Você está na página 1de 65

DIREITO ADMINISTRATIVO

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Livro Eletrônico
LISIANE BRITO

Professora de Direito Administrativo, especia-


lista em preparação para concursos públicos.
Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão
Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na
OAB/MG desde 1997. Graduada em direito pela
Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga expe-
riência como docente, tendo ministrado aulas
de Direito Administrativo nos principais cursos
preparatórios do país. Já participou de bancas
examinadoras e elaboração de questões para
processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações
e Contratos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992)..............................................4


Introdução.................................................................................................4
Conceito.....................................................................................................5
A Improbidade Administrativa no Direito Brasileiro...........................................6
Base Constitucional da Improbidade...............................................................8

A Lei n. 8.429/1992................................................................................... 10
O Réu na Ação de Improbidade................................................................... 12
Categorias de Improbidade Administrativa.................................................... 13
Sanções por Improbidade Administrativa e Gradação das Penas....................... 20

Aplicação do Princípio da Insignificância........................................................ 22


Medidas Cautelares.................................................................................... 22
Afastamento Preventivo do Agente Público.................................................... 25
O Procedimento Administrativo de Apuração da Improbidade........................... 26
A Ação Judicial de Improbidade Administrativa.............................................. 27
O Autor da Ação de Improbidade................................................................. 27
O Réu da Ação de Improbidade................................................................... 28
A Petição Inicial......................................................................................... 28
Notificação Prévia do Agente Público............................................................ 29
O Recebimento da Petição Inicial................................................................. 30
A Participação do Ministério Público na Ação de Improbidade........................... 31
Inexistência de Foro Privilegiado.................................................................. 32
Prescrição................................................................................................ 34
Questões de Concurso................................................................................ 37
Gabarito................................................................................................... 47
Gabarito Comentado.................................................................................. 48

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI N. 8.429/1992)


Introdução
Nos últimos anos, o tema improbidade administrativa tem evoluído muito, dian-

te do grande número de ações ajuizadas, pelo Ministério Público e pelas pessoas

jurídicas de direito público afetadas. O resultado disso foi uma inevitável evolução

da jurisprudência.

A Constituição Federal de 1988 traçou um pilar, no art. 37, § 4º, que levou

à edição da Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA).

Essa norma legal se tornou um marco e uma grande conquista para toda a so-

ciedade brasileira.

Então, a partir do que estabeleceu a Constituição, o ordenamento jurídico bra-

sileiro criou normas para combater a improbidade administrativa.

Além das disposições constitucionais e legais, é muito importante o trabalho dos

doutrinadores, que cuidaram de explicar o fenômeno da improbidade administrati-

va, suas categorias, aplicabilidade das penalidades e os sujeitos ativos e passivos.

O professor Kiyoshi Harada,1 ensina que

[...] a improbidade administrativa é um cancro que corrói a Administração Pública. Pelo


seu efeito perverso, que afeta a vida da sociedade causando descrédito e revolta contra
a classe dirigente em geral, acaba por minar os princípios basilares que estruturam o
Estado Democrático de Direito.

O principal foco da Lei de Improbidade Administrativa, ou simplesmente LIA, é

a prevenção e o combate às condutas de agentes públicos que levem ao enrique-

cimento ilícito, à lesão aos cofres públicos ou mesmo à violação aos princípios da

Administração Pública.

1
HARADA, Kiyoshi. Improbidade Administrativa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Sabemos que o fato de ter sido promulgada a Lei de Improbidade não impediu

a existência de condutas ímprobas, dentro da Administração Pública, mas a lei as-

segurou que os agentes responsáveis fossem punidos.

Conceito
É necessário que o aplicador do direito conheça o significado do termo improbi-

dade, antes de explorar o texto legal.

A conceituação da improbidade coube à doutrina, pois a Constituição não trouxe

uma definição clara.

José Adércio Leite Sampaio2 fala sobre isso:

(...) Releva notar que a Carta Federal não define o que seja (im)probidade administra-
tiva, posto que a ela se refira diversas vezes. Entretanto, dispõe que os atos de impro-
bidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao patrimônio público, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível (CF, art. 37, 4º).

Dentre os conceitos apresentados pelos estudiosos do direito administrativo,

alguns são bastante simples e claros (o que é mais conveniente para nós).
Fiz uma seleção de alguns deles, todos válidos.

De Plácido e Silva3 traz o seguinte conceito:

(...) improbidade revela a qualidade do homem que não procede bem, por não ser hones-
to, que age indignamente, por não ter caráter, que não atua com decência, por ser amoral.

Luis Alberto Ferracini:4

Entende-se por ato de improbidade má qualidade, imoralidade, malícia. Juridicamente, lega-se


ao sentido de desonestidade, má fama, incorreção, má conduta, má índole, mau caráter.

2
SAMPAIO, José Adércio Leite. Improbidade Administrativa: 10 anos da Lei n. 8. 429/1992. Belo Horizonte:
Del Rey, 2002.
3
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
4
FERRACINI, Luiz Alberto. Improbidade Administrativa. São Paulo: Julex Edições, 1997.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Marçal Justen Filho:5

Improbidade administrativa consiste na ação ou omissão violadora do dever constitucio-


nal de moralidade no exercício da função pública, que acarreta a imposição de sanções
civis, administrativas e penais, de modo cumulativo ou não, tal como definido em lei.

Podemos, então, concluir que improbidade administrativa é um comportamento

daquele que, seja na condição de agente público ou de parceiro privado, viola a

honestidade e a lealdade esperadas no trato da coisa púbica.

A improbidade administrativa é a desconsideração da lealdade, por parte de

quem lida com bens e poderes cujo titular último é o povo.

A Improbidade Administrativa no Direito Brasileiro


É importante saber como a responsabilização dos agentes públicos foi tratada

pela legislação brasileira, ao longo dos anos.

1) Em 1941, o Decreto–Lei n. 3.240 foi a norma precursora. O art. 1º estabe-

lecia que ficariam sujeitos a sequestro os bens de pessoa indiciada por crime

de que resultasse prejuízo para a fazenda pública, ou por crime definido no

Livro II, Títulos V, VI e VII, do Código Penal, desde que resultasse locupleta-

mento ilícito para o indiciado.

2) Em 1946, a Constituição Federal trouxe, no § 31 do art. 141, a seguinte norma:

Art. 141. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e
à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
§ 31. Não haverá pena de morte, de banimento, de confisco nem de caráter perpétuo.
São ressalvadas, quanto à pena de morte, as disposições da legislação militar em tempo
de guerra com país estrangeiro. A lei disporá sobre o sequestro e o perdimento de
bens, no caso de enriquecimento ilícito, por influência ou com abuso de cargo
ou função pública, ou de emprego em entidade autárquica.

5
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 7. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2011.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

3) Em 1957, a Lei n. 3.164/1957 tratou do tema:

(...) o sequestro e a perda em favor da Fazenda Pública dos bens adquiridos por servidor
público, por influência ou abuso de cargo ou função pública, ou de emprego em entidade
autárquica, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que tenha incorrido.

Essa lei também determinava que, mesmo que o agente fosse absolvido, ou

fosse extinta a ação criminal, nada impediria que fossem incorporados à Fazenda

Pública dos seus bens, para proteger os direitos de terceiros de boa-fé.

Por fim, a lei determinava que a Ação seria proposta pelo Ministério Público ou

qualquer pessoa do povo.

4) Em 1958, veio a Lei n. 3.502/1958, que regulamentou o sequestro e o

perdimento de bens do agente, em caso de enriquecimento ilícito por in-

fluência ou abuso do cargo ou função.

5) No ano de 1965, veio outra lei importante: a Lei de Ação Popular (Lei n.

4.717/1965), cujo objetivo era proteger o patrimônio público contra atos ile-

gais e lesivos.

6) Durante os anos de ditadura militar, também se operaram mudanças: o AI n.

14/1969 deu nova redação ao art. 153, § 11, da Constituição, que determi-

nou o seguinte:

Art. 153. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à proprie-
dade, nos termos seguintes.
(...)
§ 11. Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco, salvo
nos casos de guerra externa, psicológica adversa, ou revolucionária ou subversiva, nos
termos que a lei determinar. Esta disporá, também, sobre o perdimento de bens
por danos causados ao erário, ou no caso de enriquecimento ilícito no exercício
do cargo, função ou emprego na Administração Pública, direta ou indireta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

7) Chegamos, enfim, à Constituição Federal de 1988, que, explicitamente, tra-

tou do combate à improbidade administrativa, exigindo a edição de lei mais efi-

caz e capaz de combater a ilegalidade e imoralidade no trato da coisa pública.

Base Constitucional da Improbidade


A Constituição Federal de 1988 trouxe ao Estado brasileiro uma visão moderna

da relação Poder e Povo. O art. 1º, parágrafo único, aponta claramente quem é

o detentor do Poder:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
(...)
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representan-
tes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Diante disso, a Constituição de 1988 trouxe a imposição de observância aos

princípios da Administração Pública, por parte dos agentes públicos, além de impor

a responsabilização pelos atos de improbidade.

Alexandre de Moraes6 trata do tema nos seguintes termos:

(...) a finalidade do combate constitucional à improbidade administrativa é evitar que


os agentes públicos atuem em detrimento do Estado, pois como já salientava Platão, a
punição e afastamento da vida pública dos agentes corruptos pretende fixar uma regra
proibitiva, de que os servidores públicos não se deixem “induzir por preço nenhum a agir
em detrimento dos interesses do Estado”.

O § 4º do art. 37 da Constituição Federal traz a seguinte disposição:

Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)

6
MORAES, Alexandre. Direito constitucional administrativo. São Paulo: Atlas, 1997.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políti-


cos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Por outro lado, a própria CF/1988 definiu como crime de responsabilidade

do Presidente da República a prática de ato que viole a probidade administrativa:

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que aten-
tem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
(...)
V – a probidade na administração;

Com isso, foram lançadas as novas bases constitucionais da responsabilização

dos agentes públicos.

O exercício de função pública impõe atuação em nome da sociedade, ou seja,

em prol do titular do poder do Estado, que é o povo. Consequentemente, é impor-

tante que a atividade dos agentes públicos seja pautada pela transparência, pres-

tação de contas e responsabilidade.

O art. 5º da CF/1988 enumera direitos e garantias fundamentais dos cidadãos,

dentre os quais o direito de exigir a proteção, por via de Ação Popular, contra a

prática de ato lesivo ao patrimônio público (incluídos os patrimônios histórico

e cultural) e ao meio ambiente.

Diante de todas essas normas constitucionais, fica clara a autonomia conferida

à responsabilidade por improbidade, na medida em que a Constituição dedicou ex-

clusivamente um dispositivo à vedação da prática de improbidade administrativa,

além de abrir o caminho para a edição da Lei n. 8.429/1992.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

A Lei n. 8.429/1992

A LIA se tornou um marco legal, no que diz respeito à responsabilização por

improbidade administrativa. Foi a partir da edição dessa lei, que regulamentou o §

4º do art. 37 da CF/1988, que passaram a ser punidas, por meio de ação judicial

própria, as condutas causadoras de lesão ao erário, enriquecimento ilícito e as vio-

ladoras dos princípios da Administração Pública.

A moralidade e a legalidade ganharam da LIA um reforço eficaz, principalmente

pelo que dispõe seu art. 11, que reforça a imposição, aos agentes públicos, de uma

conduta correta.

Vale a pena ver a lição de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, a respeito

do artigo 11 da LIA:7

A leitura do caput do dispositivo denota claramente que a improbidade poderá estar


consubstanciada com a violação aos princípios da legalidade e da imparcialida-
de (impessoalidade), o mesmo ocorrendo com a inobservância dos valores de hones-
tidade e lealdade às instituições, derivações diretas do princípio da moralidade. A
moralidade, por sua vez, concentra o sumo de todos os valores extraídos dos princípios
regentes da atividade estatal, o que permite dizer que a tipologia constante do art. 11
da Lei n. 8.429/1992 a todos alcança, ainda que advenham de princípios implícitos no
sistema. Evidentemente, o rol de princípios constante do art. 11 é meramente exem-
plificativo, pois não seria dado ao legislador infraconstitucional restringir ou suprimir
aqueles previstos na Constituição.

A jurisprudência, por sua vez, consolidou entendimento de que é necessária

a configuração da má-fé, na conduta do agente, para que se possa caracterizar

a improbidade.

7
GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade Administrativa. 6. ed. Rio de janeiro: Lumen Juris, 2011.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Nesse sentido, observou o Ministro Luiz Fux:8

(...) a má-fé é premissa do ato ilegal e ímprobo. Consectariamente, a ile-


galidade só adquire o status de improbidade quando a conduta antijurídica fere
os princípios constitucionais da Administração Pública coadjuvados pela má-fé
do administrador. A improbidade administrativa, mais que um ato ilegal,
deve traduzir, necessariamente, a falta de boa-fé, a desonestidade.

A Lei n. 8.429/1992 prevê que, em relação à violação dos princípios da Adminis-

tração, se houver o dolo do agente público, não é necessário que tenha ocorrido dan-

do patrimonial ou enriquecimento ilícito, para que seja cabível a ação de improbidade.

Quem pode ajuizar uma Ação de Improbidade Administrativa

De acordo com a Lei n. 8.429/1992, podem ser autores da Ação de improbidade:

• a pessoa jurídica efetivamente afetada pelo ato (que foi aquela que sofreu

o ato ímprobo do agente);

• o Ministério Público.

Veja o que diz o art. 17 da LIA:

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público
ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

O art. 1º, caput e parágrafo único, traz uma lista de pessoas jurídicas, que

podem ser autoras da Ação de improbidade:

• administração direta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal, dos Municípios, de Território;

• administração indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos

ESTADOS, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território;

8
STJ – REsp n. 480. 387-SP.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

• empresa incorporada ao patrimônio público;

• entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra

com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual;

• entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de

órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja

concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual.

Art. 1º Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou


não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Po-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja cria-
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbi-
dade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos
cofres públicos.

O Réu na Ação de Improbidade

O Réu na Ação Judicial é o sujeito que cometeu a improbidade. A lei deter-

mina que será o agente público, que pode ter agido com ou sem a cooperação

de terceiro.

Ao tratar do agente público, a LIA o fez de forma ampla, no art. 2º:

Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

O art. 3º, por sua vez, estabelece que terceiros, que não são agentes públicos,
também poderão ser réus na ação de improbidade.

Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Usando essa técnica, a LIA definiu quem é o agente público e quem será consi-
derado o terceiro.
O sujeito ativo da improbidade (quem praticou o ato ímprobo) está previsto
no art. 2º da LIA: o agente público, ou seja, qualquer pessoa que exerça fun-
ção pública, ainda que esse exercício seja transitório e sem remuneração.
O art. 3º determina que as disposições da lei também serão aplicadas a tercei-
ros que, mesmo não sendo agentes públicos, induzam ou concorram para a prática
do ato de improbidade, ou dele se beneficiem, direta ou indiretamente.

Categorias de Improbidade Administrativa

O texto inicial da Lei n. 8.429/1992 apresentava, originalmente, três catego-


rias de improbidade administrativa, previstas nos artigos 9º, 10 e 11.
Mas, em 30/12/2016, com a promulgação da LC n. 157, foi acrescentado à LIA
o art. 10-A, que prevê uma quarta categoria de improbidade.
A LC n. 157, além de acrescentar a nova categoria de improbidade, alterou
outros pontos da LIA. Foram estabelecidas novas sanções e ampliada a legiti-
midade ativa para a propositura da Ação Judicial.
Foram incluídos na Lei n. 8.429/1992, pela LC n. 157/2016, os seguintes dispositivos:
• art. 12-A;
• inciso IV no art. 12;

• § 13º no art. 17.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Como disse há pouco, antes da promulgação da LC n. 157/2016, a LIA previa

três categorias de atos de improbidade administrativa.

• Art. 9º: atos que importam enriquecimento ilícito do agente público ou de

terceiros.

• Art. 10: atos que causam danos ao erário.

• Art. 11: atos que atentam contra os princípios da Administração Pública.

O Art. 10-A trouxe a nova categoria:

• Art. 10-A: atos de Improbidade Administrativa decorrentes de concessão ou

aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário.

Com o acréscimo do art. 10-A, o agente público que descumprir a regra do

percentual mínimo de 2%, para alíquota do ISS, ficará sujeito às sanções previstas

no inciso IV do art. 12.

Outra inovação, promovida pela LC n. 157/2016, foi a inclusão de mais um

legitimado à propositura da Ação de Improbidade: o Município ou Distrito

Federal, que podem ajuizar a ação contra seus agentes que tenham concedido o

benefício fiscal ou incentivo em desconformidade com a lei. É o que estabelece o

novo § 13º do art. 17.

O legislador da LC n. 157/2016, quando fez essas alterações na Lei de Impro-

bidade Administrativa, provavelmente se inspirou em um julgado do STF: Arguição

de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 190.

Nesse julgamento, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional uma

lei do Município de Poá (SP), que reduzia a base de cálculo do Imposto sobre Ser-

viços de Qualquer Natureza (ISSQN).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Na ADP n. 190, foi argumentado pelo autor (o DF) que aquela lei municipal

prejudicava a arrecadação dos demais entes federados, o que configurava medida

de “guerra fiscal”.

O entendimento do STF foi que, quando uma lei municipal trata de base de cál-

culo do tributo, incorre em tema de competência da União, além de afrontar di-

retamente o art. 88 do ADCT, segundo o qual a alíquota mínima do ISSQN é de 2%.

Pois bem, caro(a) aluno(a), com essas alterações, a Lei n. 8.429/1992, atual-

mente, prevê quatro categorias de atos improbidade administrativa.

• Art. 9º: atos que importam em enriquecimento ilícito.

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito


auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratifica-
ção ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
II – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, per-
muta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades
referidas no art. 1º por preço superior ao valor de mercado;
III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, per-
muta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço
inferior ao valor de mercado;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou ma-
terial de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre-
gados ou terceiros contratados por essas entidades;
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer
declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro ser-
viço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou
bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou fun-
ção pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;
VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessora-
mento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante
a atividade;
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
pública de qualquer natureza;
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para
omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei.

• Art.10: atos que causam lesão ao Erário.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio parti-
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie;
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de
fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qual-
quer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patri-
mônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de
serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço
superior ao de mercado;
VI – realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares
ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades


legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração
de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz
respeito à conservação do patrimônio público;
XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipa-
mentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidor públi-
co, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de servi-
ços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei;
XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio par-
ticular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transfe-
ridos pela Administração Pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela Administração Pública a entidade
privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVIII – celebrar parcerias da Administração Pública com entidades privadas sem a ob-
servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX – frustrar a licitude de processo seletivo para celebração de parcerias da Adminis-
tração Pública com entidades privadas ou dispensá-lo indevidamente;
XX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de con-
tas de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas;
XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades
privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
para a sua aplicação irregular.

• Art. 10-A: atos de improbidade administrativa decorrentes de concessão ou

aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para
conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003.

• Art. 11: atos que atentam contra os princípios da Administração Pública.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
na regra de competência;
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
V – frustrar a licitude de concurso público;
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respecti-
va divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço;
VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas
de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas;
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

O fato de haver quatro categorias distintas não significa que estão rigidamente

separadas. É fácil perceber que os arts. 9º, 10 e 11, nos seus respectivos caputs,

permitem que o enquadramento em diversas situações de fato.

Os incisos trazem condutas específicas, mas os tipos arrolados não esgotam

todas as possibilidades de enquadramento de condutas ímprobas. Caberá ao judi-

ciário verificar os casos de enquadramento ou não, no momento de aplicar a lei.

Em relação ao elemento subjetivo da improbidade administrativa disciplinada

pela LIA, a lei exige, para que se possa enquadrar uma conduta como tal, a exis-

tência de dolo ou culpa do sujeito ativo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

A violação dos princípios, por exemplo, pode caracterizar improbidade ad-

ministrativa do agente público ou de terceiro, desde que exista dolo e má-fé,

conforme ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro:9

(...) O enquadramento na lei de improbidade exige culpa ou dolo por parte do sujeito
ativo. Mesmo quando algum ato ilegal seja praticado, é preciso verificar se houve culpa
ou dolo, se houve um mínimo de má-fé que revele realmente a presença de um com-
portamento desonesto.
(...) por isso mesmo, a aplicação da lei de improbidade exige bom-senso, pesquisa da
intenção do agente, sob pena de sobrecarregar-se inutilmente o Judiciário com questões
irrelevantes, que podem ser adequadamente resolvidas na própria esfera administrativa.
A própria severidade das sanções previstas na Constituição está a demonstrar que o ob-
jetivo foi o de punir infrações que tenham um mínimo de gravidade, por apresentarem
consequências danosas para o patrimônio público (em sentido amplo), ou propiciarem
benefícios indevidos para o agente ou para terceiros. A aplicação das medidas previstas
na lei exige a observância do princípio da razoabilidade, sob seu aspecto de proporcio-
nalidade entre meios e fins.

Cabe relembrar que o STJ fixou jurisprudência no sentido de que, para que se

possa identificar a conduta do agente público como típica, é necessário que se en-

contre o elemento subjetivo, consubstanciado no dolo para os tipos previstos nos

artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10.10

É importante lembrar que a responsabilidade dos agentes públicos será

sempre subjetiva, com fundamento na Constituição de 1988. Então, é necessá-

rio que se reconheça a existência de, pelo menos, culpa do atente, para que se

possa responsabilizá-lo.

9
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
10
STJ – REsp. 1193160/RS e precedentes: REsp 1130198/RR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
15/12/2010; AREsp 479. 812/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJe 27/9/2010; REsp
1149427/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 9/9/2010; AREsp 875. 163/RS, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 30/6/2010; REsp 414. 697/RO, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 16/9/2010.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Embora não esteja explícito na lei, a improbidade administrativa envolve, ne-

cessariamente, a prática de condutas gravemente culposas ou dolosas, não se ad-

mitindo responsabilidade objetiva.

Como já disse, o fundamento está no texto constitucional, que consagra a res-

ponsabilidade subjetiva dos agentes públicos em geral, nas ações regressivas.

Sanções por Improbidade Administrativa e Gradação das Penas

A Lei de Improbidade, ao estipular as penalidades, observou a determinação

do art. 37, § 4º, da Constituição de 1988, no sentido de estabelecer a gradação

das sanções.

O art. 12 da LIA previu as penas, que poderão ser aplicadas isolada ou cumu-

lativamente, de acordo com a gravidade do fato.

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na


legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato: (Redação dada pela Lei n. 12.120, de 2009)
I – na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimô-
nio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o
valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II – na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou rece-
ber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III – na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da fun-
ção pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa
civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

IV – na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do bene-
fício financeiro ou tributário concedido.
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a ex-
tensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

As sanções não são, obrigatoriamente, aplicadas de forma cumulativa. A apli-

cação das penas exige a análise do caso concreto, com observância aos princípios

da proporcionalidade e da razoabilidade. O julgador deverá fazer a dosimetria,

levando em conta a extensão do dano causado, a gravidade da conduta e a

intensidade do elemento subjetivo do agente.

Vejamos um julgado que trata desse tema:

(...) A aplicação das sanções da Lei n. 8.429/1992 deve ocorrer à luz do princí-
pio da proporcionalidade, de modo a evitar sanções desarrazoadas em relação
ao ato ilícito praticado, sem, contudo, privilegiar a impunidade. Para decidir
pela cominação isolada ou conjunta das penas previstas no artigo 12 e incisos,
da Lei de Improbidade Administrativa, deve o magistrado atentar para as cir-
cunstâncias peculiares do caso concreto, avaliando a gravidade da conduta, a
medida da lesão ao erário, o histórico funcional do agente público etc. (STJ –
REsp 300184/SP – Rel. Min. Franciulli Netto).

Outro ponto que merece destacar é que a responsabilidade por improbidade

administrativa é autônoma, no sentido de que o agente público pode responder

também nas instâncias penais, civis e administrativas, além de ser punido nas pe-

nas do art. 12 da LIA.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Aplicação do Princípio da Insignificância

O princípio da insignificância é incompatível com o sistema da Lei n. 8.429/1992,

sobretudo com o artigo 11, que cuida dos princípios da Administração Pública. Esse

princípio não se aplica em Ações de Improbidade Administrativa, pelo fato de que

o bem jurídico protegido ser a moralidade pública.

A lei quer que sejam punidos os atos que atentam contra o princípio constitu-

cional da moralidade administrativa e, por essa razão, não há como se falar em

insignificância de moralidade.

Como vimos, no tópico anterior, a LIA arrola os atos de improbidade, nas cate-

gorias: enriquecimento ilícito; prejuízo ao erário; concessão ou aplicação indevida

de benefício financeiro ou tributário; e atos que atentem contra os princípios da

Administração Pública. É impossível imaginar a aplicação do princípio da insignifi-

cância nesses casos!

A lei quer que os agentes públicos sejam punidos quando cometerem improbi-

dades e, por isso, não concedeu ao Judiciário poderes para considerar insignificân-

cia em conduta ímproba.

Medidas Cautelares

A lei prevê a concessão de medida liminar, em Ação de Improbidade Admi-

nistrativa. O fundamento dessa medida é a necessidade de ser garantida a

efetividade da Ação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

José Frederico Marques11 ensina que:

(...) a ameaça de lesão grave e de difícil reparação é o periculum in mora. Se a ameaça


não existe, ou se o risco da dilação processual não se refere à lesão grave, – não cabe
medida cautelar. Igualmente será esta inadmissível, se o ato lesivo, apesar de grave,
for de fácil reparação (...)
Outro pressuposto da cautelar é o fumus boni iuris é outro pressuposto da tutela cau-
telar, razão pela qual, quando se pede uma antecipação provisória do resultado final
do processo, deve haver uma pretensão provável, como objeto indireto ou mediato do
processo cautelar.

A Lei de Improbidade Administrativa prevê três espécies de providências

cautelares, cabíveis nas ações de improbidade administrativa.

• A decretação da indisponibilidade dos bens do agente e terceiros envol-

vidos (art. 7º da LIA):

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar


enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

• O sequestro dos bens do agente público ou de terceiro que tenha enriquecido

ilicitamente ou causado danos ao patrimônio público (art. 16 da LIA), inclusive

de contas bancárias e aplicações financeiras no Brasil ou no exterior, de forma

a garantir o ressarcimento dos danos ou o efetivo perdimento dos bens ilicita-

mente acrescidos aos seus patrimônios (artigos 5º, 6º e 16 da LIA).

Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa,
do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro benefi-
ciário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a
decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicita-
mente ou causado dano ao patrimônio público.

11
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 1990. v. 4.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e
825 do Código de Processo Civil.
§ 2º Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,
contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos ter-
mos da lei e dos tratados internacionais.

• O afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função,

sem prejuízo de sua remuneração, quando a medida se fizer necessária para

a instrução processual (art. 20 da LIA).

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determi-
nar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

Pode ocorrer, ainda, a alienação antecipada dos bens, para preservação do

valor patrimonial.

A necessidade de adoção dessas medidas cautelares deverá ser analisada cui-

dadosamente pelo juiz, diante da verificação de elementos de provas que susten-

tem tanto o pedido quanto a decisão.

A indisponibilidade de bens não se confunde com o sequestro dos bens!

O sequestro retira a posse dos bens do indiciado.

A indisponibilidade, ao contrário, não retira. O indiciado permanece na posse,

gerência e administração dos seus bens, na, só não podendo se desfazer deles.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

A medida cautelar que decreta a indisponibilidade de bens, prevista no art.

7º, parágrafo único, da Lei n. 8.429/1992, exige fortes indícios de responsabili-

dade do agente, em especial nas condutas que causem dano ao Erário.

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar


enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre
bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimo-
nial resultante do enriquecimento ilícito.

Outra hipótese é ser feita a venda antecipada dos bens, por determinação

do juiz, a requerimento do autor da Ação de Improbidade. Essa medida tem a fi-

nalidade de preservar os valores correspondentes aos bens apreendidos, se

esses bens forem sujeitos à depreciação, desvalorização ou descaracterização, pelo

tempo ou pelo simples envelhecimento inevitável.

O afastamento do agente público é outra medida cautelar, que passaremos

a analisar agora, em tópico específico, devido a suas peculiaridades.

Afastamento Preventivo do Agente Público


O entendimento que prevalece, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, é no

sentido de que, por envolver matéria que interfere diretamente no princípio

da separação dos poderes, esse afastamento deverá ser aplicado nos estritos

termos do art. 20, parágrafo único, da Lei n. 8.429/1992:

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determi-
nar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Perceba que esse dispositivo determina que a perda da função só se efetivará

com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

O parágrafo único do artigo, por sua vez, autoriza o afastamento liminar do

agente público, desde que a medida se faça necessária à instrução processual.

Esse afastamento preventivo é medida excepcional, pois o ordenamento consti-

tucional se ampara nos princípios da presunção de inocência e na garantia de

direitos fundamentais do indivíduo, entre outros.

Trata-se de medida que deve ser aplicada com cautela, dentro dos restritos

casos de necessidade e não basta ser alegada necessidade de defesa do interesse

público, pois o que fundamenta o afastamento cautelar é o fato de a medida ser

necessária à instrução processual, ou seja, quando a manutenção do agente no

cargo cria obstáculos à averiguação dos fatos.

Só será lícito o afastamento preventivo quando a manutenção do agente na

função impeça ou dificulte a condução imparcial da coleta de provas.

Quanto ao prazo de afastamento, não há previsão na LIA. O juiz deverá

fixar prazo razoável, dentro das peculiaridades da causa, a fim de assegurar

a instrução.

O Procedimento Administrativo de Apuração da Improbidade


Antes do processo judicial propriamente dito, a LIA prevê, nos artigos 14 a 16,

um procedimento administrativo, que servirá de base para o processo judicial.

Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente


para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qua-
lificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
provas de que tenha conhecimento.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamenta-


do, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição
não impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata
apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na for-
ma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei n. 8. 112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal
ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prá-
tica de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a
decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicita-
mente ou causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e
825 do Código de Processo Civil.
§ 2º Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,
contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos ter-
mos da lei e dos tratados internacionais.

A Ação Judicial de Improbidade Administrativa


Na esfera judicial, o processo, disciplinado nos arts. 17 e 18 da LIA, será pro-

posto pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, sendo vedados a

transação, o acordo ou a conciliação.

A atuação do Ministério Público é obrigatória nessa Ação, seja como parte ou

como fiscal da lei, sob pena de nulidade do processo.

O Autor da Ação de Improbidade


Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Públi-
co ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoria-


mente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
Outra inovação promovida pela LC n. 157/2016 na Lei n. 8.429/1992 foi a inclusão de
mais um legitimado à propositura da Ação de Improbidade: O Município ou Distrito Fe-
deral, que podem ajuizar a ação contra seus agentes que tenham concedido o benefício
fiscal ou incentivo em desconformidade com a lei.

O § 13 do art. 17 estabelece o seguinte:

§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada o
ente tributante que figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º
do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído
pela Lei Complementar n. 157, de 2016)

O Réu da Ação de Improbidade

Na Ação de Improbidade Administrativa, o polo passivo será preenchido pelo

agente público e todos os que tenham concorrido para a prática do ato de im-

probidade administrativa ou dele se beneficiado, mesmo que esses não sejam

agentes públicos.

A Petição Inicial

A petição inicial será instruída com documentos que contenham indícios sufi-

cientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da im-

possibilidade de apresentação de qualquer dos documentos (art. 17, § 6º), sendo,

nesse caso, a fase instrutória mais extensa.

Art. 17.
(...)
6º A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios sufi-
cientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impos-
sibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente,
inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

A petição inicial deve conter:

• a narrativa dos atos de improbidade imputados ao agente público requerido

e seu enquadramento;

• a demonstração da existência da improbidade administrativa arrolada na inicial;

• as provas já disponíveis (pré-constituídas) sobre a veracidade dos fatos

alegados; e

• o pedido, arrolando todas as sanções pretendidas, uma vez que a petição

inicial fixa os limites do litígio, e a sentença não pode ser de natureza diversa

do pedido, ultra ou extra petita.

Notificação Prévia do Agente Público


Esse é um aspecto sui generis, característico do procedimento judicial das

Ações de Improbidade.

A LIA traz a previsão de notificação do requerido (art. 17, § 7º), antes mesmo

que o juiz aceite a causa e promova sua citação.

Art. 17.
(...)
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notifica-
ção do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.

A lei estabelece dois momentos processuais diversos: a notificação do acu-

sado, estando a petição inicial em devida forma; e, em momento posterior, a

citação, quando o juiz recebe a inicial.

Art. 17.
(...)
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

A lei fixou uma fase preliminar ao recebimento da inicial, em que o juiz

recebe uma manifestação escrita do acusado, e, após essa manifestação, o

magistrado decidirá, em decisão fundamentada, se recebe ou não a petição inicial.

Essa medida visa prevenir ações implausíveis.

Sobre isso, vejamos o que diz Waldo Fazzio Júnior:12

(...) A prestação de informações prevista no art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/1992 tem por
fito evitar o trâmite de ações de improbidade administrativa destituídas de um mínimo
de fundamento ou temerárias. Se, efetivamente, improcede a pretensão do Ministério
Público ou da pessoa jurídica, o réu tem, aqui, a primeira oportunidade para obstar o
recebimento de petição inicial.

A função da notificação prévia do acusado é dar a ele ciência da ação, permi-

tindo sua manifestação, que poderá ser instruída com documentos e justificações.

A notificação do art. 17, § 7º, é obrigatória, mas sua ausência só importará a

nulidade do processo se ficar provado que da omissão resultou algum prejuízo.

O Recebimento da Petição Inicial


Após a notificação do acusado e o transcurso do prazo de quinze dias para mani-

festação, o juiz deverá proferir decisão fundamentada, declarando se rejeitará

a ação (art. 17, § 8º) ou se receberá a inicial (art. 17, § 9º). No último caso,

deverá ser feita a citação do réu.

Então, num primeiro momento, o juiz verifica a presença ou não dos requisitos

da petição inicial.

Nesse momento inicial o juiz não analisa se existe ou não ato de improbidade, pois

essa matéria já entra no mérito, que só será analisado após a instrução processual.

12
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Atos de improbidade administrativa: doutrina, legislação e jurisprudência. São
Paulo: Atlas, 2007.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Após a manifestação do acusado, a decisão judicial que recebe a petição inicial

tem como fundamento a verificação de indícios da ocorrência de improbidade.

Nessa fase processual, o juiz deverá priorizar o interesse público, o que eviden-

temente ocorrerá como o desenvolvimento do processo.

A rejeição da ação é um fato excepcional, que somente poderá ocorrer diante

da total improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.

A Participação do Ministério Público na Ação de Impro-


bidade
A LIA, que deu ao Ministério Público enorme responsabilidade, no que se refere

à improbidade administrativa, não foi a primeira lei a dar legitimidade ao MP para

a defesa do patrimônio público ou moralidade pública.

Antes da Lei n. 8.429/1992, o MP já tinha legitimidade para instaurar inquérito

civil público ou promover Ação Civil Pública, com o fim de apurar enriquecimento

ilícito de agentes públicos, bem como para promover a defesa judicial de qualquer

interesse coletivo ou difuso.

Coube à Constituição de 1988 indicar a forma processual da atuação do MP,

no inciso III do art. 129:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


(...)
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

O inquérito civil é um procedimento administrativo investigatório, a car-

go do Ministério Público, que tem por fim coletar elementos que sirvam de base

à propositura de uma futura ação civil pública.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Então, para que o MP possa identificar a existência de uma situação que exija

sua iniciativa, para a propositura de uma Ação, poderá realizar um procedimento

investigatório, denominado inquérito civil público.

No inquérito civil, não são assegurados o contraditório e a ampla defesa, pelo

fato de não haver litigantes nem ter caráter punitivo.

Somente mais adiante, após a instauração da Ação Civil Pública, é que esses

direitos constitucionais serão exercidos amplamente.

A investigação e as provas colhidas no inquérito civil não podem ser despre-

zadas e serão confrontadas com os princípios do contraditório e da ampla defesa

no curso da Ação Civil Pública.

Inexistência de Foro Privilegiado

Não há foro privilegiado na ação de improbidade administrativa.

Para que possamos compreender algumas situações peculiares sobre esse tema,

é necessária uma breve análise do tratamento dedicado aos agentes públicos, na

legislação que rege a ação de improbidade.

A expressão “agente público”, citada no art. 2º da LIA, é genérica. São incluí-

dos nesse gênero até os “agentes políticos”, que integram a cúpula constitucional

do Estado.

Sabemos que agentes públicos respondem, nas esferas civil, penal, administra-

tiva e, em determinados casos, política, pelo exercício irregular de suas atribuições.

Caso venham a cometer ato ilícito, no exercício da função pública, estarão sujeitos

à responsabilização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

A Constituição Federal de 1988, no § 4º do art. 37, ao prever a aplicação de

punição por improbidade, deixa expresso que as respectivas sanções administra-

tivas não impedem o ajuizamento “da ação penal cabível”. Perceba que, com isso,

ficou claro que a natureza da ação de improbidade é cível.

Art. 37
[...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políti-
cos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Para completar, a Lei n. 8.429/1992, no artigo 12, caput, determina o seguinte:

Art. 12. independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas


na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às comi-
nações nela descritas.

Diante dessas normas, não há como ignorar que o agente público, inclusive o

político, está sujeito tanto às sanções penais (crimes de responsabilidade) quan-

to àquelas previstas na Lei de Improbidade, desde que sua conduta, obviamen-

te, se enquadre nas hipóteses descritas nas respectivas legislações pertinentes.

Ocorre que, se o agente político cometer um ato que seja, ao mesmo tempo,

improbidade e crime de responsabilidade, a Lei de Improbidade Administrativa

não será aplicada ao caso. Isso porque esses agentes têm foro criminal privile-

giado, por prerrogativa de função.

