executor do serviço público descentralizado.

Lembre-se disso:

O contrato de concessão de serviços públicos, como vimos, só poderá ser cele-

brado com pessoa jurídica ou consórcio de empresas.

A concessão de poderá ser simples, ou precedida de obra.

Concessões precedidas de obras ocorrem em situações em que o Estado trans-

fere o serviço e, com ele, a incumbência de executar a obra necessária à sua pres-

tação.

A exploração do serviço só se inicia após o término da obra e a remuneração

será feita por meio do pagamento de tarifas, pelos usuários.

Exemplo é a obra de um metrô, que será remunerada posteriormente mediante

a exploração do serviço de transporte metroviário, por período de tempo certo e

definido no contrato de concessão.

A Licitação para Entrega da Concessão


A concessão de serviços público é precedida de licitação na modalidade de con-

corrência, obrigatoriamente.

A Lei n. 8.987/1995 prevê que, no edital da concorrência para a seleção de

concessionários de serviços públicos, pode-se estabelecer inversão das fases de

habilitação e classificação. Essa inversão de fases, entretanto não decorre da lei,

e sim da norma editalícia. A lei apenas a autoriza.

A escolha do vencedor segue regras estabelecidas na lei:

Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes critérios:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

I – o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;


II – a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da con-
cessão;
III – a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII;
IV – melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
V – melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa do
serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;
VI – melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela outorga
da concessão com o de melhor técnica; ou
VII – melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas
§ 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será admitida quando previamente
estabelecida no edital de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas para avalia-
ção econômico-financeira.
§ 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitação
conterá parâmetros e exigências para formulação de propostas técnicas
§ 3º O poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou financei-
ramente incompatíveis com os objetivos da licitação
§ 4º Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apresentada por
empresa brasileira.

O Contrato de Concessão

É um documento público escrito que formaliza a delegação da execução do ser-

viço, pelo poder concedente.

O contrato deverá definir o objeto da concessão, delimitar a área forma e o

prazo de exploração, além de estabelecer os direitos e deveres das partes e dos

usuários do serviço.

O concessionário, durante a execução do serviço, será responsabilizado civil e

administrativamente por prejuízos causados ao poder concedente, usuários do ser-

viço ou terceiros. A fiscalização, que fica a cargo do poder concedente, não exclui

nem atenua essa responsabilidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

É importante ter em mente que, como a concessão de serviço público é um

contrato administrativo, como tal deve submeter-se ao regime jurídico desses con-

tratos.

Características do Contrato de Concessão


• Ajuste bilateral (feito entre a administração e o particular)

• Oneroso (há um pagamento pela execução)

• Comutativo (há obrigações recíprocas)

• “intuitu personae” (apenas quem contratou com a administração pode execu-

tar o contrato).

No que diz respeito ao prazo do contrato, a concessão de serviços públicos não

segue a regra geral, do art. 57 da Lei n. 8.666/1993, que prevê 1 (um) ano, res-

peitado o orçamento público.

O prazo de duração do contrato de concessão é mais longo, inclusive para poder

remunerar o investimento da concessionária.

Isso porque o contrato de concessão não gera despesas para o Estado.

Consequentemente, não tem previsão na lei orçamentária e não fica vinculado

à duração do respectivo crédito orçamentário.

O fato de haver desvinculação do prazo do contrato de concessão do art. 57 da Lei

n. 8.666/1993 não significa que o contrato terá prazo indeterminado!

Sabemos que todo o contrato administrativo terá, necessariamente, prazo deter-

minado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Subconcessão

É permitida a contratação de terceiros, para desempenhar tarefas vinculadas,

acessórias ou complementares ao serviço concedido.

Mas, note bem: os contratos celebrados entre o concessionário e terceiros de-

vem obedecer a regras de direito privado e não envolvem o poder concedente.

Assim, a subconcessão é permitida, desde que nos termos do contrato de con-

cessão e mediante autorização do poder concedente.

É necessária a licitação para a entrega da subconcessão.

Intervenção na Concessão

Determinada por Decreto, é uma medida que almeja assegurar a execução re-

gular do serviço.

Deverá ser instaurado processo administrativo e, se for constatado qualquer ví-

cio no procedimento de intervenção, o concessionário terá direito a reparação dos

prejuízos.

Cessada a intervenção, se a concessão não for extinta, a administração do ser-

viço será devolvida à concessionária.

Extinção da Concessão

A concessão pode ser extinta por diversas causas:

Advento do termo contratual: significa que o prazo do contrato terminou. É a

extinção natural.

Deverá ocorrer a reversão do serviço à concedente (o Poder público), bem como

os bens vinculados à prestação do serviço.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

b) Encampação ou resgate: é a retomada do serviço pelo poder público, du-

rante o período da concessão, por motivo de interesse público.

c) Caducidade: ocorre quando o concessionário deixa de cumprir as obrigações

contratuais.

A declaração de caducidade é ato formal e vinculado do poder concedente. (Lei

n. 8.987/1995 art. 27 e 38, § 1º ao 6º)

A caducidade só ocorre se a inadimplência for do concessionário!

A extinção do contrato, por inadimplência da Administração chama-se rescisão.

• Rescisão: o concessionário só poderá interromper ou paralisar os serviços

prestados após sentença judicial transitada em julgado.

• Anulação: é a invalidação do contrato, por ilegalidade na concessão ou na

formalização do ajuste.

Política Tarifária
A política tarifaria foi abordada nos artigos 8º a 13 da Lei n. 8.987/1995.

Embora a regra seja a tarifa única, é admitida a diferenciação de tarifas,

quando são distintos os segmentos de usuários.

A lei prevê a possibilidade de outras receitas alternativas, em favor da conces-

sionária.

O contrato de concessão, bem como todos os contratos administrativos, pode

vir a ser alterado unilateralmente, pela administração. Caso isso ocorra, o poder

concedente precisa restabelecer o equilíbrio econômico financeiro.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Permissão dos Serviços Públicos


Os serviços públicos podem ser objeto de permissão, sempre por meio da lici-

tação.

A Lei n. 8.987/1995, como já vimos, estabelece que a permissão se formaliza

mediante contrato de adesão (art. 40).

Esse aspecto diferencia a permissão de serviços públicos das permissões de uso

de bens públicos, pois essas são atos administrativos unilaterais e precários.

O contrato de permissão deverá fixar garantias de manutenção do equilíbrio

econômico financeiro.

Principais Diferenças entre Concessão e Permissão de Ser-


viços Públicos
A doutrina aponta 3 diferenças entre a Concessão e a Permissão de Serviços

Públicos:

1 A concessão deverá ser precedida de licitação na modalidade de


MODALIDADE Concorrência, enquanto a permissão admite outras modalidades
LICITATÓRIA de licitação, de acordo com o valor do contrato.
A Concessão só admite pessoas jurídicas ou consórcios de empre-
2
sas, enquanto a permissão pode ser firmada com pessoa física ou
CONTRATADO
pessoa jurídica.
3
A Concessão depende de autorização legislativa expressa par sua
AUTORIZAÇÃO
celebração e a permissão dispensa autorização legislativa.
LEGISLATIVA

Concessão Especial de Serviços Públicos (Parcerias Públi-


co-Privadas)

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

O art. 22, inciso XXVII, da CF/1988 dá competência à União para legislar sobre

contratos e licitações sobre todos os entes federativos.

Atendendo a esse comando constitucional, foi editada a Lei n. 11.079/2004, que

instituiu as normas gerais sobre licitação e contração de Parcerias público-privada,

aplicáveis a todos os entes federados, além de trazer algumas normas específicas,

dirigidas apenas à União (art. 14 a 22).

É que a competência para editar normas gerais não impede que os demais entes

federados criem legislações próprias, tratando de especificidades.

O site do governo federal traz a seguinte informação acerca das PPPs:

As parcerias público-privadas (PPP) são uma das possibilidades disponíveis aos gover-
nos para a oferta de infraestruturas econômicas e sociais à população. A experiência
internacional oferece evidências no sentido de serem bons projetos de parcerias pú-
blico-privadas eficazes para se obter o melhor uso dos recursos públicos, a entrega da
infraestrutura no prazo e orçamento previstos e a operação mais eficiente na prestação
de serviços e na manutenção dos bens. Uma das principais características das parcerias
público-privadas que permite esses resultados é a adequada divisão dos riscos contratu-
ais entre o poder público e o parceiro privado, a qual incentiva a inovação, a eficiência,
o uso em nível ótimo dos ativos vinculados ao projeto e a gestão orientada à satisfação
dos usuários.
No Brasil as parcerias público-privadas são modalidades de contratos de concessão.
A Lei n. 11.079, de 30/12/2004, regula as parcerias público-privadas no Brasil e incor-
porou diversos conceitos e experiências da prática internacional, tais como a remune-
ração do parceiro privado vinculada ao desempenho, a objetiva divisão de riscos e o
fundo garantidor. De acordo com as leis brasileiras as principais características das PPP
são o longo prazo (contratos de 5 a 35 anos), valor mínimo de R$ 20.000.000,00 (vinte
milhões de reais), contratação conjunta de obras e serviços a serem fornecidas pelo
parceiro privado e a responsabilidade fiscal pelo poder público.
A lei traz a possibilidade de se combinarem a remuneração tarifária com o pagamento
de contraprestações públicas e define PPP como contrato administrativo de concessão,
na modalidade patrocinada ou administrativa. Na concessão patrocinada a remuneração
do parceiro privado vai envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contra-
prestação pecuniária do parceiro público. A concessão administrativa, por sua vez, en-
volve tão somente contraprestação pública, pois se aplica nos casos em que não houver
possibilidade de cobrança de tarifa dos usuários.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Definição de PPP
Marçal Justen Filho14 as define assim:

Parceria público-privada é um contrato organizacional, de longo prazo de duração, por


meio do qual se atribui a um sujeito privado o dever de executar obra pública e (ou)
prestar serviço público, com ou sem direito à remuneração, por meio da exploração da
infraestrutura, mas mediante uma garantia especial e reforçada prestada pelo Poder
Público, utilizável para a obtenção de recursos no mercado financeiro.

Podemos dizer que parcerias público-privadas são contratos, que formam um

vínculo obrigacional entre a Administração Pública e a iniciativa privada, a fim de

implementar ou gerir, total ou parcialmente, obras, serviços ou atividades de inte-

resse público, em que o parceiro privado assume o financiamento, investimento e

a exploração do serviço, devendo ser observados, além dos princípios administra-

tivos gerais, os princípios específicos desse tipo de parceria.

Espécies de Parceria Público-Privadas


1. Concessão Patrocinada

O art. 2º da Lei Federal n. 11.079/2004 estabelece:

Art. 2º
(…)
§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas
de que trata a Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 (clique aqui), quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.

14
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 549.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Na modalidade patrocinada, o serviço é prestado diretamente ao público, com

cobrança tarifária que, complementada por contraprestação pecuniária do ente pú-

blico, compõe a receita do parceiro privado.

Carlso Ari Sundfeld15 ensina que

estando presentes a cobrança de tarifas aos usuários e a contraprestação pecuniária do


concedente, estar-se-á diante de uma concessão patrocinada, ainda que o concessioná-
rio também receba contraprestação não pecuniária da Administração e outras receitas
alternativas.

2. Concessão Administrativa

A Lei. 11.079/2004, em seu art. 2º, § 2º, traz o conceito.

Art. 2º
(…)
§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Adminis-
tração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens.

Diferença entre a Concessão Comum e a Parceria Público


Privada
O § 3º do art. 2º da Lei n. 11.079/2004 não deixa dúvidas de que não se trata

da mesma categoria de concessões.

Veja:

Art. 2º
(…)
§ 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a con-
cessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei n. 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado.

15
SUNDFELD, Carlos Ari (coord.). Parcerias público-privadas. São Paulo: Malheiros, 2005.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Diante disso, podemos afirmar que parcerias público-privadas admitem apenas

as modalidades de concessão patrocinada e administrativa.

Assim, a concessão comum, que tem por objeto os serviços públicos tratados na

Lei n. 8.987/1995, não é regida pela Lei Federal n. 11.079/2004, mas pela Lei das

Concessões e legislação correlata.

A Tutela dos Riscos na PPP


Há uma característica inovadora nos contratos de parceria público-privada:

A previsão na lei de que haverá a repartição objetiva dos riscos entre as partes

(art. 5º, III), devendo ser observada a capacidade do contratado.

A transferência de riscos é crucial, para que o contrato atinja seu objetivo prin-

cipal, que é a eficiência econômica na prestação de serviços públicos.

Além disso, sendo a repartição dos riscos prevista na lei e claramente explicitada

no edital, e sendo respeitada as condições objetivas do particular de se responsabi-

lizar por tais riscos, não haverá risco de quebra do equilíbrio econômico-financeiro,

nem de desvirtuamento das condições efetivas da proposta

Regime Jurídico
O regime jurídico das concessões patrocinadas e administrativas não é diferente

do que rege a concessão comum, exceto por algumas peculiaridades, previstas na

Lei Federal n. 11.079.

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no


art. 23 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever:
I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos
realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
eventual prorrogação;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado em caso de


inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma proporcional à gravidade da falta
cometida, e às obrigações assumidas;
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força
maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;
IV – as formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais;
V – os mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos serviços;
VI – os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do parceiro público, os modos
e o prazo de regularização e, quando houver, a forma de acionamento da garantia;
VII – os critérios objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado;
VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes e compa-
tíveis com os ônus e riscos envolvidos, observados os limites dos § § 3º e 5º do art. 56
da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, e, no que se refere às concessões patrocina-
das, o disposto no inciso XV do art. 18 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
IX – o compartilhamento com a Administração Pública de ganhos econômicos efetivos
do parceiro privado decorrentes da redução do risco de crédito dos financiamentos uti-
lizados pelo parceiro privado;
X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público reter os
pagamentos ao parceiro privado, no valor necessário para reparar as irregularidades
eventualmente detectadas.
XI – o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das parcelas do
aporte de recursos, na fase de investimentos do projeto e/ou após a disponibilização dos
serviços, sempre que verificada a hipótese do § 2º do art. 6º desta Lei. (Incluído pela
Lei n. 12.766, de 2012)
§ 1º As cláusulas contratuais de atualização automática de valores baseadas em índices
e fórmulas matemáticas, quando houver, serão aplicadas sem necessidade de homo-
logação pela Administração Pública, exceto se esta publicar, na imprensa oficial, onde
houver, até o prazo de 15 (quinze) dias após apresentação da fatura, razões fundamen-
tadas nesta Lei ou no contrato para a rejeição da atualização.
§ 2º Os contratos poderão prever adicionalmente:
I – os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a transferência do
controle ou a administração temporária da sociedade de propósito específico aos seus
financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, com
o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da
prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do pará-
grafo único do art. 27 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; (Redação dada pela
Lei n. 13.097, de 2015)
II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em
relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública;
III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por extinção
antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e empresas es-
tatais garantidores de parcerias público-privadas

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Requisitos
A Lei estabeleceu alguns requisitos para a contratação de parcerias público-

-privadas, diferenciando as respectivas modalidades de concessão e prevenindo

possíveis confusões entre as concessões comuns e as patrocinadas que tenham

objetos semelhantes.

