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DIREITO ADMINISTRATIVO

ATIVIDADE E ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

Livro Eletrônico
LISIANE BRITO

Professora de Direito Administrativo, especia-


lista em preparação para concursos públicos.
Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão
Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na
OAB/MG desde 1997. Graduada em direito pela
Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga expe-
riência como docente, tendo ministrado aulas
de Direito Administrativo nos principais cursos
preparatórios do país. Já participou de bancas
examinadoras e elaboração de questões para
processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações
e Contratos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Atividade e Estrutura Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Introdução.................................................................................................5
A Organização Administrativa da União...........................................................6
Diferença entre Entidade Política e Entidade Administrativa...............................6
Entidade Política..........................................................................................8
Entidade Administrativa................................................................................8
Centralização, Desconcentração e Descentralização..........................................9
Centralização..............................................................................................9
Desconcentração.........................................................................................9
Órgãos Públicos......................................................................................... 11
Descentralização....................................................................................... 18
Administração Pública Indireta ou Descentralizada......................................... 20
Conceito................................................................................................... 20
Entidades da Administração Pública Indireta.................................................. 20
Consórcios Públicos................................................................................... 42
Regime Jurídico dos Consórcios Públicos....................................................... 42
Controle pelo Tribunal de Contas................................................................. 44
Entidades Paraestatais............................................................................... 46
Serviços Sociais Autônomos........................................................................ 46
Terceiro Setor........................................................................................... 48
Questões de Concurso................................................................................ 55
Gabarito................................................................................................... 63
Gabarito Comentado.................................................................................. 64

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Atividade e Estrutura Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Olá, amigo(a),

Na aula de hoje, vamos abordar a atividade e estrutura administrativa.

É importante que você compreenda os mecanismos, pelos quais os entes fede-

rativos distribuem suas atividades administrativas dentro desse grande instrumen-

tal que conhecemos como Administração Pública.

Então, vamos lá!

Bom estudo!

Lisiane Brito.

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Atividade e Estrutura Administrativa
Prof.ª Lisiane Brito

Introdução
A organização administrativa dispõe sobre a estruturação interna da Administração
Pública, ou seja, dos órgãos públicos e entidades que a integram. Esse capítulo é muito
importante, pois toda a atividade administrativa se desenvolve dentro dessa estrutura.
O Estado atua por meio de suas unidades ( assim entendidos órgãos e entida-
des públicas) e, para isso, existem regras que disciplinam o funcionamento desse
sistema.
A organização administrativa é influenciada pelas normas constitucionais, prin-
cipalmente no que diz respeito às regras básicas, que definem as funções do Esta-
do, incluindo a própria separação dos Poderes, mas também em relação à distribui-
ção de competências entre as esferas de governo.
A Constituição norteia o legislador infraconstitucional, impondo regras que de-
vem ser observadas na definição da Organização da Adminisgtração Pública. Neste
ponto, é muito importante o papel da lei, já que cabe a ela a definição da estrutura
básica da Adminsitração pública, a criação de entidades e dos órgãos públicos.
As normas que regem a organização administrativa, no âmbito federal, são a
própria Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, incisos XIX e XX, bem como
o Decreto-Lei n. 200/1965, que foi recepcionado pela CF/88. O DEL n. 200/1965
também trouxe o princípio da especialidade, que se dispõe sobre a criação de en-
tidades descentralizadas.
Para desempenhar a função de criar uma estrutura administrativa capaz de
produzir efeitos favoráveis aos fins do Estado, a  Administração Pública utiliza os
mecanismos de centralização, concentração, desconcentração e descentralização
e, destes processos, resulta a subordinação hierárquica ou vinculação a criação dos

órgãos da administração direta e das entidades descentralizadas, a prestação dire-

ta e indireta de serviços públicos e até mesmo mecanismos de controle.

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A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO


O Decreto Lei n. 200/1967, em seu art. 4º, dispõe sobre a organização admi-

nistrativa federal. Você já sabe que a autonomia federativa tem por consequência

a simetria federativa entre União, estados membros, municípios Distrito Federal.

Consequentemente, esses também têm sua própria organização, que na verdade

segue os mesmos moldes.

Então, a organização administrativa básica conta com o seguinte organograma:

• administração direta, como seus órgãos públicos;

• administração indireta, com suas entidades administrativas.

Veja o que o DEL n. 200/1967 estabelece sobre o assunto:

Art. 4º A Administração Federal compreende:


I – A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura admi-
nistrativa da Presidência da República e dos Ministérios.
II – A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades,
dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas. 
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se
ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade

Diferença entre Entidade Política e Entidade Administra-


tiva
Para que você possa compreender perfeitamente como funcionam as entidades

que integram a Administração Pública, é bom lembrar algumas noções básicas.

A primeira diz respeito à noção de personalidade que, em termos jurídicos, sig-

nifica simplesmente capacidade de contrair obrigações e adquirir direitos. O direito

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reconhece duas categorias de personalidade: personalidade natural e personalida-

de jurídica.

Outra noção importante é relativa às normas de direito público, que se dife-

renciam das de direito privado. Na vida em sociedade, algumas situações serão

regidas pelo direito privado, enquanto outras deverão ser regradas por normas de

direito público.

Então, quando estamos no âmbito do direito privado, vigora o princípio da iso-

nomia, pelo qual todos são iguais perante a lei. Por outro lado, no âmbito do direito

público vigora o princípio da supremacia do interesse público, que prevê, dentre

outras regras, a autotutela e autoexecutoriedade.

Diante disto, algumas pessoas jurídicas, dependendo de como foram criadas,

podem se submeter ao regime jurídico de direito público ou a normas de direito

privado.

Regidas pelo direito público são as Pessoas Jurídicas de direito Público interno

ou externo. Estas devem seguir o que estabelece o Regime Jurídico-Administrativo,

submetendo-se aos princípios constitucionais e gozando de prerrogativas típicas do

regime de direito público.

Por outro lado, em se tratando de pessoas jurídicas de direito privado, civis ou

comerciais, suas relações se estabelecem com base no princípio da isonomia. Estas

não têm juízo privativo, foro privilegiado ou qualquer outro tipo de prerrogativa.

Concluindo essas noções introdutórias, o que distingue o Direito Público do Di-

reito Privado é o universo das relações jurídicas e o regramento a que essas rela-

ções se sujeitam.

Vamos, então, adiantar um pouco mais nosso estudo, analisando a diferença

entre entidade política e entidade Administrativa.

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Entidade Política

Também chamadas de pessoas políticas, são os próprios entes federativos. En-

tão, quando você ouvir falar em pessoa política, (que não se confunde com agente

político), saiba que se trata da União, estados membros, DF ou municípios.

As entidades políticas são as pessoas jurídicas de direito público interno, dota-

das de autonomia política (lembre-se de que a função política diz respeito a atos

de governo).

As competências das pessoas políticas são definidas pela própria Constituição.

Entidade Administrativa

Aqui temos as pessoas jurídicas (entidades) integrantes da administração pú-

blica indireta.

Entidades administrativas não possuem autonomia política!

Essas pessoas jurídicas são dotadas de autonomia administrativa, gerencial e fi-

nanceira.

Estão vinculadas à Administração Pública Direta, mas não se subordinam. Pelo fato

de as entidades da administração indireta não possuírem autonomia política, elas

praticam atos de governo e não têm competência legislativa. Enquanto as pessoas

políticas (os próprios entes federativos) podem editar leis, as pessoas administra-

tivas executam as leis.

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Centralização, Desconcentração e Descentralização


Temos aqui os três mecanismos que a Administração Pública utiliza, com o fim
de desempenhar suas competências constitucionais. Vamos analisar cada uma des-
tas técnicas e, ao final, você perceberá que daí surge um verdadeiro organograma.

Centralização

Na centralização administrativa o ente federativo assume a posição de titular e


executor da atividade administrativa. A tarefa de administrar será desempenhada
diretamente pelo Estado, por meio de seus agentes e órgãos.
Centralização, então, pode ser entendida como o desempenho das competên-
cias administrativas pelo próprio ente federativo. Da centralização surge a admi-
nistração pública direta ou centralizada. Este processo ocorre sempre que o ente
federativo precisa desempenhar diretamente suas tarefas.
A Administração Direta é o conjunto de Órgãos Públicos que integram os três Po-
deres, de cada entidades federativas (as pessoas jurídicas de direito público interno).
Quando observamos a União, um estado da federação, um município ou o DF
atuando, através de seus órgãos ou agentes públicos, estamos vendo as respecti-
vas Administrações Diretas trabalhando, num processo de centralização.

Desconcentração

Quando o ente federativo centraliza a atividade administrativa, é necessário que


seja feita uma distribuição interna de competências, entre os vários órgãos públi-
cos que integram a estrutura daquela pessoa política.
Essa desconcentração administrativa é importante, em termos práticos, porque
promove a organização e definição das tarefas, entre todas as unidades internas.
Cada uma terá suas atribuições específicas e juntas executarão todas competên-
cias daquele ente federativo.

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O resultado concreto da desconcentração administrativa na Administração dire-

ta é a criação de órgãos públicos, que nada mais são do que unidades administra-

tivas internas, desprovidas de personalidade jurídica própria.

Pode também ocorrer desconcentração dentro de departamentos de uma enti-

dade da administração indireta (uma autarquia, por exemplo). Neste caso, haveria

uma desconcentração na descentralização, ou descentralização desconcentrada.

Alexandre Mazza1 traz a seguinte lição:

“Como são duas diferenciações independentes, é possível combinar os institutos em


quatro formas distintas de organização da estrutura administrativa:
Centralização concentrada: quando a competência é exercida por uma única pessoa
jurídica sem divisões internas. Seria o caso, improvável na prática, de uma entidade
federativa que desempenhasse diretamente todas as suas competências sem divisão
em órgãos públicos;
Centralização desconcentrada: a atribuição administrativa é cometida a uma única
pessoa jurídica dividida internamente em diversos órgãos públicos. É o que ocorre, por
exemplo, com as competências da União Federal exercidas pelos Ministérios;
Descentralização concentrada: ocorre quando são atribuídas competências adminis-
trativas a pessoa jurídica autônoma sem divisões internas. Exemplo: autarquia sem
órgãos internos;
Descentralização desconcentrada: é a situação surgida quando as competências adminis-
trativas são atribuídas a pessoa jurídica autônoma dividida em órgãos internos. Exemplo:
autarquia estruturada internamente em diversos órgãos e repartições.”

1
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo. São Paulo. Saraiva

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O esquema acima mostra uma desconcentração, dentro da centralização.

Espécies de Desconcentração

• Desconcentração Geográfica ou Territorial

Temos aqui uma desconcentração que distribui competências em regiões deli-

mitadas. O que mais caracteriza a desconcentração geográfica é o fato de que as

competências de todos os órgãos serão as mesmas, variando apenas o âmbito de

atuação. Um exemplo de desconcentração territorial é o que ocorre com as delega-

cias de polícia.

• Desconcentração Material

Alguns autores utilizam a nomenclatura “desconcentração temática”. Esta mo-

dalidade de desconcentração faz com que as competências sejam distribuídas entre

os órgãos, levando em consideração a especialização de cada um. Um exemplo de

desconcentração material são os ministérios e as secretarias de estado.

• Desconcentração Hierárquica ou Funcional

Aqui existe uma relação de subordinação hierárquica, que determina a distri-

buição de competências. Exemplo são as diretorias e chefias de órgãos e seções.

Órgãos Públicos

Já sabemos que a desconcentração administrativa gera a criação de órgãos pú-

blicos, que são núcleos de atribuições ou centros de competência.

Hely Lopes Meirelles2 deu a seguinte lição:

2
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros

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“Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções


estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que
pertencem. São unidades de ação com atribuições especificas na organização estatal.
Cada órgão, como centro de competência governamental ou administrativa, tem neces-
sariamente funções, cargos e agentes, mas é distinto desses elementos, que podem ser
modificados, substituídos ou retirados sem supressão da unidade orgânica. Isto explica
por que a alteração de funções, ou a vacância dos cargos, ou a mudança de seus titula-
res não acarreta a extinção do órgão”

Assim, vamos entender os órgãos públicos como núcleos de atribuições, sem

personalidade jurídica própria, criados para realizar as atividades da entidade às

quais pertencem, por meio de seus agentes.

Por serem desprovidos de personalidade jurídica própria, órgãos públicos não

podem ser responsabilizados por danos que seus agentes causem, eventualmente,

a terceiros.

Na hipótese de um particular, que desconhece essa regra, vir a ajuizar uma

ação de reparação de danos contra um órgão público, o juízo competente deverá

extinguir o processo. pois o órgão não tem legitimidade para figurar no polo passi-

vo dessa ação. O polo passivo da ação de responsabilização sempre será a pessoa

jurídica a que o órgão pertence.

Pelo mesmo motivo, órgãos públicos, em regra, não podem figurar como auto-

res, em ações judiciais. Se for necessário o ajuizamento de uma ação, isso será fei-

to pela procuradoria da pessoa jurídica à qual o órgão pertence. Mas há exceções,

que veremos daqui a pouco.

Veja a lição de Lucas Rocha Furtado3:

“Não sendo titular de personalidade jurídica própria, o órgão integra a estrutura da


própria pessoa jurídica originária e, ao atuar, imputa responsabilidade a esta pessoa
jurídica. O órgão não é, portanto, sujeito de direito e de obrigações. Isso não significa
que o órgão não possa praticar atos que importem na criação de direitos ou obrigações,
mas que estes direitos e estas obrigações são titularizados pela pessoa jurídica em cuja
estrutura o órgão se insere.”

3
FURTADO, Lucas Rocha, Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Fórum. 2007.

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Vamos supor uma situação prática, para que você visualize com clareza esse ponto:

João da Silva, sentindo-se prejudicado por um ato administrativo praticado no âmbito

do Ministério da Saúde, quer ajuizar uma Ação de Reparação de Danos Morais.

- Quem será o réu dessa ação?

Resposta: O réu da ação movida por João será a União, pois o Ministério da Saúde

é um órgão público federal e não tem personalidade jurídica própria. A União, por

sua vez, é uma pessoa jurídica de direito público interno.

Ficou claro?

Ótimo! Mas, lembra que eu mencionei há pouco que essa regra tem exceção? É

sobre isso que vamos falar agora.

Há um entendimento, que vigora tanto na doutrina quanto na jurisprudência do

STF, que admite a propositura de algumas ações (mandados de segurança, prin-

cipalmente), por órgãos públicos, para que esses defendam suas prerrogativas ou

atribuições.

Mas, cuidado, pois essa legitimação não abrange todos os órgãos! Apenas ór-

gãos independentes e autônomos, que são os que compõe a cúpula do Estado e os

que lhes são hierarquicamente subordinados (órgãos autônomos), podem figurar

como autores em ações judiciais.

Guarde bem essa regra, para usá-la na prova:

Embora os órgãos públicos não possam figurar no polo passivo de ações judiciais,

a jurisprudência e a doutrina reconhecem situações em que alguns (apenas órgãos

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independentes e autônomos) podem figurar em juízo como autores, na defesa de

suas prerrogativas.

Isso ocorre basicamente em relação a impetração de mandados de segurança.

Evolução Teórica dos Órgãos Públicos

Este é um dos temas “queridinhos” da nossa Banca Examinadora. Para explicar

a razão para que seja atribuída ao Estado a responsabilidade pela atuação dos seus

agentes públicos, foram formuladas quatro teorias:

1. Teoria da Identidade

Esta foi a primeira. Para os doutrinadores que a formularam, órgão e agente

têm uma identidade inseparável, o que faz com que o agente público seja visto

como o próprio órgão. Esta teoria foi derrubada pelo argumento de que, se fosse

assim, quando o agente público morre, o órgão também se extinguiria.

2. Teoria da Representação

Estes teóricos viam o agente público como um representante do Estado. As prin-

cipais críticas à teoria da representação afirmam que, se fosse assim, o agente pú-

blico funcionaria como um tutor ou curador, que representam menores e incapazes,

respectivamente. A pessoa jurídica (o ente federativo), consequentemente, seria

equiparada a um incapaz. Diante disso, seria preciso aceitar que um incapaz (o

ente federativo,) teria designado representantes para si próprio.

Outro problema que surgiria, inevitavelmente, é que, na hipótese de o repre-

sentante extrapolar os poderes de representação, a pessoa jurídica não teria capa-

cidade para assumir a responsabilidade perante terceiros.

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3. Teoria do Mandato

Para essa teoria os agentes públicos receberiam do ente federativo um man-

dato. As principais críticas foram no sentido de que a teoria não explicava como

um agente poderia receber um mandato de uma pessoa jurídica, já que essa não

manifesta, por si, vontade própria. Outra falha é que os teóricos não determinaram

como e quando a outorga do mandato ocorre.

4. Teoria da Imputação Volitiva, de Otto Gierke

Otto Fiedrich Von Gierke, com muita inspiração, fez um paralelo entre a pessoa

jurídica e a pessoa natural. De acordo ele, a personalidade, seja de um indivíduo ou

de uma pessoa jurídica, pertence ao todo e não a partes separadas. Sendo assim,

órgãos públicos não são pessoas, mas partes de uma pessoa estatal.

Desenvolvendo essa teoria, o teórico alemão explicou que, da mesma forma

que no corpo humano há uma distribuição das funções orgânicas, que promove

o funcionamento harmonioso do organismo, a pessoa jurídica de direito público

também distribui suas funções, entre alguns órgãos superiores, encarregados de

comandar, e outros periféricos, incumbidos de executar as ordens centrais.

Otto Gierke afirmou que uma pessoa jurídica manifesta sua vontade através de

seus agentes e quando estes, que integram a estrutura dos órgãos públicos daque-

la pessoa, se manifestam, é o próprio Estado se manifestando.

Enquanto a teoria da representação considerava a pessoa jurídica diferente do

representante, sendo os dois entes autônomos, a teoria do Órgão procura fundir os

dois, considerando o órgão parte do Estado.

A ideia de representação foi, então, substituída pela ideia de imputação voliti-

va. A teoria da imputação volitiva de Otto Gierke obteve êxito, explicando de

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maneira eficaz as relações entre agente, órgão público e Estado. Foi, então,

solucionado um dos grandes dilemas do Direito Administrativo.

Essa é a teoria aceita pela unanimidade da doutrina moderna, tendo sido ado-

tada pela Constituição de 1988, no art. 37, § 6º.

Veja:

Art. 37
...
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de ser-
viços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.

Consequências da Teoria do Órgão

1. Não será admitida ação de reparação de danos que tenha como réu a pessoa

física do agente, se o dano tiver sido causado no exercício da função pública;

2. não será admitida responsabilização do Estado por danos causados por agente

público fora do exercício da função pública;

3. as prerrogativas do cargo somente se aplicarão ao agente público no exercí-

cio da função pública. Prerrogativas funcionais não seguem o agente, se ele não

estiver no exercício da função.

Classificação dos Órgãos Públicos

1. Quanto à Posição Hierárquica

• Órgãos Independentes ou Primários

Têm origem na Constituição e só se subordinam a ela. Os órgãos indepen-

dentes não se subordinam hierarquicamente a nenhum outro. São sujeitos a

controle, conforme estabelece a Constituição. Exercem as funções estruturais

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do Estado, através de agentes políticos. São as casas do Poder Legislativo,

a chefia do Executivo, os Tribunais do Judiciário, o Ministério Público e os Tri-

bunais de Contas.

• Órgãos Autônomos

Estes estão em posição hierárquica imediatamente abaixo dos órgãos independen-

tes, sendo diretamente subordinados a estes. Possuem autonomia administrativa

e financeira e participam das decisões do Estado. Exemplos de órgãos autônomos

são os Ministérios, Secretarias de Estado, Secretarias Municipais, AGU.

• Órgãos Superiores

Desempenham atribuições de direção e controle, com subordinação e controle

hierárquico dos órgãos acima. Não possuem autonomia financeira. Exem-

plos de órgãos superiores são os gabinetes, departamentos, coordenadorias,

divisões etc.

• Órgãos Subalternos

Têm pouco poder decisório, sendo incumbidos do desempenho de tarefas de

execução. Exemplos as repartições comuns.

2. Quanto à Esfera de Ação

• Órgãos Centrais

Exercem atribuições em todo o território do ente federativo a que pertencem.

• Órgãos Locais

Atuam apenas em parte do território.

3. Quanto à Estrutura

• Órgãos Simples ou Unitários

Existe apenas um centro de competência, sem subdivisões. Não há outro

órgão na estrutura.

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• Órgãos Compostos
Há vários centros de competência. Há outros órgãos na estrutura.

4. Quanto à Composição
• Órgãos Singulares
São integrados por um único agente.
• Órgãos Colegiados
São integrados por vários agentes. As decisões são tomadas em conjunto.

Descentralização

Na descentralização as competências constitucionais dos entes federativos são


transferidas a outras pessoas, a eles vinculadas. Esta possibilidade está prevista na
própria constituição, no art. 37, XIX e XX.
O Estado, num dado momento, resolve criar outro tipo de administração, que é
chamada Administração Pública Indireta (ou descentralizada).
O processo de descentralização implica a transferência da atividade, por parte
do ente estatal, para outra pessoa, que passa a desempenhar essa atribuição por
sua conta e risco, com autonomia. Com isso, aquela função estatal é retirada do
centro e entregue a outra pessoa.
A descentralização administrativa tem por fim promover maior eficiência no
desempenho das atividades estatais. Em um primeiro momento, é criada uma en-
tidade, dotada de autonomia administrativa, gerencial e financeira, com pessoal
especializado. Isto leva à realização de atividades mais eficientes.
Perceba na imagem abaixo que, diferentemente do que ocorre na desconcentra-
ção, na qual se vê apenas uma pessoa (o próprio ente federativo), que realiza as
atividades através de seus compartimentos internos, na descentralização se verifi-
ca a presença de, no mínimo duas pessoas: a pessoa política, a quem a Constitui-
ção atribuiu a competência e outra pessoa, que passa a desempenhar a atribuição.

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Modalidades de Descentralização

• Outorga, ou Descentralização por Serviço

Aqui acontece a transferência da titularidade da execução, por prazo indetermi-

nado. A Lei cria, ou autoriza a criação de uma pessoa jurídica, transferindo a esta

a titularidade da execução da atividade.

Surge a Administração Pública Indireta ou Descentralizada, com suas entidades

administrativas.

• Delegação, ou Descentralização por Colaboração

Neste caso, a transferência ocorrerá por prazo determinado, através de contra-

tos administrativos ou até mesmo atos administrativos unilaterais, pelos quais a

pessoa jurídica de direito público confere a pessoas jurídicas de direito privado a

execução de um serviço público.

É o que ocorre com os concessionários, permissionários e autoritários dos de

Serviço Público, denominados delegados.

O art. 175 da CF/88, que prevê a descentralização de serviços públicos, foi re-

gulamentado pela Lei n. 8.987/1995, que define as Concessões e Permissões da

seguinte forma:

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Lei. N. 8.987/1995
...
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
II – Concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
e risco e por prazo determinado;
.....
V – Permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação,
da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídi-
ca que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Administração Pública Indireta ou Descentralizada


Conceito

É o conjunto de entidades administrativas dotadas de personalidade jurídica

própria (de direito público ou privado), cuja criação ou autorização depende de lei

específica, vinculadas à Administração Direta, cuja finalidade é o desempenho de

atividades administrativas de serviço público ou intervenção no domínio econômico

de forma descentralizada.

