Violação de princípios da Administração Pública acarreta ato de improbidade
administrativa (violação de princípios).
SUPRAPRINCÍPIOS
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO AO PRIVADO: O interesse da
Administração Pública sempre preponderará sobre o interesse particular. A administração pública pode, inclusive, limitar determinadas liberdades individuais. Por exemplo, desapropriação de bens particulares diante da necessidade de utilidade pública, nos termos na CF. Outro exemplo, um terreno herdado pode ser desapropriado, caso seja do interesse coletivo.
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO: A Administração Pública
não pode abrir mão/dispor do interesse público, devendo imediatamente tomar as providências para atendê-lo. Por exemplo, a administração pública não pode renunciar ao poder de polícia.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS (LIMPE)
LEGALIDADE OU LEGALIDADE ESTRITA: Cada ato da Administração Pública
deve ser regrado pela lei, ou seja, esta só pode fazer o que a lei autoriza. A criação de um novo tributo, por exemplo, dependerá de lei. Deste princípio, deriva o Princípio da Juridicidade, ou seja, o administrador está vinculado a toda ordem jurídica. Exceções: estado de sítio/estado de defesa.
IMPESSOALIDADE: Veda-se o tratamento discriminatório, parcial ou
tendencioso aos cidadãos. Ex: na fila da vacina do SUS, uma pessoa rica não pode ser privilegiada. Por outro lado, os representantes da Administração Pública não agem de forma pessoal, ou seja, agem representando a própria administração. Por exemplo, no dia a dia da polícia, eu não estou representando a policial Marcella, mas sim, toda a Polícia Civil de São Paulo.
MORALIDADE: o princípio da moralidade apresenta a ideia de que o
administrador precisa sempre agir com probidade, honestidade, atendendo aos princípios éticos. Ex: vedação ao nepotismo. PUBLICIDADE: o princípio da publicidade determina a máxima transparência possível sobre a atuação administrativa, garantindo assim a legitimidade dos agentes públicos. Ex: Lei de Acesso à Informação/ Portal da Transparência. No entanto, pode haver mitigações. Como por exemplo, em casos em que a proteção da intimidade da pessoa exija, como nos casos envolvendo menores de idade, seja em processo de adoção, guarda, ou até mesmo protegendo sua dignidade em casos de crimes sexuais.
EFICIÊNCIA: aduz uma atuação célere e precisa, de modo a produzir
resultados satisfatórios a toda população. Ex: Lei de Desburocratização.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
RAZOABILIDADE: Exige uma atuação coerente e equilibrada por parte da
Administração Pública, agindo com bom senso. É também conhecido como princípio da proibição dos excessos.
PROPORCIONALIDADE: Exige equilíbrio entre os meios utilizados e os fins
almejados (adequação); que a atuação do administrador seja realmente necessária e menos gravosa possível para se alcançar os fins públicos (exigibilidade); bem como que as vantagens superem as desvantagens (proporcionalidade em sentido estrito).
AUTOTUTELA: Autoriza que a Administração Pública possa rever os seus
próprios atos nos seguintes casos:
Se ilegais: poderá anulá-los (invalidação);
Se inconvenientes (ou inoportunos): poderá revogá-los.
Súmula 346 do STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos
seus próprios atos.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Com fundamento na ideia de
descentralização administrativa, estabelece que as entidades da Administração Indireta sejam criadas com especialização de suas funções.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA LEGITIMIDADE: Popularmente conhecida
como fé pública, o princípio da presunção de legitimidade confere aos atos administrativos uma presunção de legitimidade. Importante destacar que estamos diante de presunção juris tantum, ou seja, presunção relativa, admitindo prova em sentido contrário conforme o caso concreto.
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO: Determina que a Administração Pública
justifique e fundamente os seus atos, destacando os fundamentos de fato e de direito (motivação). Um bom exemplo do princípio em estudo é a proibição de reprovação de candidato em concurso público de forma arbitrária. Ademais, nesse sentido eis o teor da Súmula 684 do STF:
Súmula 684 do STF: É inconstitucional o veto não motivado à participação de
candidato a concurso público.
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA: Visa limitar a atuação da
Administração Pública de modo a impedir indesejáveis alterações supervenientes que possam causar instabilidade social (ideia de “mudar as regras do jogo durante o jogo”). Relaciona-se com a ideia de preservar as expectativas da sociedade em relação à Administração Pública (princípio da proteção da confiança).
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA: Encontram
previsão no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Segundo o princípio do Contraditório, ponto de vista prático, devem as partes ser cientificadas da realização dos atos processuais, de forma a possibilitar que participem de toda relação jurídica, podendo influir no convencimento do juiz. Ampla defesa relaciona-se com a disponibilização dos meios para a defesa (recursos, instrumentos, direito de petição) contra acusações, visando evitar prejuízos ou sanções.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE (ISONOMIA): Sintetizado na máxima: “tratar
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida das desigualdades”. Trata-se, portanto, da concretização do tratamento igualitário entre os administrados, considerando sempre possíveis questões de vulnerabilidades, desvantagens etc. Ex: basta lembrarmos das inúmeras medidas públicas e leis que protegem os direitos dos idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes, dentre outros.
PRINCÍPIO DA FINALIDADE PÚBLICA: Determina que a Administração
Pública deve sempre buscar um fim legal. Importante destacar que a violação de tal princípio é denominado de desvio de poder ou desvio de finalidade que ocorre quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Neste caso, o ato será nulo.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições