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Quando nós pensamos em uma regra, para as regras, pensa-se no plano de validade,
assim se a norma A é aplicável ao caso as demais estão excluídas. Para os princípios não há
exclusão, todos são importantes e podem ser aplicados ao mesmo tempo, todos são válidos,
mas devem-se ponderar os interesses, ou seja, ora prevalece um, ora prevalece outro.
2) Princípio da indisponibilidade
Em nome da supremacia, a adm tem prerrogativas, mas não pode DISPOR, abrir mão do
interesse público. O administrador não pode dispor do interesse público, não tem liberalidade
sobre esse interesse.
O administrador exerce FUNÇÃO PÚBLICA, ou seja, exercer atividade em nome e no
interesse do povo. O administrador não pode criar entraves para a futura administração.
Ex: Lei de responsabilidade fiscal
Ex: Concursos públicos: se não faz, corre risco de não ter os melhores candidatos, o
futuro da adm. pode ficar comprometido, violando o princípio a indisponibilidade.
Ex: fraude na licitação; viola o princ. da indisponibilidade.
3. Princípios mínimos do Direito Administrativo: LIMPE
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
1) Princípio da Legalidade
CF/88
Art. 5º
Art. 37, “caput”
Art. 84, IV
Art. 150
2) Princípio da Impessoalidade
3) Princípio da Moralidade
Nepotismo no Brasil
Parente pode ser nomeado para cargo público no Brasil?
Por concurso sim.
A vedação do nepotismo é para quem entra pela facilidade.
SÚMULA VINCULANTE Nº 13
Cargo em comissão com qualquer cargo de comissão ou função gratificada = Não podem
ser parentes na mesma pessoa jurídica (União, Estado, Municipio)
IMPORTANTE: Agentes políticos estão fora da proibição. Podem ser parentes. Prefeito
pode nomear irmão para ser secretário de obras outro para ser secretário de saúde.
São os que exercem uma função pública de alta direção do Estado. Eleitos pelo povo.
IMPORTANTE:
Conforme o livro do Alexandrino, permite-se a penas a nomeação para cargos políticos,
isto é, de secretário do estado, por exemplo, não sendo permitido a nomeação para cargos
meramente administrativos, como de assessor jurídico de gabinete do secretário de fazenda do
estado.
Mas se ficar comprovado que a nomeação, mesmo que para cargo político se deu
exclusivamente por causa do parentesco, como o nomeado não possuir qualquer qualificação
profissional, curricular ou técnica, ou se der por troca de favores, ou para burlar situação
anterior irregular (havia sido nomeado para carga administrativo), haverá afronta ao princípio
da moralidade e impessoalidade.
08/02/2012
4) Princípio da Publicidade
Art. 37, § 1º, CF: A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos.
O que se deve fazer, a forma de se publicar (1ª parte). Não publicar representa
improbidade administrativa, expressa no art. 11 da Lei 8429/92.
O que não se pode fazer, dever de impessoalidade (2ª parte). Nomes, símbolos, imagens
que representa promoção pessoal. Se assim fizer, pratica improbidade administrativa,
art. 11. Da Lei 8429/92.
O simples fato de ter informação em placas com o nome do prefeito assinado embaixo,
contendo informações de obras, valores, não configura improbidade administrativa, já que não
fez mais que sua obrigação.
Nome de bem público no Brasil: Não pode ter promoção pessoal, nome de
administrador que ainda está vivo.
Perda da estabilidade
- processo administrativo (com contraditório e ampla defesa);
- processo judicial transitado em julgado;
- avaliação periódica de desempenho. Também depende de regulamentação. Sempre
existiu, mas enquanto formalidade para registrar na carreira, ninguém avaliava, e não
tinha o poder de retirar a estabilidade do servidor.
4. Demais princípios:
1) Princípio da Isonomia
Não está previsto no art. 37, CF, mas deve ser respeitado pela administração pública.
Exame psicotécnico: Quem garante que quem fez o exame não é mais maluco que o
candidato?
STF, súmula 686:
- Previsão na lei da carreira;
- precisa de parâmetros objetivos;
- tem que dar direito a recurso.
29/02/12
b) Informações do processo. As partes têm direitos às cópias, mas o interessado que arca
com os custos. Na maioria dos processos administrativos é proibida a carga.
c) Direito à produção de provas. Não só produzir a prova, mas também tem que ser
avaliada, interferindo no conhecimento do julgador.
d) Defesa Técnica. A Lei 8112/90 diz que a presença de advogado é facultativa em sede de
processo administrativo disciplinar.
Com a súmula 343, STJ, a presença de advogado passa ser obrigatória em todas as fases
do processo administrativo disciplinar.
Se um servidor foi demitido sem a defesa por um advogado, o servidor tem direito à
reintegração (retornar ao cargo de origem com todas as vantagens do período em que
esteve afastado).
Súmula Vinculante nº 5. “A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição.”
Essa súmula retrocedeu aos entendimentos construídos pelo STJ. Assim, a súmula 343
do STJ está superada.
STF: Se o TCU demorar mais de 5 anos para analisar o ato da aposentadoria, não se
aplica a súmula vinculante, devendo ser dado o contraditório e ampla defesa, em nome da
segurança jurídica – TEMPERANDO A SÚMULA VINCULANTE Nº 3.
(Ver aula no you tube)
4) Princípio da Continuidade
O serviço público tem que ser prestado de forma ininterrupta, de forma contínua.
O STF disse que o direito de greve é uma norma de eficácia LIMITADA. Durante muitos
anos, a greve pelos servidores foram tidas como ILEGAIS, pq o direito existe mas depende de lei
(o servidor não recebia pelos dia não trabalhados)
Após inúmeros mandados de injunção, o STF decide que os servidores podem fazer
greve, dando efeitos concretos ao mandado de injunção, aplicando a lei do trabalhador comum
no que couber (Lei 7.783/89).
Correntes:
1º: minoritária: o corte não pode, aplicando o art. 22 e 44 do CDC.
2º: majoritária: em caso de inadimplemento, após aviso prévio, pode cortar. em nome
da supremacia do poder público, em nome da coletividade o serviço não pode ser mantido, pq
a empresa que presta o serviço pode quebrar, e quebrando compromete o interesse da
coletividade, a manutenção do serviço, a continuidade.
Ainda, é possível em nome do princípio da isonomia, onde os desiguais devem ser tratados de
forma desigual.
Em nome da vida, em situações excepcionais o serviço pode ser mantido.
Se o usuário não pagador for o Estado, pode cortar o serviço, exceto:
- hospitais;
- logradouros públicos;
- etc.
1. Consequência prática: Aplicação imediata dos atos, depois se discute se é legal ou não.
2. Ônus da prova: é de quem alega. Normalmente quem alegada é o administrado.
5) Princípio da Autotutela
Di Pietro: Além do poder de revisão, a administração tb tem dever de cuidado, zelo, com seus
bens, interesses, direitos. (autotutela)
6) Princípio da especialidade
A administração pública, especialmente a direta, está vincula às finalidades pelas quais foi
criada.
Administração Direta: Entes Políticos: U, E, M, DF
Administração Indireta: autarquias, empresas públicas, fundações públicas, etc.
Quando a adm. direta cria uma adm. indireta deve fazer por lei. A lei de criação vai definir a
pessoa jurídica e também define a sua finalidade específica.
O que a lei faz o administrador não modifica. Só pode ser modificada por uma nova lei.
OBS: Esse princípio surgiu inicialmente para a adm indireta. Hoje também é aplicada para os
órgãos da adm. direta.
a) Descentralização
- Pressupõe uma nova pessoa, que pode ser FÍSICA ou JURÍDICA. Normalmente é pessoa
jurídica. Mas Tb pode ser física, como por exemplo, transporte de táxi.
- NÃO HÁ HIERARQUIA, subordinação, o que existe é um controle, fiscalização.
b) Desconcentração
- Acontece na mesma pessoa, alguém manda, assim HÁ HIERARQUIA, subordinação. Presidente
mandou o resto obedece.
2. Descentralização Administrativa
Por lei: pode ser feita por lei à Administração Indireta de direito privado:
- Empresas públicas
- Sociedades de economia mista
Contrato: também pode ser feita por meio de contrato aos particulares: concessionárias
e permissionárias de serviço (ex: telefonia, transporte)
Ato administrativo: também pode ser feita por ato administrativo para os particulares
(ex: autorização de serviço público como táxi e despachante).
01/03/2012
OBS: serviço notarial (236, CF) = delegação de função = é diferente da delegação acima
estudada. (delegação ímpar)
É um serviço público, mas quem presta é um particular, através de concurso público.
São privatizados. O titular do cartório desenvolve a atividade como particular = “particular em
colaboração”.
O Estado sozinho não tem como exteriorizar sua vontade. Por isso, o Estado necessita
de uma pessoa física (agente público).
Teorias:
1. Teoria do mandato: celebram um contrato de mandato. Não serve para o sistema, pq o
Estado sozinho não tem como manifestar sua vontade, alguém tem que assinar pelo
Estado.
4. Órgãos Públicos
Lei 9784/99: art. 1º: Órgão Público na Administração Direta ou Centralizada (conjunto
de órgãos)
Órgão Público não tem personalidade jurídica. Assim, não tem aptidão de direitos e
obrigações. Por isso, quem responde é a pessoa jurídica a que ele pertence.
Ex: escola municipal = a responsabilidade é do Município (pessoa jurídica) a que a escola
está vinculada.
Órgão Público não celebra contrato, não pode ser sujeito de obrigação. Pode licitar,
executar, fazer a gestão do contrato, mas quem assina é a pessoa jurídica, a parte.
É possível que a obrigação de assinar contratos seja delegada a outros agentes públicos.
(feita por lei)
Art. 37, §8º, CF: Contrato de Gestão pode ser celebrado entre:
- Entes da Administração; ok!
- Órgãos Públicos; x
- Administradores. x
É muito criticado esse artigo porque contrato entre órgãos não tem como, pq órgão não
pode ser parte do contrato. Da mesma forma, se critica quanto os administradores.
Ex: José e Maria, administradores, celebram um contrato = esse contrato é
administrativo? Não, é um contrato privado, para ser um contrato administrativo o Estado tem
que participar
Por esse motivo, a emenda 19/98, que introduziu esse artigo, a doutrina afirma ser
INCONSTITUCIONAL para órgãos e administradores. Todavia, não foi declarado inconstitucional
e por isso se cair numa prova objetiva deve ser considerada certa.
Órgão Público tem CNPJ: Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. A receita que criou, para
controlar o fluxo de dinheiro.
Apesar do órgão não ter personalidade jurídica, ele terá CNPJ, pois tem recurso
orçamentário e gere esse dinheiro, para que a receita fiscalize e controle esse recurso.
Teoricamente órgão público não pode ir a juízo. Assim como o espólio, a massa falida, o
nascituro, que tb não tem personalidade jurídica, o órgão público excepcionalmente
pode ir à juízo.
Irá á juízo em busca de prerrogativas funcionais e normalmente como sujeito ativo.
Ex: Câmara de vereadores vai à juízo para receber seus duodécimos que não foram
repassados.
Quando o órgão público vai à juízo é possível que tenha representação própria.
Depende da lei que cria.
Superiores: tem poder de decisão, mas não tem dependência nem autonomia. Estão
subordinados aos órgãos anteriores.
Exemplos:
- Gabinetes
- Procuradorias
5. Administração Indireta
Obs: Adm. Indireta não goza de autonomia política, ou seja, a capacidade de legislar.
Define normas técnicas complementares à lei.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação (fundação pública de
Direito Privado), cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
FUNDAÇÃO
É um patrimônio destacado por um fundador para uma finalidade específica. É um patrimônio
personalizado.
Pensando no fundador, são dividas em duas categorias:
- Fundador particular: fundação privada = DIREITO CIVIL
- Fundador público: fundação pública = DIREITO ADMINISTRATIVO
1. STF e doutrina majoritária: Quando o poder público constitui uma fundação pode dar
a ela dois regimes diferentes:
2. Celso Antônio Bandeira de Mello: Toda fundação pública deve ter o regime público.
Porque não pode ter muita liberdade.
d) Finalidade específica
Estão vinculadas a essa finalidade, que é definida na sua lei de criação. (princípio da
especialidade).
e) Sujeitas a controle
Poder Legislativo: Tribunal de Contas, CPI
Poder Judiciário: Ações Judiciais
Poder Executivo: Supervisão Ministerial de acordo com o ramo da atividade (controla
receitas, despesas, cumprimento das finalidade e vai nomeia os dirigentes da indireta)
Normalmente é feita pelo chefe do executivo de forma livre, excepcionalmente vai
depender da prévia autorização do Congresso Nacional.
15/03/2012
1. AUTARQUIA
a) Atos praticados pela autarquia são atos administrativos, ou seja, vai ter regime jurídico
específico dos atos administrativos, gozando de presunção de legitimidade,
autoexecutoriedade, imperatividade.
Contrato da autarquia também são contratos administrativos. Esta sujeita a licitação,
sujeita à Lei 8666/93.
Se é um contrato administrativo, também terá cláusulas exorbitantes, que extrapolam o
comum dos contratos (pode rescindir unilateralmente, aplicar penalidade)
b) A autarquia responde pelos seus atos. A responsabilidade civil está sujeita ao art. 37,
§6º, CF (PJ direito público). Aplica-se a teoria objetiva, ou seja, independe de culpa,
basta a conduta, dano e nexo de causalidade entre elas.
Em caso de omissão, vale a Teoria subjetiva. Mas as decisões mais recentes, mesmo em
caso de omissão, não estão aplicando a teoria subjetiva.
O Estado pode ser chamado a responder, de forma subsidiária, ou seja, existe uma
ordem, primeiro paga a autarquia e depois o Estado. O Estado responde objetivamente
e subsidiária.
Elemento culpa: objetiva ou subjetiva (são excludentes)
Ordem de preferência: responsabilidade solidária ou subsidiária (são excludentes)
Assim, vai ser ao mesmo tempo objetiva e subsidiária.
c) A autarquia é pessoa jurídica de direito público e por isso, os bens autárquicos são
públicos.
Bem público tem regime próprio:
Inalienáveis, não pode ser alienado de qualquer maneira. Porém, não é
absoluta, e sim relativa, isto é, em algumas situações podem ser alienáveis. Por
isso a doutrina os considera alienáveis de forma condicionada (art. 17 da Lei
8666/93)
Impenhoráveis, não podem ser objeto de penhora, arresto e sequestro.
Penhora é uma restrição de bens que acontece dentro de um processo de
execução, para que se garanta o cumprimento da obrigação. Assim, nada mais é
do que uma garantia para cumprimento. Mas bem público não pode ser
penhora.
Arresto e sequestro são cautelares típicas. Servem para proteger uma futura
penhora, para garantir que lá na frente exista uma futura penhora para garantir
a dívida.
A cautelar de arresto serve para bens indeterminados, enquanto a cautelar de
sequestro serve para bens determinados. (pensar no sequestrador, que não
seqüestra qualquer pessoa, e sim quem tem R$).
d) A garantia para os débitos judiciais é o regime de precatório. Haverá uma fila de ordem
de pagamento, fila de quem chega primeiro.
Cada autarquia terá sua fila própria para pagamento de precatório.
h) Regime Tributário: (art. 150, VI, “A”, CF) imunidade recíproca. União não cobra imposto
do Estado e Estado não cobra imposto da União.
A imunidade é somente para impostos; taxas e contribuições podem serem cobradas.
Art. 150, §2º, CF, traz a imunidade recíproca estendida para as autarquias, mas não é
absoluta, é estendida somente na sua finalidade específica.