É neste universo que surgem as Autarquias, Fundações instituídas pelo Poder

Público, Empresas Públicas e Sociedades de Economia mista, todas elas pessoas

jurídicas, sujeitas a regime jurídico de direto público ou privado, com autonomia e

capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações.

Entidades da Administração Pública Indireta

1. Autarquias

O conceito legal de autarquia encontra-se no Decreto-Lei n. 200/1967, art. 5º, I:

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

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I – Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio
e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

• Características das Autarquias

– Criação e Extinção por Lei Específica:

Autarquias são criadas através da edição de uma lei ordinária, que trata

exclusivamente disso. Devido ao princípio da simetria das formas, a extin-

ção da autarquia só poderá ocorrer através de outra lei específica. Por essa

razão, não é possível a decretação de falência dessas entidades.

– Personalidade Própria e Regime Jurídico de Direito Público

Autarquias são titulares de direitos e obrigações próprios, que não se con-

fundem com os da pessoa jurídica de direito público que a criou. Essas

entidades se submetem ao regime jurídico-administrativo, com as mesmas

prerrogativas e sujeições do ente federativo.

– Patrimônio Próprio, Composto por Bens Públicos

O ente federativo transfere à autarquia transfere a ela, na própria lei de

criação da entidade, parte de seu patrimônio. Estes bens continuam sendo

bens públicos e, por isso, não se sujeitam à penhora, arresto, sequestro,

hipoteca ou usucapião.

– Receita Própria

Autarquias podem ter fontes de receita. Exemplo são as contribuições pre-

videnciárias que os administrados pagam ao INSS.

– Desempenho de Atividades Típicas da Administração:

Autarquias são criadas com a finalidade de desempenhar atividades ad-

ministrativas do Estado, que esta precisa executar para atingir seus fins.

Exemplos: prestação de serviços públicos, exercício de poder de polícia,

promoção de fomento. Nunca uma autarquia exercerá atividade econômica.

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– Capacidade de Autoadministração
Isso diz respeito às matérias especificas que a autarquia recebeu do ente
federativo que a criou. Em relação a essas matérias, as autarquias cuidam
de suas próprias administrações.
– Sujeição a Controle ou Tutela por Parte da Administração Direta
Importante lembrar que, embora as autarquias não se subordinem hierar-
quicamente à Administração direta, elas estão sujeitas a controle finalístico
que, no âmbito federal é também chamado de supervisão ministerial.

Além das acima mencionadas, podemos citar outras características próprias das
autarquias:
Dirigentes: São investidos nos cargos na forma que a lei ou o estatuto determinar
Atos dos dirigentes: são atos administrativos e, como tal, têm que obedecer aos
requisitos de validade e aos princípios da administração.
Autarquias são regidas pelo regime jurídico administrativo. Logo, todos atos pra-
ticados pelos dirigentes possuem os atributos dos atos administrativos.
Autarquias celebram contratos administrativos: Os contratos firmados pelas au-
tarquias, como ocorre com todos os contratos administrativos (CF/ 88, art. 22,
XXVII, c/com art. 37, XXI), devem ser licitados, salvo nos casos de dispensa e
inexigibilidade de licitação.
Regime de Pessoal: os servidores das autarquias se subordinam ao regime ju-
rídico estatutário. A proibição constitucional (art. 37, XVI e XVII) de acúmulo de
cargos, empregos e funções abrange as autarquias.

• Prerrogativas das Autarquias

Imunidade de Impostos: Essa imunidade abrange apenas patrimônio, renda


e serviços, vinculados às finalidades essenciais ou que delas decorram. (CF/88,
art. 150, VI, “a” e § 2º)

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
.....
VI – Instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
.....
§ 2º - A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Impenhorabilidade de seus bens e rendas: A quitação de débitos resultantes

de processos judiciais deverá ser feita na forma de precatórios, de acordo com o

art. 100 da CF/88.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital


e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio-
nais abertos para este fim.

Imprescritibilidade dos bens: os bens das autarquias são públicos. Por isso, não

podem ser adquiridos por terceiros através de usucapião (CF/88, art. 183, § 3º e

191, parágrafo único e Súmula 340 do STF)

Art. 183.
.....
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 191.
...
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

SÚMULA n. 340, do STF: Desde a vigência do Código Civil, os bens domini-


cais, bem como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usu-
capião.

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Prescrição quinquenal dos débitos: As dívidas e os direitos de terceiros contra

autarquias prescrevem em cinco anos (art. 1º do Decreto n.20.910/32)

Benefícios processuais: Autarquias são isentas de custas processuais, mas de-

vem fazer o reembolso de despesas efetuadas pela parte que venceu a Ação, ao fi-

nal do processo.

Juízo privativo das autarquias federais: Todas as causas de autarquias federais

são julgadas na justiça federal. No caso de autarquias estaduais e municipais, não

há nenhuma regra legal específica, logo as ações dessas devem ser julgadas pela

justiça estadual.

Direito de Regresso: As autarquias respondem pelos danos que seus agentes,

nesta qualidade, causarem a terceiros, mas é assegurada a ação de regresso con-

tra os servidores que tiverem agido com dolo ou culpa.

2. Fundações Públicas

– Conceito:

Maria Sylvia Zanella Di Pietro4 assim define as fundações públicas:

“Pode-se definir a fundação instituída pelo poder público como o patrimônio, total ou
parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de direito público ou privado,
e destinado, por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social, com
capacidade de autoadministração e mediante controle da Administração Pública, nos
limites da lei”.

Então, todas as fundações se caracterizam por ser um patrimônio personalizado

e destinado a determinado fim social. Por terem fins sociais, não podem ter finali-

dade lucrativa.

4
PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo, Atlas

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A Constituição Federal se refere às “Fundações mantidas pelo Poder Público” ou


“Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público”, que não se confundem com
as fundações privadas (Fundação Roberto Marinho, por exemplo, que são regidas
pelo direito Civil.).
Ao nosso estudo, no momento, interessam apenas as fundações instituídas pelo
Poder Público. Nelas, o ente federativo destina certo patrimônio público a um fim
social e cria a entidade descentralizada, que irá desempenhar aquela atividade.
Sempre houve certa dúvida, na doutrina, em relação ao regime jurídico a ser
adotado pelas fundações instituídas pelo Poder Público. Isto porque o Decreto Lei n.
200/1967 determina que essas entidades são pessoas jurídicas de direito privado.
Atualmente, a corrente dominante (que adotaremos para a nossa prova) é a
que admite fundações públicas sujeitas aos dois regimes jurídicos: existem as de
direito público e as de direito privado.
Então, ao criar uma fundação, o Poder Público poderá dotá-la de personalidade
de Direito Público, atribuindo a ela o Regime Jurídico-Administrativo, com todas as
prerrogativas e sujeições que lhe são características, ou poderá dotá-la de perso-
nalidade jurídica de Direito Privado.
Maria Sylvia Di Pietro afirma que a própria Constituição Federal deu abertura
para a possibilidade de existência de fundações públicas sujeitas a Regimes Jurídi-
cos de Direito Público e de Direito Privado. Este entendimento é adotado por toda
a doutrina e pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
– Pontos em comum entre Fundações Públicas e Autarquias:
A Constituição Federal não faz distinção, em termos de tratamento, entre
as fundações instituídas pelo Poder Público e Autarquias, exceto quando se

refere à forma de instituição, determinando que Autarquias serão criadas

por lei específica, ao passo que as fundações dependerão de lei específica

que autorize sua instituição. É o que dispõe o art. 37, XIX:

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Art. 37.
...
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

No que se refere à criação das fundações públicas, a regra geral é que serão

adotadas as mesmas regras aplicáveis às empresas públicas e sociedades de eco-

nomia mista, que são pessoas jurídicas de direito privado, criadas através do regis-

tro de seus atos constitutivos, após a edição de lei que a autorize.

• Fundações Públicas sob Regime Jurídico de Direito Privado

Primeiramente cabe lembrar que, mesmo que o Estado crie uma entidade

com personalidade jurídica de Direito Privado, nunca será total o afastamento

das regras de Direito Público.

Em outras palavras: O Direito Público nunca será totalmente derrogado pelo

Direito Privado, nas entidades da Administração Pública.

Então, as fundações instituídas pelo Poder Público se sujeitam ao regime jurí-

dico de Direito Privado em tudo o que não for obrigatoriamente regido pelo Direito

Público (por exemplo: concurso público, licitação, teto remuneratório etc.).

As fundações governamentais, como instrumentos de atuação do Estado, serão

criadas, mantidas ou extintas, na medida em que sua atividade for útil à conse-

cução dos fins sociais para os quais foi instituída. Sempre serão subordinadas a

algumas normas de Direito Público, especialmente em relação ao controle externo

(fiscalização financeira e orçamentária) e interno, pelos órgãos do Poder Executivo.

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• Fundações Públicas sob Regime Jurídico de Direito Público

Se a opção do poder público for a criação de uma fundação governamental de

direito público, serão observadas as seguintes regras:

◦ Presunção de legitimidade e veracidade dos atos,

◦ Desnecessidade de inscrição do ato constitutivo no Registro Civil de Pes-

soas Jurídicas (a personalidade jurídica surge com a própria Lei institui-

dora),

◦ Não submissão à fiscalização do Ministério Público (as fundações pri-

vadas são fiscalizadas pelo MP, enquanto as de direito público sofrem o

controle interno e externo, da própria administração)

◦ Impenhorabilidade dos bens (sujeitam-se ao regime de precatórios).

Fundações públicas de direito público são criadas por lei, sendo consideradas

fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. Em relação a prerrogativas, for-

ma de instituição e controle, aplicam-se as mesmas regras das autarquias.

Em relação às atividades a serem desempenhadas pelas fundações públicas,

a regra é que se destinam a atividades atípicas da Administração pública, tais como

assistência social; assistência médica e hospitalar; educação e cultura. Exemplos:

FUNAI, IBGE, Fundação Escola da Administração Pública.

As Agências

• Agências Executivas

A rigor, não se trata de uma nova categoria de entidade administrativa, mas

de uma qualificação, que recebem algumas autarquias e fundações gover-

namentais, já existentes na estrutura da Administração Pública, que tenham

passado por um procedimento de aprimoramento institucional.

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A ideia inicial do governo, ao pensar nas agências executivas, foi melhorar a

eficiência das entidades autárquicas e fundacionais.

A CF/88 prevê ampliação da autonomia orçamentária e financeira, mediante

contratos de gestão, a serem firmados entre os administradores das entidades e

o Poder Público. A Constituição deixou a cargo do legislador infraconstitucional a

tarefa de regulamentar a matéria. É o que dispõe o do art. 37, § 8º:

CF/88:
Art. 37
...
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da admi-
nistração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I – O prazo de duração do contrato;
II – Os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e respon-
sabilidade dos dirigentes;
III – A remuneração do pessoal.

Esse dispositivo constitucional, por ser uma norma de eficácia limitada, depen-

dia de regulamentação, para ter aplicabilidade.

A regulamentação foi feita por vários instrumentos normativos:

Decreto n. 2.487/1998: Dispõe sobre o procedimento de qualificação. Veja o

que diz o artigo 1º deste Decreto:

Art. 1º As autarquias e as fundações integrantes da Administração Pública Federal po-


derão, observadas as diretrizes do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, ser
qualificadas como Agências Executivas.
§ 1º A qualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva poderá ser con-
ferida mediante iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da Ad-
ministração Federal e Reforma do Estado, que verificará o cumprimento, pela entidade
candidata à qualificação, dos seguintes requisitos:
a) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor;
b) ter plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, voltado
para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos, já concluído ou em
andamento.

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§ 2º O ato de qualificação como Agência Executiva dar-se-á mediante decreto.

Também foram editados o Decreto n. 2.488/1998 e a Lei n. 9.649/1998, que, no

art. 51, trata especificamente do processo de qualificação das agências executivas.