A finalidade da contratação das PPP é a obtenção de investimentos privados para

o setor de infraestrutura, que envolve altos custo. Diante disso, não há razão para

se fazer um contrato com um investidor privado, por meio de parceria público-pri-

vada, com valor do objeto inferior a R$ 10.000,00 (dez milhões de Reais)

Art. 2º
(…)
§ 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); (Re-
dação dada pela Lei n. 13.529, de 2017)
(…)

Por outro lado, o prazo da prestação dos serviços deve ser de no mínimo

5 anos.

Art. 2º
(…)
§ 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
(…)
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou

Ainda em relação ao prazo, o art. 5º da Lei n. 11.107/2004 determina que se-

jam previstas cláusulas no contrato que determinem o termo final do vínculo obri-

gacional.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Assim, a vigência do contrato de parceria público-privada não pode ser

inferior a 5 anos nem superior a 35 anos.

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no


art. 23 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever:
I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos
realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
eventual prorrogação;

A previsão legal de um prazo mínimo visa tanto permitir que a Administração

Pública amortize o investimento, como permitir que o particular contratado assuma

o risco de um possível prejuízo econômico resultante da má execução do contrato.

Impossibilidade de Mera Execução de Obra Pública como


Objeto das PPP
O art. 2º, inciso III, § 4º, da Lei n. 11.079/2004 proíbe a celebração de con-

trato de parceria público-privada que tenha por objeto único a execução de obra

pública. Consequentemente, a concessão patrocinada se caracteriza pela prestação

de serviços públicos, precedida ou não do fornecimento de mão de obra, equipa-

mentos ou da execução de obra pública.

Conclusão
A atuação da iniciativa privada no âmbito das políticas públicas vem tido sua

eficácia comprovada por várias experiências internacionais. Vantagens econômicas

e práticas tem sido apontadas, principalmente no sentido de é dada ao particular

contratado a possibilidade de prestar um serviço público mais qualificado. Assim,

torna-se cada vez mais interessante a aproximação do Estado e iniciativa privada,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

direcionada à arrecadação de capital privado para investimento e financiamento de

obras e serviços públicos.

Nesse sentido, entre os contratos administrativos que geram a possibilidade de

se travarem relações entre o setor público e o setor privado, a parceria público-pri-

vada tem se destacado pelo compartilhamento dos riscos e pela arrecadação de

montantes elevados, assumindo fundamental importância nos investimentos em

infraestrutura, e, consequentemente, no crescimento econômico.

Muito bem, amigo(a),

Com isso concluímos nossa aula de Serviços Públicos.

Vamos agora testar nossos conhecimentos, por meio da solução de questões.

Bons estudos!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

EXERCÍCIOS
Questão 1    (INÉDITA/2019) O Estado de Rondônia, após regular procedimento lici-

tatório, celebrou contrato de concessão com sociedade empresária para prestação

do serviço público de distribuição de gás canalizado no âmbito estadual. Após mi-

nuciosos estudos técnicos, o Governador do Estado pretende promover a retomada

do serviço, ainda durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público.

A extinção da concessão no caso em tela é, juridicamente,

a) viável, por meio de encampação, precedida de lei autorizativa específica e após

prévio pagamento de indenização ao concessionário

b) viável, por meio da reversão, com indenização ulterior das parcelas dos investi-

mentos vinculados a bens reversíveis ainda não amortizados.

c) viável, por meio da caducidade, com indenização prévia dos investimentos reali-

zados pelo concessionário com o objetivo de garantir a continuidade e a atualidade

do serviço.

d) inviável, pois o concessionário tem a seu favor as cláusulas exorbitantes que

lhe asseguram a execução do serviço até o prazo final estabelecido no contrato de

concessão.

Questão 2    (INÉDITA/2019) A Parceria Público Privada (PPP) representa um con-

trato administrativo firmado entre a administração pública e um parceiro privado,

tendo como o objetivo a implantação ou gestão de serviços públicos.

Considerando a situação na qual um particular é contratado, pela modalidade pa-

trocinada, para gerir determinado serviço público, assinale a opção que apresenta

uma decorrência disso.

a) O financiamento exclusivo pelo Estado

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

b) A necessidade de contraprestação do Estado

c) A licitação pela modalidade concurso

d) O financiamento exclusivo por usuários do serviço.

Questão 3    (INÉDITA/2019) Determinada sociedade empresária figura como per-

missionária estadual para prestação do serviço público de transporte público cole-

tivo, mediante a assinatura de termo de permissão originário anterior a 1988, que

sofreu inúmeros termos aditivos para sua prorrogação.