Exemplos de autarquias:
a) INSS
b) INCRA
c) Universidades Federais
2. Autarquias Territoriais
São os nossos territórios. Hoje no Brasil não tem. Mas se vier a surgir, será uma
autarquia.
De fato, o território não tem nada de autarquia. Quando surgir os territórios, com
certeza esse assunto surgirá e os territórios sairão da lista de autarquias. Os territórios parecem
muito mais com Estados e Municípios.
3. Conselho de Classe
5. Agências Reguladoras
1. Regime especial
a) Função: normativar, regular, controlar, fiscalizar diversas atividades.
Ela define normas técnicas complementares à previsão legal. Não substitui a lei.
Por essa razão possui mais autonomia e liberdade que as outras autarquias.
Nem tudo que encontrar como nome de agencia será agencia reguladora: Exemplos:
- ABIN (Agencia Brasileira de Inteligência) – orgão da Adm. Direta
- AEB (Agencia Espacial Brasileira) – só autarquia
Obs:
- CVM (Comissão de Valores Mobiliares) - apesar do nome não ser de agencia reguladora, de
natureza de agencia reguladora
6. Agencias executivas
Foi criada com a Lei 9649/98. Nada mais é do que a velha autarquia ou fundação pública
que está ineficiente, que precisa se tornar mais eficiente. Assim, para se tornar mais eficiente,
elabora um plano estratégico de reestruturação. Celebra com a Adm. Direta um Contrato de
Gestão, dando a ela mais autonomia, mais liberdade, mais recurso público.
Obs: dá a essa PJ, mais dinheiro, mais liberdade é o mesmo que premiar a
incompetência, a ineficiência.
Dá mais autonomia, mais liberdade que a lei de criação. Isso não poderia ocorrer.
Ex: INMETRO
2. EMPRESAS ESTATAIS
São aquelas em que o Estado participa (empresa estatal). Vai seguir um regime
específico e próprio, que poderá ser uma empresa pública ou uma sociedade economia mista.
- Empresa Pública é Pessoa Jurídica de DIREITO PRIVADO. Seguirá um regime que não é
verdadeiramente privado, é um regime HÍBRIDO, misto, ou seja, uma parte é pública e outra
parte é privada.
- O capital da empresa pública pode ser de mais de um ente (União + Estado +
Município), desde que seja público o capital.
- O capital é exclusivamente público.
- Pode prestar serviço público ou explorar atividade econômica.
- Pode ser constituída por qualquer modalidade empresarial.
Prestadora de serviços públicos: o regime será mais público do que privado. Os bens
serão públicos.
Art. 173, CF: O Estado não intervirá na atividade econômica, salvo através da Empresa
Pública ou da SEM, quando for imprescindível à segurança Nacional e interesse coletivo.
4. Regime Jurídico
Exemplos:
OBS:
- Em regra tem que licitar
- Poderá ter estatuto próprio (Atividade econômica)
- a lei traz dispensas e inexigibilidades (se prejudicar a atividade fim da empresa, a competição
se torna inviável)
5. Regime Tributário
Prestadora de serviço público: se for de forma exclusiva, ela ganha imunidade tributária
recíproca para os impostos (STF)
Se presta o serviço, mas o valor é repassado ao usuário, ela não tem privilégio, não terá
imunidade. (art. 150, §3º, CF)
Exploradora de atividade econômica: não tem privilégios não extensíveis a inicitiva
privada. Se a iniciativa privada tiver privilégios ela Tb terá. (art. 173, §2º, CF)
6. Regime Falimentar
7. Regime de pessoal
Não são servidores públicos, e sim servidor de ente governamental de direito privado.
Porém, terá tratamento se servidor público em algumas situações. (tratamento de
equiparação)
É empregado, está sujeito à CLT.
Diferente do Servidor público = dispensa = súmula 390, TST: não tem estabilidade do art.
41, CF.
OJ: 247 = se não tem a estabilidade do art. 41, a sua dispensa será imotivada, salvo no
caso da ECT.**
**STF declarou repercussão geral, mas ainda não fez o julgamento de mérito (RE
589.998).
Observações: ECT:
Tratamento de fazenda pública
Imunidade tributária.
3. CONSÓRCIOS PÚBLICOS
ENTES DE COOPERAÇÃO
- Tem como finalidade fomentar, incentivar, apoiar as diversas categorias profissionais. Não
presta serviço público propriamente dito, mas desenvolve uma atividade de interesse público.
Lei 9790/99
Tem como objetivo a reestruturação
A adm. celebra um termo de parceria. Através desse termo a OSCIP pode receber recurso
público para executar um projeto específico, determinado.
Para fazer esse termo, tem que existir a pelo menos um ano no mercado. O termo de parceria
não tem intervenção de administradores públicos.
Não há participação no orçamento.
28/03/12
b) Poder é irrenunciável. O administrador não pode abrir mão dessa ferramenta, mas não
significa dizer que em todo PAD haverá condenação. O Estado exerce função pública em
nome e no interesse do povo, por isso não pode dispor daquilo que não é dele (princípio
da indisponibilidade do interesse público). Renunciar significa criar obstáculos para a
futura administração.
c) O exercício do poder tem que ser exercido dentro dos limites estabelecidos pela lei. A
lei tem que dar autoridade e competência. A autoridade só pode fazer o que a lei
autoriza (princípio da legalidade). A medida tem que ser necessária, adequada e
proporcional.
d) Responsabilização do Estado quando extrapola seus limites. Cabe tanto por ação
quanto por omissão do Estado devem ser responsabilizadas.
Vinculado: não tem liberdade, não tem juízo de valor, conveniência ou oportunidade.
Discricionário: com liberdade, com juízo de valor, com conveniência e oportunidade,
mas dentro dos limites da lei. Ser discricionário não significa liberdade total, se praticar
fora dos limites da lei, a conduta é arbitrária, ilegal.
Ex: permissão de uso de bem público para colocar mesa na calçada é uma decisão
discricionária.
Ex: disciplinar a circulação de veículos, é autorização
Obs: No livro do Mazza e Alexandrino, ele diz que o poder disciplinar é VINCULADO
quanto ao DEVER DE PUNIR e DISCRICIONÁRIO quanto a escolha da PENA aplicável, na sua
graduação. Ex: aplicação de advertência ou suspensão, a administração poderá escolher qual
pena aplicar.
Obs: pregão (lei 10520/02) = utilizado para aquisição de bens e serviços comuns.
Há um decreto que complementa a lei, que diz o que são bens e serviços comuns.
Regulamento # Decreto
Decreto é a forma, o conteúdo normativo dele é regulamento.
O ideal é chamar de Decreto regulamentar.
Regulamento (conteúdo)
# decreto – Presidente da República que faz
# Lei – Congresso Nacional que faz
Para Eli Lopes Meireles é possível o decreto autônomo sempre, trata-se de faculdade
implícita no poder de chefia da Administração
Para Celso Antônio Bandeira de Mello defende que não é possível.
Art. 225, CF: previsão por decreto regulamentar de áreas de ... Há quem diz que é
hipótese de decreto autônomo, mas há divergência.
Poder de Polícia é o instrumento que tem o Estado para condicionar, restringir, frenar o
exercício das atividades pelo particular em busca do interesse público.
É a compatibilização do interesse público versus interesse privado. A palavra chave é o
bem estar social.
Características:
a) Atinge basicamente dois direitos: direito à liberdade e direito à propriedade.
Ex: edifícios à beira mar só cabe 8 andares (disciplinando o uso da propriedade)
Ex: andar na Avenida x até 50 km/h
O Estado não retira o direito, mas disciplina a forma de exercitar.
b) Incide sobre bens, direitos, interesses, mas não atinge diretamente a pessoa.
d) O poder de polícia pode exercido através de atos normativos, o que caracteriza também
poder regulamentar. Ou também praticado via atos punitivos.
Pelo exercício do poder de polícia há possibilidade de cobrança de taxa de polícia, que é
tributo e decorre do art. 78, CTN.
Taxa é um tributo vinculado à contraprestação estatal. Corresponde ao custo da
diligência no exercício do poder de polícia.
ADI 1717, STF: O conselho de classe exerce poder de policia. Poder de Policia nas mãos
do particular compromete a segurança jurídica.
Ex: particular cassando carteira de particular (não pode)
Portanto, o poder de polícia não pode ser transferido, delegado ao particular. É poder
de império do Estado.
Atos materiais ou atos preparatórios do exercício do poder de polícia: são os atos que
não fiscalizam em si, servem apenas de apoio instrumental.
Ex: radar bate a foto (ato material) e a Administração aplica a multa. Esse ato é possível
por particulares.
Ex: Estado manda prédio ser demolido, visto que suas estruturas estão comprometidas.
Todavia, essa não fazendo, o Estado pode contratar uma empresa particular para simplesmente
executar a explosão.
a) Discricionariedade
Em regra é discricionário, porém, não é sempre.
Ex: prédios na avenida X só poderão ter no máximo 8 andares.
Autorização é exercício de poder de polícia discricionário.
Já a licença é exercício de poder de polícia vinculado, sendo uma exceção ao poder de
polícia vinculado.
b) Autoexecutoriedade
No exercício do poder de polícia o administrador pode atuar sem o controle prévio do
Poder Judiciário.
Ex: Fechar estabelecimento por conta de baratas. Não precisa ir ao Judiciário para
fechar (regras sanitárias). Se o proprietário restar inconformado pode recorrer ao Judiciário.
A autoexecutoriedade para a doutrina majoritária se subdivide em dois enfoques
diferentes (há divergência na doutrina):
- Exigibilidade: poder que tem o Estado de decidir sem o Poder Judiciário. Ex: decido e
aplico a multa de trânsito, mas não desconstitui materialmente a irregularidade. Decidir
sem o Judiciário todo o ato tem.
É um meio de coerção indireta.
ATO ADMINTRATIVO
1. Ato e Fato
2. Ato da Administração
Ato da Administração é o ato praticado pela Administração. Esses atos podem ter
regime público e regime privado.
Regime privado = ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
Se tem regime público, ganham um segundo nome: ATOS ADMINISTRATIVOS.
Existem atos administrativos que estão fora da administração, não sendo ato da
administração.
Ato da administração diz respeito a quem fez o ato.
1.Privado 2. Público
Atos da Atos
Adm. Adm.
3 regime público
Ato administrativo em sentido estrito: Tem duas características a mais: tem que ser
concreto e unilateral (Hely Lopes Meireles).
8. Elementos definidores:
Matéria
Território
Grau hierárquico
4.2. Forma
É a prevista em lei.
1. Exteriorização da vontade: manifestar a vontade. Não se exterioriza a vontade de
qualquer maneira. Tem que atender exigências específicas.
2. Escrito: em regra é escrito, todavia, há outras formas de manifestação do ato, como
gestos, apitos.
É possível contrato verbal? Sim, excepcionalmente
3. Solene: princípio da solenidade.
4. Silêncio administrativo: não produz efeito nenhum, é um nada jurídico. Direito de
petição: direito de pedir e obter resposta. Se nessa situação a administração ficar em
silencio, pode ir ao poder judiciário, até mesmo um mandado de segurança, lesão ao
direito líquido e certo de petição (art. 5º, XXXIV, CF).
O judiciário não substitui o administrador, ele vai estabelecer um prazo para a
administração se manifestar sob pena de multa diária (doutrina majoritária).
Para Celso A.B. de Mello, se o ato for estritamente vinculado (mera conferência de
requisitos) o juiz pode decidir (posição minoritária).
5. Vício de forma:
Mera irregularidade: não compromete o ato. Porque o conteúdo não é abalado.
Normalmente é defeito de padronização, uniformização.
Ex: cor da caneta, papel.
Vício sanável: o ato será anulável, que pode ser corrigido (convalidação do ato)
Insanável: o ato será nulo, deve ser anulado.
4.3. Motivo
4.4. Objeto
4.5. Finalidade
04/05/2012
Vinculado Discricionário
Competência Vinculado Vinculada
Celso A. B. de Mello diz que a forma e a finalidade em regra são elementos vinculados, mas
excepcionalmente, quando a lei estabelecer alternativas, esses elementos podem ser
discricionários.
Ex: art. 62, Lei 8666: contrato administrativo, a regra é instrumento de contrato, mas
excepcionalmente pode ter outras formas. A lei estabeleceu alternativa, podendo ser elemento
discricionário.
O poder judiciário pode rever qualquer ato administrativo, tanto discricionário como vinculado,
desde que o controle seja de legalidade. Tanto vinculado como discricionário, no que tange a
legalidade
Todavia, o poder judiciário não pode rever o mérito do ato administrativo, pois este é
discricionário, juízo de valor da administração.
O poder judiciário pode rever o motivo e o objeto, pois não são sinônimos de mérito. O mérito
é o juízo de valor. Se o motivo for falso o judiciário vai rever, no que tange a legalidade o poder
judiciário poderá rever.
a) Presunção de Legitimidade
Presunção de legitimidade (moral) = presunção de legalidade (lei) ou de veracidade
(verdade)
É uma presunção relativa, ou seja, pode ser contestada, afastada, admite prova em
contrário (presunção juris tantum).
O ônus da prova cabe a quem alega. A contestação do ato administrativo normalmente
é o próprio administrado, o particular.
A presunção de legitimidade traz como consequencia prática a aplicação imediata dos
atos, até que se consiga uma decisão em sentido contrário (ex: até conseguir uma liminar, a
padaria será mantida fechada).
b) Autoexecutoriedade
O ato independente da atuação prévia, do controle do poder judiciário. Não depende,
porém, não impede o controle pelo Poder Judiciário, se parte estiver insatisfeita, inconformada.
É diferente de formalismo e formalidade.
O ato pode ser praticado sem o judiciário, mas com formalismo.
Para a posição majoritária da doutrina a autoexecutoriedade tem dois enfoques:
c) Imperatividade
Coercibilidade, obrigatoriedade. Os atos são feitos de forma impositiva. Nem sempre
estará presente, mas naqueles atos que estabeleçam obrigações.
d) Tipicidade
Cada ato administrativo vai ter a sua aplicação determinada.
Ex: remoção de servidor público
8. Classificação
2. Cumprimento dos seus efeitos (ex: gozar as férias, após o ato concessivo das feias deixa
de existir; contrato de concessão de obra, após a conclusão está extinto)
a) Cassação
É a retirada do ato administrativo pelo descumprimento das condições inicialmente
impostas.
EX: Instalação de hotel. Licença para o funcionamento pelo Poder Público.
Posteriormente muda a atividade para motel. Descumpre a condição inicialmente imposta. O
poder público irá cassar a licença.
b) Caducidade
É a retirada do ato administrativo pela superveniência de uma norma jurídica que é com
ele incompatível.
Ex: circo instalado num determinado lugar (permissão de uso de bem público). Lei nova
que cria uma rua naquele lugar. O circo terá que sair daquele lugar por uma superveniência de
norma jurídica com ele incompatível.
c) Contraposição
Dois atos administrativos, sendo que o segundo elimina os efeitos do primeiro.
Ex: servidor nomeado para um cargo público. Segundo ato que exonera o servidor
público, eliminando os efeitos da nomeação.
d) Anulação
É a retirada de um ato ilegal. Tanto a administração como o poder judiciário pode retirar
o ato.
A administração pode rever seus próprios atos, que se denomina princípio da autotutela
(súmulas 346 e 473, STF).
A administração tem prazo de 5 anos para rever seus atos, quando eles produzirem
efeitos favoráveis para alguém (art. 54, Lei 9784/99).
A anulação produz efeitos, em regra, ex tunc, retirar o ato desde a sua origem, retroage.