Art. 51.  O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou


fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:
I – Ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento;
II – Ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da Repúbli-
ca.
§ 2º O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa específicas para
as Agências Executivas, visando assegurar a sua autonomia de gestão, bem como a dis-
ponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos
e metas definidos nos Contratos de Gestão.
Art. 52.  Os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional
definirão diretrizes, políticas e medidas voltadas para a racionalização de estruturas e
do quadro de servidores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimento dos
recursos humanos e o fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva.
§ 1º Os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão celebrados com periodici-
dade mínima de um ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores
de desempenho da entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e instru-
mentos para a avaliação do seu cumprimento.
§ 2º O Poder Executivo definirá os critérios e procedimentos para a elaboração e o acom-
panhamento dos Contratos de Gestão e dos programas estratégicos de reestruturação
e de desenvolvimento institucional das Agências Executivas.

A Lei de Licitações, por sua vez, alterada pela Lei n. 9.648/1998, passou a pre-

ver benefícios para as autarquias e fundações qualificadas como agências execu-

tivas, que não se estendem as outras autarquias e fundações, como por exemplo:

Dobro do valor para dispensa de licitação para compras, obras e serviços.

– Requisitos para a Qualificação de Agências Executivas

1. Ter um plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institu-

cional em execução;

2. Ter celebrado contrato de gestão com o Ministério supervisor.

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Atendidos esses requisitos a qualificação como Agência Executiva se fará atra-

vés de ato do Presidente da República.

– Resumindo:

Agência Executiva é uma qualificação conferida a autarquias e fundações

públicas, integrantes da estrutura da Administração Pública, desde que es-

tas entidades já tenham elaborado e em execução um Plano Estratégico de

Desenvolvimento e Aprimoramento Institucional.

É firmado um contrato de gestão, de prazo não inferior a um ano, com o órgão

da Administração Direta responsável pelo controle da entidade. O cumprimento das

metas contratuais é obrigatório, sob pena de desqualificação.

Ao receber a qualificação de agência executiva, as entidades passam a ter maior

autonomia gerencial (por exemplo, o dobro do limite para dispensa de licitações).

A qualificação se dá através de Decreto do Chefe do Poder Executivo, mediante

indicação do Ministério Supervisor. Poderá haver, posteriormente, a  desqualifica-

ção, também por indicação do Ministério.

Na prática, entretanto, a figura da agência executiva “não vingou” no cenário

nacional. A doutrina indica como possível causa do insucesso a baixa qualidade dos

atos normativos e a falta de interesse das próprias entidades, no sentido de buscar

uma qualificação.

Veja o que diz Alexandre Mazza sobre o assunto:

“A baixa qualidade técnica dos diplomas normativos disciplinadores da outorga do título de


agência executiva e a falta de clareza quanto aos seus objetivos resultaram na diminuta
repercussão prática do instituto, havendo poucos casos de entidades que obtiveram tal
qualificação. Um raro exemplo de agência executiva é o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro, uma autarquia federal que obteve a refe-
rida qualificação.”

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• Agências Reguladoras

Surgiram no Brasil a partir do processo de privatizações, ocorrido na década

de 1990.

Foi um período sem que o Estado, na busca pela diminuição da máquina admi-

nistrativa, se afastou de várias atividades (telecomunicações, por exemplo), trans-

ferindo-as a particulares, através de concessões.

Daí surgiu a necessidade da criação de órgãos de reguladores, incumbidos das

diversas tarefas que se incluem no conceito moderno de regulação: controle, fisca-

lização, normatização, fixação de limites mínimos e máximos para tarifas, proteção

à livre concorrência etc.

Embora não exista uma norma legal, que defina a natureza jurídica das agên-

cias, elas foram sendo criadas, por leis específicas, com natureza de autarquias em

regime especial.

O regime especial se caracteriza pelo mandato fixo dos dirigentes, independên-

cia gerencial e ampliação da autonomia financeira.

Embora a origem das agências reguladoras, no Brasil, tenha sido devido ao

processo de privatizações, com o passar do tempo elas foram se disseminando e

atingindo atividades que nunca haviam sido exercidas pelo Estado.

Essas são algumas das agências reguladoras brasileiras: ANEEL; ANATEL; ANP;

ANTAQ; ANCINE; ANVISA; ANA; ANS.

Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista:

O art. 173 da CF/88 menciona expressamente estas entidades.

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Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de ati-


vidade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de eco-
nomia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
I – Sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade
II – A sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública;
IV – a constituição E o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a
participação de acionistas minoritários
V – Os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensivos às do setor privado

Regime Jurídico e características das Empresas Estatais: A Lei n. 13.303/2016

Em 30 de Junho de 2016 foi publicada a Lei n. 13. 303/2016, que recebeu os

apelidos de “Lei da Responsabilidade das Estatais” ou “Lei das Estatais”, regula-

mentando o art.173 da Constituição Federal.

A Lei n. 13.303/2016, é muito importante para o direito administrativo brasilei-

ro, pois veio a suprir uma longa omissão legislativa. Trata-se de uma norma legal,

aplicável a todos os entes federativos, que traça o estatuto jurídico das empresas

públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias.

Ao estabelecer o regime jurídico das estatais, essa Lei traz alguns institutos de

direito privado, juntamente com normas de direito público.

São traçadas diversas regras, referentes a aspectos de transparência e gover-

nança, bem como normas destinadas à publicidade das práticas de gestão de

riscos, divulgação de códigos de conduta e estabelecimento de instrumentos de

fiscalização, por parte do Estado e da sociedade.

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Também são abordados temas como a constituição e funcionamento dos Conse-

lhos e os requisitos a serem atendidos para nomeação de dirigentes.

Mas, sem dúvida um dos grandes temas tratados pela Lei n. 13.303/2016 são

as regras específicas para as licitações e contratos no âmbito das empresas públi-

cas e sociedades de economia mista.

Foi estabelecida vacatio legis, para que todas as estatais pudessem se adequar

às novas regras. Esse prazo, de 24 meses, expirou em junho de 2018.

Vejamos, então, os pontos mais importantes da Lei das Estatais:

• Art. 1º: Abrangência e aplicabilidade da Lei:

Trata-se de uma lei nacional, ou seja, as regras se aplicam a todas as empre-

sas públicas e sociedades de economia mista, de todos os entes federativos,

seja a entidade estatal exploradora de atividade econômica de produção ou

comercialização de bens ou prestação de serviços, ou atividade exercida sob

regime de monopólio da União, ou ainda a prestação de serviços públicos.

A Lei n. 13.303/2016 não estabelece tratamento diferenciado em relação a es-

tatais exploradoras de atividade econômica (Banco do Brasil, por exemplo) e pres-

tadoras de serviços públicos (Correios, por exemplo). Todas deverão se sujeitar às

regras da lei.

Isso inclui empresas públicas e sociedades de economia mista que participem

de consórcio, assim como a sociedade, inclusive de propósito específico (SPE), que

seja controlada por empresa pública ou sociedade de economia mista.

As normas específicas sobre licitações e contratos se impõem inclusive à empre-

sa pública dependente que explore atividade econômica, mesmo que essa atividade

econômica seja realizada sob o regime de monopólio da União, ou seja, de presta-

ção de serviços públicos (ex.: Serpro).

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• Art. 3º e 4º: Conceitos:

A Lei das estatais apresenta, a princípio, o conceito de empresa pública e

sociedade de economia mista, nos seguintes termos:

Empresa pública: Entidade dotada de personalidade jurídica de direito priva-

do, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é in-

tegralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Muni-

cípios (sendo admitida a participação de outras Pessoas Jurídicas de direito público

interno, assim como de entidades da Adm. indireta)

Sociedade de economia mista: Entidade dotada de personalidade jurídica de

direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima,

cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados,

ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

Perceba que o legislador incluiu os conceitos que a doutrina já adotava, inclusive

no que tange à possibilidade de participação de mais de uma entidade adminis-

trativa no capital das empresas públicas, desde que a maioria do capital votante

permaneça em poder do ente federativo.

• Art. 17: Requisitos para escolha dos administradores:

São denominados administradores das empresas públicas e das sociedades

de economia mista os membros do Conselho de Administração e da diretoria.

A escolha desses membros deverá ser feita entre cidadãos de reputação ili-

bada e notório conhecimento, que atendam aos requisitos previstos na Lei. A Lei

ainda estabelece vedações acerca da indicação para o Conselho de Administração

e para a diretoria.

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• Artigos 28 a 84: licitações e contratos:

A Lei n. 13.303/2016 tratou de disciplinar as licitações e contratos, no âmbito

das estatais.

Como já vimos, essa norma se aplica a sociedades de economia mista e empre-

sas públicas, independentemente da natureza da atividade desempenhada (pres-

tadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).

Com a promulgação da nova Lei das Estatais, a Lei n. 8.666/1993 deixou de ser

aplicada a essas entidades, salvo nos casos expressamente previstos na própria lei

n. 13.303/2016 (normas penais e parte dos critérios de desempate).

No que se refere ao pregão, disciplinado pela Lei n. 10.520/2002, esse deverá

ser será adotado preferencialmente pelas empresas públicas e sociedades de eco-

nomia mista, quando essas estiverem diante da necessidade de firmar contratos

para aquisição de bens e serviços comuns.

Assim, atualmente as estatais não mais utilizam as modalidades de licitação

previstas na Lei n. 8.666/1993 (convite, concorrência, tomada de preços, concurso

e leilão), e sim os procedimentos previstos na Lei n. 13,303/2016 e, no caso de

aquisição de bens e serviços comuns, elas devem adotar, preferencialmente, o pre-

gão.

Há alguns aspectos importantes acerca das licitações e contratos, estabelecidos

pela Lei n. 13.303/2016.

São eles:

• Regras específicas para dispensa e inexigibilidade de licitação: licitação dis-

pensada (art. 28, §3º), licitação dispensável (art. 29) e licitação inexigí-

vel (art. 30);

• Princípios (art. 31);

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• Orçamento deve ser sigiloso, em regra, podendo ser divulgado mediante

justificativa ou quando o julgamento for por maior desconto (art. 34);

• Prazos para divulgação do edital conforme o critério de julgamento em-

pregado (art. 39);

• Inversão das fases de julgamento e habilitação (art. 51);

• Modos de disputa aberto, com possibilidade de apresentação de lances,

ou fechado, sem lances (art. 52);

• Critérios de julgamento: menor preço, maior desconto, melhor combina-

ção de técnica e preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, maior ofer-

ta de preço, maior retorno econômico e melhor destinação de bens alienados

(art. 54);

• Negociação com o primeiro colocado para obtenção de condições mais

vantajosas, podendo ser extensível aos demais licitantes quando o preço

do primeiro colocado, mesmo após a negociação, permanecer acima do orça-

mento estimado (art. 57);

• Fase recursal única, como regra (art. 59);

• Duração dos contratos, como regra, de cinco anos, admitidas determinadas

exceções (art. 71);

• Alteração dos contratos apenas por acordo entre as partes, ou seja, não

pode haver alteração unilateral pela estatal (art. 72);

• O contratado pode (é facultativo) aceitar alterações dos quantitativos,

como regra, até 25% para acréscimos ou supressões (art. 81);

• Regimes de contratação integrada ou semi - integrada (art. 42).

Cabe salientar que a Lei n. 13.303/2016 incluiu alguns procedimentos adotados

no Regime Diferenciado de Contratações (RDC).

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Outros temas importantes trazidos pela Lei n. 13.303/2016 se referem ao regi-

me societário das estatais e as formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade.

É necessário que você fique atento(a) a questões de prova versando sobre o texto

legal.

Por exemplo, se você se deparar com uma questão que afirme que as empresas

públicas e sociedades de economia mista subordinam-se à Lei no. 8.666/93, por

não haver diploma legal próprio, traçando o estatuto jurídico dessas entidades,

considere essa afirmativa ERRADA, diante da Lei n. 13.303/2016!

