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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - GPDES

Disciplina: Direito Administrativo I

Código da Disciplina: IUS356

Professor: Angelo Remedio Neto (angeloneto@ippur.ufrj.br)

Aluna(o): Leonardo de Lima

Matrícula: 113152037

1ª Avaliação - 10 pontos

1ª Questão (2,5 pontos - 0,5 cada item). Dos grandes desafios da Administração Pública em seu
funcionamento encontramos a tensão entre os direitos dos administrados e as prerrogativas da
Administração. Os princípios possuem papel relevante para permitir um equilíbrio ante esta
'bipolaridade'. Nesta seara, disserte sobre o impacto do funcionamento da Administração vindo dos
seguintes princípios:

a. Legalidade.
b. Supremacia do Interesse Público.
c. Presunção de veracidade.
d. Razoabilidade e proporcionalidade.
c. Motivação.

De acordo com o regime jurídico administrativo, à Administração Pública são dadas algumas
prerrogativas que a colocam em posição privilegiada na relação jurídico-administrativa ante os indivíduos.
Dessa forma, foram estabelecidos alguns princípios que podem ser expressos de forma objetiva em duas
palavras, prerrogativas e sujeições. Esses princípios devem ser seguidos por todos os representantes da
Administração Pública no intuito de garantir de forma mais adequada o interesse de toda a sociedade.
O princípio da Supremacia do interesse público, por exemplo, coloca a Administração Pública em
uma situação de superioridade, acima do particular, e é, portanto, marcado pela verticalidade, pois
representando o interesse da maioria, são necessárias prerrogativas à Administração Pública para que esse
interesse coletivo possa se concretizar. Por exemplo, a desapropriação de imóveis para a construção de uma
escola pública ou uma estação de metrô.
Por outro lado, o princípio da Legalidade define de forma muito objetiva que a Administração
Pública deve agir estritamente dentro do que foi estabelecido em lei, estando assim amarrada a
condicionantes que limitam a sua atuação. Portanto, é com base nesse princípio que o administrador,
atuando em nome do interesse público, limita-se a ser um mero gestor da coisa pública e não poderá exercer
atribuições que fujam do escopo definido em lei, temos aqui um princípio implícito chamado de
indisponibilidade do interesse público, ou seja, o administrador não pode dispor das ferramentas e
prerrogativas a ele dadas na condição de representante público para agir conforme suas vontades
particulares.
Cabe ressaltar ainda que todos os atos da Administração Pública, ao serem praticados, devem ser
motivados, salvo em algumas exceções. O princípio da Motivação deve indicar, em outras palavras justificar
os pressupostos que levaram à prática daquele ato administrativo, estando assim a sua validade condicionada
à sua apresentação por escrito sendo esse um mecanismo de controle sobre a legitimidade e legalidade dos
atos da Administração Pública.
Toda a atuação do agente público está permeada por regras e limitações, e para garantir que essa
atuação seja feita de uma forma equilibrada e sem excessos, há dois princípios, interligados, que existem
para pautar essa atuação. Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Razoabilidade seria uma
atuação pautada na coerência e no bom senso, que se distanciem de atos abusivos e inadequados que não
estejam de acordo com o interesse público. Quanto ao princípio da proporcionalidade, podemos dizer que é
partir dele que se avalia a justa medida da atuação da Administração Pública, vedando excessos e adequando
os meios aos fins de forma justa e correta. Por exemplo: em um processo administrativo, um funcionário não
poderia ser punido com uma demissão pelo fato de ter chegado atrasado ao trabalho. Essa seria uma punição
irrazoável e, também, desproporcional à falta cometida.
À toda atuação da Administração Pública deve constar a boa-fé. A credibilidade e a confiança estão
respaldadas na Presunção de Veracidade dos atos que foram praticados pela administração pública e,
portanto, ao cidadão devem ser garantidos minimamente que esses atos sejam lícitos e, portanto, estão sendo
realizados em conformidade com a lei (presunção de legitimidade) e que são verdadeiros os fatos narrados
no respectivo ato administrativo (presunção de veracidade). Um exemplo disso pode ser expresso numa
certidão de antecedentes criminais fornecida a um candidato a um concurso que exija essas informações, ou
seja, é o poder público que fornece e emite esses dados respaldado no atributo da presunção de veracidade,
assim pode-se presumir que essas informações são verdadeiras.

2ª Questão (2,5 pontos - 1,25 cada item). O Poder de Polícia se caracteriza pela atividade do Estado
que consiste em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público. Para
isto, o Poder Legislativo fornece à Administração prerrogativas e limitações.

a. Disserte sobre as três características essenciais do Poder de Polícia - discricionariedade,


autoexecutoriedade e coercibilidade - e sobre sua importância para a garantia da supremacia do
interesse público.

b. Disserte sobre as limitações ao Poder de Polícia quanto aos fins e objeto e sua relevância para a
inibição de abusos por parte do Poder Público perante seus administrados.