Divergência: Celso A. B. de Mello diz que em algumas circunstancia pode ser ex nunc. Se
for boa, atinge tudo, se não for boa, só para frente.
Ex: 1
ato 1 ato 2
ilegal anular o ato 1 retirar o ato 1 desde sua origem
Ex: servidor pede uma gratificação. A adm. deferiu o pedido. Posteriormente se descobriu que
o ato é ilegal. Essa anulação (ato 2) retira o ato 1, sendo o ato 2 restritivo de direito, piora,
produz efeitos ex nunc. Tudo que ganhou atrás é seu, mas não ganhará mais daqui para frente.
Caso contrário, se fosse ex tunc, o servidor teria que devolver tudo que ganhou anteriormente.
Se é restritiva de direitos, os efeitos serão ex nunc.
Ex. 2:
ato 1 ato 2
ilegal anular o ato 1 retirar o ato 1 desde sua origem
indeferiu
A administração tinha indeferido a gratificação. Esse ato é ilegal, por o servidor tinha direito.
Assim a administração anula o ato 1 e concede a gratificação, melhorando, beneficiando o
servidor. Assim, o servidor além de passar a ganhar mais, se for nunc, passa a ganhar daqui
para frente, mas se for tunc, terá que ganhar também desde a origem do ato 1, ex tunc.
Ampliou os direitos, os efeitos são ex tunc.
e) Revogação
É a retirada do ato administrativo porque ele é incoveniente.
A administração pode revogar seus atos.
O poder judiciário pode revogar os seus atos administrativos, mas os atos dos outros ele
não pode revogar.
Produz efeitos ex nunc.
Princípio da autotutela, ela mesmo pode revogar seus atos.
Não tem prazo, não tem limite temporal, pode ser revogado a qualquer tempo.
Não tem prazo, mas tem limite material, chamado de limite de conteúdo. Assim, não
cabe a revogação:
Ato que produz direito adquirido
Ato vinculado
Ato que já exauriu seus efeitos
Atos que lei declara irrevogáveis
Atos declarativos (ato que não tem conteúdo decisório, que certifica, atesta)
Se o ato preencheu todos os requisitos ele será válido. Se faltar alguma exigência, esse ato terá
um vício:
Sanável: o ato é anulável, ou seja tem concerto, pode ser corrigido, convalidado.
O vício, para ser sanável, deve ser competência e de forma. Nessas hipóteses, o
administrador tem o dever de convalidar.
LICITAÇÃO
Lei 8666/93
Lei 10.520/02
1. Conceito
Se legislar sobre normas específicas, só servirá para quem legislou. Assim, se a União
legisla de forma específica, só servirá para a União. Se o Estado legislar sobre norma específica
terá âmbito estadual, se for o Município, apenas âmbito Municipal.
Polêmica à Lei 8.666/93 : Essa lei é mesmo de âmbito nacional? Tem apenas norma geral?
ADI 927, discutiu se essa lei representa mesmo uma norma geral. O objeto foi o art. 17, que
fala de alienação de bens públicos.
STF reconheceu a constitucionalidade do art. 17, sofrendo interpretação conforme à
Constituição. O legislador disse mais, disse norma específica.
Se a União legisla sobre norma específica, só terá âmbito federal, o que significa dizer que
os dispositivos de norma específica da lei 8.666 só serve para a União.
c) Fundos especiais: não precisava vir separados, porque já estão na administração direta
ou indireta (ora ele vem como órgão da Direta, ora como fundação pública).
d) Entes controlados direta ou indiretamente pelo poder público: Quando tiver dinheiro
público, terá controle.
e) Entes de cooperação (SESC, CENAIS, OS, OSCIP)
- No que diz respeito aos serviços sociais autônomos (Sistema “S”) o TCU entende que
eles estão sujeitos a um procedimento simplificado de licitação.
- OS: dispensa de licitação nos contratos decorrentes do contrato de gestão (art. 24,
XXIV, lei 8666).
5. Princípios
b) Julgamento objetivo
O edital tem que definir de forma clara e precisa qual será o critério do julgamento. Tem
que definir qual o tipo de licitação, ou seja, o tipo de julgamento (tipo preço, técnica, preço e
técnica – art. 45).
O administrador não pode levar em consideração situações estranhas àquelas previstas
no edital.
c) Procedimento formal
Tem que cumprir todas as formalidades previstas em lei. O administrador não pode
inventar uma nova modalidade, um novo procedimento, não pode inventar nada, deve seguir a
lei.
As formalidades devem ser observadas, mas apenas aquelas necessárias, que realmente
interessam, e que se não observadas causará prejuízos às partes ou ao Estado. Circunstâncias
que não causam prejuízo, como a cor do envelope, p. ex., não necessita ser observada.
d) Sigilo de proposta
As propostas são sigilosas até o momento da sua abertura em sessão pública, sob pena
de improbidade administrativa.
Apenas uma modalidade não possui sigilo de proposta. No leilão, os lances são verbais,
e por isso, não há sigilo de proposta.
Obs: no pregão tem lance verbal, mas tem sigilo de proposta na primeira etapa
(envelopes).
6.1. CONCORRÊNCIA
Os fatores que levam à escolha da concorrência estão no art. 23, da Lei 8.666. É utilizada
para objetos de grande vulto econômico.
Só existe uma questão que deve ser lembrada aqui. No Brasil, a partir de 1995, houve o
Programa Nacional de Desestatização, ou Programa das Privatizações. O Estado passou a
transferir os serviços para a iniciativa privada, enxugando a máquina. Dentro desse programa
nacional a lei disse: a transferência pode ser feita também por leilão. Os serviços foram
transferidos por leilão. A regra da concessão de serviço é concorrência, mas, excepcionalmente,
pode ser leilão, se o serviço estiver no PND. Exemplo disso: Telefonia. Esse PND foi previsto na
Lei 9.074/95. Qualquer concessão de serviço que faça parte do PND pode ser feita por leilão.
Não está no PND, vai ter que ser concorrência.
Então, para que a administração possa fazer tomada nesse caso, ela vai precisar atender
ao valor da chamada e da existência de um cadastro de empresas estrangeiras. O cadastro é um
banco de dados, com os documentos dessas empresas. Só vai poder adotar a tomada se o
preço for compatível com a tomada e tiver cadastro das empresas estrangeiras.
Faltou uma dessas condições, na dúvida, concorrência. Só vai ser possível outra
modalidade preenchidas as duas exceções dos dois requisitos. Só nessas condições eu fujo da
modalidade-regra concorrência.
Técnica – 45 dias
Técnica e preço – 45 dias
Preço – 30 dias
A proposta técnica é mais elaborada, dá mais trabalho, daí exigir um prazo maior.
Atenção! Esses são dias corridos!
Tem como parâmetro o valor. Já caiu várias vezes no Cespe: A tomada de preços é a
modalidade que fica entre a concorrência e o convite. “Tomada de preços está no limite mínimo
do convite com o limite máximo da concorrência.” É o inverso! A tomada está entre o mínimo
da concorrência e no máximo do convite.
Para obras e serviços de engenharia: Acima de R$ 150 mil até R$ 1 milhão e 500
mil.
Para outros bens e serviços: R$ 80 mil reais até R$ 650 mil.
A tomada de preços tem como base o valor, mas tem algumas peculiaridades:
Como o licitante vai comprovar que até o terceiro dia anterior ele já preenchia os
requisitos? Ele faz um requerimento para se cadastrar e entrega os documentos. Ele comprova
requerendo à Administração, dizendo que preenche os requisitos, e apresenta os documentos
através desse requerimento. Ele, então, até o terceiro dia anterior, apresenta um
requerimento, instruído com os documentos de habilitação, demonstrando que preenche os
requisitos. O ideal é que, nesses três dias a Administração resolva, para não bagunçar a
licitação, mas não existe um prazo na lei para a Administração decidir sobre esse pedido.
Também está previsto no art. 21 e também são dois prazos (cuidado que esses prazos
caem muito):
Técnica – 30 dias
Técnica e preço – 30 dias
Preço – 15 dias
O prazo é mínimo, pode ser maior que isso. O prazo é de dias corridos porque a lei não
falou em dias úteis.
IMPORTANTE:
- Obras e serviços de engenharia de 1.500.000. Até esse valor é tomada de preço.
Todavia, quando um contrato é celebrado, ele poderá sofrer algumas alterações, sendo que as
alterações devem estar dentro do valor da modalidade escolhida. Assim, as alterações só
podem chegar até 1.500.000. O TCU orienta que se a modalidade está no topo, é melhor que se
escolha a mais rigorosa, para que haja a flexibilização dos contratos, deixando uma folga caso
seja preciso alguma modificação no valor.
6.3. CONVITE
Se o valor for pequeno, a licitação é dispensável. E quem decide se vai licitar ou não é o
Administrador. Se o administrador quiser licitar, ele pode. Neste caso, querendo licitar, a
modalidade vai ser convite. O convite, então, sai do zero a 150 mil (Engenharia) ou de zero até
80 mil (outros bens e serviços).
Para o Tribunal de Contas, é preciso haver três propostas, ou seja, três licitantes
participando do convite. Mas para os concursos, não é essa posição que está caindo, porque a
lei fala outra coisa. Se não houver três empresas no mercado ou se convido três e só duas
aparecem, a lei diz o seguinte: se existir uma restrição de mercado ou se eu convidar três e só
aparecerem dois, ou não vem ninguém, eu posso justificar essa situação e seguir adiante. O TC
pega mais pesado, exigindo as três propostas porque ele parte da presunção da fraude. Mas
pela lei, não é assim. O que o TC quer, é que a competição exista.
Se uma pessoa que não foi convidada, pode participar? Sim. Podem participar do
convite os cadastrados, mas não convidados, e que manifestaram o interesse em participar
com 24 horas de antecedência. Mas para isso, ele tem que estar cadastrado.
Aqui são dias úteis! Normalmente a Administração deixa um pouco mais para não correr
risco de ter prazo inferior a 5 dias. Conceito de dia é dia em que a repartição está funcionando.
Atenção para o seguinte: normalmente a licitação é realizada por uma comissão, cuja
regra está tratada no art. 51 que fala em, pelo menos três servidores.
No caso da modalidade convite, o art. 51 faz uma ressalva: se a repartição for pequena e
selecionar três, pode prejudicar o andamento do serviço, em nome da continuidade do serviço,
é possível fazer convite com apenas um servidor. Se o órgão é pequeno, a repartição é
pequena, dá para fazer com um servidor. É uma peculiaridade do convite.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
Quando a nossa lei estabelece a modalidade licitatória, é possível trocar por outra
modalidade? Pela lei, se a modalidade é mais simples, é possível substituí-la por mais rigorosa.
Se a lei diz que é convite, o administrador pode fazer tomada. Do convite para tomada, ele
pode trocar. Da tomada para a concorrência ou do convite para a concorrência.
A própria falta de planejamento pode gerar fraude à licitação. Eu suspeito que vou
precisar de dez carros, mas não tenho certeza. Então, tem que usar a concorrência, mesmo
contratando um único carro porque eu vou usar a possibilidade já pensando nos dez. A idéia é
evitar a usar a modalidade mais simples em casos assim, para evitar a fraude à licitação.
Se eu posso contratar por inteiro, não posso parcelar porque isso faz com que eu caia na
modalidade mais simples e acabe contratando com dispensa de licitação. Se eu sei que vou
precisar de muito mais do que aquilo, eu tenho que contratar por inteiro, pelo valor completo.
Se houver dúvidas sobre a necessidade posterior, use a modalidade mais rigorosa. Isso já caiu
em parecer de concurso em segunda fase, sobre a escolha da modalidade licitatória em caso de
locação de veículos.
A DISPENSA DE LICITAÇÃO
Temos como parâmetro para dispensa de licitação o limite do convite. É isso que serve
como parâmetro. A lei diz que a licitação é dispensável até o limite de 10% do convite.
Obras e serviços de engenharia: 10% de 150 mil reais, são 15 mil reais.
Outros bens e serviços: 10% de 80 mil, são 8 mil reais.
Mas algumas pessoas jurídicas têm o limite dobrado, ou seja, têm dispensa de licitação
com uma flexibilidade maior. Algumas gozam de 20% sobre o valor do convite para dispensa de
licitação.
Obras e serviços de engenharia: 20% de 150 mil reais, são 30 mil reais.
Outros bens e serviços: 20% de 80 mil, são 16 mil reais.
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão
20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação
qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Redação dada pela Lei nº
11.107, de 2005)
Obs: não é qualquer autarquia, nem qualquer fundação, mas apenas aquelas
qualificadas como agencias executivas.
Se, nesses dois casos (Art. 24, II e II e art. 24, § único) a licitação é dispensável, significa
dizer que o administrador pode licitar e se ele quiser licitar nos limites da dispensa, terá que
fazê-lo por meio de convite.
6.4 LEILÃO
Qual é o parâmetro para o leilão? Valor ou objeto? É o objeto. O leilão só serve para
alienação, para vender. O que se aliena por meio de leilão? Bens móveis e imóveis. Eu posso
alienar bens imóveis, mas não é qualquer imóvel e não é qualquer móvel:
Bens móveis inservíveis – são os que não servem mais para o órgão público. A
Administração tem um carro velho que não serve mais. Não significa necessariamente sucata.
Pode não servir para essa atividade, mas pode servir para outra. Para um órgão que usa muita
tecnologia, um computador mais antigo não serve, mas pode servir para outro órgão.
Bens móveis apreendidos – São aqueles vendidos no leilão da Receita (apreendidos por
falta de pagamento de tributo) ou da Polícia Federal. Bens apreendidos, como produto de
crime. Objeto proveniente de falsificação não pode ser leiloado, tem que ser destruídos.
Eu disse que os bens alienados por leilão são selecionados pelo objeto, que o leilão é
modalidade que tem como parâmetro objeto, mas há uma situação que ressalva isso porque
exige limite de valor e que limite é esse? O art. 17, § 6º, da Lei 8666 diz que eu posso alienar os
móveis até o limite de 650 mil reais por leilão. Ele não fala de móveis inservíveis, apreendidos
ou penhorados. Nesta hipótese, o objeto não foi adjetivado. Nesta hipótese, estou olhando o
limite de valor.
6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior
ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei (650 mil reais), a Administração
poderá permitir o leilão.
Se for inservível, apreendido, empenhado, não importa o valor porque nesses casos,
importa a qualidade do objeto. Mas fora dessas hipóteses, bens móveis até 650 mil, podem ser
vendidos por leilão.
Quem faz leilão no Brasil – Quem faz é o leiloeiro. Funciona como um leilão de arte.
Tem concurso para leiloeiro? Na verdade, o leiloeiro é, normalmente, um servidor designado
para essa função, mas se quiser criar um cargo de leiloeiro, pode criar essa função. Cria o cargo
por lei e vai ter concurso para leiloeiro. Não há vedação.
Procedimento do Leilão – Não tem procedimento definido na Lei 8666. Segue a praxe
administrativa. Quem dá mais, paga mais, ganha.
CONCURSO
Concurso público é concurso da Lei 8666? Não. São dois institutos diferentes. O STJ
precisou dizer expressamente: Concurso público não é modalidade de licitação. O concurso
público é para provimento, preenchimento de cargo, de emprego.
O concurso da Lei 8.666 serve para escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. Só
que a contrapartida aqui não é um cargo, mas um prêmio ou uma remuneração.
Exemplo: Concurso para escolha da escultura da praça. Quem ganhar o concurso, vai
ganhar uma bolsa de estudos, um carro zero, um milhão de reais. Em nenhum momento a lei
fala de cargo, de salário. Um novo projeto arquitetônico de restauração, novo projeto de
campanha para a saúde do próximo ano, são exemplos de objetos de concurso.
Procedimento do concurso – Também não está previsto na lei. O concurso da Lei 8666
tem o seu procedimento previsto em regulamento. Cada concurso vai ter o seu. Funciona como
ocorre na iniciativa privada quando lançam concurso para a escolha da melhor frase da
Parmalat.
PREGÃO
O pregão surgiu com a Lei 9472/97, criada para as Agencias Reguladoras, lei que
instituiu a Anatel.
Quando usamos pregão no Brasil? Serve para comprar ou para vender? Enquanto o
leilão serve para vender, o pregão serve para comprar. O pregão é modalidade de licitação para
aquisição. Só serve para isso. Aquisição de quê? De bens e serviços comuns.
O que é um bem e um serviço comum? É aquele que pode ser utilizado ou definido no
edital com expressão usual de mercado. A lei não disse nada. Bem e serviço comum, não
significa fácil de fazer, simples. É bem que eu compro fácil na loja. Uma TV de 29 polegadas é
um bem comum porque eu posso definir e qualquer pessoa entende.
O quadro branco feito sob medida, usado no curso, para as aulas, pode ser comprado
em qualquer lugar? É um bem comum? Não. Por mais simples que seja para um marceneiro
fazer um quadro branco, não é algo que se encontre para comprar. Por isso não é um bem
comum. Então, bens simples podem não ser bens comuns porque eu preciso de um
conhecimento na área.
Bens comuns: copinho de água mineral, caneta, geladeira. É aquele que eu coloco no
edital e qualquer um entende.
Serviços de engenharia, em regra, não entram aqui porque para sua execução são
necessários conhecimentos especiais.
O pregão está previsto em norma própria, na lei 10.520/02, de leitura obrigatória. É lei
pequena e simples isso porque só traz o que é diferente, no restante, segue a Lei 8666.
Sugestão: Ler primeiro a 8666 e depois parta para a 10.520.
O pregão só pode ser usado para o menor preço. Não se usa para tipo técnica e nem
técnica e preço. Como o bem é comum, não há que se falar em escolha de técnica.
Quem faz pregão – É o pregoeiro, assistido por uma equipe de apoio. A equipe serve
para assistir o pregoeiro, mas as decisões importantes do pregão são feitas pelo pregoeiro. A
equipe de apoio vai ajudar o pregoeiro a formalizar o processo, a juntar documentos.
CONTRATAÇÃO DIRETA
Dispensa
Inexigibilidade
É onde ocorre mais fraude nas licitações. É uma exceção. Excepcionalmente se contrata
de forma direta, quando houver uma dispensa ou uma inexigibilidade.
A licitação pode ser dispensada ou dispensável. O que muda de uma para outra?
Se a licitação é dispensada, ela já está dispensada, ou seja, o administrador não tem
liberdade sobre isso, a lei já determinou que não pode licitar, mesmo que ele deseje, não
poderá licitar, pois a licitação já está dispensada. Prevista no rol do art. 17, da Lei 8.666.
Se a licitação for dispensável, o administrador poderá licitar se quiser, ele terá
liberdade, há flexibilidade. Prevista no rol do art. 24 da lei.
1. Pressuposto lógico: Para haver licitação, precisa-se de pluralidade, tem que ter mais de
um fornecedor.
Quando há um fornecedor exclusivo, não há a pluralidade e por isso é inexigível.
Da mesma forma, qualquer cantor que tenha conhecimento pela crítica, ele deixa de ser
plural, é singular, e a competição é inviável.
2. Pressuposto Jurídico: A licitação serve para escolher a proposta mais vantajosa para a
Administração, protegendo o interesse público. Proteger o interesse público é a
finalidade maior. Se a licitação prejudicar esse interesse público não é viável competir. A
licitação serve para proteger o interesse público. Quando se escolhe a melhor proposta
se está protegendo o interesse público, mas se naquela situação específica a licitação
prejudicar aquele interesse que ela deveria proteger, não é viável competir, já que a
licitação não é um fim nela mesma. Se ela prejudica o fim que deveria proteger, ela
torna a competição inviável.
Com certeza, a licitação vai prejudicar a atividade fim muito mais na atividade
econômica do que no serviço público, já que o serviço público é compatível com a demora da
licitação, mas a atividade econômica é iniciativa privada, é agilidade, é presteza, é rapidez. É
muito comum a licitação prejudicar a atividade-fim sendo essa empresa na atividade
econômica. Então, esse fundamento aparece muito mais na atividade econômica do que no
serviço público.
3. Pressuposto fático – Significa que para fazer licitação é preciso interesse de mercado.
Exemplo: administração vai contratar um médico cirurgião cardíaco e a contratação vai
ser de 500 reais por mês. Não há interesse de mercado.
Isso não se confunde com licitação deserta. Pressuposto fático não é licitar e não
aparecer. Eu não vou me arriscar numa licitação se aquele objeto não tem interesse. Na
verdade, o pressuposto fático é um estudo que antecede a própria licitação. A licitação deserta
pode acontecer por várias razões: por falta de conhecimento, por falta de preenchimento dos
requisitos, por várias razões. O pressuposto fático é um estudo que antecede o próprio
procedimento. A licitação vai ser viável para depois elaborar edital e publicar.
PROCEDIMENTO DA LICITAÇÃO
Daqui para frente, vamos estudar a regra geral, que serve para concorrência, para
tomada de preço e para o convite. Algumas diferenças de uma modalidade para outra será
citada no caminho. O que muda, em síntese, são alguns prazos. Ao final, será invertida a regra
geral, para entender o procedimento do pregão.
Já foi dito no Brasil que a primeira etapa da licitação é a elaboração do edital. Hoje, não
mais. Hoje, os doutrinadores já não concordam mais com essa idéia, que não é lógica. Essa
informação não consta mais da doutrina.
O procedimento, que começa com a fase interna da licitação, vai seguir a mesma linha
da concorrência, da tomada de preços e do convite.
Fase interna é toda a preparação que vai até a publicação do edital. Publicou, começa a
fase externa.
Autuação: ok.
Identificação das necessidades: ok.
Recurso orçamentário: ok.
O período é de 1 ano e o agente não pode ser reconduzido para o mesmo papel na
comissão. Se foi nomeado presidente, no ano seguinte, ele até pode fazer parte da comissão,
mas não pode ser o presidente. Na prática, eles, normalmente, preparam 4 servidores que vão
se alternando, ano a ano. O que eu não posso é reconduzir a totalidade nas mesmas funções.
Nomeada a comissão, passa-se à elaboração do edital.
O projeto básico é que vai definir o objeto da licitação. E vou contratar uma empresa
que vai cuidar do projeto básico. Ela vai definir o objeto da minha licitação. E, a depender do
valor, serei obrigado a fazer outra licitação. Então, será uma licitação só para definir o objeto da
licitação.
Pergunta-se: Toda licitação precisa de projeto básico? Não. Para comprar canetas não
há necessidade.
A empresa que participa do projeto básico, ela pode participar da licitação?
Suponhamos que a empresa elabore o projeto básico com uma técnica que só ela conhece.
Quem faz o projeto básico manipula o objeto, então, não pode participar da licitação. Quem faz
o projeto básico não participa da licitação!
É a comissão de licitação que elabora o edital que tem que cumprir os requisitos do art.
40. Junto ao edital, como anexo, vem sempre a minuta do contrato. Edital e contrato andam
sempre juntos. Enquanto o edital tem como parte anexa a minuta do contrato, o inverso
também é verdadeiro. Quando celebrado o contrato, o edital virá anexo desse contrato.
Quando se diz que tem que estar previsto no edital ou no contrato, na verdade, tanto faz
porque quando elaboramos o edital a minuta do edital tem lá como parte anexa a minuta do
contrato e quando o contrato é celebrado, vem como parte anexa o edital. Por isso é
indiferente se você vai fazer constar do contrato ou do edital. Não faz diferença onde está
prevista a regra.
Relembrando: Formalizamos o processo, autuamos, verificamos as necessidades,
verificamos os recursos orçamentários, reservar o recurso para a celebração do contrato,
vamos nomear a comissão com base no art. 51 da lei, aí vem a elaboração do edital pela
comissão seguindo o art. 40 da lei.
Uma vez elaborado o edital, ele vai ser submetido a um parecer jurídico. Alguém tem
que conferir se esse edital cumpre os requisitos da lei. Normalmente, quem faz o parecer? A
Procuradoria que tem departamento próprio para isso. Ou o procurador ou o assessor jurídico
vai ser responsável pelo parecer, dependendo da organização do órgão.
Estando perfeito e impecável, o processo volta àquela autoridade superior que nomeou
a comissão da licitação para que ela deflagre a realização do certame. Há um ato formal de
autorização para publicação do edital. E é aqui que passamos à fase externa. Nesse momento,
com a autorização para a publicação, encerramos a fase interna e damos início à fase externa
da licitação.
Essa fase tem início com a publicação do edital. Preparamos tudo o que havia que
preparar no processo e agora vamos publicar. A primeira providência é a publicação do edital. E
como isso é feito? A publicação tem os seus requisitos no art. 21, da lei.
Art. 21 - Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências e das tomadas
de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição
interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade
da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições federais;
Aí estão, pois todos os requisitos da publicação. Estabelece os prazos, como deve ser
publicado, etc. Haverá publicação em Diário Oficial + jornal de grande circulação.
Importante: Não se publica a íntegra do edital. Publica-se um aviso de edital (por ser
muito extenso, acaba inviável) que traz os elementos mais importantes (licitação, objeto e onde
conseguir a íntegra do edital).
Durante o prazo de intervalo mínimo, a empresa vai preparar a sua documentação, vai
preparar a sua proposta e se alguém não se conforma com o edital, poderá impugná-lo.
A impugnação tem os seus elementos no art. 41 da Lei. Quem pode impugnar,
contestar, o edital? Será que qualquer pessoa pode impugnar um edital? Um turista francês de
férias no Brasil poderia impugnar esse edital? Não. Então, qualquer pessoa não é pessoa certa.
Qualquer cidadão é parte legítima, ou seja, aquele que está no gozo dos direitos políticos (pode
votar e ser votado). E o art. 41 fala expressamente.
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital ao qual
se acha estritamente vinculada.
§ 1º - Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por
irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias
úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a
Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo
da faculdade prevista no § 1º do Art. 113.
§ 2º - Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante à
Administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder à
abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, à abertura dos envelopes com
as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as
falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação
não terá efeito de recurso.
§ 3º - A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar
do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
§ 4º - A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de participar das fases
subseqüentes.
Tem até o 5º dia útil anterior da entrega da data dos envelopes. Aqui, os prazos são
contados de trás para frente. O prazo para o cidadão conta-se ao contrário. Quando a comissão
recebe essa impugnação, ela tem três dias úteis para julgar. Percebam que antes do
recebimento dos envelopes, a situação já está resolvida porque até o 5º dia útil o cidadão
apresenta, em até três dias a comissão julga e a situação fica resolvida antes do recebimento
dos envelopes.
Prazo para o cidadão impugnar: Até o 5º dia útil anterior ao prazo da
entrega dos envelopes.
Prazo para a comissão julgar: 3 dias úteis.
A lei ainda diz que, além do cidadão, também pode impugnar o edital, o licitante. A lei
fala em licitante, mas na verdade trata-se de um potencial licitante, é aquele que tem interesse
em participar dessa licitação. Ele não é o licitante propriamente dito, mas com potencial para
ser. Sobre isso, duas informações importantes: o prazo dele é maior:
Prazo para o licitante impugnar: Até o 2º dia útil anterior ao prazo da entrega
dos envelopes.
Se o licitante não falar agora, não poderá mais discutir o assunto. Decairá o direito de
fazê-lo. Falamos aqui de decadência do direito. Ou ele reclama do edital nessa hora, mas não
poderá mais reclamar. É lógica que essa decadência é para a via administrativa. Nada impede
que ele discuta na via judicial.
Aqui, uma dica: Você que advoga na área. É comum a empresa ler o edital por pedaços.
Se você não ler o edital agora e não reclamar tudo agora, não poderá reclamar mais, inclusive
do conteúdo do contrato. Lembre-se que o contrato é anexo. Essa é a hora de impugnar todo
edital, inclusive a minuta do contrato que está anexo ao edital. Tudo tem que ser reclamado
neste momento.
Qual é o prazo para a comissão julgar a impugnação do potencial licitante? Não tem
prazo. Mas isso não significa que não deva julgar logo. A lei não prevê, mas se o edital tem
defeito, o ideal é que se corrija o quanto antes. Quanto mais o tempo passa, mais trabalho,
mais comprometimento. Mas não há prazo.
A impugnação não tem natureza de recurso e, consequentemente, não tem efeito
suspensivo. Então, o ideal é julgar antes porque o procedimento não vai parar. A licitação vai
seguir, mesmo com impugnação pendente. Portanto, a impugnação não tem natureza de
recurso e não tem efeito suspensivo. O que cai mais na prova dentro desse tópico é justamente
o prazo decadencial do licitante e o efeito suspensivo que não existe. Esse dois elementos caem
muito em prova (impugnação do licitante + decadência e efeito suspensivo).
Vamos supor que a comissão, julgando a impugnação, perceba que o licitante tem
razão, que o cidadão tem razão. O edital está com defeito e tem que ser modificado. Será que a
comissão, identificada a falha pode promover a modificação? Aqui, neste momento e até esse
momento, pode. Essa é a hora de consertar tudo, de corrigir o edital. E isso está no art. 21, § 4º,
da Lei, que fala da alteração do edital.
Art. 21. § 4º - Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que
se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,
inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.
Se há alteração do edital, precisa ser feito um aditamento. Esse aditamento precisa ser
publicado da mesma forma que foi publicado o edital, com a mesma formalidade daquela
prevista para o edital. Não se publica a totalidade. Só publica o que foi modificado, alterado. Se
publicar a íntegra, significa que é uma licitação nova. Só vai publica a parte alterada do edital.
Se a alteração do edital criar uma obrigação nova ou retirar uma já existente, deve ser
reaberto os prazos de intervalo mínimo. O prazo será reaberto, pois a empresa que não podia
licitar agora pode, e por isso ela terá que ter o mesmo prazo que os outros tiveram. É apenas
quando inclui ou retira obrigações. (art. 21, §4º). A simples correção do edital que não modifica
as obrigações, não precisa de intervalo mínimo.
Todos os envelopes de todos os licitantes devem ser rubricados por todos os licitantes e
por todos os membros (art. 43, § 2º). Se tiver 300 envelopes, os 100 licitantes presentes devem
rubricar. Todavia, para evitar o risco de extravio, apenas três licitantes podem ser escolhidos
para rubricar os demais (entendimento jurisprudencial). Só valerá se tiver acordo.
Esse rol é taxativo. O art. 27 traz cinco requisitos. Os artigos seguintes vão enumerar
quais os documentos que serão exigidos em cada requisito. Para comprovar os requisitos
taxativos do art. 27, é preciso apresentar os documentos dos arts. 28, 29, 30, 31 e 32. Esse art.
27 é importante. Tem que guardar. Os arts. 28 e ss., basta ler.
Art. 28 - A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá
em: o
I - cédula de identidade;
II - registro comercial, no caso de empresa individual;
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em
se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações,
acompanhado de documentos de eleição de seus administradores;
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova
de diretoria em exercício;
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido
pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
Se tudo estiver ok, a comissão vai decidir sobre a habilitação. Decidida a habilitação,
abre-se a oportunidade de recurso.
Qual deve ser o prazo de recurso em licitação? Quanto a isso, são duas perguntas
importantes: Qual o prazo e se tem ou não efeito suspensivo: o prazo e as regras sobre o
recurso estão no art. 109, da Lei. Vejam o salto.
Art. 109 - Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I - Recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da
lavratura da ata, nos casos de:
a) habilitação ou inabilitação do licitante;
b) julgamento das propostas;
c) anulação ou revogação da licitação;
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou
cancelamento;
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do Art. 79 desta Lei;
f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa;
II - Representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da intimação da decisão
relacionada com o objeto da licitação ou do contrato, de que não caiba recurso
hierárquico;
III - Pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de Estado, ou Secretário
Estadual ou Municipal, conforme o caso, na hipótese do parágrafo 3º do Art. 87,
desta Lei, no prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.
§ 1º - A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas "a", "b", "c" e "e" deste
artigo, excluídos os relativos a advertência e multa de mora e no inciso III, será
feita mediante publicação na imprensa oficial, salvo, para os casos previstos nas
alíneas "a" e "b", se presentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi
adotada a decisão, quando poderá ser feita por comunicação direta aos
interessados e lavrada em ata.
§ 2º - O recurso previsto nas alíneas "a" e "b" do inciso I deste artigo terá efeito
suspensivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes
razões de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva
aos demais recursos.
§ 3º - Interposto o recurso, será comunicado aos demais licitantes, que poderão
impugná-lo no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
§ 4º - O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que
praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5
(cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente
informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de 5
(cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de
responsabilidade.
§ 5º - Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de reconsideração se
inicia ou corre sem que os autos do processo estejam com vista franqueada ao
interessado.
§ 6º - Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade de carta convite os
prazos estabelecidos nos incisos I e II e no § 3º deste artigo serão de dois dias
úteis.
Normalmente, o recurso em licitação não tem efeito suspensivo, mas, a lei diz que, em
alguns casos, haverá efeito suspensivo. Essa é uma hipótese em que o efeito é COM efeito
suspensivo. Normalmente, recurso em licitação não tem efeito suspensivo, mas a lei faz
algumas ressalvas e, nesse caso, tem efeito suspensivo.
Obs: Os recursos que terão efeito suspensivo são os de habilitação e inabilitação do
licitante e julgamento das propostas.
Julgada a habilitação, foram julgados os recursos, vamos à próxima etapa:
Se o licitante não cumpriu as formalidades e não tem preço praticado no mercado, qual
será a consequencia? Agora, sim, ele será desclassificado! A hipótese aqui é de
desclassificação.
Na sequência, sem abrir prazo para reclamar, sem recurso sem nada, a comissão já julga
a melhor proposta. O que significa esse julgamento? Nesse momento, a comissão vai escolher a
melhor proposta.
Vamos imaginar que, entre os classificados, houve empate. Qual será a consequencia
jurídica nesse caso? Tem que haver um critério de desempate. Estão no art. 3º, §2º, da Lei:
Pode ser qualquer tipo de sorteio, cara ou coroa, papel em saquinho, desde que seja
descrito na ata.
Selecionada a melhor empresa, que ganhou a licitação, o que eu faço com as demais
empresas participantes da licitação? Vou ordená-las, ou seja, classificá-las de novo. A comissão,
então, vai julgar e, em seguida, classificar de novo, ou seja, colocar em ordem: 1ª colocada, 2ª
colocada, 3ª colocada e por aí vai. A comissão classifica, julga a melhor proposta e, em seguida,
classifica de novo.
Feito tudo isso, vamos imaginar que todos os licitantes foram desclassificados. Primeiro
se faz a diligencia do 48 §3º. Mas se mesmo com a diligencia houve uma desqualificação geral,
todos ficaram desclassificados. Nesse caso, haverá licitação fracassada, podendo haver
dispensa de licitação.
Julgadas as propostas, feita classificação, não havendo mais nenhuma pendência, abre-
se a oportunidade de recurso. Nesse momento, qual é o prazo do recurso mesmo? Tudo igual:
Importante: com ou sem efeito suspensivo? Com efeito suspensivo. Essa é a segunda
exceção que comporta efeito suspensivo. Todos os demais não têm efeito suspensivo. Esses
dois, na verdade, são os mais importantes. Se não houver esse efeito, eu comprometo a
licitação.
Ele está obrigado, mas não quer de jeito nenhum. A empresa não quer. Qual a saída
agora? Obriga a assinar? SE ele está obrigado e não quer assinar, será penalizado. Art.87, da
Lei, traz as penalidades. Ele não assinou. Qual a saída? Chamamos o segundo colocado para
assinar o contrato. Mas eu pergunto: Na sua proposta ou na proposta do primeiro? A proposta
do primeiro fixou o preço que é o que vai valer para o contrato. O segundo colocado serão
chamandos na proposta do primeiro colocado. Não há obrigatoriedade. Se não quiser chama o
3º, 4º e assim por diante. Se ninguém quiser, a licitação deverá começar tudo de novo.
PROCEDIMENTO DO PREGÃO
A modalidade do pregão segue a base da Lei 8.666 e o que tem de diferente você
encontra na Lei 10.520/02. As peculiaridades estão na lei 10.520/02.
O procedimento tem toda a fase interna igual, elabora-se edital, verifica-se recursos,
etc. A parte de formalização do processo não tem diferença. Segue tudo o que vimos na regra
normal. Depois da formalização, autoriza-se a deflagração, vamos à publicação do edital. A
mesma história, sem grandes peculiaridades, aqui também haverá a publicação do edital.
Publicado o edital, recebidos os envelopes (são dois envelopes) tudo igual. Eu lhe pergunto: na
ordem normal, o que vai acontecer? A inversão começa aqui:
Verificado o envelope de proposta vencedora, sem direito a recurso (que vem depois),
vamos à fase de habilitação. Vejam a inversão do procedimento aqui: isso significa que não
vamos verificar documentos de todas as empresas. Só vamos verificar os documentos da
empresa escolhida na fase anterior. Então, ao invés de analisar os documentos de trinta
empresas, vamos abrir um envelope porque só vamos verificar os documentos da empresa
escolhida na etapa anterior. É mais rápido. Primeiro eu escolho a proposta e, em seguida,
analiso os documentos da empresa vencedora.
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
O que tem de mais importante quando se estuda contrato administrativo? São dois
temas que mais caem dentro desse ponto: cláusula exorbitante e alteração contratual (limites e
condições). O segundo ponto são formalidades do contrato. São os dois temas que mais caem.
Mas vamos estudar outros pontos.
Contrato é contrato, seja em civil, seja em administrativo, seja em comercial, é uma
coisa só. O conceito de contrato em direito civil e em direito empresarial serve para o direito
administrativo.
Observe que se o contrato é civil, os interesses são privados. Se o contrato é
administrativo, os interesses são públicos. O contrato administrativo nada mais é do que uma
espécie de contrato, com algumas características próprias, mas os conceitos aprendidos em
civil servem para o administrativo. Se é contrato empresarial, se é de consumo, se é
administrativo, vai ganhando regras próprias, mas a base é a mesma. O conceito é um só.
Por que isso é importante? Nem todo contrato que a Administração celebra, vai ser
contrato administrativo. Se é contrato celebrado pela Administração, mas o regime é de direito
privado, vai ser chamado de contrato da administração. Quem celebrou foi a Administração,
mas sob o regime privado. Mas se a Administração celebra e o regime é de direito público, esse
é chamado de contrato administrativo. Nem tudo que a Administração faz, pois, é contrato
administrativo, só será administrativo se o regime for público.
Exemplos de contratos da Administração: Locação (apesar de ser licitada, o regime é
privado), empréstimos, arrendamento, etc. São todos contratos de direito privado.
Exemplos de contratos Administrativos: Concessão de serviço, contrato de consórcio,
permissão de serviço (regidos pelo direito público).
1. Conceito
2. Características
- Presença do Poder Público: a participação do Estado. Ele pode estar no pólo ativo, no
pólo passivo, mas tem que estar presente. Pode-se ainda ter a Administração nos dois pólos: A
União com uma autarquia, a União com uma empresa pública.
Se você vai até a loja e compra uma geladeira para ser entregue em casa, no prazo de 30
dias. Você passa um cheque para pagamento em trinta dias. Você recebe em dez dias e em
trinta dias paga pelo bem. Esse contrato de compra e venda está perfeito e acabado em qual
momento? Quando eu for à loja, quando eu recebo a geladeira ou quando eu pago o cheque?
Vamos imaginar que você não receba a geladeira. A empresa está inadimplente. Ou você não
pagou o cheque. Pagar a geladeira é adimplemento. Se é assim, a partir de quando esse
contrato passou a existir? Ele passou a existir no dia em que fui a loja. Entregar a geladeira,
pagar o cheque é execução. O contrato já existe quando se manifesta a vontade. O contrato
está pronto, perfeito e acabado com a manifestação de vontade. O resto é adimplemento, é
execução.
Contrato consensual é aquele que se aperfeiçoa, que está pronto e acabado no
momento em que se manifesta a vontade. A entrega do bem ou pagamento é adimplemento.
Esse contrato já existe no momento em que se manifesta a vontade. Nosso contrato
administrativo é consensual porque está pronto e acabado, se aperfeiçoa no momento da
vontade.
Contrato consensual é diferente do contrato real. O contrato real depende da entrega
do bem, o que não é o caso em estudo. Nosso caso é como a compra e venda, contrato perfeito
e acabado no momento da manifestação da vontade. Exemplo de contrato real é o contrato de
empréstimo, pois só existe com a entrega do bem.
É possível no Brasil contrato administrativo verbal? Sim. O art. 60, § único prevê a
possibilidade.
A lei fala, pois, em caução em dinheiro (depósito em dinheiro), título da dívida pública
(Administração emite e não devolve – excelente oportunidade para usar, a Administração vai
ter que aceitar), fiança bancária (garantia fidejussória, fiança prestada por banco), seguro-
garantia. O que é isso? Se a empresa não cumprir, a seguradora paga no lugar. Aqui, você faz
um seguro do contrato. O seguro-garantia nada mais é do que um seguro do contrato. Você vai
contratar uma empresa e se você não cumprir o contrato, ela cumpre em seu lugar. Essas
formas estão previstas na lei. Mas quem escolhe? Quem escolhe é o contratado, e não a
Administração. As formas são enumeradas na lei.
De quanto deve ser essa garantia? O art. 56 estabelece: garantia de até 5% do valor do
contrato. Quanto maior o contrato, menor o valor da garantia. Essa garantia pode ser de até
5%, podendo ser 1, ser 2 e até 5%.
Art. 56, § 2º - A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a cinco por
cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele,
ressalvado o previsto no parágrafo 3º deste artigo.
O art. 56 traz um diferencial, dizendo que a regra é até 5%, mas para os contratos de
alta complexidade, de riscos financeiros ou de grande vulto, o valor da garantia pode chegar a
10% do valor do contrato. Um deles já basta. É o que diz o § 3º, do art. 56:
Cuidado com a palavra “até” e cuidado com a exceção (5% é a regra, mas pode chegar a
10%). De que maneira deve ser prestada essa garantia? Qual é a forma que deve ser adotada?
Aqui há dois cuidados.
Art. 57 - A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos...
1ª Exceção – O prazo do contrato for maior se o objeto dele estiver previsto no PPA.
(Plano plurianual). Para ler sobre isso, a sugestão é a Constituição. Você não vai precisar mais
do que isso para a sua prova, dos arts. 65 e ss. Só para você entender: cada governante define o
que vai fazer durante quatro anos.
O PPA são as metas e ações do governo no prazo de 4 anos. Eles pegam o PPA e divide o
que vai fazer em cada ano (1 PPA vira 4 LDO). Isso é feito via LDO, Lei de Diretrizes
Orçamentárias. E quanto eu vou gastar em cada ação, é a LOA. Mas, o PPA é o sonho de
Governo, o que ele vai fazer nos próximos quatro anos. Há tudo em PPA. Se coloca tudo lá.
Infelizmente, o administrador cumpre muito pouco do que está lá. Mas se o objeto do contrato
está no PPA e o PPA tem duração de quatro anos, qual vai ser o limite do contrato? Se o prazo é
o do crédito orçamentário e o crédito orçamentário dura doze meses, o contrato terá doze
meses. Mas se o objeto está previsto no PPA, o prazo pode ser maior porque o prazo do PPA é
quatro anos. Então, se o contrato está no PPA, o prazo do meu contrato deverá ser de, no
máximo, quatro anos.
2ª Exceção – O prazo pode ser maior quando for o caso de serviço de prestação
contínua. Merenda escolar, segurança, serviços gerais são serviços de prestação contínua?
Serviço de prestação contínua é o que é feito de forma ininterrupta. Se o serviço é prestado de
forma contínua poderá durar até 60 meses, desde que quanto maior o meu prazo, melhor o
meu preço. E se é mais barato, posso chegar em até 60 meses no caso das relações contínuas.
Nesta hipótese há cilada que cai muito em prova. A lei diz, no art. 57, a seguinte regra: no caso
de prestações contínuas e que eu possa chegar até 60 meses, é possível uma prorrogação por
mais doze meses em caso de excepcional interesse público. Limite de 72 meses.
Exemplo: Coleta de lixo traz o máximo de 60 meses. Mas havendo excepcional interesse
público, eu posso prorrogar por mais doze meses. O que significa que pode chegar em até 72
meses.
3ª Exceção – aluguel de equipamentos e uso de programas de informática: 48 meses
Art. 57 - A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: IV - ao aluguel de
equipamentos e a utilização de programas de informática, podendo a duração
estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do
contrato.
Neste caso, como exceção à regra dos 12 meses, você terá mais 48 meses. O que é
importante: essas são as exceções que estão no art. 57.
4ª Exceção (inserida pela lei 12.349/10) Alguns contratos do art. 24 podem ter duração
de 120 meses.
Há ainda outras duas exceções que não estão no art. 57, mas que podem cair em prova:
5ª Exceção (fora da lei 8666) – É possível que o contrato tenha diferenciado do que o
crédito orçamentário quando for concessão e permissão de serviço. Neste caso, quem define o
prazo é a lei do serviço. Em se tratando de concessão e permissão de serviço público, lembre-
se, quem vai definir o prazo é a lei do serviço. Isso depende de muito investimento (energia,
abastecimento, telefonia) e haverá um, cinco, dez, quarenta e cinco, cinquenta anos.
c) Obrigação de fiscalizar
Inciso III – Fiscalização também é cláusula exorbitante. As regras sobre isso estão no art.
67, da lei. Cuidado: A Administração deve ou pode fiscalizar o contrato? Se o serviço não for
bem prestado, a Administração vai pagar a conta. A fiscalização é mais que prerrogativa, é
obrigação. É serviço público, é obra pública que se não derem certo a Administração vai ser
responsabilizada. A administração pode interferir nas atividades da empresa.
d) Aplicação de penalidades
Inciso IV – Possibilidade de aplicação de penalidades. Quais são as regras para isso? O
art. 87 diz que são penalidades possíveis (para o descumprimento, inexecução): advertência,
multa, suspensão de contratar pelo prazo de até 2 anos e a declaração de inidoneidade.
Quem vai decidir se vai ser advertência ou se vai ser suspensão é a Administração, de
acordo com a gravidade. Se o administrador vai aplicar desistência, multa ou suspensão, é
decisão dele, de acordo com a situação. A lei deixa em aberto.
Multa - O valor da multa vai depender da previsão do contrato.