Com isso, terminamos a análise da Lei das Estatais.

Vamos, na sequência, a outras considerações acerca do Regime Jurídico das

estatais:

a. Possibilidade de os atos dos dirigentes serem questionados por meio

de Mandado de Segurança

O STJ entende que é cabível a impetração de mandado de segurança contra

empresas públicas, no que se refere a concursos públicos. referentes a concurso

público (Resp. n. 588017/DF, DJU, 07 junho 2004).

O mesmo não ocorre em relação a concurso público realizado por Sociedade

de Economia, exploradora de atividade empresarial. Neste caso o STJ não entende

cabível o MS, por considerar que se trata de ato de gestão de pessoa jurídica de

direito privado, exploradora de atividade econômica. (Resp. n. 1644443/DF, STJ,

6ª. Turma, DJU, 28 fev. 2000).

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Mandado de Segurança contra atos praticados pelas estatais em licitações: O

entendimento é pacífico no sentido de que neste caso se trata de atos de império

e, por isso, é cabível o MS.

2. Incidência de prerrogativas de direito público nas Estatais

As prerrogativas de direito público não se aplicam, em regra, às estatais. Isso

só ocorrerá em casos expressamente previstos em lei, desde que atendidos os se-

guintes pressupostos:

1º: exercício de atividade estatal (prestação de serviço público, por exemplo)

2º: a entidade não pode atuar no regime concorrencial com a iniciativa privada.

Se uma estatal for prestadora de serviços públicos, atuando em concorrência com

a iniciativa privada, não será assegurada qualquer prerrogativa que não atinja as

empresas privadas.

3. Responsabilidade civil por atos dos agentes, que causem prejuízos a

terceiros:

A responsabilidade civil por danos causados a terceiros será subjetiva. Por isso,

aquele que pede a indenização deverá comprovar que houve culpa ou dolo do agen-

te que, no exercício da função, causou o dano. (Ver art. 37 § 6º. CF/88)

Uma empresa estatal poderá ser responsabilizada objetivamente (sem necessidade

de comprovação do dolo ou culpa do agente causador do dano), se ela atuar como

prestadora de serviços públicos. A responsabilidade objetiva decorre da atividade

de serviço público desempenhada, e não da condição de estatal!

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A Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, por exemplo, não são

prestadoras de serviços públicos e, por isso, assumem responsabilidade civil subje-

tiva, como qualquer pessoa jurídica de direito privado. É o que estabelece o art. 37,

§ 6º, da CF/88.

4. Penhorabilidade dos bens e pagamento de suas dívidas:

O art. 100, da CF/88, estabelece que o pagamento das dívidas das Fazendas

Públicas federal, estaduais e municipais será feito através do sistema de precató-

rios, devendo estes ser incluídos, obrigatoriamente, no orçamento das entidades

de Direito Público.

Então, conclui-se que a regra dos precatórios não se aplica às empresas estatais

que, em regra, poderão ter seus bens penhorados.

O caso peculiar dos Correios e Telégrafos:

O Decreto-Lei n. 509/1969, que traça as normas que devem reger os Correios

– ECT - dispõe que seus bens são inalienáveis.

Após questionamento, o STF decidiu que essa norma é constitucional.

Essa decisão, que teve como fundamentação o princípio da continuidade do Ser-

viço Público, criou uma exceção.

Então, se for requerida a penhora de bens dos Correios e Telégrafos, o juiz com-

petente para a causa deverá indeferir o pedido.

5. Normas Constitucionais aplicáveis às empresas estatais:

• CF, art. 5º, LXIII: Ação Popular com vistas a anular atos;

• CF, art. 37, caput: Princípios básicos;

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• CF, art. 37, II: Concurso Público para provimento de empregos (exceto diri-

gentes, que não são empregados);

• CF, art. 37, XVI: Proibição de acumular empregos, cargos ou funções;

• CF, art. 37, XIX: Necessidade de lei específica autorizativa da instituição;

• CF, art. 37, XX: Autorização legislativa para criação de subsidiarias ou par-

ticipação;

• CF, art. 37, XI: Sujeição ao teto remuneratório para as que recebam recursos

públicos para o pagamento de pessoal ou custeio em geral

• CF, art. 49, X: Fiscalização direta do Congresso Nacional.

• CF, art. 53, VII: Sujeição aos limites globais fixados pelo Senado federal para

operações de Crédito interno e externo;

• CF, art. 70 e 71, II e IV: Fiscalização pelo Tribunal de Contas;

• CF, art. 165, §5º: Sujeição à Lei Orçamentária Anual;

• CF, art. 169, § 1º: Prévia dotação orçamentária para que possa ser concedida

qualquer vantagem ou aumento de remuneração, ou até mesmo para a cria-

ção de novos empregos.

6. Falência das estatais:

As empresas públicas e sociedades de economia mista não se sujeitam à falência.

A Lei n. 11.101/2005, que trata da falência e dos processos recuperação de ju-

dicial de empresas, expressamente excluiu do seu âmbito de atuação as estatais.

Logo, se a lei de falência não se aplica a elas, não há como o juiz aceitar um pro-

cesso falimentar.

A doutrina explica que, pelo princípio da simetria, se a criação de empresa es-

tatal depende de lei específica que a autorize, somente por outra lei poderá ser

autorizada a sua extinção.

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7. Controle pelo TCU:

Entenda: Se há dinheiro público envolvido no capital social, não se há fiscaliza-

ção pelo TCU. A competência fiscalizatória não se resume a julgar contas.

O STF, julgando o Mandado de Segurança n. 25.092 /DF, emitiu a seguinte de-

cisão:

“O Tribunal de Contas da União, por força do disposto no art. 71, II da CF, tem com-
petência para proceder à tomada de contas especial de administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos das entidades integrantes da Adminis-
tração Indireta, não importando se prestadoras de serviço público ou exploradoras de
atividade econômica”.

• Principais Diferenças entre Empresas Públicas e Sociedades de Eco-

nomia Mista

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


composição do capital Exclusivamente público Público e Privado*
forma jurídica Qualquer forma prevista pelo direito Apensa Sociedade Anônima

 Obs.: O Controle acionário deve ser público. O Poder Público deverá deter a maio-

ria das ações ordinárias (que possuem direito a voto)

Caro(a) aluno(a),

Com isso concluímos o estudo das entidades descentralizadas previstas na

Constituição.

Mas nosso estudo não termina aqui, pois temos ainda os Consórcios Públicos e

as entidades do Terceiro Setor.

Então, vamos em frente!

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Consórcios Públicos
O art. 241 da Constituição de 1988 estabelece que incumbe a todas as entida-

des federativas dispor mediante lei sobre os consórcios e convênios entre os entes

federados. Veja:

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio


de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total
ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.

Conceito
Consórcios públicos são associações formadas por Pessoas Jurídicas Políticas, com personalidade
de Direito Público ou Privado, criadas por autorização legislativa para a gestão associada de ser-
viços públicos.
Assim, Consórcios Públicos são parcerias, firmadas entre dois ou mais entes da federação, para a
realização de objetivos de interesse comum, em qualquer área.
Consórcios públicos podem discutir formas de promover o desenvolvimento regional, gerir o trata-
mento de lixo, água e esgoto da região ou construir novos hospitais ou escolas. Eles têm origem
nas antigas associações dos municípios, que já eram previstas na Constituição de 1937. Hoje, cen-
tenas de consórcios já funcionam no País.
Objetivos
Um dos principais objetivos dos consórcios é tornar viável a gestão pública nos espaços metropoli-
tanos, quando a solução de problemas comuns só é possível por meio de políticas e ações conjun-
tas. Agindo em parceria, pequenos municípios podem melhorar sua capacidade técnica, gerencial
e financeira.
Outra possibilidade é a formação de alianças entre regiões de interesse comum, como bacias
hidrográficas ou polos regionais de desenvolvimento, melhorando a prestação de serviços públicos.

Regime Jurídico dos Consórcios Públicos

O art. 6º, da Lei n. 11.107/2005, estabelece que o Consórcio Público poderá

adquirir a personalidade Jurídica de Direito Público ou de Direito Privado.

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Consórcio Público com Personalidade Jurídica de Direito Público

Neste caso o consórcio público terá a natureza jurídica de uma Associação Pú-

blica (art. 6º, I), devendo integrar a administração indireta dos entes federados

participantes (art. 6º, parágrafo 1º, da Lei n. 11.107/2005). Sendo uma Associação

Pública, o Consórcio Público terá as mesmas prerrogativas e privilégios das Pessoas

Jurídicas de Direito Público.

Consórcio Público com Personalidade Jurídica de Direito Privado

Consórcio Público regido pelo direito privado não integra a Administração Públi-

ca dos entes consorciados. Se a opção for pela adoção do regime jurídico de direito

privado, o Consórcio será regido pelo Direito Civil em tudo o que não for expressa-

mente derrogado por normas de direito público.

A Lei n. 11.107/05, que é norma de direito público, é aplicável a todos os consór-

cios públicos, independentemente de sua natureza de direito público ou privado.

Regras aplicáveis aos consórcios sujeitos ao regime jurídico de direito privado:


– Realização de licitação,

– Celebração de contratos,

– Prestação de contas,

– Admissão de pessoal, que será regido pela CLT (art. 6º. Parágrafo 2º).

A Lei conferiu algumas prerrogativas aos Consórcios independentemente de sua

natureza pública ou privada:

• Competência para promover desapropriações e instituir servidões por utili-

dade ou necessidade pública ou por interesse social, realizadas pelo poder

público (Lei 11.107/05, art. 2º, § 1º, II).

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• Possibilidade de celebrar contratos com a Administração Direta ou Indireta


dos Entes Federados Consorciados, com dispensa de licitação.
• Limites mais elevados para a escolha da modalidade de licitação (Lei 8.666/93,
§8º do art. 23).
• Valores mais elevados para dispensa de licitação (art. 24 par. único lei 866/93).

Controle pelo Tribunal de Contas

O art. 9º, parágrafo único, da lei n. 11.107/05 diz:

Art. 9º.
...
Parágrafo único. O Consórcio Público está sujeito à fiscalização Contábil, operacional e
patrimonial pelo TC competente para apreciar as contas do Chefe do Executivo repre-
sentante legal do Consorcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicida-
de das despesas, atos, contratos, sem prejuízo do Controle externo.

Há uma inconstitucionalidade nesse artigo.


É que haveria uma invasão de competências se apenas o Tribunal de Contas do
ente federativo conveniado que representa o Consórcio tivesse competência para
fiscalização contábil, operacional e patrimonial.
Assim, o entendimento correto é que os Tribunais de Contas de todos os entes con-
sorciados têm essa competência fiscalizatória.

Agora, para finalizar, vamos fazer um “tira dúvidas”, anotando alguns pontos
importantes do tema Consórcio Público:

• A União somente participará de consórcios públicos em que também façam

parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os municípios

consorciados.

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• Consórcios não podem contratar operações de crédito. Devem receber dinhei-

ro apenas dos entes consorciados.

• O dinheiro pode ser captado com cobrança de tarifa pela prestação de servi-

ços (saneamento, por exemplo); pelo uso ou outorga de uso de bens públicos

administrados pelos consórcios; por rateio entre os consorciados; ou convê-

nios com estados e a União.

• É permitido ao consórcio fazer concessão, permissão ou autorização de obras

ou serviços públicos.

• Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão, o ente con-

sorciado que não consignar, em sua lei orçamentária ou em créditos adicio-

nais, as dotações suficientes para suportar as despesas assumidas por meio

de contrato de rateio.

• A alocação de recursos nos consórcios por meio de empréstimos obtidos pe-

los entes da federação deve respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal e os

limites de endividamento.

• A Lei dos Consórcios, n. 11.107, de 06/04/2005, regulamenta o artigo 241 da

Constituição, incluído pela Emenda Constitucional 19/98.

• A alteração ou extinção do consórcio público precisa ser aprovada pela as-

sembleia geral de associados. Os bens, direitos, encargos e obrigações de-

correntes da gestão associada de serviços públicos custeados por tarifas ou

outra espécie de preço público serão de responsabilidade dos entes federados

que forem os titulares dos respectivos serviços.

• Os consórcios podem ser entidades de direito público ou privado. Se forem

de direito público, integram a administração indireta de todos os entes con-

sorciados. Se forem de direito privado, deverá seguir as normas do direito

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público para licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admis-

são de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

(Fonte: Presidência da República).

Entidades Paraestatais
O termo já diz muito sobre o que são elas: Entidades que atuam ao lado do Es-

tado (paralelas ao Estado).

Trata-se de entidades privadas, que colaboram com o Poder Público. Pelo fato

de não haver uma definição legal de paraestatais, há grande controvérsia, entre os

doutrinadores, sobre quais seriam as entidades paraestatais.

Assim, para efeito de questões objetivas, predomina o entendimento de que a

categoria de entidades paraestatais inclui os Serviços Sociais Autônomos e entida-

des do terceiro setor.

Serviços Sociais Autônomos

São pessoas jurídicas de direito privado, criadas após autorização legislativa,

que integram o chamado “sistema S”

Essa denominação, sistema “S”, se deve ao fato de que essas entidades estão

vinculadas a uma estrutura sindical e também por sua denominação se iniciar sem-

pre com a letra “S”, de serviço.

São exemplos de Serviços Sociais Autônomos:

a) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai;

b) Serviço Social da Indústria – Sesi;

c) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac;

d) Serviço Social do Comércio – Sesc;

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e) Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – Senat;

f) Serviço Social do Transporte – Sest;

g) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae;

h) Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar.

Características dos Serviços Sociais Autônomos

a) são pessoas jurídicas de direito privado;

b) são criados mediante autorização legislativa;

e) desenvolvem atividades em prol de grupos ou categorias profissionais;

f) não pertencem à Administração Pública;

g) são mantidos por contribuições compulsórias pagas pelos sindicalizados

(art.  240 da CF), que configuram exemplos de parafiscalidade tributária (art.  7º

do CTN);

h) os valores remanescentes dos recursos arrecadados são considerados su-

perávit, e  não lucro. Por essa razão devem reverter às finalidades essenciais da

entidade;

i) sujeitam-se a controle estatal, inclusive por meio dos Tribunais de Contas;

j) seu pessoal não precisa prestar concurso público;

k) licitação: o TCU tem entendimento no sentido de que a Licitação adotada

pelos Serviços Sociais Autônomos pode ser através de ritos simplificados próprios,

previstos nos regimentos internos de cada entidade, desde que não confrontem as

normas gerais previstas na Lei n. 8.666/93

l) são beneficiadas com a imunidade tributária, sobre patrimônio, renda e servi-

ços, nos termos do art. 150, VI,c, da CF.

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Terceiro Setor

Essa expressão nos remete a determinadas atividades, realizadas no âmbito da

sociedade civil, que não se enquadram nem na categoria de governamentais (pois

essas são desempenhadas pelo primeiro setor), nem empresariais e econômicas

(desempenhadas no segundo setor).

Assim, o terceiro setor é formado por entidades privadas, da sociedade civil,

que exercem atividades de interesse público, sem fins lucrativos.

O regime jurídico das entidades do terceiro setor é principalmente o de direito

privado, embora algumas regras do direito público se apliquem.

O Poder Público estimula o desenvolvimento das atividades do terceiro setor,

devido ao valor social dessas atividades.

Lembre-se de que a expressão fomento indica justamente o incentivo a ativi-

dades privadas de interesse público! O fomento, os serviços públicos e o poder de

polícia são as três atividades marcantes da Administração Pública.

As entidades do terceiro setor, no âmbito federal são:

a) Organizações Sociais (OSs);

b) Organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips).

Organizações Sociais

A Lei n. 9.637/1998 trata das Organizações Sociais. Na verdade, esse termo é

uma qualificação especial, que o governo federal confere a entidades privadas, sem

fins lucrativos, que passam com isso a usufruir de algumas prerrogativas, como

isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos,

e até memo a cessão de servidores públicos.

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As áreas de atuação das organizações sociais são:

– ensino;

– pesquisa científica;

– desenvolvimento tecnológico;

– proteção e preservação do meio ambiente;

– cultura;

– saúde.

Desempenham atividades de interesse público, mas que não são serviços pú-

blicos.

Organizões Sociais não podem ser concessionárias ou permissionárias de Ser-

viços Públicos!

De acordo com o art. 2º da Lei n. 9.637/1998, a qualificação da Organização

Social é ato discricionário.

Além de ser necessário o atendimento aos requisitos exigidos na lei, o inciso II

art. 2º também condiciona a atribuição do título a

“haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como or-


ganização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração
Federal e Reforma do Estado”.

Assim, as entidades que atendam aos requisitos legais têm expectativa de direi-

to à qualificação, nunca direito adquirido.

A doutrina aponta para a inconstitucionalidade do Art. 2º da lei 9.637/98, sob o

argumento seguinte:

Diante do caráter discricionário do ato, é  possível que a qualificação seja conferida a


uma entidade e negada a outra, ainda que essa tenha atendido aos requisitos legais
legais.Isso violaria o princípio da isonomia.

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• O contrato de gestão

O instrumento que formaliza a parceria entre a Administração e a Organização

Social é o contrato de gestão, aprovado pelo Ministro de Estado ou autoridade su-

pervisora da área de atuação da entidade.

O contrato de gestão deve discriminar as atribuições, responsabilidades e obri-

gações, tanto do Poder Público e da Organização Social, devendo necessariamente

incluir os seguintes pontos:

I – A especificação do programa de trabalho proposto pela organização social,

bem como a estipulação das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de

execução, e a previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempe-

nho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade;

II – A estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e van-

tagens de qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados

das organizações sociais, no exercício de suas funções;

III  – definição das demais cláusulas dos contratos de gestão, a  serem feitas

pelos Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de atuação da enti-

dade.

• Fiscalização do Contrato de Gestão

A fiscalização do contrato de gestão fica a cargo do Ministério Supervisor, da

área que corresponde à atividade realizada pela Organização social.

A OS deverá apresentar, ao final de cada exercício, relatório de cumprimento

das metas fixadas no contrato de gestão.

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Caso não sejam cumpridas as metas, o Poder Executivo poderá desqualificar a

entidade, mediante prévio processo administrativo, assegurados o contraditório e

ampla defesa.

• Dispensa de Licitação

Nos termos do art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/1993, é dispensável a dicitação

para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações so-

ciais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades

contempladas no contrato de gestão.

Esse inciso XXIV já teve sua constitucionalidade questionada perante o STF,

através da ADIn 1.923/1998. A decisão do Tribunal foi no sentido de indeferir a

medida cautelar que suspendia a eficácia do referido inciso, que com isso voltou a

ser aplicável.

Finalizando, pode-se dizer que as Organizações Sociais são uma espécie de

parceria entre a Administração Pública e entidades privadas, para o exercício de

atividades que antse eram desempenhadas por entidades públicas.

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público- OSCIP

As Oscips são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, criadas

espontâneamente por particulares, para desempenhar serviços não exclusivos do

Estado, mediante fiscalização do Poder Público.

A parceria com o Poder Público se formaliza mediante a celebração de um termo

de parceria.

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A Lei n. 9.790/1999, regulamentada pelo Decreto no.3.100/99, trata da qua-

lificação da OSCIP, da outorga do respectivo título, permitindo que essa entidade

tenha benefícios especiais, como a destinação de recursos públicos.

• Áreas de atuação da OSIP

A área de atuação das Ocips é mais ampla do que a das organizações sociais.

De acordo com o art. 3º, da Lei n. 9.790/1999, a qualificação somente poderá

ser outorgada a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos ob-

jetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I – promoção da assistência social;

II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artís-

tico;

III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de

participação das organizações de que trata esta Lei;

IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de par-

ticipação das organizações de que trata esta Lei;

V – promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do de-

senvolvimento sustentável;

VII – promoção do voluntariado;

VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sis-

temas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;

X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assesso-

ria jurídica gratuita de interesse suplementar;

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XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da demo-

cracia e de outros valores universais;

XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produ-

ção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos”.

O termo de parceria, firmado entre o Poder Público Federal e a Oscip, deverá

estabelecer os direitos, responsabilidades e obrigações de ambas as partes, com

previsão de metas a serem alcançadas, o prazo de duração, os direitos e obrigações

das partes e as formas de fiscalização.

Diferentemente do que ocorre com as Organizações Sociais, a outorga do título

de Oscip é decisão vinculada, podendo-se falar em direito adquirido à qualificação,

para todas as entidades que preencherem os requisitos exigidos na legislação.

O art. 2º da Lei n. 9.790/1999 veda a concessão do título de Oscip para as se-

guintes pessoas jurídicas:

I – as sociedades comerciais;

II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria

profissional;

III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cul-

tos, práticas e visões devocionais e confessionais;

IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços

a um círculo restrito de associados ou sócios;

VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas man-

tenedoras;

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IX – as organizações sociais;

X – as cooperativas;

XI – as fundações públicas;

XII – as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas

por órgão público ou por fundações públicas;

XIII – as organizações creditícias que tenham qualquer tipo de vinculação com

o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal”.

• O Procedimento de Qualificação

Deverá ser dirigido ao Ministro da Justiça um requerimento de qualificação.

O Ministro procederá à análise de atendimento dos requisitos legais, antes de pro-

ferir decisão sobre o cabimento ou não da outorga do título de OSCIP à entidade.

Da mesma forma que as Organizações Sociais, as OSCIPS se subordinam às

regras de licitação para a contratação de obras, compras, serviços e alienações,

com utilização dos recursos ou bens repassados voluntariamente pela União. É o

que dispõe o Art. 1º do Decreto n. 5.504/2005. No caso de aquisição de bens e

serviços comuns, é obrigatória a modalidade pregão, preferencialmente na forma

eletrônica.

Caso a OSCIP deixe de atender às exigências legais, poderá perder a qualifica-

ção, mediante processo administrativo, assegurados a ampla defesa e contraditório.

Caro(a) aluno(a),

Com isso, concluímos nossa aula.

Teste seus conhecimentos, através da resolução de questões elaboradas pela

nossa Banca Examinadora.

Um abraço e até a próxima aula.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1    (FGV/2018) O Estado Sigma e os Municípios Zeta, Teta e Ômega, loca-

lizados no território do referido Estado, celebraram consórcio público para a gestão

dos resíduos sólidos, constituindo-o como pessoa jurídica de direito privado.

Nesse caso,

a) o consórcio público, em razão de ser constituído como pessoa jurídica de direito

privado, não está obrigado à realização de licitação ou de concurso público para

admissão de pessoal.

b) por possuir personalidade jurídica de direito privado, o consórcio não poderá

firmar convênios, contratos ou outros acordos com a Administração Pública.

c) a área de atuação do consórcio corresponde ao território do Estado Sigma, em

razão de sua participação voluntária no consórcio.

d) o Estado Sigma e os Municípios Zeta, Teta e Ômega somente entregarão recur-

sos ao consórcio público mediante formalização de contrato de rateio.

Questão 2    (FGV/2018) Assinale a opção que indica a modalidade de administra-

ção do Estado em que há transferência de serviços e competências para outras

pessoas jurídicas.

a) Concentrada

b) Desconcentrada

c) Funcionalizada

d) Descentralizada

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Questão 3    (FGV/2018) A qualificação de Agência Executiva é fornecida pelo Poder

Público a determinadas entidades com o objetivo de ampliar sua autonomia, assu-

mindo o compromisso de cumprir determinadas metas de desempenho.

Assinale a opção que apresenta entidades que podem receber essa qualificação.

a) As ONGs

b) As fundações privadas

c) As autarquias

d) Os orgãos públicos

Questão 4    (FGV/2018) As agências reguladoras são entidades criadas pelo Estado

com a finalidade de regular determinados setores da economia, visando assegurar

o interesse público.

Em relação aos dirigentes das Agências Reguladoras Federais, tem-se o entendi-

mento de que

a) são servidores efetivos em cargo de confiança.

b) devem ser escolhidos pelo Presidente da República.

c) são indicados pelo colegiado de servidores do órgão.

d) adquirem vitaliciedade após dois anos de exercício.

Questão 5    (FGV/2018) Uma autarquia, entidade conceituada como serviço públi-

co personalizado, não pode estar vinculada

a) A um Ministério

b) A uma Secretaria

c) À Eletrobras

d) À Casa Civil

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Questão 6    (FGV/2018) Em decorrência de diversos escândalos de corrupção ocor-

ridos no país, um município decide criar uma Controladoria Geral para aprimorar o

controle interno na gestão municipal.

Acerca da criação da Controladoria Geral do município, assinale a afirmativa correta

a) Possui personalidade jurídica própria.

b) Não será subordinada à Administração Direta.

c) Representa uma desconcentração da função administrativa.

d) É uma entidade política com capacidade de auto-organização.

Questão 7    (FGV/2018) Em matéria de regime jurídico dos conselhos de fiscaliza-

ção profissionais, que têm natureza jurídica de autarquias especiais, o  Supremo

Tribunal Federal firmou tese em repercussão geral pelo plenário, no sentido de que

a) não se aplica a obrigatoriedade de concurso público para ingresso de pessoal.

b) não se aplica o regime dos precatórios para pagamentos de dívidas decorrentes

de decisão judicial.

c) não se aplica o teto constitucional de remuneração dos servidores e têm perso-

nalidade jurídica de direito privado.

d) têm natureza de pessoa jurídica de direito privado e não se submetem a contro-

le pelos tribunais de contas.

Questão 8    (FGV/2018) Com relação aos consórcios públicos, analise as afirmati-

vas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.

 (  ) O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito

público.

 (  ) Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança, porém não

podem arrecadar tarifas por prestação de serviços.

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 (  ) O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá

da prévia subscrição de protocolo de intenções.

Assinale a opção que indica a sequência correta, segundo a ordem apresentada.

a) V-V-F

b) F-F-V

c) F-V-F

d) V-F-V

Questão 9    (FGV/2018) A Lei Federal XX dispôs: Art. 1º. As empresas públicas que

exploram atividade econômica seriam amparadas por cláusulas exorbitantes nas

obrigações comerciais que viessem a assumir; Art. 2º. As empresas públicas que

exploram atividade econômica teriam privilégios fiscais não extensivos às do setor

privado; Art. 3º. As empresas públicas que exploram atividade econômica estariam

sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas quanto às obrigações

trabalhistas.

À luz da sistemática constitucional afeta à ordem econômica e financeira,

a) Apenas o art. 1º é constiutcional

b) Apenas o art. 2º é constiutcional

c) Apenas o art. 3º é constiutcional

d) Apenas o art. 1º e 2º são constiutcionais

Questão 10    (FGV/2018) No Município de Córrego Seco, a associação Meu Bem

Querer, sem fins lucrativos e que oferece educação básica e cursos profissionali-

zantes para menores em situação de vulnerabilidade, pleiteou qualificação como

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). A esse respeito, as-

sinale a afirmativa correta.

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a) Ainda que a associação preencha os requisitos previstos em lei, a outorga da

qualificação é ato discricionário do Poder Executivo.

b) Caso obtenha a qualificação pleiteada, a associação poderá firmar termo de par-

ceria com o Município de Córrego Seco.

c) Qualquer instrumento de parceria só poderá ser firmado entre a associação qua-

lificada como OSCIP e o Poder Público que lhe outorgou a qualificação

d) Caso preencha os requisitos previstos em lei, a  associação qualificada como

OSCIP pode celebrar contrato de gestão para exercício das atividades descritas em

seu estatuto.

Questão 11    (FGV/2018) O Município Ômega, com menos de 200.000 habitantes,

editou lei ordinária autorizando a criação de uma sociedade de economia mista

para a elaboração de projetos e realização de obras de engenharia. A intenção do

Município é a de que a empresa participe da reurbanização da área portuária. Sobre

essa sociedade, assinale a afirmativa correta.

a) A criação da sociedade de economia mista deveria ter sido autorizada por meio

de lei complementar, não sendo válida a autorização veiculada em lei ordinária.

b) A sociedade de economia mista municipal deve sujeitar-se ao regime jurídico

próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,

comerciais e trabalhistas.

c) Não é possível a criação de uma sociedade de economia mista, no caso, tendo

em vista o tamanho da população municipal.

d) A sociedade de economia mista municipal, se contratada pelo Poder Público, de

qualquer esfera, é imune à incidência de tributos.

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Questão 12    (FGV/2018) As empresas públicas e as sociedades de economia mista

dispõem de um estatuto jurídico próprio, definido pela Lei n. 13.303/16.

Sobre os diversos dispositivos regulatórios existentes nesse estatuto, assinale a

afirmativa correta.

a) Sujeita as empresas públicas às mesmas penalizações impostas às empresas

privadas em caso de responsabilização administrativa e civil.

b) Proíbe as empresas públicas de participarem de sociedades de propósito espe-

cífico, exceto em casos em que a empresa pública seja a sócia majoritária ou con-

troladora do consórcio

c) Impõe à pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista os mesmos

deveres e responsabilidades de acionista controlador estabelecidos pela lei das so-

ciedades de ações.

d) Desobriga as sociedades de economia mista de capital aberto ao cumprimento

das leis relativas a sociedades de ações e da Comissão de valores imobiliários

Questão 13    (FGV/2018) Considerando a Lei n. 13.303/16, que dispõe sobre o

estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas

subsidiárias, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa:

 (  ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista deverão divulgar

anualmente o relatório integrado ou de sustentabilidade, como parte dos re-

quisitos mínimos de transparência.

 (  ) Uma sociedade de economia mista, com criação autorizada por lei e dotada

de personalidade jurídica de direito público, não pode adotar a forma jurídica

de sociedade anônima.

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 (  ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista estão dispensadas

de fazer licitação para qualquer tipo de aquisição, obra ou serviço, pois não

fazem parte da administração pública direta.

As afirmativas são, segundo a ordem apresentada, respectivamente,

a) V-F-F

b) F-V-V

c) V-F-V

d) F-F-F

Questão 14    (FGV/2018) Determinado Município no interior do Estado de Santa

Catarina, com o escopo de fomentar as ações de fiscalização e tutela dos direitos

das crianças e adolescentes de sua competência, dividiu a então Secretaria Munici-

pal de Educação em duas novas Secretarias:

I – a da Criança, do Adolescente e da Juventude;

II – a de Educação.

Essa distribuição interna de competências no âmbito de uma mesma pessoa jurídi-

ca (no caso, o Município), mediante especialização interna, é chamada de:

a) descentralização, e decorre do poder regulamentar;

b) desconcentração, e decorre do poder hierárquico;

c) fragmentação, e decorre do poder disciplinar;

d) delegação, e decorre do poder normativo.

Questão 15    (FGV/2018) Presidente da autarquia que atua na área de meio am-

biente de determinado Estado da Federação indeferiu pedido de licença ambiental

de empreendedor particular que pretendia instalar um aterro sanitário para rece-

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ber resíduos sólidos. Inconformado, o particular impetrou o mandado de seguran-

ça, indicando como autoridade coatora o presidente da autarquia, que, ao prestar

informações, alegou que a legitimidade passiva seria do próprio estado membro.

Nesse contexto, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,

a autarquia possui:

a) autonomia administrativa, financeira e personalidade jurídica própria, distinta

da entidade política à qual está vinculada, motivo pelo qual não assiste razão a seu

dirigente;

b) autonomia administrativa e financeira, mas não possui personalidade jurídica

própria, motivo pelo qual assiste razão a seu dirigente, devendo ser indicado como

autoridade coatora o Secretário Estadual de Meio Ambiente;

c) personalidade jurídica própria de direito público, motivo pelo qual assiste razão a

seu dirigente, devendo ser indicado como autoridade coatora o Secretário Estadual

de Meio Ambiente;

d) personalidade jurídica própria de direito privado, motivo pelo qual não assiste

razão a seu dirigente, que ostenta a legitimidade passiva para figurar como auto-

ridade coatora.

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GABARITO
1. d

2. d

3. c

4. b

5. c

6. c

7. b

8. d

9. c

10. b

11. b

12. c

13. a

14. b

15. a

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GABARITO COMENTADO
Questão 1    (FGV/2018) O Estado Sigma e os Municípios Zeta, Teta e Ômega, loca-

lizados no território do referido Estado, celebraram consórcio público para a gestão

dos resíduos sólidos, constituindo-o como pessoa jurídica de direito privado.

Nesse caso,

a) o consórcio público, em razão de ser constituído como pessoa jurídica de direito

privado, não está obrigado à realização de licitação ou de concurso público para

admissão de pessoal.

b) por possuir personalidade jurídica de direito privado, o consórcio não poderá

firmar convênios, contratos ou outros acordos com a Administração Pública.

c) a área de atuação do consórcio corresponde ao território do Estado Sigma, em

razão de sua participação voluntária no consórcio.

d) o Estado Sigma e os Municípios Zeta, Teta e Ômega somente entregarão recur-

sos ao consórcio público mediante formalização de contrato de rateio.

Letra d.

Correta a alternativa D, nos termos do art. 8º, Lei n. 11.107/2005:

Art. 8º. Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público me-


diante contrato de rateio.

Questão 2    (FGV/2018) Assinale a opção que indica a modalidade de administra-

ção do Estado em que há transferência de serviços e competências para outras

pessoas jurídicas.

a) Concentrada

b) Desconcentrada

c) Funcionalizada

d) Descentralizada

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Letra d.

Se o Estado está transferindo serviços para outra pessoa jurídica é uma des-

centralização, ou seja, a modalidade é descentralizada “D”.

Se o estado estivesse distribuindo serviços entre a mesma pessoa jurídica se-

ria uma desconcentração.

Questão 3    (FGV/2018) A qualificação de Agência Executiva é fornecida pelo Poder

Público a determinadas entidades com o objetivo de ampliar sua autonomia, assu-

mindo o compromisso de cumprir determinadas metas de desempenho.

Assinale a opção que apresenta entidades que podem receber essa qualificação.

a) As ONGs

b) As fundações privadas

c) As autarquias

d) Os orgãos públicos

Letra c.

Correta a alternativa C, nos termos da Lei 9.649/98, art.51:

Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou


fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:
I – ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento;
II – ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da Re-
pública

Questão 4    (FGV/2018) As agências reguladoras são entidades criadas pelo Estado

com a finalidade de regular determinados setores da economia, visando assegurar

o interesse público.

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Em relação aos dirigentes das Agências Reguladoras Federais, tem-se o entendi-

mento de que

a) são servidores efetivos em cargo de confiança.

b) devem ser escolhidos pelo Presidente da República.

c) são indicados pelo colegiado de servidores do órgão.

d) adquirem vitaliciedade após dois anos de exercício.

Letra b.

Art. 5º - O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente (CD I) e os demais


membros do Conselho Diretor ou da Diretoria (CD II) serão brasileiros, de reputação
ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos
para os quais serão nomeados, devendo ser escolhidos pelo Presidente da Repú-
blica e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos termos da alínea f
do inciso III do art. 52 da Constituição Federal.
Art. 9º - Os Conselheiros e os Diretores somente perderão o mandato em caso de re-
núncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo adminis-
trativo disciplinar.