Dessa forma, os agentes elencados no art. 102, I, “c”, da CF/1988, serão

julgados pelo STF, enquanto os elencados no art. 105, I, “a”, da CF/1988, serão

julgados pelo STJ.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Por outro lado, o STJ, já decidiu que

(…) ex-prefeito não se enquadra dentre aquelas autoridades que estão sub-
metidas à Lei n. 1. 079/1950, que dispõe sobre os crimes de responsabilidade,
podendo responder por seus atos na via da ação civil pública de improbidade
administrativa (REsp. 764. 836/SP, Rel. p/acórdão Min. FRANCISCO FALCÃO,
j. 19/02/2008).

Então, como a Ação de Improbidade Administrativa possui natureza civil,

sendo julgada em uma das Varas Cíveis, de 1ª instância, nesse caso, não há

prerrogativa de foro, que só será possível nos casos estritamente fixados pela

própria Constituição.

Prescrição
A LIA cuida da prescrição, no art. 23:

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I – até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou
de função de confiança;
II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares pu-
níveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.
III – até cinco anos da data da apresentação à Administração Pública da prestação de
contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei.

Resumindo:

• mandato, cargo em comissão ou função de confiança: cinco anos, a partir

do término do mandato ou do exercício do cargo em comissão ou função de

confiança, ou seja, quando o agente público se desvincula do mandato, cargo

ou função exercida, tem início a contagem do prazo prescricional;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

• servidores públicos a efetivos ou empregados públicos: prazo prescricio-

nal fixado pelos respectivos estatutos, para faltas disciplinares punidas

com a demissão;

• o início da contagem do prazo prescricional, nesse caso, será o momento em

que a Administração tomar conhecimento do ato de improbidade.

A prescrição se aplica apenas às sanções previstas no art. 12 da lei.

O dever de ressarcimento ao erário, por prejuízo causado, não prescreve!

Então, se o pedido for apenas de ressarcimento ao erário, não há que se falar

em prescrição. Nesse caso, aplica-se o disposto no § 5º do art. 37 da Constitui-

ção Federal:

Art. 37
(...)
§ 5º lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agen-
te, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.

O Constituinte, ao atribuir ao legislador ordinário a tarefa de estabelecer pra-

zos prescricionais para ilícitos praticados por agentes administrativos, fez uma

ressalva, alertando que a ação de reparação de danos causados ao erário é im-

prescritível, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal.

Vamos ver a jurisprudência já firmada sobre o tema.

Em 8 de agosto de 2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6

a 5 votos, que ações de ressarcimento ao erário por improbidade adminis-

trativa são imprescritíveis.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Votaram pela imprescritibilidade das ações os ministros Fachin, Rosa Weber,

Celso de Mello, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. Já os ministros

Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco

Aurélio se posicionaram a favor do prazo de cinco anos.

Caro(a) aluno(a), com isso, concluímos nossa aula.

Vamos, agora, à resolução das questões de provas anteriores, para a completa

fixação do conteúdo.

Bons estudos e até a próxima aula!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1    (FGV/PREFEITURA DE NITERÓI-RJ/ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

E GESTÃO GOVERNAMENTAL/2018) Paulo Passarinho de Andrade, Secretário de

Cultura do Município Alfabeta, é réu em ação de improbidade movida pelo Ministé-

rio Público. A ele é atribuída a doação de computadores antigos, embora funcionais,

que pertencem ao patrimônio municipal, para uma escola particular de propriedade

da esposa de um servidor de sua pasta.

O Secretário, em sua defesa, afirma não ter recebido qualquer quantia pela re-

ferida doação, que os computadores já haviam sido substituídos por outros mais

modernos, que não houve dolo e que, inclusive, desconhecia o parentesco entre a

proprietária da escola e o servidor municipal.

Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) O Secretário incorreu na prática de ato de improbidade que causa prejuízo ao

Erário, cuja caracterização independe da existência de dolo.

b) A conduta atribuída ao Secretário configurou ato de improbidade que atenta

contra os princípios da Administração, sendo necessária a presença do dolo para

sua caracterização.

c) O Secretário, pela imputação do ato de improbidade descrito na ação proposta

pelo Ministério Público, deverá ser afastado de suas funções até o trânsito em jul-

gado da decisão.

d) A conduta atribuída ao Secretário configura ato de improbidade que atenta con-

tra os princípios da Administração, não sendo necessária a presença do dolo para

sua caracterização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 2    (FGV/AL-RO/ANALISTA LEGISLATIVO/2018) Determinado gestor públi-

co, no exercício de suas funções, não obstante provocado pelo Ministério Público,

deixou de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

De acordo com a Lei n. 8.429/1992, em tese, o agente público

a) não cometeu ato de improbidade administrativa, por falta de tipicidade legal,

mas está incurso em crime de responsabilidade.

b) não cometeu ato de improbidade administrativa, por falta de dano ao erário,

mas está sujeito à punição na esfera disciplinar.

c) não cometeu ato de improbidade administrativa, por falta de repercussão crimi-

nal da conduta, mas está sujeito à multa administrativa.

d) cometeu ato de improbidade administrativa e está sujeito, dentre outras, à per-

da da função pública e suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos.

Questão 3    (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) Maria, consultora legis-

lativa da Assembleia Legislativa de Rondônia, foi designada para secretariar, admi-

nistrativamente, uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

No curso da CPI, Maria revelou fato constante no processo administrativo de que

tinha ciência em razão de suas atribuições e que devia permanecer em segredo.

Em tese, de acordo com as disposições da Lei n. 8.429/1992, Maria

a) não praticou ato de improbidade administrativa, mas está sujeita à sanção por

falta funcional, após regular processo administrativo disciplinar, assegurados o con-

traditório e a ampla defesa.

b) não praticou ato de improbidade administrativa, pois não houve dano ao erário,

que é imprescindível para configuração do ato ímprobo, cuja consequência, dentre

outras, é a sanção de ressarcimento ao erário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

c) praticou ato de improbidade administrativa, desde que comprovado que auferiu

vantagem patrimonial indevida e está sujeita, dentre outras sanções, à perda da

função pública.

d) praticou ato de improbidade administrativa, independentemente de comprova-

ção de dano ao erário ou de que tenha auferido vantagem patrimonial indevida, e

está sujeita, dentre outras sanções, à multa civil.

Questão 4    (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) O Estado Alfa ajuizou

ação civil por ato de improbidade administrativa em face de Pedro, dirigente de

uma organização social (OS) que celebrara contrato de gestão com a Secretaria de

Estado de Saúde, visando à administração de duas unidades hospitalares.

Após a finalização do contrato de gestão constatou-se que parte dos recursos foi

entregue, por Pedro, a familiares que se encontravam em dificuldade financeira, os

quais achavam que os recursos tinham origem na remuneração de Pedro.

Sobre o caso apresentado, considerando a disciplina estabelecida pela Lei n.

8.429/1992, assinale a afirmativa correta.

a) Pedro e seus familiares não podem ser responsabilizado por ato de improbidade

administrativa, pois a OS não integra a Administração Pública.

b) Pedro, juntamente com seus familiares, pode ser responsabilizado por ato de

improbidade administrativa que importa em dano ao patrimônio público.

c) Pedro, juntamente com seus familiares, pode ser responsabilizado por ato de

improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito.

d) Pedro pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa que im-

porta em dano ao patrimônio público, não seus familiares.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 5    (FGV/AL-RO/ADVOGADO/2018) A deputada estadual Maria, à época

Presidente da Assembleia Legislativa, no exercício dessa função, firmou contrata-

ção direta com determinada sociedade empresária, mediante dispensa de licitação

fora das hipóteses legais.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em tese, Maria praticou

a) ato de improbidade administrativa, desde que haja a comprovação imprescin-

dível de seu dolo (específico) ou má-fé, e que tenha ocorrido efetivo prejuízo aos

cofres públicos.

b) ato de improbidade administrativa, desde que haja a comprovação imprescindí-

vel de seu dolo (que pode ser genérico), e que tenha ocorrido efetivo prejuízo aos

cofres públicos.

c) ato de improbidade administrativa, desde que haja a comprovação imprescindí-

vel de que a agente auferiu vantagem patrimonial indevida em razão da contrata-

ção ilícita ou de que houve dano ao erário.

d) ato de improbidade administrativa, que gerou lesão ao erário (dano in re ipsa), na

medida em que o poder público perdeu a oportunidade de contratar melhor proposta.

Questão 6    (FGV/PREFEITURA DE NITERÓI-RJ/AUDITOR MUNICIPAL DE CONTROLE

INTERNO/2018) Paulo da Silva, servidor público, casado com 3 filhos menores, tem

vencimentos da ordem de R$ 10.000,00. Após 4 anos de sua posse, ele tem um in-

vejável patrimônio: um apartamento com vista para o mar e carro importado, bem

como casa de praia e lancha. Nesse caso,

a) há presunção absoluta da prática de ato de improbidade administrativa, não

sendo necessário provar a prática de fato ilícito antecedente.

b) é necessário comprovar o fato antecedente, tal como corrupção passiva, para se

concluir pela improbidade administrativa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

c) há presunção relativa de ato de improbidade administrativa, que pode ser elidida

pela comprovação da origem legítima dos bens.

d) é indispensável provar o fato ilícito antecedente, sob pena de se permitir a prá-

tica de arbitrariedades no serviço público.