Durante o processo, o serviço não pode parar. Como a Administração não tem os bens
necessários, ela ocupa os bens da contratada. Decidido o processo, julgada rescisão, a
Administração poderá adquirir esses bens através do instituto da reversão. O que era ocupação
provisória, durante o processo, pode se transformar em reversão. E a reversão é a aquisição de
bens quando da rescisão do contrato.
Que tipo de bem pode ser ocupado? A Administração vai ter que indenizar por isso?
Tanto a ocupação quanto a reversão podem ser usadas para os bens indispensáveis à
continuidade do serviço. Ambos são institutos para a manutenção do serviço, sua idéia é
justamente aquele bem que vai garantir a continuidade, os bens indispensáveis. Não será
qualquer bem que poderá ser revertido, que poderá ser ocupado. Tanto a ocupação quanto a
reversão são passíveis de indenização. A forma disso vai depender de cada contrato. A
Administração vai usar os caminhões e vai indenizar por isso. A Administração vai adquirir os
caminhões e vai indenizar por isso. Mas como isso será feito, dependerá da previsão contratual.
Cada contrato terá uma previsão sobre esses bens.
Ainda que a administração não pague, a contratada terá que prestar o serviço, mas pelo
prazo de 90 dias. Esse prazo de 90 dias, mesmo que a Administração não pague, tem como
fundamento o princípio da continuidade. A exceptio então é aplicável, mas de forma
diferenciada, após os 90 dias. Vencidos os 90 dias, a empresa não é obrigada a prestar o
serviço. Então, nos primeiros 90 dias, não se aplica a exceptio non adimplecti contractus, depois
sim. De forma que a resposta à pergunta é: sim. Aplica-se a exceptio non adimplecti
contractus, mas de forma diferenciada, a partir de 90 dias do não pagamento. Tudo se
justifica pelo princípio da continuidade.
5. Alteração Contratual
Art. 65 - Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo
ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia da execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem
como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos
termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de
circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação
do pagamento com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos
do contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra,
serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém
de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado,
ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.
O contrato administrativo pode ser alterado de duas maneiras: de forma unilateral pela
Administração (e o particular vai ter que suportar) e a alteração bilateral, por acordo entre as
partes. A que representa cláusula exorbitante é a alteração unilateral. Tudo o que existe no
contrato comum não vai ser cláusula exorbitante, a exemplo da alteração bilateral. Assim, só a
alteração unilateral é cláusula exorbitante (não existe no contrato comum).
Quando é possível alterar de forma quantitativa? A lei estabelece no art. 65, que a
alteração quantitativa pode ser de 25% para cima ou para baixo. No exemplo das canetas, seria
possível alterar o contrato para aumentar o número para 125 canetas ou diminuir o número
para 75. Tanto acréscimos, quanto supressões são permitidos no limite de 25%, lembrando que
a administração vai pagar por aquilo que ela, efetivamente, recebeu. Se ela reduz em 25%, vai
pagar o valor reduzido em 25%, se acrescer em 25%, vai pagar mais 25%.
Quanto vai custar a caneta nesse acréscimo de 25%? o valor acrescido vai ser o valor
contratado. Se era 1 real, vai continuar pagando 1 real pelo acréscimo. A Administração sempre
paga pelo que recebeu e no valor unitário contratado.
Esta alteração também está prevista no art. 65. Alteração bilateral, não obstante, não é
cláusula exorbitante.
A TEORIA DA IMPREVISÃO
Fato do Príncipe
O que significa fato do príncipe? É aquela atuação estatal, geral e abstrata que vai
atingir o meu contrato de forma indireta e reflexa.
Exemplo: Alteração de uma alíquota de um imposto.
Se a empresa é prestadora de serviço (coleta de lixo), paga ISS. Imagine que o Município
tem uma alíquota de 2% e celebra o contrato com a Administração com base nesse valor.
Depois essa alíquota foi alterada para 5%. Isso vai atingir o meu contrato. Alteração de alíquota
é por lei. Geral e abstrata. O serviço em si não foi atingido pela situação nova. A ação de pegar
o saco de lixo e colocar no caminhão não foi atingida pela situação nova. Eu posso coletar, mas
não no mesmo valor. Se eu não atinjo o objeto principal, estou atingindo o contrato de forma
reflexa. Lembre na hora da prova do objeto principal (é coleta de lixo). Se não atinge o objeto
principal, é fato do príncipe. Fato do príncipe é situação geral e abstrata que atinge o contrato
de forma reflexa.
Fato da Administração
Fato da Administração significa aquela atuação direta, específica, do Poder Público que
vai atingir o contrato de forma direta.
A Administração contrata com uma empresa a construção de um viaduto. Para construir
o viaduto, a Administração vai ter que desapropriar uma área. Para fazer isso, tem que
desapropriar. Se a desapropriação não sai, o viaduto não vai acontecer. Não dá para fazer o
viaduto sem a área. Posso fazer mais para direita, mais para esquerda, em outro local, mas do
jeito que estava no contrato não vai dar mais. Neste caso, trata-se de uma atuação específica
do Poder Público, uma atuação específica que vai impedir a construção do viaduto. Atinge o
objeto principal de forma direta. A negativa de desapropriação em contrato de construção de
obra atinge o objeto principal do contrato.
Interferências Imprevistas
São situações que existem ao tempo da celebração do contrato, mas que só podem ser
descobertas quando da sua execução.
A Administração contratou a construção de um edifício. Quando a empresa começa a
construir, descobriu pedras demais ou um lençol freático. Isso modifica o estrutural da obra. A
empresa não tinha como saber. São situações que, apesar de serem preexistentes à celebração
do contrato, não podem ser identificadas antes da execução. Diversidade de solo é exemplo
muito comum em interferências imprevistas.
PAGAMENTO
Correção monetário
b) Rescisão Judicial – Se o contratado não quer mais o contrato, não pode rescindir
de forma unilateral. Assim terá que recorrer à via judicial. É a rescisão judicial,
que aparece quando o contratado não quer mais o contrato. Ele não pode
extinguir de forma unilateral, daí ter que ir à via judicial.
SERVIÇOS PÚBLICOS
Dois pontos são importantes. É muito comum o serviço cobrado por taxa, o serviço
cobrado por tarifa. Quando se cobra um, quando se cobra outro. Isso está dentro das
classificações. O segundo ponto que cai muito é delegação (concessão, permissão e
autorização). Delegação é o que mais cai.
Antes de começar a conceituar serviço público, é preciso que se compreenda que não
há uma lista definida de serviço público, ele muda de acordo com o contexto por que passa a
sociedade. Há cem anos, alguns serviços que usamos hoje, sequer existiam. Com o passar dos
anos, a situação e o contexto social mudam e alguns serviços entram e outros saem da lista.
Serviço de bonde, há anos era um serviço público indispensável para o transporte coletivo. Há
trinta anos, telefonia celular era algo imaginável. A importância do serviço muda de acordo com
o momento social. A energia elétrica era algo escasso. A lista, então, é variável de acordo com
as necessidades sociais. Por isso não há um rol taxativo do que seja e do que não seja serviço
público.
Para que um serviço se transforme em serviço público, ele vai apresentar uma
necessidade coletiva e será assumido pelo Estado. O que se precisa entender: para que um
serviço seja incluído no tópico serviço público, tem que representar uma necessidade coletiva.
Serviço de radioamador é serviço público? Não. Para ser, tem que ser uma necessidade geral.
Um serviço entra na lista, se for necessidade da maioria. Se representar um pequeno grupo,
não será serviço público.
1. CONCEITO
O transporte coletivo, a energia elétrica, por exemplo. Mas cada pessoa usa o serviço à
sua maneira. Cada um usa transporte coletivo a seu modo. Apesar de ser prestado à
coletividade em geral, é fruível singularmente, ou seja, cada um usa o serviço à sua maneira.
Uns usam mais, outros usam menos.
O Estado assume como obrigação sua. Para ser serviço público, o Estado tem que
assumir. Só que ele não precisa prestar com a sua máquina. Ele assume como poder seu,
podendo prestar com a sua estrutura ou contratando alguém pra fazê-lo em seu lugar. A
prestação, então, pode ser direta (pela própria máquina do Estado) ou indireta (quando o
Estado contrata alguém para fazer em seu lugar).
Aprendemos que todos os nossos conceitos precisam de um regime jurídico. Qual vai
ser o regime jurídico do serviço público, se o Estado o assumiu como dever seu, o regime
jurídico é de direito público, que pode ser total ou parcialmente público.
Ele traz uma lista de princípios. Esse art. 6º cai muito na FCC e eles cobram com essa
expressão: “O que é preciso para um serviço adequado” e saem enumerando. Vamos falar de
algumas regrinhas do art. 6º, onde vamos encontrar eficiência, continuidade, etc.
A Lei 8987/95 é lei de leitura obrigatória! Dica: É uma lei conceitual, ou seja, fala de
concessão e conceitua concessão. Fala de permissão e conceitua. Fala de poder concedente e
conceitua. Se você vai estudar na última hora, basta a leitura da lei seca. E é uma lei que só tem
quarenta artigos e que dá para ler, e cai muito em prova de concurso.
Princípio da Eficiência – o art. 6º diz que o serviço tem que ser prestado com eficiência.
Princípio da Impessoalidade – tem que ser prestado de forma impessoal. Não pode
buscar interesses pessoais.
Princípio da Continuidade – os serviços públicos não podem ser interrompidos. Tem
que ser prestados de forma ininterrupta.
Princípio da Segurança – O serviço público não pode colocar em risco a vida, a saúde ou
a segurança do administrado. O serviço público adequado tem que ser prestado de
acordo com esse princípio.
Princípio da Generalidade – prestar com generalidade significa prestar erga omnes, à
coletividade em geral. Esse é um princípio efetivamente aplicado no Brasil? Tanta gente
morre sem atendimento médico, quantas crianças estão fora da escola... Prestado erga
omnes ainda não é uma verdade.
Princípio da Modicidade – os serviços têm que ser o mais barato possível, obedecendo
ao princípio da modicidade. Tarifas módicas.
Princípio da Atualidade – Os serviços públicos têm que ser prestados de acordo com o
estado da técnica, ou seja, com as técnicas mais modernas. É um princípio ainda não
alcançado. Há serviços muito longe, ainda do estado da técnica.
Princípio da Cortesia – O serviço público tem que ser prestado com cortesia. O servidor
tem que ser cortês, atender com educação. Será que é isso que encontramos na
administração pública? Cortesia cai em prova porque ninguém acredita que esteja
escrito na lei. Tem que ser educado, tem que atender com urbanidade. Mas está
melhorando.
Há classificação para todo gosto, mas vamos estudar as duas que mais caem em
concurso.
O que deve ser incluído numa lista ou na outra, é decisão administrativa. Não existe
parâmetro objetivo para isso, o que dificulta muito. Não vai cair na prova se isso é facultativo
ou se é compulsório porque nem a doutrina se entende sobre isso. Mas há alguns serviços que
devemos comentar aqui.
Você já ouviu falar sobre taxa de bombeiro? A taxa de bombeiro é cobrada anualmente.
Ela é constitucional? Dá para medir e calcular o quanto você utiliza o corpo de bombeiros? Você
paga, chamando ou não o corpo de bombeiros. Não dá para calcular. Não pode ser cobrado por
taxa porque é indivisível. Para ser cobrado por taxa, eu tenho que ter um serviço divisível. Eu
tenho que medir e calcular o quanto cada um usa. Se eu não posso fazer isso, não pode ser
cobrado, tem que ser mantido pela receita geral. É inconstitucional.
Taxa do buraco. Já ouviram falar? Serve para tapar os buracos da cidade. Dá para
calcular o quanto cada um usa do buraco tapado? E se você só anda a pé? Vem junto com o
IPVA e ai de você se não pagar. A taxa é inconstitucional, mas como você vai pagar o IPVA do
carro sem a taxa. Se você entrar na Justiça vai ganhar, mas é complicado para implementar. É
melhor pagar porque dá menos trabalho. É uma situação completamente absurda.
Taxa de iluminação pública. Dá para medir e calcular o quanto cada um utiliza? Não.
Iluminação pública é serviço indivisível. Assim, não pode ser taxa. Tem até súmula do STF
dizendo que a taxa de iluminação pública é inconstitucional. Tem que ser mantida pela
arrecadação geral. Mas é uma mina de dinheiro para o município, então, ninguém acaba.
Contribuição de iluminação pública está lá na Constituição, criada por emenda constitucional.
Contribuição é vinculada à contraprestação. Também depende de serviço específico e
indivisível. Como agora é por emenda, está lá na Constituição e ninguém vai declarar
inconstitucional. A taxa, então, foi substituída pela contribuição de iluminação pública.
3.3. COMPETÊNCIA
Hipóteses:
a) Serviço público que o estado deve prestar com exclusividade – O Estado tem
obrigação de prestar. Ex: art. 21, X, CF, ECT – ADPF 46.
b) Estado tem obrigação de prestar, mas sem exclusividade – tanto o Estado como o
particular são titulares do serviço.
O fato de ser prestado por um particular não perde o caráter de serviço público e por
isso pode ser oposto mandado de segurança contra os administradores das empresas, por
estarem prestando um serviço público.
Eu nunca sei, quando olho para um serviço público, se ele é um serviço concedido, se é
um serviço transferido por lei, se é um serviço que a Constituição atribuiu ao particular. Se eu
vou ao hospital público, sei que a saúde é serviço público. Mas e a saúde prestada pelo hospital
privado é serviço público? Eu posso ajuizar mandado de segurança em face do diretor do
hospital privado? O ensino superior privado é público prestado pelo particular? Continua sendo
serviço público. É possível ajuizar mandado de segurança em face de dirigente da universidade
privada porque esse é um serviço público. Mas o dono da universidade celebrou um contrato
com o Estado para prestar o serviço? O dono do hospital privado presta serviço público de
saúde, mas o Estado deu a ele esse serviço? Existe um contrato do Estado com esse hospital
privado?
Para se entender o que é delegação e o que não é delegação, para se entender o que
tem contrato e o que não tem contrato, lembrando que nem a saúde e nem o ensino têm
contrato, o que acontece nessa historia? Vocês já devem ter percebido que o serviço de rádio e
de TV quem presta é o particular. Isso porque a Constituição manda. O Estado tem obrigação
de transferir. Como tais serviços são organizados na Constituição? Através da determinação
constitucional.
A partir do momento que é serviço público, o Estado assumiu como dever seu. Só que
na Constituição, vamos encontrar quatro situações diferentes.
Vamos ver na Constituição serviços que o Estado tem a obrigação de prestar, mas tem
a obrigação de transferir. O serviço tem que acontecer, mas o Estado não pode fazer por si,
tem a obrigação de transferir. Então, encontramos uma primeira categoria de serviços que o
Estado tem a obrigação de promover, mas tem a obrigação de outorgar, de transferir. Ele não
pode prestar sozinho. Aqui, ele não transfere se quiser, é obrigado a transferir. É o caso do
serviço de rádio e TV.
O Estado não pode ter o comando do rádio e da TV. Há vários canais que são empresas
privadas que prestam o serviço. Serviço transferido. Imagine um Estado monopolizando o
serviço, teria o total domínio da população. Políticos não podem ter rádio e TV porque a
informação tem que ser imparcial. Não pode estar ligada ao Governo e nem ao político.