Questão 5    (FGV/2018) Uma autarquia, entidade conceituada como serviço públi-

co personalizado, não pode estar vinculada

a) A um Ministério

b) A uma Secretaria

c) À Eletrobras

d) À Casa Civil

Letra c.

Autarquias são entidades descentralizadas, que se vinculam à Administração Públi-

ca Centralizada. A Eletrobras é uma empresa pública, pertencente à Administração

Pública Descentralizada.

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Questão 6    (FGV/2018) Em decorrência de diversos escândalos de corrupção ocor-

ridos no país, um município decide criar uma Controladoria Geral para aprimorar o

controle interno na gestão municipal.

Acerca da criação da Controladoria Geral do município, assinale a afirmativa correta

a) Possui personalidade jurídica própria.

b) Não será subordinada à Administração Direta.

c) Representa uma desconcentração da função administrativa.

d) É uma entidade política com capacidade de auto-organização.

Letra c.

Controladoria é um órgão público e, como tal, pertence à administração Pública

direta, é criado através do processo de desconcentração administrativa e se subor-

dina hierarquicamente ao órgão independente.

Questão 7    (FGV/2018) Em matéria de regime jurídico dos conselhos de fiscaliza-

ção profissionais, que têm natureza jurídica de autarquias especiais, o  Supremo

Tribunal Federal firmou tese em repercussão geral pelo plenário, no sentido de que

a) não se aplica a obrigatoriedade de concurso público para ingresso de pessoal.

b) não se aplica o regime dos precatórios para pagamentos de dívidas decorrentes

de decisão judicial.

c) não se aplica o teto constitucional de remuneração dos servidores e têm perso-

nalidade jurídica de direito privado.

d) têm natureza de pessoa jurídica de direito privado e não se submetem a contro-

le pelos tribunais de contas.

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Letra b.

“Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de


Fiscalização (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de preca-
tórios”.
STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Au-
rélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).”

Questão 8    (FGV/2018) Com relação aos consórcios públicos, analise as afirmati-

vas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.

 (  ) O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito

público.

 (  ) Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança, porém não

podem arrecadar tarifas por prestação de serviços.

 (  ) O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá

da prévia subscrição de protocolo de intenções.

Assinale a opção que indica a sequência correta, segundo a ordem apresentada.

a) V-V-F

b) F-F-V

c) F-V-F

d) V-F-V

Letra d.

De acordo com a Lei n. 11.107/2005, a sequência apresentada tem as seguintes

respostas:

(F) Art. 1º. § 1º O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurí-

dica de direito privado.

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(F) Art. 2º. § 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança

e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela pres-

tação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles admi-

nistrados ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.

(V) Art. 3º. O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração de-

penderá da prévia subscrição de protocolo de intenções.

Questão 9    (FGV/2018) A Lei Federal XX dispôs: Art. 1º. As empresas públicas que

exploram atividade econômica seriam amparadas por cláusulas exorbitantes nas

obrigações comerciais que viessem a assumir; Art. 2º. As empresas públicas que

exploram atividade econômica teriam privilégios fiscais não extensivos às do setor

privado; Art. 3º. As empresas públicas que exploram atividade econômica estariam

sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas quanto às obrigações

trabalhistas.

À luz da sistemática constitucional afeta à ordem econômica e financeira,

a) Apenas o art. 1º é constiutcional

b) Apenas o art. 2º é constiutcional

c) Apenas o art. 3º é constiutcional

d) Apenas o art. 1º e 2º são constiutcionais

Letra c.

O art. 1º da lei é inconstitucional, pois Cláusulas exorbitantes não existem em con-

tratos de direito privado. São assim denominadas justamente porque exorbitam o

direito privado, concedendo prerrogativas para a Administração e posicionando-a

em situação de superioridade em relação ao contratado.

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Como a empresa pública no caso citado, explora atividade econômica os contra-

tos relativos à sua atividade devem obedecer ao regime privado, de acordo com o

art. 173, parágrafo 1º, II, da Constituição Federal de 1988.

O art. 2º da lei é inconstitucional, nos termos do § 2º do art. 173, da Constituição

Federal de 1988.

O art. 3º da lei é constitucional, nos termos do art. 173, §1º, II, da Constituição

Federal de 1988.

Art. 173
...
§ 1º
...
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

Questão 10    (FGV/2018) No Município de Córrego Seco, a associação Meu Bem

Querer, sem fins lucrativos e que oferece educação básica e cursos profissionali-

zantes para menores em situação de vulnerabilidade, pleiteou qualificação como

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). A esse respeito, as-

sinale a afirmativa correta.

a) Ainda que a associação preencha os requisitos previstos em lei, a outorga da

qualificação é ato discricionário do Poder Executivo.

b) Caso obtenha a qualificação pleiteada, a associação poderá firmar termo de par-

ceria com o Município de Córrego Seco.

c) Qualquer instrumento de parceria só poderá ser firmado entre a associação qua-

lificada como OSCIP e o Poder Público que lhe outorgou a qualificação

d) Caso preencha os requisitos previstos em lei, a  associação qualificada como

OSCIP pode celebrar contrato de gestão para exercício das atividades descritas em

seu estatuto.

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Letra b.

Está correta a alternativa B, nos termos do art. 9º da Lei 9.790, que regulamenta

a qualificação das OCIPs

Art. 9º Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível


de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organi-
zações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de
cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse
público previstas no art. 3º desta Lei.

Questão 11    (FGV/2018) O Município Ômega, com menos de 200.000 habitantes,

editou lei ordinária autorizando a criação de uma sociedade de economia mista

para a elaboração de projetos e realização de obras de engenharia. A intenção do

Município é a de que a empresa participe da reurbanização da área portuária. Sobre

essa sociedade, assinale a afirmativa correta.

a) A criação da sociedade de economia mista deveria ter sido autorizada por meio

de lei complementar, não sendo válida a autorização veiculada em lei ordinária.

b) A sociedade de economia mista municipal deve sujeitar-se ao regime jurídico

próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,

comerciais e trabalhistas.

c) Não é possível a criação de uma sociedade de economia mista, no caso, tendo

em vista o tamanho da população municipal.

d) A sociedade de economia mista municipal, se contratada pelo Poder Público, de

qualquer esfera, é imune à incidência de tributos.

Letra b.

Está correta a alternativa B, de acordo com o art. 173, § 1º, II, da CF/88:

Art. 173.
...

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§ 1º.
...
II – A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comer-
cialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: II - a sujeição ao regi-
me jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários

Questão 12    (FGV/2018) As empresas públicas e as sociedades de economia mista

dispõem de um estatuto jurídico próprio, definido pela Lei n. 13.303/16.

Sobre os diversos dispositivos regulatórios existentes nesse estatuto, assinale a

afirmativa correta.

a) Sujeita as empresas públicas às mesmas penalizações impostas às empresas

privadas em caso de responsabilização administrativa e civil.

b) Proíbe as empresas públicas de participarem de sociedades de propósito espe-

cífico, exceto em casos em que a empresa pública seja a sócia majoritária ou con-

troladora do consórcio

c) Impõe à pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista os mesmos

deveres e responsabilidades de acionista controlador estabelecidos pela lei das so-

ciedades de ações.

d) Desobriga as sociedades de economia mista de capital aberto ao cumprimento

das leis relativas a sociedades de ações e da Comissão de valores imobiliários

Letra c.

Está correta a alternativa C, de acordo com o art. 4º, § 1º, da Lei n. 13.303/2016:

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

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§ 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os


deveres e as responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos na Lei
n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá exercer o poder de controle no interesse
da companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação.

Questão 13    (FGV/2018) Considerando a Lei n. 13.303/16, que dispõe sobre o

estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas

subsidiárias, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa:

 (  ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista deverão divulgar

anualmente o relatório integrado ou de sustentabilidade, como parte dos re-

quisitos mínimos de transparência.

 (  ) Uma sociedade de economia mista, com criação autorizada por lei e dotada

de personalidade jurídica de direito público, não pode adotar a forma jurídica

de sociedade anônima.

 (  ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista estão dispensadas

de fazer licitação para qualquer tipo de aquisição, obra ou serviço, pois não

fazem parte da administração pública direta.

As afirmativas são, segundo a ordem apresentada, respectivamente,

a) V-F-F

b) F-V-V

c) V-F-V

d) F-F-F

Letra a

De acordo com a Lei n. 13.306/2016, a sequência apresentada tem as seguintes

respostas:

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(V) As empresas públicas e as sociedades de economia mista deverão di-

vulgar anualmente o relatório integrado ou de sustentabilidade, como par-

te dos requisitos mínimos de transparência

Art. 8º. As empresas públicas e as sociedades de economia mista deverão observar, no


mínimo, os seguintes requisitos de transparência:
...
IX – divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabilidade.

(F) Uma sociedade de economia mista, com criação autorizada por lei e do-

tada de personalidade jurídica de direito público, não pode adotar a forma

jurídica de sociedade anônima.

Art. 4º. Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

(F) As empresas públicas e as sociedades de economia mista estão dispen-

sadas de fazer licitação para qualquer tipo de aquisição, obra ou serviço,

pois não fazem parte da administração pública direta.

Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às empresas


públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e de publicidade,
à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos integrantes do respectivo
patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse patrimônio, bem como à
implementação de ônus real sobre tais bens, serão precedidos de licitação nos termos
desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 29 e 30.

Questão 14    (FGV/2018) Determinado Município no interior do Estado de Santa

Catarina, com o escopo de fomentar as ações de fiscalização e tutela dos direitos

das crianças e adolescentes de sua competência, dividiu a então Secretaria Munici-

pal de Educação em duas novas Secretarias:

I – a da Criança, do Adolescente e da Juventude;

II – a de Educação.

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Essa distribuição interna de competências no âmbito de uma mesma pessoa jurídi-

ca (no caso, o Município), mediante especialização interna, é chamada de:

a) descentralização, e decorre do poder regulamentar;

b) desconcentração, e decorre do poder hierárquico;

c) fragmentação, e decorre do poder disciplinar;

d) delegação, e decorre do poder normativo.

Letra b.

Desconcentração é uma distribuição interna de competências, dentre os vários ór-

gãos de uma mesma pessoa jurídica. Essa distribuição se funda no poder hierárqui-

co da administração, pelo qual ela se estrutura internamente, distribui e escalona

funções, dá ordem, impõe limites e exerce o controle interno.

Questão 15    (FGV/2018) Presidente da autarquia que atua na área de meio am-

biente de determinado Estado da Federação indeferiu pedido de licença ambiental

de empreendedor particular que pretendia instalar um aterro sanitário para rece-

ber resíduos sólidos. Inconformado, o particular impetrou o mandado de seguran-

ça, indicando como autoridade coatora o presidente da autarquia, que, ao prestar

informações, alegou que a legitimidade passiva seria do próprio estado membro.

Nesse contexto, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,

a autarquia possui:

a) autonomia administrativa, financeira e personalidade jurídica própria, distinta

da entidade política à qual está vinculada, motivo pelo qual não assiste razão a seu

dirigente;

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b) autonomia administrativa e financeira, mas não possui personalidade jurídica

própria, motivo pelo qual assiste razão a seu dirigente, devendo ser indicado como

autoridade coatora o Secretário Estadual de Meio Ambiente;

c) personalidade jurídica própria de direito público, motivo pelo qual assiste razão a

seu dirigente, devendo ser indicado como autoridade coatora o Secretário Estadual

de Meio Ambiente;

d) personalidade jurídica própria de direito privado, motivo pelo qual não assiste

razão a seu dirigente, que ostenta a legitimidade passiva para figurar como auto-

ridade coatora.

Letra a.

“As autarquias possuem personalidade jurídica própria, distinta da entidade po-


lítica à qual estão vinculadas, assim como autonomia administrativa e financeira,
razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como au-
toridades coatoras em Mandados de Segurança”.
Fonte: Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público do STJ”. (REsp 1132423/SP,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 21/06/2010)

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