Por entender que as tarifas estão deficitárias, causando desequilíbrio econômico

e financeiro da permissão, a permissionária ajuizou ação indenizatória em face do

Estado.

De acordo com a jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça, o pleito do

particular

a) não merece prosperar, pois é indispensável a realização de prévio procedimento

licitatório para que se possa cogitar de indenização aos permissionários de serviço

público em razão de tarifas deficitárias.

b) não merece prosperar, pois o valor do preço público é estabelecido de forma

imutável em cada termo aditivo de prorrogação da permissão, não havendo que se

falar em desequilíbrio econômico e financeiro superveniente.

c) merece prosperar, pois se aplica o princípio da continuidade dos serviços pú-

blicos que não podem ser interrompidos em razão de desequilíbrio econômico e

financeiro superveniente da permissão.

d) merece prosperar, pois se aplica o princípio da atualidade do serviço público que

significa que as tarifas devem ser módicas de maneira a não onerar excessivamen-

te o usuário e permitir que permaneça lucrativa para o permissionário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 50 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 4    (INÉDITA/2019) Com referência ao regime jurídico de colaboração en-

tre a Administração Pública e a sociedade civil organizada, leia o trecho a seguir.

“Conjunto de direitos, responsabilidades e obrigações decorrentes de relação ju-

rídica estabelecida formalmente entre a Administração Pública e organizações da

sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades

de interesse público e recíproco”. O trecho corporifica

a) uma parceria

b) um projeto

c) uma política pública

d) um termo de colaboração

Questão 5    (INÉDITA/2019) Após processo licitatório vencido pela Empresa Delta

X, em 2016, para prestação de serviços em regime de parceria público-privada, ve-

rificou-se a necessidade de aquisição de bens vinculados ao serviço a ser prestado,

sendo certo que havia autorização no edital para aporte de recursos a serem efeti-

vados pela Administração Pública para a compra desses equipamentos. Nesse caso,

a) a Administração Pública só poderia aportar recursos para a compra desses bens

se o edital indicasse o valor de cada equipamento a ser adquirido.

b) a Administração Pública não poderia aportar recursos para a empresa privada,

já que seria uma forma indireta de remuneração da parceria, ferindo o princípio da

legalidade.

c) a Administração Pública poderia aportar recursos se os bens reversíveis fossem

adquiridos por meio de novo procedimento licitatório.

d) o parceiro privado, no caso do aporte de recursos pelo parceiro público para a

compra de bens reversíveis, não receberá indenização pelas parcelas de investi-

mentos vinculadas a tais bens, ainda não amortizadas ou depreciadas.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 6    (INÉDITA/2019) Com referência aos contratos de parceria público-pri-

vada, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a

falsa.

( ) É possível ao parceiro público reter o pagamento ao parceiro privado de mon-

tante suficiente para reparar danos a bens reversíveis.

( ) O fato do príncipe representa uma circunstância imprevisível, o que faz com que

seu risco não seja objeto de cláusula do contrato. ( ) Em respeito ao princípio da

eficiência, a atualização dos valores contratuais será sempre realizada por índices

pré-fixados, dispensando a homologação da Administração Pública.

Assinale a opção que indica a sequência correta, segundo a ordem apresentada.

Questão 7    (INÉDITA/2019) O Estado de Santa Catarina está em situação reitera-

da e atual de inadimplemento com a concessionária prestadora do serviço público

de fornecimento de energia elétrica, no que tange ao pagamento das faturas men-

sais relativas a contas de luz de diversos prédios públicos.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o corte no forneci-

mento desse serviço essencial é:

a) legítimo, em qualquer hipótese, desde que seja precedido de processo judicial,

ainda que em sede de tutela de urgência incidental;

b) legítimo, em qualquer hipótese, desde que seja precedido de processo adminis-

trativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa;

c) legítimo, desde que seja precedido de notificação e que a interrupção não atinja

unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população;

d) ilegítimo, eis que o Estado também figura como poder concedente, devendo

ocorrer compensação no equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 8    (INÉDITA/2019) O Estado de Santa Catarina, após regular procedi-

mento licitatório, mediante a celebração de contrato de concessão, transferiu a de-

terminada sociedade empresária a prestação do serviço público de abastecimento

de água potável à população. Por motivos de interesse privado, no curso do con-

trato, a concessionária pretende transferir seu controle societário. À luz da Lei n.

8.987/1995, a concessionária:

a) pode concretizar imediatamente tal transferência, por se tratar de providência

interna regida pelo direito privado;

b) pode concretizar tal transferência, com prévia anuência do poder concedente,

sob pena de caducidade da concessão;

c) pode concretizar imediatamente tal transferência, com prévia anuência do Tribu-

nal de Contas, sob pena de nulidade da concessão;

d) não pode concretizar tal transferência, em qualquer hipótese, haja vista que os

contratos administrativos são personalíssimos.

Questão 9    (INÉDITA/2019) Com a aproximação dos jogos olímpicos, o Tribunal de

Justiça de Santa Catarina decide construir um jardim customizado, de forma a fazer

uma homenagem às cores da bandeira brasileira.