Nós encontramos também aqueles serviços que o Estado tem a obrigação de promover,
mas pode prestar de forma direta ou indireta. Aqui há o transporte coletivo, a telefonia, a
maioria dos serviços que foram descentralizados, transferidos e hoje são prestados de forma
indireta. Aqui, o Estado tem liberdade: ou presta de forma direta, ou transfere (presta de forma
indireta).
b) Serviço que o Estado tem a obrigação de prestar, mas que o particular também
pode fazê-lo, mas não por transferência, e sim por titularidade da própria
Constituição. Não deixam de ser serviços públicos, mas ambos prestam: o Estado
e o particular. O particular não recebe a transferência. Saúde e ensino. O
particular não tem vínculo com o Estado: recebeu diretamente a titularidade da
Constituição. Vale mandado de segurança em face de dirigente de universidade
privada e em face de dirigente de hospital privado. Isso porque, embora
prestado por particular, não perde a qualidade de serviço público. Então o
dirigente do hospital particular e da universidade particular é autoridade para
fins de mandado de segurança.
c) Serviço que o Estado tem obrigação de prestar, mas vai fazer de forma
exclusiva. Serviços que não pode transferir. Segurança pública, segurança
nacional, correios. Quanto aos correios, voltar na aula de Organização da
Administração porque já discutimos isso.
d) Serviços que o Estado tem obrigação de promover, mas sua prestação será de
forma facultativa, de forma direta ou de forma indireta.
Vamos agora ficar com a letra ‘d’, estudar os serviços que o Estado tem obrigação de
prestar, seja de forma direta, seja de forma indireta. Vamos estudar os serviços públicos que
são prestados de forma indireta, significando dizer que o Estado não está fazendo com suas
próprias mãos. Ele está transferindo. E como é chamada essa transferência? Se a prestação é
indireta, significa que o Estado tirou do centro e transferiu para outra pessoa. Alguém está
fazendo no lugar do Estado. Isso é descentralização!
Uma descentralização pode ser por OUTORGA e pode ser por DELEGAÇÃO. Vimos no
início do semestre, que se transfere por outorga às pessoas públicas, às autarquias, às
fundações públicas (já vimos descentralização por outorga na aula de organização), mas vimos
também que a descentralização pode ser por delegação
A delegação pode ser por lei, por contrato ou por ato administrativo. Vale lembrar: já
estudamos delegação por lei (acontece para as empresas públicas, para as sociedades de
economia mista e para as fundações públicas de direito privado). De agora em diante, só falta,
para fecharmos aquele tema, delegação por contrato e por ato administrativo. Então, o que
vamos estudar daqui pra frente: é descentralização, descentralização por delegação na forma
contratual ou na forma de ato administrativo.
3.2. Concessão Comum (Lei 8.987/95) X Concessão Especial (PPP's – Lei 11.079/04)
A concessão de serviço público no Brasil hoje deve ser dividida em duas situações:
a) Concessão de serviço público comum, prevista na lei 8987/95, que é de leitura
obrigatória (lei conceitual, que vale a pena). A partir de 2004, o legislador cria a segunda
modalidade de concessão;
b) concessão especial de serviço público que, nada mais é do que Parceria Público-
Privada. A concessão de serviço público está prevista na lei 11.079/04, lembrando que esta
concessão especial tem como base a concessão comum com algumas especificidades. Daí
melhor estudar primeiro a concessão comum, em seguida, a especial.
a) Conceito
A tarifa de usuário - Vimos que uma licitação pode ser do tipo preço, técnica ou técnica
e preço. Essa concorrência, além do preço e da técnica, e da técnica mais preço, ela ainda tem
um critério próprio, que é a escolha quanto à tarifa de usuário. A concorrência da concessão
segue a base da 8.666 e tem regras próprias (o art. 15 e seguintes da Lei 8.987 falam sobre
essas regras especiais). Cuidado, porque a base é a mesma, mas há peculiaridades. O primeiro
exemplo que citei em termos de peculiaridade, é o critério de escolha da proposta. Aqui é
possível escolher via tarifa de usuário. A primeira idéia é que a concorrência tem critérios
próprios de seleção.
c) A remuneração da Concessionária
Recursos Públicos – Se ainda assim a tarifa estiver cara demais, o Estado, então pode
bancar uma parcela desse serviço e aí a possibilidade de recursos públicos. O Estado pode
custear uma parte e vai fazer isso de forma facultativa. A presença do recurso público no
contrato é uma faculdade do Estado. Por que estou chamando a atenção para isso? Porque
esse é um ponto de distinção entre a concessão especial. Lá na concessão especial (PPP), a
presença do recurso público é obrigatória. A concessão comum vai ter recurso público
facultativo. O Estado pode ou não participar. Lá na concessão especial, a presença do recurso
público é obrigatória.
Você usa o serviço, mas está insatisfeito com ele. Se você sofre prejuízos, a quem você
vai reclamar? De quem vai ser a responsabilidade para esses prejuízos? De quem é a
responsabilidade na prestação desse serviço? Qual é a diferença entre a responsabilidade em
um contrato comum e a responsabilidade no contrato de concessão? O que tem de diferente
no que tange à responsabilidade da empresa que está prestando o serviço?
e) A extinção da concessão
- Advento do termo contratual: o contrato de concessão foi firmado pelo prazo de cinco
anos, a extinção pela via normal, virá com o advento do termo contratual. Concluído o prazo, o
contrato estará extinto (pelo advento do termo contratual).
Aqui não se fala em conclusão do objeto porque aqui é prestação de serviço. É diferente
no caso de contrato de obra, de fornecimento, em que eu entrego, acabou, concluo a obra,
acabou. Aqui, vencido o prazo, extingue-se o contrato.
- Rescisão judicial
- Extinção por falência, falecimento, incapacidade civil da parte: são razões que
independem à vontade das partes. A doutrina usa essa modalidade e chama de extinção de
pleno direito, mas a lei não usa essa expressão, se referindo apenas á falência, incapacidade
civil, por exemplo. É a doutrina que chama de rescisão (ou extinção) de pleno direito.
- Anulação – a concessão pode ser extinta por anulação diante de alguma ilegalidade.
Vale uma observação. Os alunos aqui começam a questionar o seguinte: Mas isso não é
resolução, não é resilição? Entenda o seguinte: Direito administrativo não aprofunda essas
questões. Aqui não tem profundidade. A lei fala em rescisão e a gente vai usar rescisão. A gente
sabe que há diferença, mas o direito administrativo não tem esse cuidado. Para direito civil é
importante, para o administrativo, não é. Vai cair rescisão. A palavra que vai aparecer é
rescisão, até porque a lei usa essa palavra.
Outra observação: muitos alunos, quando eu dou essa aula, perguntam sobre o serviço
notarial. O que o cartório cobra? Taxa ou tarifa? NO Brasil, essa é uma situação a parte. É caso
único. Não é delegação de serviço. É o quê? A Constituição chamou de delegação de função.
Recebe tratamento especial. Não há contrato. Enquanto o oficial presta concurso, quem
trabalha lá são todos empregados privados. Há um tratamento todo diferenciado. Delegação de
função de serviço notarial cada Estado pode legislar. A única coisa que se exige é o concurso
para oficial de cartório. O que temos, é delegação especial. É taxa, ou é tarifa? Vai depender da
lei do Estado.
Se é assim, por que a importância para concurso? Todas essas informações têm o
seguinte peso no concurso: esse tema caiu muito em prova em 2005. Caiu em todos os
concursos em 2005 e 2006. Em 2007, o tema sumiu. Como, na prática, não virou a sétima
maravilha, as bancas perderam um pouco o interesse sobre esse tema. Isso significa que você
não precisa se preocupar tanto. Os únicos que exijam um pouco mais seriam concursos para
procuradorias (Estados e Municípios). Muitos Estados e muitos municípios ainda estão
buscando as parcerias. Ainda pode cair, então, na segunda fase, mas não é o tema mais
provável.
O que significa uma parceria? É uma reunião de esforço para uma finalidade comum.
Mas é isso o que acontece em PPP? A doutrina fala muito mal porque aqui não há nada de
parceria. O Estado quer a rodovia, o parceiro privado quer o dinheiro. O parceiro privado não
investe porque ele quer uma nova rodovia, ele quer o lucro. O nome é parceria, mas estamos
falando de contrato com interesses divergentes e não interesses comuns. Então, apesar do
nome parceria, não existe nada de parceria nessa história.
Trata-se de contrato administrativo, lembrando que ele tem como base interesses
divergentes. Todo contrato é assim: uma parte quer o objeto e a outra quer o pagamento. O
nome parceria foi para a gente cair na história, mas de parceria mesmo não tem nada. A única
certeza é a de que o investidor privado não vai entrar na história sem lucro.
a) Modalidades de PPP’s
a.1) concessão especial patrocinada: A própria lei conceitua, dizendo que nada mais é
do que uma concessão comum, sendo que, além da tarifa de usuário, obrigatoriamente
teremos o recurso público. E o recurso público, nesse caso, será obrigatório (ele tem que
acontecer). Essa é a única diferença da concessão comum para a especial, lá o recurso é
facultativo e aqui é obrigatório. Essa não é a única diferença. Há diferença quanto ao valor,
quanto ao prazo. A concessão patrocinada vai ter investimento privado e, consequentemente,
recurso público na jogada. Ela recupera o investimento com a tarifa do usuário, mas uma parte
o poder público vai pagar.
Exemplo dessa parceria: Metrôs, rodovias, 4ª linha do metrô de SP. Só a parte dos trens
entrou no projeto de parceria.
Nas PPP’s patrocinadas haverá a presença de tarifa de usuário.
a.2) concessão especial administrativa: muito criticada pela doutrina. É uma concessão
em que a Administração aparece como usuária, de forma direta ou indireta. É uma concessão
comum, mas a Administração é a usuária do serviço, de forma direta ou indireta.
Por que a doutrina critica? Em sede de concessão administrativa, há projetos como
construção de presídio. Quem é o usuário do presídio de forma direta é o preso, mas quem tem
que prestar o serviço penitenciário é a Administração. Assim, a Administração aparece como
usuária indireta do serviço. Ela contrata alguém para fazer. Por que a doutrina fala mal? Parece
o exemplo da construção da escola, em que o Estado contrata alguém para fazer um serviço. Na
verdade, ela se parece com contrato simples. Não tem cara de concessão. Daí a crítica. Não é
concessão, mais parece um dos contratos do art. 6º, da Lei 8666. Se o presídio não ficar bem
construído, quem responde? É o Estado. Mas e se for construído numa concessão
administrativa? É a empresa. Aqui, desloca-se uma responsabilidade. A justificativa para a lei
estar aí é dizer que há um grande investimento, um financiamento privado. Isso significa muito
dinheiro em suaves prestações. Aqui, há um valor alto, um financiamento do privado, mas a
doutrina continua falando mal.
b.1) financiamento privado. Se não tiver isso, não pode ter parceria. Eu preciso,
necessariamente de um financiamento privado. Se não tiver, não se pode dizer que é parceria.
A PPP depende disso. Neste investimento, neste contrato de parceria, o Estado vai pagar uma
parte da conta.
b.2) Pluralidade compensatória: De que forma o Estado poderá entrar para pagar a sua
parte? Suponhamos o seguinte: Uma parte do metrô o Estado paga, a outra parte é paga pelo
usuário via tarifa. Para que o Estado arque com a sua parte, há a chamada pluralidade
compensatória. Isso significa dizer que o Estado pode pagar de várias maneiras diferentes.
É possível que o Estado pague via ordem bancária em favor do parceiro privado
(pagamento normal, em dinheiro).
O Estado pode pagar o parceiro privado transferindo a utilização de bens públicos. O
Estado pode fazer concessão, permissão, autorização de uso e permitir que o parceiro privado
utilize bens públicos. Ele pode recuperar o seu dinheiro realizando a utilização de bens públicos.
O parceiro privado recebe um restaurante e um hospital público para explorar e, em troca
disso, vai abater do financiamento.
Também é possível a transferência de créditos não tributários. O Estado, em vez de
receber o dinheiro, transfere os créditos. Se o crédito tem natureza tributária, não pode. A lei
também fala da possibilidade e outorga de direitos. O Estado concede ao parceiro público
privado um direito que será abatido do financiamento. Você vai descontar do financiamento
esse direito que estou lhe concedendo. Um exemplo disso: Na Lei 10.257/01 (estatuto da
Cidade), há uma coisa interessante: Há uma organização no que diz respeito à construções
verticais. Quanto mais andares, mais gente vai morar. Quanto maior a população, mais serviços
o Estado tem que prestar. O Estatuto diz que tem que haver um coeficiente para construir,
variando o coeficiente dependendo da área. Cada andar é chamado de solo criado. E o
coeficiente do solo criado depende da cidade (há cidades que têm esse coeficiente maior). Você
até pode construir acima do solo criado, só que tem que pagar à Administração. Esse
pagamento é chamado de outorga onerosa. É uma outorga de direitos. Ela serve para as
construções acima do coeficiente determinado. Se eu quero construir mais, eu pago outorga
onerosa prevista na lei 11.079/04. Essas hipóteses de pagamento são apenas exemplificativas.
Para o Estado é algo bom. Por quê? Porque ele não vai se onerar demais. Com o
pagamento com várias possibilidades, ele cumpre em tempo mais curto. Por poder pagar de
várias formas, ele não paga demais. O problema da pluralidade compensatória é a fiscalização.
Quanto mais pluralidade, mais difícil de fiscalizar.
A parceria não pode ter valor inferior a 20 milhões de reais. A primeira vedação
diz respeito ao valor, ou seja, não pode ter valor inferior a 20 milhões de reais. É
muito dinheiro e as empresas pequenas estão fora. Trata-se de um projeto para
grandes empresas.
A parceria não pode ter prazo inferior a 5 anos e não pode ser superior a 35
anos. Quanto maior o investimento, maior o prazo.
A terceira vedação diz respeito ao objeto. O objeto, segundo a lei, não pode ter
um único elemento. Um contrato administrativo pode ter como elemento um
serviço, obra ou fornecimento. Além disso, se for parceria, não pode ser um só.
Não pode ser só serviço, só obra ou só fornecimento. Então, haverá parceria
sempre com serviço mais obra, serviço mais fornecimento, por exemplo. Há que
se misturar, pelo menos, dois desses elementos.
Esse tema já foi segunda fase em concurso do MP/PE: “Disserte sobre a natureza
jurídica da permissão de serviço público.” 30 linhas.
A permissão de serviço público também está prevista na Lei 8.987/95. Essa lei tem
somente dois artigos sobre permissão: art. 2º e art. 40. Mais especificamente no art. 2º, IV.
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão,
que observará os termos desta lei, das demais normas pertinentes e do edital de
licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato
pelo poder concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta lei.
A lei não fala muito, mas diz que se aplica para permissão as regras da concessão, no
que couber. Então, política tarifária, remuneração, responsabilidade civil, aplica-se à permissão.
Mas como distinguir uma permissão de uma concessão? Se há as mesmas regras no que
couber, vamos estudar as diferenças. Mas antes, vamos conceituar.
Celso Antônio Bandeira de Mello diz expressamente que permissão de serviço se faz por
ato unilateral. Mas o art. 40 da Lei 8987 diz que é contrato. CABM diz que não pode ser
contrato em razão da natureza e da precariedade da permissão. O instituto não combina com o
contrato. Ser precário significa que pode ser retomado a qualquer tempo e não precisa
indenizar. Isso é precariedade e não combina com contrato administrativo. Por essa razão Celso
Antônio entende que não pode ser por contrato.
Posição do STF: Permissão de serviço público vai ser por contrato. A lei determinou. Por
causa dessa polêmica é que caiu na prova de segunda fase. “A natureza jurídica da concessão é
idêntica à natureza jurídica da permissão.” Verdadeiro ou falso? É verdadeiro. E foram essas as
palavras utilizadas pelo STF: As duas têm natureza contratual. A questão não está falando que
são o mesmo instituto, está falando que a natureza jurídica, portanto, o fato de ser contratual,
é idêntica. É a melhor posição para ser levada para prova.