Questão 7    (FGV/TJ-SC/OFICIAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE/2018) Maria, Oficial

da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em diligência

fiscalizatória, constatou que Márcia, dona de um bar, vendeu bebida alcoólica para

uma criança. Para deixar de adotar as providências legais cabíveis, Maria recebeu,

para si, cinco mil reais em espécie, a título de presente de Márcia. No caso em tela,

sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais e administrativas, em razão do

ilícito praticado:

a) Maria deve ser responsabilizada por ato de improbidade administrativa, mas

Márcia não pode sê-lo, eis que não é servidora pública.

b) Maria e Márcia não podem ser responsabilizadas por ato de improbidade admi-

nistrativa, eis que não houve prejuízo ao erário.

c) Maria deve ser responsabilizada por ato de improbidade administrativa, na quali-

dade de agente público, ocorrendo o mesmo com Márcia, na qualidade de particular

que concorreu e se beneficiou do ato.

d) Maria e Márcia não podem ser responsabilizadas por ato de improbidade admi-

nistrativa, por falta de tipicidade, mas devem responder na esfera penal, sendo que

Maria deve ser demitida após processo administrativo disciplinar.

Questão 8    (FGV/TJ-SC/ANALISTA JURÍDICO/2018) De acordo com a jurisprudên-

cia do Superior Tribunal de Justiça, para configuração dos atos de improbidade ad-

ministrativa que atentem contra os princípios da Administração Pública (art. 11, da

Lei n. 8.429/1992), é necessária a demonstração do:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

a) dano ao erário, o qual deverá ser objeto de ressarcimento aos cofres públicos.

b) enriquecimento sem causa, o qual deverá ser objeto de multa civil.

c) dolo, o qual não precisa ser específico, sendo suficiente o dolo genérico.

d) dolo ou da culpa, os quais precisam ser específicos para comprovação do ele-

mento subjetivo.

Questão 9    (FGV/TJ-SC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2018) Alexandre, Analista

Administrativo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no exercício da função, re-

cebeu vantagem econômica direta, consistente na quantia de trinta mil reais, para

fazer declaração falsa sobre quantidade, qualidade e característica de mercadorias

e bens fornecidos por sociedade empresária contratada por aquele Tribunal.

De acordo com a Lei n. 8.429/1992, Alexandre praticou:

a) ato ilícito disciplinar e está sujeito à pena de demissão, após processo adminis-

trativo disciplinar, mas não praticou ato de improbidade administrativa por falta de

dano ao erário.

b) ato ilícito civil e está sujeito à indenização com ressarcimento ao erário, após

processo judicial, mas não praticou ato de improbidade administrativa por falta

de tipicidade.

c) ato de improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário, e por isso está

sujeito, dentre outras sanções, à cassação de seus direitos políticos.

d) ato de improbidade administrativa que importou enriquecimento ilícito, e por

isso está sujeito, dentre outras sanções, ao pagamento de multa civil de até três

vezes o valor do acréscimo patrimonial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 10    (FGV/TJ-SC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2018) Os atos de improbi-

dade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a adminis-

tração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes do Estado de Santa

Catarina serão punidos na forma da Lei n. 8.429/1992, que se aplica em todos os

níveis da federação.

Nesse contexto, o ato de improbidade administrativa tem natureza de ilícito:

a) criminal, passível de sanções como a suspensão dos direitos políticos e a perda

da função pública, que são aplicadas pelo juízo criminal.

b) administrativo, passível de sanções como a perda da função pública e o ressar-

cimento ao erário, que são aplicadas mediante regular processo administrativo.

c) disciplinar, passível de sanções como a perda da função pública e a proibição

de contratar com o Poder Público, que são aplicadas mediante regular processo

administrativo.

e) cível, passível de sanções como a suspensão dos direitos políticos e a perda da

função pública, que são aplicadas pelo juízo cível.

Questão 11    (FGV/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR/2018) João, Policial Ci-

vil, no exercício da função, recebeu vantagem econômica, que consiste em mesada

no valor mensal de cinco mil reais, para tolerar a exploração e a prática de jogos de

azar na área circunscricional da Delegacia de Polícia onde está lotado.

Assim agindo, sem prejuízo das demais sanções penais, civis e administrativas

previstas na legislação específica, João:

a) não praticou ato de improbidade administrativa, eis que não houve prejuízo aos

cofres públicos, circunstância imprescindível para configuração do ato ímprobo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

b) praticou ato de improbidade administrativa, e está sujeito, dentre outras san-

ções, à cassação dos direitos políticos, ao ressarcimento ao erário e à perda da

função pública.

c) praticou ato de improbidade administrativa, e está sujeito, dentre outras san-

ções, à perda dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e da função pública.

d) praticou ato de improbidade administrativa, e está sujeito, dentre outras san-

ções, ao pagamento de multa civil de até dez vezes o valor da remuneração perce-

bida pelo agente.

Questão 12    (FGV/MPE-AL/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) Ernesto, ti-

tular de cargo de provimento efetivo, é vigia de uma repartição pública municipal.

Sensibilizado com a penúria financeira de Antônio, seu amigo de infância, deixou

a repartição aberta para que este último, durante a noite, pudesse subtrair dois

computadores do local. Antônio realizou a subtração e, apesar de sua insistência,

Ernesto se recusou a ficar com um dos computadores subtraídos. Considerando a

sistemática estabelecida na Lei n. 8.429/1992, assinale a afirmativa correta.

a) Antônio praticou ato de improbidade administrativa que importa em enriqueci-

mento ilícito, enquanto Ernesto incorreu na afronta aos princípios administrativos.

b) Antônio praticou ato de improbidade administrativa que importa em enriqueci-

mento ilícito, não sendo Ernesto passível de punição.

c) Ernesto praticou o ato de improbidade que importa em lesão ao erário, enquanto

Antônio incorreu em enriquecimento ilícito.

d) Ernesto e Antônio praticaram ato de improbidade que importa em lesão ao erário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 13    (FGV/MPE-AL/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) João, ser-

vidor público estadual e que permanecia com as chaves da repartição em que

trabalhava, permitiu que André, que não era servidor público, ali ingressasse e

subtraísse diversos computadores do local. Os bens subtraídos ficaram, em sua

integralidade, para André.

À luz da sistemática estabelecida na Lei n. 8.429/1992, João e André praticaram

ato de improbidade que consubstancia

a) violação aos princípios regentes da atividade estatal.

b) dano ao patrimônio público.

c) crime de responsabilidade.

d) enriquecimento ilícito.

Questão 14    (FGV/MPE-AL/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) O Ministério

Público recebeu informações de que determinado agente público teve evolução pa-

trimonial incompatível com a sua renda.

Considerando a tipologia dos atos de improbidade administrativa, prevista nos

artigos 9º, 10, 10-A e 11 da Lei n. 8.429/1992, é correto afirmar que essa conduta

pode ser enquadrada como

a) violação aos princípios regentes da atividade estatal.

b) dano ao patrimônio público.

c) excessiva exação tributária.

d) enriquecimento ilícito.

Questão 15    (FGV/TJ-AL/ANALISTA JUDICIÁRIO/2018) Antônio, Oficial de Jus-

tiça do Tribunal de Justiça de Alagoas, adquiriu, para si, durante o exercício do

cargo público, bem imóvel cujo valor é desproporcional à sua evolução patrimo-

nial e à sua renda.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

De acordo com o ordenamento jurídico, Antônio, em tese:

a) não praticou qualquer ato ilícito, seja na esfera disciplinar, seja em matéria de

improbidade administrativa.

b) praticou ato de improbidade administrativa, cujas sanções, dentre outras, con-

sistem em perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e res-

sarcimento integral do dano, quando houver.

c) não praticou ato de improbidade administrativa, mas cometeu falta disciplinar,

punível com pena de demissão.

d) não praticou ato de improbidade administrativa, mas cometeu falta disciplinar,

punível com pena de suspensão por noventa dias.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

GABARITO
1. a

2. d

3. d

4. d

5. d

6. c

7. c

8. c

9. d

10. d

11. c

12. d

13. b

14. d

15. b

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

GABARITO COMENTADO
Questão 1    (FGV/PREFEITURA DE NITERÓI-RJ/ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

E GESTÃO GOVERNAMENTAL/2018) Paulo Passarinho de Andrade, Secretário de

Cultura do Município Alfabeta, é réu em ação de improbidade movida pelo Ministé-

rio Público. A ele é atribuída a doação de computadores antigos, embora funcionais,

que pertencem ao patrimônio municipal, para uma escola particular de propriedade

da esposa de um servidor de sua pasta.

O Secretário, em sua defesa, afirma não ter recebido qualquer quantia pela re-

ferida doação, que os computadores já haviam sido substituídos por outros mais

modernos, que não houve dolo e que, inclusive, desconhecia o parentesco entre a

proprietária da escola e o servidor municipal.

Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) O Secretário incorreu na prática de ato de improbidade que causa prejuízo ao

Erário, cuja caracterização independe da existência de dolo.

b) A conduta atribuída ao Secretário configurou ato de improbidade que atenta

contra os princípios da Administração, sendo necessária a presença do dolo para

sua caracterização.

c) O Secretário, pela imputação do ato de improbidade descrito na ação proposta

pelo Ministério Público, deverá ser afastado de suas funções até o trânsito em jul-

gado da decisão.

d) A conduta atribuída ao Secretário configura ato de improbidade que atenta con-

tra os princípios da Administração, não sendo necessária a presença do dolo para

sua caracterização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Letra a.