Com base nas regras que regem a Administração Pública brasileira, a contratação

do jardineiro:

a) poderá ser realizada por processo seletivo por prova ou títulos, regido pelas re-

gras da CLT;

b) poderá ser realizada por terceirização, por meio da contratação de uma empresa

de serviços de jardinagem;

c) deverá ser realizada por concurso público, imprescindível para cargos relaciona-

dos às atividades-fim;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

d) poderá ser realizada por função de confiança, exclusiva para servidores efetivos.

Questão 10    (INÉDITA/2019) Serviço público pode ser conceituado como toda ati-

vidade executada pelo Estado visando à promoção de utilidade e comodidade para

os cidadãos usuários, com prerrogativas decorrentes da supremacia estatal e sujei-

ções justificadas pela indisponibilidade do interesse público.

Nesse contexto, aplica-se ao serviço público o princípio da:

a) atualidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado com modernidade das

técnicas, do equipamento e das instalações e sua conservação, bem como visando

à sua melhoria e expansão;

b) continuidade do serviço público, segundo o qual as atividades administrativas

devem ser prestadas de forma ininterrupta, razão pela qual o ordenamento jurídico

veda o direito de greve aos servidores públicos;

c) universalidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado de forma geral a

todas as pessoas, em igualdade de condições, não podendo ser interrompido pelo

inadimplemento do usuário;

d) modicidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado com tarifas acessíveis

à população em geral, com preço público subsidiado pelo poder público, garantida

a gratuidade aos comprovadamente hipossuficientes;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

GABARITO
1. a

2. b

3. a

4. a

5. d

6. c

7. c

8. b

9. b

10. a

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

GABARITO COMENTADO
Questão 1    (INÉDITA/2019) O Estado de Rondônia, após regular procedimento lici-

tatório, celebrou contrato de concessão com sociedade empresária para prestação

do serviço público de distribuição de gás canalizado no âmbito estadual. Após mi-

nuciosos estudos técnicos, o Governador do Estado pretende promover a retomada

do serviço, ainda durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público.

A extinção da concessão no caso em tela é, juridicamente,

a) viável, por meio de encampação, precedida de lei autorizativa específica e após

prévio pagamento de indenização ao concessionário

b) viável, por meio da reversão, com indenização ulterior das parcelas dos investi-

mentos vinculados a bens reversíveis ainda não amortizados.

c) viável, por meio da caducidade, com indenização prévia dos investimentos reali-

zados pelo concessionário com o objetivo de garantir a continuidade e a atualidade

do serviço.

d) inviável, pois o concessionário tem a seu favor as cláusulas exorbitantes que

lhe asseguram a execução do serviço até o prazo final estabelecido no contrato de

concessão.

Letra a.

Nos termos da Lei n. 8.987/1995, artigos 35 e 37:

Art. 35. Extingue-se a concessão por:


I – advento do termo contratual;
II – encampação;
(…)
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente du-
rante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 2    (INÉDITA/2019) A Parceria Público Privada (PPP) representa um con-

trato administrativo firmado entre a administração pública e um parceiro privado,

tendo como o objetivo a implantação ou gestão de serviços públicos.

Considerando a situação na qual um particular é contratado, pela modalidade pa-

trocinada, para gerir determinado serviço público, assinale a opção que apresenta

uma decorrência disso.

a) O financiamento exclusivo pelo Estado

b) A necessidade de contraprestação do Estado

c) A licitação pela modalidade concurso

d) O financiamento exclusivo por usuários do serviço.

Letra b.

A Parceria Público Privada pode assumir duas modalidades: concessão patrocinada

ou concessão administrativa. Como a questão deixou claro que se tratava de pa-

trocinada, não há como confundir. Essa modalidade exige uma contraprestação do

Estado.

Questão 3    (INÉDITA/2019) Determinada sociedade empresária figura como per-

missionária estadual para prestação do serviço público de transporte público cole-

tivo, mediante a assinatura de termo de permissão originário anterior a 1988, que

sofreu inúmeros termos aditivos para sua prorrogação.

Por entender que as tarifas estão deficitárias, causando desequilíbrio econômico

e financeiro da permissão, a permissionária ajuizou ação indenizatória em face do

Estado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

De acordo com a jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça, o pleito do

particular

a) não merece prosperar, pois é indispensável a realização de prévio procedimento

licitatório para que se possa cogitar de indenização aos permissionários de serviço

público em razão de tarifas deficitárias.

b) não merece prosperar, pois o valor do preço público é estabelecido de forma

imutável em cada termo aditivo de prorrogação da permissão, não havendo que se

falar em desequilíbrio econômico e financeiro superveniente.

c) merece prosperar, pois se aplica o princípio da continuidade dos serviços pú-

blicos que não podem ser interrompidos em razão de desequilíbrio econômico e

financeiro superveniente da permissão.

d) merece prosperar, pois se aplica o princípio da atualidade do serviço público que

significa que as tarifas devem ser módicas de maneira a não onerar excessivamen-

te o usuário e permitir que permaneça lucrativa para o permissionário.