a) Dentro do Direito Administrativo o Poder de Polícia é aquele que condiciona, limita ou restringe o
uso ou gozo dos direitos individuais e bens particulares em prol da coletividade. Há, no entanto, que se
ressaltar que o Poder de Polícia não incide sobre a pessoa, pois essas são prerrogativas do Direito Penal. O
Poder de Polícia, portanto, limita e disciplina situações concernentes à segurança, higiene, ordem, proteção e
disciplina das atividades econômicas ou da tranquilidade pública que dependam de concessão ou autorização
do poder público. Exemplos: licenças para funcionamento de um estabelecimento comercial, o controle dos
limites de velocidade em uma via, rebocar um carro estacionado em uma via de forma irregular, entre
outros.
Há três atributos muito importantes intrínsecos ao Poder de Polícia e que lhe conferem um caráter
especial, são eles: discricionariedade, coercibilidade e autoexecutoriedade. A Discricionariedade é o que
permite uma certa margem de atuação daquele que age em nome do poder de polícia, o agente pode assim
valorar, de acordo com a oportunidade e conveniência, e, sempre respeitando os princípios da razoabilidade
e proporcionalidade, aplicar as sanções adequadas. Já a Coercibilidade trata-se da possibilidade de
imposição das medidas adotadas pela Administração Pública diante da resistência, que por ventura possam
ocorrer por parte dos administrados, valendo-se inclusive, se for o caso, do uso da força para garantir o seu
cumprimento. E por último, temos a Autoexecutoriedade, que é a permissão de decisão e ação da
Administração Pública sem a necessidade de intervenção judicial prévia. Deve-se, no entanto, ressaltar que a
dispensa de atuação prévia não impossibilita uma posterior apreciação posterior visto que, a o contraditório e
a ampla defesa, são garantias constitucionais.

b) Assim como foi citado anteriormente, na alternativa a, o poder de polícia, ao buscar o interesse da
coletividade limitando e disciplinando o gozo direitos, liberdade e bens dos particulares, deve pautar a sua
atuação dentro dos marcos da legalidade e respeitando os princípios da Administração Pública. A
Supremacia e a Indisponibilidade do interesse público servem como guias para atuação de gestores e
representantes da administração, e, portanto, estabelecem limites à atuação, mesmo quando há a atuação do
Poder de Polícia. Evitar desvios de finalidade e excessos de poder podem gerar a anulação dos atos
praticados e mesmo a punição do agente responsável. Portanto, cabe tanto aos agentes se pautar pela
razoabilidade e proporcionalidade, quanto aos administrados estarem atentos aos seus direitos e limites de
atuação do poder público. Levando-se em conta os constantes casos de abuso e desrespeito por parte de
agentes públicos, uma sociedade civil mais consciente de seus direitos, também poderá exigir uma
administração pública mais preparada, menos corporativista e mais célere na punição de eventuais excessos
e equívocos cometidos.

3ª Questão (2,5 pontos). Sabe-se que a Administração Pública, através de sua Administração Indireta, realiza
atos de descentralização administrativa com a distribuição de atribuições e funções para outra pessoa física
ou jurídica. Em relação às Autarquias, disserte sobre sua posição perante a Administração Pública Direta.

A Administração Pública se divide em Direta e Indireta. A indireta é composta por quatro entidades
administrativas, sendo elas: Autarquias, Fundações, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas
conforme definido no decreto lei 200/67 art 4º inciso II. Tratando especificamente da Autarquia, podemos
dizer que ela é a pessoa jurídica da Administração Indireta que mais se assemelha às pessoas jurídicas da
Administração Direta. No entanto, há peculiaridades que as diferencia e que as coloca numa categoria muito
especial para o Direito Administrativo.
A Autarquia é um serviço autônomo, criado por lei, possui patrimônio e receitas próprias para
executar atividades típicas da Administração Pública que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa descentralizada. As principais características dessa entidade da administração pública indireta
são essas: ela só pode ser criada ou extinta por lei, nasce de um processo de descentralização por outorga,
possui personalidade jurídica de direito público, é vinculada à finalidade específica para a qual foi criada,
está sujeita a controle finalístico ou supervisão ministerial, apesar da não existência de hierarquia entre a
Administração Direta e Indireta, ela possui também imunidade tributária e autonomia administrativa, ela não
possui autonomia política pois não tem capacidade de se auto legislar, ela está atrelada a serviços
tipicamente de Estado e não pode explorar atividade econômica. As Autarquias podem ser de diversos tipos:
Agências reguladoras (ANATEL) Autarquias profissionais (CREA), Autarquias administrativas (INSS)
entre outras.

4ª Questão (2,5 pontos). Quanto aos atributos dos Poderes da Administração, disserte sobre os seus atributos
vinculados e discricionários, apontando suas diferenças e os limites para a aplicação de ambos.

Devido ao princípio da Supremacia do Interesse Público, podemos afirmar que a Administração


Pública possui prerrogativas e elas existem para possibilitar a realização das suas atividades típicas, essas
prerrogativas são chamadas de Poderes da Administração Pública. Por outro lado em decorrência da
Indisponibilidade do Interesse Público o administrador fica limitado no seu agir, à Constituição e às leis que
lhe são impostas, essas obrigações são chamadas de Deveres Administrativos. A Doutrina do Direito
classifica uma série de Poderes e Deveres da Administração Pública, entre eles o Poder Vinculado e o Poder
Discricionário.
Poder Vinculado é o poder de praticar atos onde não exista nenhuma margem de atuação, a não ser
aquela estritamente descrita na lei, ou seja, o administrador encontra-se diante de uma situação onde será
obrigado a praticar determinado ato. Por exemplo: um trabalhador que passou a vida toda trabalhando e
contribuindo para o Regime de Previdência Social (INSS) e a certa idade de sua vida preencheu todos os
requisitos necessários à sua aposentadoria, portanto, nada restará ao Estado senão aposentá-lo, estamos
diante de um ato vinculado, pois não há margem para escolha.
Já no caso do Poder Discricionário a Administração Pública possui escolhas, pois o Poder
Discricionário permite praticar atos de acordo com uma margem de Conveniência e Oportunidade, mas,
ainda assim, dentro da Legalidade e pautado pelos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, pois
esses limitam esse Poder Discricionário. Um exemplo de ato discricionário é o funcionário público que
solicita uma licença prevista em seu estatuto, a Administração pode de acordo com a conveniência e
oportunidade não precisamente concedê-la naquele momento, mas em outro posterior, esse seria então um
caso típico de Poder Discricionário.

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