Trata-se da prática de ato de improbidade administrativa que causa danos aos co-

fres públicos, previsto no art. 10. Essa hipótese admite o dolo ou a culpa, como

elementos subjetivos do tipo.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
(...)
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de
fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qual-
quer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

Questão 2    (FGV/AL-RO/ANALISTA LEGISLATIVO/2018) Determinado gestor públi-

co, no exercício de suas funções, não obstante provocado pelo Ministério Público,

deixou de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

De acordo com a Lei n. 8.429/1992, em tese, o agente público

a) não cometeu ato de improbidade administrativa, por falta de tipicidade legal,

mas está incurso em crime de responsabilidade.

b) não cometeu ato de improbidade administrativa, por falta de dano ao erário,

mas está sujeito à punição na esfera disciplinar.

c) não cometeu ato de improbidade administrativa, por falta de repercussão criminal

da conduta, mas está sujeito à multa administrativa.

d) cometeu ato de improbidade administrativa e está sujeito, dentre outras, à per-

da da função pública e suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Letra d.

Trata-se da prática de ato de improbidade administrativa que causa danos aos co-

fres públicos, previsto no art. 11, IX, da Lei n. 8.429/1992:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legisla-
ção. (Incluído pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência)

Questão 3    (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) Maria, consultora legis-

lativa da Assembleia Legislativa de Rondônia, foi designada para secretariar, admi-

nistrativamente, uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

No curso da CPI, Maria revelou fato constante no processo administrativo de que

tinha ciência em razão de suas atribuições e que devia permanecer em segredo.

Em tese, de acordo com as disposições da Lei n. 8.429/1992, Maria

a) não praticou ato de improbidade administrativa, mas está sujeita à sanção por

falta funcional, após regular processo administrativo disciplinar, assegurados o con-

traditório e a ampla defesa.

b) não praticou ato de improbidade administrativa, pois não houve dano ao erário,

que é imprescindível para configuração do ato ímprobo, cuja consequência, dentre

outras, é a sanção de ressarcimento ao erário.

c) praticou ato de improbidade administrativa, desde que comprovado que auferiu

vantagem patrimonial indevida e está sujeita, dentre outras sanções, à perda da

função pública.

d) praticou ato de improbidade administrativa, independentemente de comprova-

ção de dano ao erário ou de que tenha auferido vantagem patrimonial indevida, e

está sujeita, dentre outras sanções, à multa civil.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 50 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Letra d.

Trata-se da prática de ato de improbidade administrativa que causa danos aos co-

fres públicos, previsto no art. 11, III, da Lei n. 8.429/1992.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;

Questão 4    (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) O Estado Alfa ajuizou

ação civil por ato de improbidade administrativa em face de Pedro, dirigente de

uma organização social (OS) que celebrara contrato de gestão com a Secretaria de

Estado de Saúde, visando à administração de duas unidades hospitalares.

Após a finalização do contrato de gestão constatou-se que parte dos recursos foi

entregue, por Pedro, a familiares que se encontravam em dificuldade financeira, os

quais achavam que os recursos tinham origem na remuneração de Pedro.

Sobre o caso apresentado, considerando a disciplina estabelecida pela Lei n.

8.429/1992, assinale a afirmativa correta.

a) Pedro e seus familiares não podem ser responsabilizado por ato de improbidade

administrativa, pois a OS não integra a Administração Pública.

b) Pedro, juntamente com seus familiares, pode ser responsabilizado por ato de

improbidade administrativa que importa em dano ao patrimônio público.

c) Pedro, juntamente com seus familiares, pode ser responsabilizado por ato de

improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito.

d) Pedro pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa que im-

porta em dano ao patrimônio público, não seus familiares.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Letra d.
Pedro deverá ser responsabilizado, nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei
n. 8.429/1992.
Trata-se de ato de improbidade administrativa que importa em dano ao patrimô-
nio público, pois Pedro não auferiu qualquer tipo de vantagem patrimonial, mas
desviou os recursos, em proveito de seus familiares. Esses, por sua vez, não deve-
rão ser responsabilizados, pois, de acordo com o enunciado da questão, “achavam
que os recursos tinham origem na remuneração de Pedro”. Logo, não agiram de
má-fé, não tendo ciência da improbidade.

Questão 5    (FGV/AL-RO/ADVOGADO/2018) A deputada estadual Maria, à época


Presidente da Assembleia Legislativa, no exercício dessa função, firmou contrata-
ção direta com determinada sociedade empresária, mediante dispensa de licitação
fora das hipóteses legais.
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em tese, Maria praticou
a) ato de improbidade administrativa, desde que haja a comprovação imprescin-
dível de seu dolo (específico) ou má-fé, e que tenha ocorrido efetivo prejuízo aos
cofres públicos.
b) ato de improbidade administrativa, desde que haja a comprovação imprescindí-
vel de seu dolo (que pode ser genérico), e que tenha ocorrido efetivo prejuízo aos
cofres públicos.
c) ato de improbidade administrativa, desde que haja a comprovação imprescindí-
vel de que a agente auferiu vantagem patrimonial indevida em razão da contrata-
ção ilícita ou de que houve dano ao erário.
d) ato de improbidade administrativa, que gerou lesão ao erário (dano in re ipsa), na
medida em que o poder público perdeu a oportunidade de contratar melhor proposta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Letra d.

Nos termos do art. 10 da Lei n. 8.429/1992, a improbidade administrativa por

atos que causam prejuízo ao erário admite o dolo ou a culpa, como elementos

subjetivos do tipo.

Questão 6    (FGV/PREFEITURA DE NITERÓI-RJ/AUDITOR MUNICIPAL DE CONTRO-

LE INTERNO/2018) Paulo da Silva, servidor público, casado com 3 filhos menores,

tem vencimentos da ordem de R$ 10.000,00. Após 4 anos de sua posse, ele tem

um invejável patrimônio: um apartamento com vista para o mar e carro importado,

bem como casa de praia e lancha. Nesse caso,

a) há presunção absoluta da prática de ato de improbidade administrativa, não

sendo necessário provar a prática de fato ilícito antecedente.

b) é necessário comprovar o fato antecedente, tal como corrupção passiva, para se

concluir pela improbidade administrativa.

c) há presunção relativa de ato de improbidade administrativa, que pode ser elidida

pela comprovação da origem legítima dos bens.

d) é indispensável provar o fato ilícito antecedente, sob pena de se permitir a prá-

tica de arbitrariedades no serviço público.

Letra c.

A resposta a essa questão está no entendimento doutrinário e na construção da

jurisprudência, sobre o assunto.

O Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento da Apelação Cível n. 35570-5/0

(ANEXO C), entendeu que o inciso VII do artigo 9º da Lei n. 8.429/1992 prevê

que, neste caso, o ato de improbidade é legalmente presumido.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

(..). basta a análise de todos os demais incisos do artigo 9º do referido diploma


legal, cada um deles descrevendo a prática de um determinado ato repu-
tado como de improbidade administrativa, para se perceber que o inciso VII,
excepcionalmente, se satisfaz com a aquisição de bens cujo valor seja
desproporcional à evolução do patrimônio ou renda do agente público,
pouco importando a inexistência de prova da prática de qualquer ato,
senão do próprio ato de acumular fortuna sem justa causa. Trata-se,
pois, de caso de responsabilidade objetiva, em que é suficiente, para a carac-
terização da presunção de enriquecimento ilícito, o exame dos chamados sinais
de fato exteriores de riqueza – aquisição de bens e movimentação financeira –
que conduzam à evidência da evolução desproporcional do patrimônio à renda
do agente público, cabendo a este demonstrar a origem lícita de seu patrimô-
nio desproporcional, com inversão do ônus da prova (grifei).

A doutrina, por sua vez, entende que cabe ao réu provar que o crescimento de

seu patrimônio resulta da natural evolução e é compatível com as rendas obtidas

ou que, caso seja superior, como alegado pelo autor, não tem relação com a ativi-

dade pública desempenhada, podendo ter origem numa herança, no desempenho

de atividades empresariais, de profissão liberal, do conjunto da renda familiar, de

premiações em sorteios ou loterias etc.

Esse posicionamento encontra apoio na jurisprudência, embora ainda não tenha

alcançado status de matéria pacífica.

Fonte: http://www.ambitojuridico.com.br.

Questão 7    (FGV/TJ-SC/OFICIAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE/2018) Maria, Oficial

da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em diligência

fiscalizatória, constatou que Márcia, dona de um bar, vendeu bebida alcoólica para

uma criança. Para deixar de adotar as providências legais cabíveis, Maria recebeu,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

para si, cinco mil reais em espécie, a título de presente de Márcia. No caso em tela,

sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais e administrativas, em razão do

ilícito praticado:

a) Maria deve ser responsabilizada por ato de improbidade administrativa, mas

Márcia não pode sê-lo, eis que não é servidora pública.

b) Maria e Márcia não podem ser responsabilizadas por ato de improbidade admi-

nistrativa, eis que não houve prejuízo ao erário.

c) Maria deve ser responsabilizada por ato de improbidade administrativa, na quali-

dade de agente público, ocorrendo o mesmo com Márcia, na qualidade de particular

que concorreu e se beneficiou do ato.

d) Maria e Márcia não podem ser responsabilizadas por ato de improbidade admi-

nistrativa, por falta de tipicidade, mas devem responder na esfera penal, sendo que

Maria deve ser demitida após processo administrativo disciplinar.

Letra c.

Na situação hipotética apresentada pela questão, tanto Maria quanto Márcia serão

responsabilizadas por ato de improbidade administrativa, nos termos do disposto

no art. 3º da Lei n. 8.429/1992. Além disso, ambas também deverão responder

na esfera penal.

Questão 8    (FGV/TJ-SC/ANALISTA JURÍDICO/2018) De acordo com a jurisprudên-

cia do Superior Tribunal de Justiça, para configuração dos atos de improbidade ad-

ministrativa que atentem contra os princípios da Administração Pública (art. 11, da

Lei n. 8.429/1992), é necessária a demonstração do:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

a) dano ao erário, o qual deverá ser objeto de ressarcimento aos cofres públicos.

b) enriquecimento sem causa, o qual deverá ser objeto de multa civil.

c) dolo, o qual não precisa ser específico, sendo suficiente o dolo genérico.

d) dolo ou da culpa, os quais precisam ser específicos para comprovação do ele-

mento subjetivo.

Letra c.

Veja o julgamento a seguir:

É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que o ato de improbidade


administrativa previsto no art. 11 da Lei n. 8.429/1992 exige a demonstração
de dolo, o qual, contudo, não necessita ser específico, sendo suficiente
o dolo genérico. (STJ, AgInt no AREsp 833.788/CE, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/11/2016).

Questão 9    (FGV/TJ-SC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2018) Alexandre, Analista

Administrativo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no exercício da função, re-

cebeu vantagem econômica direta, consistente na quantia de trinta mil reais, para

fazer declaração falsa sobre quantidade, qualidade e característica de mercadorias

e bens fornecidos por sociedade empresária contratada por aquele Tribunal.

De acordo com a Lei n. 8.429/1992, Alexandre praticou:

a) ato ilícito disciplinar e está sujeito à pena de demissão, após processo adminis-

trativo disciplinar, mas não praticou ato de improbidade administrativa por falta de

dano ao erário.

b) ato ilícito civil e está sujeito à indenização com ressarcimento ao erário, após

processo judicial, mas não praticou ato de improbidade administrativa por falta

de tipicidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

c) ato de improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário, e por isso está

sujeito, dentre outras sanções, à cassação de seus direitos políticos.

d) ato de improbidade administrativa que importou enriquecimento ilícito, e por

isso está sujeito, dentre outras sanções, ao pagamento de multa civil de até três

vezes o valor do acréscimo patrimonial.

Letra d.

Correta a alternativa “d”, nos termos do art. 9º, inciso VI, da Lei n. 8.429/1992:

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito


auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
(...)
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
pública de qualquer natureza;

Questão 10    (FGV/TJ-SC/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2018) Os atos de improbi-

dade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a adminis-

tração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes do Estado de Santa

Catarina serão punidos na forma da Lei n. 8.429/1992, que se aplica em todos os

níveis da federação.

Nesse contexto, o ato de improbidade administrativa tem natureza de ilícito:

a) criminal, passível de sanções como a suspensão dos direitos políticos e a perda

da função pública, que são aplicadas pelo juízo criminal.

b) administrativo, passível de sanções como a perda da função pública e o ressar-

cimento ao erário, que são aplicadas mediante regular processo administrativo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

c) disciplinar, passível de sanções como a perda da função pública e a proibição

de contratar com o Poder Público, que são aplicadas mediante regular processo

administrativo.

e) cível, passível de sanções como a suspensão dos direitos políticos e a perda da

função pública, que são aplicadas pelo juízo cível.

Letra d.

Sobre o assunto, veja o que diz Maria Sylvia Zanella di Pietro (2004, p. 703):

a improbidade administrativa é um ilícito de natureza civil e política, porque pode


implicar a suspensão dos direitos políticos, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
mento dos danos causados ao erário.

A autora, baseando-se no texto constitucional, diz que não se pode confundir um

ato de improbidade administrativa com um ilícito penal, pois a Constituição, ao

tratar da improbidade administrativa (art. 37, § 4º), indica as sanções cabíveis e

acrescenta que a lei estabelecerá sua forma e gradação, “sem prejuízo da ação

penal cabível”.

Questão 11    (FGV/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR/2018) João, Policial Ci-

vil, no exercício da função, recebeu vantagem econômica, que consiste em mesada

no valor mensal de cinco mil reais, para tolerar a exploração e a prática de jogos de

azar na área circunscricional da Delegacia de Polícia onde está lotado.

Assim agindo, sem prejuízo das demais sanções penais, civis e administrativas pre-

vistas na legislação específica, João:

a) não praticou ato de improbidade administrativa, eis que não houve prejuízo aos

cofres públicos, circunstância imprescindível para configuração do ato ímprobo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

b) praticou ato de improbidade administrativa, e está sujeito, dentre outras san-

ções, à cassação dos direitos políticos, ao ressarcimento ao erário e à perda da

função pública.

c) praticou ato de improbidade administrativa, e está sujeito, dentre outras san-

ções, à perda dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e da função pública.

d) praticou ato de improbidade administrativa, e está sujeito, dentre outras san-

ções, ao pagamento de multa civil de até dez vezes o valor da remuneração perce-

bida pelo agente.

Letra c.

O agente cometeu ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento

ilícito, previsto no art. 9º, IX, da Lei n. 8.429/1992.

Por isso, ele está sujeito à suspensão dos direitos políticos, de 8 a 10 anos; perda

da função pública; indisponibilidade dos bens; e multa, equivalente a três vezes

o valor obtido.

Questão 12    (FGV/MPE-AL/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) Ernesto, ti-

tular de cargo de provimento efetivo, é vigia de uma repartição pública municipal.

Sensibilizado com a penúria financeira de Antônio, seu amigo de infância, deixou

a repartição aberta para que este último, durante a noite, pudesse subtrair dois

computadores do local. Antônio realizou a subtração e, apesar de sua insistência,

Ernesto se recusou a ficar com um dos computadores subtraídos. Considerando a

sistemática estabelecida na Lei n. 8.429/1992, assinale a afirmativa correta.

a) Antônio praticou ato de improbidade administrativa que importa em enriqueci-

mento ilícito, enquanto Ernesto incorreu na afronta aos princípios administrativos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

b) Antônio praticou ato de improbidade administrativa que importa em enriqueci-

mento ilícito, não sendo Ernesto passível de punição.

c) Ernesto praticou o ato de improbidade que importa em lesão ao erário, enquanto

Antônio incorreu em enriquecimento ilícito.

d) Ernesto e Antônio praticaram ato de improbidade que importa em lesão ao erário.

Letra d.

Na situação hipotética apresentada, houve o cometimento de crime de peculato e

também a prática de ato de improbidade, que é um ilícito de natureza cível.

É na improbidade que precisamos nos fixar.

Ernesto é agente público, e Antônio é um particular. Esse, sozinho, não poderia ter

praticado o ato de improbidade.

De acordo com o enunciado da questão, Ernesto deixou a porta aberta, para que

Antônio pudesse pegar os computadores.

Como Ernesto não ficou com nenhum computador para si, não cometeu ato de

improbidade que enseja enriquecimento ilícito, mas ato que causa lesão ao erário,

previsto no art. 10, I, da LIA:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropria-
ção, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no
art. 1º desta lei, e notadamente:
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

Vale a pena lembrar que a LIA, no seu art. 3º, estabelece o seguinte:

Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Questão 13    (FGV/MPE-AL/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) João, ser-

vidor público estadual e que permanecia com as chaves da repartição em que

trabalhava, permitiu que André, que não era servidor público, ali ingressasse e

subtraísse diversos computadores do local. Os bens subtraídos ficaram, em sua

integralidade, para André.

À luz da sistemática estabelecida na Lei n. 8.429/1992, João e André praticaram

ato de improbidade que consubstancia

a) violação aos princípios regentes da atividade estatal.

b) dano ao patrimônio público.

c) crime de responsabilidade.

d) enriquecimento ilícito.

Letra b.

Essa questão é praticamente igual à anterior. A banca reproduziu a situação hipo-

tética, com algumas pequenas alterações.

Trata-se de ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário, previsto

no art. 10, I, da Lei n. 8.429/1992.

Questão 14    (FGV/MPE-AL/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) O Ministério

Público recebeu informações de que determinado agente público teve evolução pa-

trimonial incompatível com a sua renda.

Considerando a tipologia dos atos de improbidade administrativa, prevista nos ar-

tigos 9º, 10, 10-A e 11 da Lei n. 8.429/1992, é correto afirmar que essa conduta

pode ser enquadrada como

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

a) violação aos princípios regentes da atividade estatal.

b) dano ao patrimônio público.

c) excessiva exação tributária.

d) enriquecimento ilícito.

Letra d.

Trata-se de hipótese de improbidade administrativa que importa enriquecimento

ilícito, prevista no inciso VII do art. 9º da Lei n. 8.429/1992:

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito


auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
(...)
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou fun-
ção pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;

Questão 15    (FGV/TJ-AL/ANALISTA JUDICIÁRIO/2018) Antônio, Oficial de Jus-

tiça do Tribunal de Justiça de Alagoas, adquiriu, para si, durante o exercício do

cargo público, bem imóvel cujo valor é desproporcional à sua evolução patrimo-

nial e à sua renda.

De acordo com o ordenamento jurídico, Antônio, em tese:

a) não praticou qualquer ato ilícito, seja na esfera disciplinar, seja em matéria de

improbidade administrativa.

b) praticou ato de improbidade administrativa, cujas sanções, dentre outras, con-

sistem em perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e res-

sarcimento integral do dano, quando houver.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 65
DIREITO ADMINISTRATIVO
Improbidade Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

c) não praticou ato de improbidade administrativa, mas cometeu falta disciplinar,

punível com pena de demissão.

d) não praticou ato de improbidade administrativa, mas cometeu falta disciplinar,

punível com pena de suspensão por noventa dias.

Letra b.

Trata-se de hipótese de improbidade administrativa que importa enriquecimento

ilícito do agente, prevista no art. 9º, inciso VII, cujas penalidades estão previstas

no art. 12, inciso I.

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito


auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
(...)
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou fun-
ção pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:
(...)
I – na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimô-
nio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o
valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
(...)

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 65
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 64 de 65
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Áurea Patrícia - 02246194547, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 65

Você também pode gostar