Letra a.

De acordo com a jurisprudência do STJ.

Veja os julgados a seguir (Fonte: dizer o Direito)

É indispensável a realização de prévio procedimento licitatório para que se possa cogitar


de indenização aos permissionários de serviço público de transporte coletivo em razão
de tarifas deficitárias, ainda que os Termos de Permissão tenham sido assinados em
período anterior à Constituição Federal de 1988.
(STJ 2ª Turma. REsp 886.925/MG, Rel. Min. Castro Meira, DJ 21.11.2007).
A empresa não possui garantia da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do
contrato de permissão de serviço de transporte público se o ajuste foi celebrado sem
que tenha havido prévia licitação.
(STJ. 2ª Turma. REsp 1.352.497-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 4/2/2014)
(Info 535).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 4    (INÉDITA/2019) Com referência ao regime jurídico de colaboração en-

tre a Administração Pública e a sociedade civil organizada, leia o trecho a seguir.

“Conjunto de direitos, responsabilidades e obrigações decorrentes de relação ju-

rídica estabelecida formalmente entre a Administração Pública e organizações da

sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades

de interesse público e recíproco”. O trecho corporifica

a) uma parceria

b) um projeto

c) uma política pública

d) um termo de colaboração

Letra a.

Nos termos da Lei n. 13.019/2014, art. 2º, III:

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se:


(…)
III – parceria: conjunto de direitos, responsabilidades e obrigações decorrentes de rela-
ção jurídica estabelecida formalmente entre a administração pública e organizações da
sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de
interesse público e recíproco, mediante a execução de atividade ou de projeto expres-
sos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação;
(Redação dada pela Lei n. 13.204, de 2015)

Questão 5    (INÉDITA/2019) Após processo licitatório vencido pela Empresa Delta

X, em 2016, para prestação de serviços em regime de parceria público-privada, ve-

rificou-se a necessidade de aquisição de bens vinculados ao serviço a ser prestado,

sendo certo que havia autorização no edital para aporte de recursos a serem efeti-

vados pela Administração Pública para a compra desses equipamentos. Nesse caso,

a) a Administração Pública só poderia aportar recursos para a compra desses bens

se o edital indicasse o valor de cada equipamento a ser adquirido.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

b) a Administração Pública não poderia aportar recursos para a empresa privada,

já que seria uma forma indireta de remuneração da parceria, ferindo o princípio da

legalidade.

c) a Administração Pública poderia aportar recursos se os bens reversíveis fossem

adquiridos por meio de novo procedimento licitatório.

d) o parceiro privado, no caso do aporte de recursos pelo parceiro público para a

compra de bens reversíveis, não receberá indenização pelas parcelas de investi-

mentos vinculadas a tais bens, ainda não amortizadas ou depreciadas.

Letra d.

Nos termos da Lei n. 11.079/2004, art. 6º, § § 2º e 5º:

Art. 6º
(…)
§ 2º O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do parceiro privado para
a realização de obras e aquisição de bens reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do
caput do art. 18 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no
edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se contratos celebrados até
8 de agosto de 2012.
(Incluído pela Lei n. 12.766, de 2012)
(…)
§ 5º Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado não receberá indenização
pelas parcelas de investimentos vinculados a bens reversíveis ainda não amortizadas ou
depreciadas, quando tais investimentos houverem sido realizados com valores prove-
nientes do aporte de recursos de que trata o § 2º (Incluído pela Lei n. 12.766, de 2012)

Questão 6    (INÉDITA/2019) Com referência aos contratos de parceria público-pri-

vada, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a

falsa.

( ) É possível ao parceiro público reter o pagamento ao parceiro privado de mon-

tante suficiente para reparar danos a bens reversíveis.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

( ) O fato do príncipe representa uma circunstância imprevisível, o que faz com que

seu risco não seja objeto de cláusula do contrato. ( ) Em respeito ao princípio da

eficiência, a atualização dos valores contratuais será sempre realizada por índices

pré-fixados, dispensando a homologação da Administração Pública.

Assinale a opção que indica a sequência correta, segundo a ordem apresentada.

Letra c.

Vejamos cada uma das afirmações:

1ª afirmativa) Certa. De acordo com o inciso X do art. 5º, da Lei n. 11.079/2004

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no


art. 23 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever:
X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público reter os
pagamentos ao parceiro privado, no valor necessário para reparar as irregularidades
eventualmente detectadas.

2ª afirmativa) Errada. De acordo com o inciso III do art. 5º, da Lei n. 11.079/2004:

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no


art. 23 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever:
(…)
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força
maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;

3ª afirmativa) Errada. De acordo com o § 1º do art. 5º, da Lei n. 11.079/2004

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no


art. 23 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever:
(…)
§ 1º As cláusulas contratuais de atualização automática de valores baseadas em índices
e fórmulas matemáticas, quando houver, serão aplicadas sem necessidade de homo-
logação pela Administração Pública, exceto se esta publicar, na imprensa oficial, onde
houver, até o prazo de 15 (quinze) dias após apresentação da fatura, razões fundamen-
tadas nesta Lei ou no contrato para a rejeição da atualização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 7    (INÉDITA/2019) O Estado de Santa Catarina está em situação reitera-

da e atual de inadimplemento com a concessionária prestadora do serviço público

de fornecimento de energia elétrica, no que tange ao pagamento das faturas men-

sais relativas a contas de luz de diversos prédios públicos.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o corte no forneci-

mento desse serviço essencial é:

a) legítimo, em qualquer hipótese, desde que seja precedido de processo judicial,

ainda que em sede de tutela de urgência incidental;

b) legítimo, em qualquer hipótese, desde que seja precedido de processo adminis-

trativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa;

c) legítimo, desde que seja precedido de notificação e que a interrupção não atinja

unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população;

d) ilegítimo, eis que o Estado também figura como poder concedente, devendo

ocorrer compensação no equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Letra c.

Para esclarecer essa questão, vejamos a jurisprudência do STJ acerca do corte no

fornecimento de serviços essenciais:

CORTE NO FORNECIMENTO DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS – STJ


1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação.
2) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões
de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de
notificação.
3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar
o direito à saúde e à integridade física do usuário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando


inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de noti-
ficação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indis-
pensáveis à população.
5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem os interesses de pro-
teção à vida e à saúde.
6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
a inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a
interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do
consumo
7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débi-
tos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida.
8) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito
irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da propor-
cionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por
danos morais.
9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
o débito decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia
elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária.
10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o
imóvel que originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usu-
ário inadimplente.

Questão 8    (INÉDITA/2019) O Estado de Santa Catarina, após regular procedi-

mento licitatório, mediante a celebração de contrato de concessão, transferiu a de-

terminada sociedade empresária a prestação do serviço público de abastecimento

de água potável à população. Por motivos de interesse privado, no curso do con-

trato, a concessionária pretende transferir seu controle societário. À luz da Lei n.

8.987/1995, a concessionária:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

a) pode concretizar imediatamente tal transferência, por se tratar de providência

interna regida pelo direito privado;

b) pode concretizar tal transferência, com prévia anuência do poder concedente,

sob pena de caducidade da concessão;

c) pode concretizar imediatamente tal transferência, com prévia anuência do Tribu-

nal de Contas, sob pena de nulidade da concessão;

d) não pode concretizar tal transferência, em qualquer hipótese, haja vista que os

contratos administrativos são personalíssimos.

Letra b.

De acordo com a Lei n. 8.987/1995, art. 27:

Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem


prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.

Questão 9    (INÉDITA/2019) Com a aproximação dos jogos olímpicos, o Tribunal de

Justiça de Santa Catarina decide construir um jardim customizado, de forma a fazer

uma homenagem às cores da bandeira brasileira.

Com base nas regras que regem a Administração Pública brasileira, a contratação

do jardineiro:

a) poderá ser realizada por processo seletivo por prova ou títulos, regido pelas re-

gras da CLT;

b) poderá ser realizada por terceirização, por meio da contratação de uma empresa

de serviços de jardinagem;

c) deverá ser realizada por concurso público, imprescindível para cargos relaciona-

dos às atividades-fim;

d) poderá ser realizada por função de confiança, exclusiva para servidores efetivos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 64 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

Letra b.

Nos termos dos § § 1º e 2º do art. 25, da Lei n. 8.987/1995:

Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe res-


ponder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a ter-
ceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa
responsabilidade.
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessionária
poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias
ou complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos as-
sociados.
§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros a que se refere o pa-
rágrafo anterior reger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação
jurídica entre os terceiros e o poder concedente

Questão 10    (INÉDITA/2019) Serviço público pode ser conceituado como toda ati-

vidade executada pelo Estado visando à promoção de utilidade e comodidade para

os cidadãos usuários, com prerrogativas decorrentes da supremacia estatal e sujei-

ções justificadas pela indisponibilidade do interesse público.

Nesse contexto, aplica-se ao serviço público o princípio da:

a) atualidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado com modernidade das

técnicas, do equipamento e das instalações e sua conservação, bem como visando

à sua melhoria e expansão;

b) continuidade do serviço público, segundo o qual as atividades administrativas

devem ser prestadas de forma ininterrupta, razão pela qual o ordenamento jurídico

veda o direito de greve aos servidores públicos;

c) universalidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado de forma geral a

todas as pessoas, em igualdade de condições, não podendo ser interrompido pelo

inadimplemento do usuário;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 68
DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços Públicos
Prof.ª Lisiane Brito

d) modicidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado com tarifas acessíveis

à população em geral, com preço público subsidiado pelo poder público, garantida

a gratuidade aos comprovadamente hipossuficientes;

Letra a.

O art. 6º, § 2º, da Lei n. 8.987/1995 define o princípio da atualidade:

Art. 6º
(…)
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das ins-
talações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 66 de 68
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 67 de 68
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 68 de 68

Você também pode gostar