Obs: Mazza diz ser um contrato unilateral (doutrina majoritária)
É muito criticada pela doutrina brasileira. Mas a maioria, apesar de criticar, acaba
admitindo a autorização de serviço em duas situações:
Exemplo: Serviço de táxi. O taxista para circular, tem que ter autorização. Serviço de
despachante são exemplos de serviços transferidos por autorização.
A autorização é ato unilateral, discricionário e precário, significando que a
Administração dá quando quiser, de acordo com a conveniência e oportunidade e pode
retomar quando quiser sem o dever de indenizar. É ato unilateral, é discricionário e é precário.
Não tem lei disciplinando. A doutrina diz: aplica-se no que couber a Lei 8.987/95.
AGENTES PÚBLICOS
1. CONCEITO
2. CLASSIFICAÇÃO
Estão no topo da estrutura estatal, são os que formam a vontade do Estado. Agente
político é aquele que forma a vontade do Estado, que está na chefia de cada um dos Poderes e
representa a vontade do Estado. São aqueles que, efetivamente, comandam o país.
É todo aquele que atua no Estado, seja na Administração direta, seja na indireta. Se ele
atua na União, no Estado, no Município, no Distrito Federal, na Fundação, na autarquia, na
empresa pública e na sociedade de economia mista, ele é chamado de servidor estatal.
a) Servidor Público
Os servidores que atuam em pessoa jurídica de direito público obedecem a que regime?
Vamos a um breve histórico sobre o que aconteceu de 1988 para cá.
CF de 1988 – O texto original da CF exigiu o Regime Jurídico Único. O servidor público,
em 1988, no texto original da CF estava sujeito ao regime jurídico único, significando dizer: um
só regime. Podia ser tanto estatutário como celetista.
Com o passar dos anos, os entes escolheram o regime estatutário preferencialmente.
Não existia obrigatoriedade quanto ao regime estatutário. Havia obrigatoriedade quanto ao
único. Mas como o estatutário traz mais garantias, foi o que prevaleceu, mas não havia
obrigatoriedade. No âmbito federal e estadual prevaleceu o regime estatutário. No municipal, a
maioria dos municípios adotou o regime celetista. Então, vê-se que não havia obrigatoriedade
de ser o estatutário, não obstante tenha prevalecido.
Se hoje, voltamos ao estado anterior, eu pergunto: qual deve ser o regime hoje?
Estamos no texto original de novo. Se a EC foi declarada inconstitucional, voltamos ao texto
original, ao RJU. E isso significa que tem que ser estatutário? Não. Tem apenas que ser único.
Nosso regime volta a ser único, não significando necessariamente estatutário. A PJ deve
escolher o regime estatutário ou celetista.
Importante: O STF ainda não julgou o mérito da decisão. A decisão aconteceu em sede
de cautelar de ADI. Que efeitos têm? Será aplicada ex tunc ou ex nunc? Em regra, uma cautelar
em ADI produz efeitos nunc. Excepcionalmente, o Supremo pode dar efeitos tunc, mas não é a
regra. O STF julgou com efeitos nunc, ou seja, daqui para frente não pode mais misturar. Mas e
quem já misturou? Sobre isso, o Supremo vai decidir no mérito da ação, que ainda não
aconteceu e talvez não venha nem tão cedo. Mas o Supremo disse que não é para misturar
mais.
Recapitulando: Hoje no Brasil tem que ser um regime só, não precisa ser estatutário, só
se admite um regime (ou celetista ou estatutário) naquela pessoa jurídica.
b) Empregado Público
Há particulares que são livres quanto à vontade. Nesse caso, são voluntários, quando
participam de livre e espontânea vontade (médicos voluntários, por exemplo). O voluntário é
queM ajuda, o que coopera por livre e espontânea vontade. Cuidado porque há doutrinadores
que falam em sponte própria, significando livre e espontânea vontade. Maria Sylvia fala assim:
voluntário ou sponte própria. Hely Lopes Meirelles se referia a eles como agentes honoríficos.
Fundação Carlos Chagas usa essa expressão que, nada mais é o particular em colaboração que
vai exercer função pública de livre e espontânea vontade. Há, nessa lista, o presidente do
Conselho de Medicina, de Engenharia, de Contabilidade. Dirigentes de órgão de classe também
são incluídos nessa lista (são esponte própria, agentes honoríficos ou voluntários).
Particulares que praticam atos oficiais. Alguns particulares recebem o serviço direto do
texto constitucional e aqui vamos encontrar esse particular que presta ensino e saúde. É
chamado de particular em colaboração. Exercem função pública (dirigente do hospital privado,
da universidade privada), prestando serviço público, com titularidade direto da Constituição.
Por essa razão é considerado autoridade para fins de Mandado de Segurança.
3. CONCURSO PÚBLICO
Quais são as portas de entrada para o serviço público no Brasil hoje? Estrangeiro pode
ser servidor público? A Constituição fala que podem ser servidores públicos
brasileiros e
estrangeiros na forma da lei
O concurso público é uma escolha meritória, de acordo com o mérito dos candidatos.
A situação do estrangeiro já existe há algum tempo. Nós recebíamos estrangeiros
(professores, pesquisadores) em universidades públicas e não tínhamos como encaixá-lo em
nossa Administração, não tínhamos como pagá-lo. A partir da EC 19/98 a situação fica
resolvida. Hoje os estrangeiros podem ser servidores públicos na forma da lei. O que já está
regulamentado nesse aspecto hoje? Está regulamentada a situação dos pesquisadores e
professores estrangeiros nas universidade públicas.
Qual vai ser a porta de entrada desses servidores? O concurso, em regra. Para ser
servidor público no Brasil, vai ter que prestar concurso. Excepcionalmente, o concurso não
acontece. Não precisa. E quais são as situações em que o sujeito não precisa de concurso?
a) Mandato eletivo – escolha é por eleição. O sujeito não precisa prestar concurso.
b) Cargo em comissão – o cargo em comissão é aquele de livre escolha e livre
exoneração. É a chamada exoneração ad nutum. Era chamado antigamente de cargo de
confiança. Em 1988 ganhou o nome cargo em comissão.
Qualquer pessoa pode ocupar, mas desde que se reserve um limite mínimo por quem
está na carreira. Qualquer pessoa pode ocupar, ressalvado um limite mínimo para quem está
na carreira. Cargo de carreira é efetivo. Presta serviço, que há plano de ascensão funcional,
crescimento. Esse limite mínimo para ser ocupado por quem tem cargo efeito resguarda a
continuidade do serviço na dança das cadeiras. O servidor deixa a carreira e assume o cargo em
comissão. Ele não vai exercer os dois ao mesmo tempo. Ele se afasta, vai assumir o cargo em
comissão com a remuneração do cargo em comissão. Ao ser exonerado, retorna ao cargo de
origem com o salário do cargo de origem.
Função de confiança – O constituinte não premiou função. Ele disse que função é o
conjunto de atribuições + responsabilidade. Somente isso. A função, por si só, não tem um
lugar no quadro. Não tem posto. Não tem lugar na estrutura da Administração. Se o servidor
não tem lugar no quadro, onde ele entra? Ele ficaria jogado, solto, na estrutura da
Administração. Para evitar isso, o constituinte disse que não pode função, salvo a de confiança.
Foi a única função mantida pela nossa Constituição: a função de confiança. É de direção, de
chefia e de assessoramento. Mas quem pode ocupar? Função engloba só atribuição e
responsabilidade. Não tem quadro. Se é assim, a função de confiança só pode ser atribuída a
quem tem cargo efetivo, ou seja, a quem já tem um lugar no quadro, na estrutura da
Administração. Então, vai ganhar uma função, uma responsabilidade a mais, mas já está no
quadro da Administração. Quando falamos em cargo em comissão, vemos que é diferente da
função de confiança. Pode ser ocupado por qualquer pessoa, reservado um limite mínimo para
servidores de carreira por conta do princípio da continuidade e, por outro lado, função de
confiança só pode ser atribuída a quem já tem cargo efetivo. Se o sujeito já tem um cargo
efetivo (prestou concurso) e se é assim, significa que ele tem atribuições + responsabilidade +
posto. É esse titular de cargo efetivo que pode ganhar função de confiança. O que é função? O
que significa? Atribuições + responsabilidade. O servidor vai continuar com as atribuições e
responsabilidades que exercia e vai continuar com o seu lugar. Ele ganha a função, significando
um plus nas suas atribuições, nas suas responsabilidades. E se é assim, ele vai ter plus na sua
remuneração. O que significa? Qual a verba que é paga para compensar a função de confiança,
o acréscimo para compensar? É chamado de gratificação por função de confiança. É um plus
nas suas responsabilidades. O servidor continua recebendo a remuneração dele e vai ter a mais
uma gratificação, que é a gratificação por função de confiança. Isso é diferença do cargo em
comissão. Ele só vai receber a remuneração do cargo. Ele se afasta do cargo de origem, vai
assumir o cargo em comissão e recebe a remuneração do cargo.
A lei fala em processo seletivo. Não usa a expressão concurso. Não fala em simplificado.
Só fala em processo seletivo. Concurso é processo seletivo, em regra, rigoroso. Esses agentes
prestam processo seletivo. E a Constituição não falou em processo seletivo simplificado. Fala
apenas em processo seletivo. E a lei fala em processo seletivo de provas e provas e títulos. Isso
tem cara de concurso, mas o administrador disse que não é concurso porque se o constituinte
quisesse, teria dito concurso. Como o constituinte não disse a palavra concurso é porque não
queria concurso. Na prática, apesar das críticas da doutrina, continuam fazendo processo
seletivo simplificado. A lei não fala nele, a Constituição não a fala nele, mas é ele que vem
sendo aplicado na prática. Mas essa matéria pode ser modificada com o passar do tempo.
Cuidado com o seguinte. O Projeto trem da alegria é aquele projeto que tende a
estabilizar os temporários que já estão há mais de dez anos na Administração. Ele está
guardado e bem guardado (mas vale acompanhar). A Lei 11.350 aproveita os temporários que
já estavam no quadro e dá a eles a permanência, dá a eles essa nova natureza jurídica. A lei diz
que esse agente comunitário vai ganhar a estabilidade.
Sugestão de leitura de súmulas: STF: 683, 684, 685 e 686. e STJ: 266. Podem cair em
concurso público:
Requisitos do edital:
Previsto na carreira
Compatível com as atribuições do cargo
Previsto no edital
Pode ter limitação de idade: pode ter tanto limite mínimo como máximo. Os
doutrinadores não gostam muito do limite máximo. Tem que ser na lei da carreira. Se não tem
lei, deve ser feita, porque apenas a lei da carreira pode limitar a idade
Exame psicotécnico:
É possível, desde que previsto na carreira. (súmula 686, STF)
O critério tem que ser objetivo.
Garantir o direito de recurso
Prazo de validade do concurso público. O prazo limite é de dois anos. O prazo não é de
dois anos, mas de até dois anos, significando que pode ser de seis meses, de um ano. E pode
ser prorrogado, desde que aconteça por uma única vez e por igual período. Se o concurso é
válido por seis meses, só poderá ser prorrogado por mais seis meses. A prorrogação é decisão
discricionária do administrador. Ele vai prorrogar se entender conveniente e oportuno. Mas
para haver prorrogação, essa possibilidade tem que estar prevista no edital, e enquanto válido
o concurso. Houve discussão no STJ. Não havia possibilidade no edital e o administrador
resolveu prorrogar. Não pode. Alguns autores entendem que a prorrogação ou a não
prorrogação deve ser fundamentada, especialmente, se você tem uma lista gigante de
aprovados e o Estado resolve não prorrogar. Mas isso, na prática, não acontece.
Vamos imaginar que o Administrador tenha decidido pela prorrogação. Ele pode revogar
da prorrogação, considerando que a prorrogação é discricionária e que atos discricionários são,
por natureza, revogáveis? Depois de tudo pronto, ele pode revogar?
A posição do STF diz que é possível a revogação da prorrogação, desde que o prazo da
prorrogação não tenha começado ainda. Se esse prazo já começou, aí há direito adquirido à
prorrogação e ela não pode mais ser revogada. Se ele revoga a prorrogação com uma certa
antecedência, é possível ser feita. Iniciada a prorrogação, não pode mais revogar.
Pode ser feito concurso público antes de terminar o prazo do concurso anterior. Mas
nesse caso, deve ser respeitado os aprovados do concurso anterior.
Reconhecendo esse direito como direito subjetivo, com direito à nomeação, a Sumula
15, bem velhinha:
Aqui, ele fala sobre o candidato preterido na ordem de classificação. Assim, o candidato
preterido na ordem de nomeação, ganha direito à nomeação. Ele vai ser nomeado com direito
subjetivo à nomeação por desrespeitada a ordem de classificação. Ex: nomear o 2º candidato
no lugar do 1º.
O que aconteceu com o passar dos anos? A Administração realizava concurso e tinha
uma lista de aprovados. Mas dentre os aprovados não estava aquele que era filho do seu
amigo. O Estado vinha ignorando o concurso. Em vez de nomear o médico aprovado, ele fazia
nomeação ad hoc de outra pessoa (queridinho do administrador). Na prática, havia aprovados
no concurso e a Administração contratando outras pessoas para fazer aquilo que você deveria
fazer. A Administração utilizava a falta de interesse e de dinheiro para não nomear o candidato.
Com o tempo a jurisprudência foi identificando que se a Administração estava contratando
temporariamente, é porque tem dinheiro para pagar e, posto isto, a jurisprudência começou a
entender pelo direito à nomeação em alguns casos.
Tanto no STF, quanto no STJ é posição pacífica: Candidato aprovado em concurso tem
direito à nomeação quando a Administração constitui vínculos precários. Se a Administração faz
isso, ignorando os aprovados no concurso, eles terão direito à nomeação. O concurso é válido,
com candidatos aprovados e realiza vínculos precários (exemplos: contratos temporários,
nomeações ad hoc, desvio de função, cessão de servidores). Neste caso, comprovado o vínculo
precário, ganha direito à nomeação.
Essa jurisprudência começa a crescer no STJ. No ano passado, o STF também reconhece
esse direito à nomeação. Então, também no STF está esse direito subjetivo à nomeação e o STF
também restringe ao número de vagas, desde que válido o concurso. Mas o STF fez uma
ressalva: Tem direito à nomeação, desde que o concurso esteja válido e dentro do número de
vagas, ressalvadas as situações novas. A ideia do STF, ao proferir essa decisão foi evitar o
seguinte: Digamos que o órgão abra dez vagas para carimbador. Mas suponhamos que logo
depois, a Administração descobre uma máquina que foi inventada e faz aquilo sozinha. As duas
decisões que marcaram a historia: Recurso em Mandado de Segurança 20718 (STJ) e o RE
227480.
RMS 20718 / SPRECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA Ministro PAULO MEDINA DJe
03/03/2008 ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - CONCURSO - APROVAÇÃO DE CANDIDATO DENTRO
DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS EM EDITAL – DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO E À POSSE NO
CARGO - RECURSO PROVIDO.
1. Em conformidade com jurisprudência pacífica desta Corte, o candidato aprovado em concurso público,
dentro do número de vagas previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação e à posse.
2. A partir da veiculação, pelo instrumento convocatório, da necessidade de a Administração prover
determinado número de vagas, a nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos discricionários, de
acordo com a necessidade do serviço público, tornam-se vincul ados, gerando, em contrapartida, direito
subjetivo para o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas em edital. Precedentes.
3. Recurso ordinário provido.
INFORMATIVO Nº 510
TÍTULO Concurso Público e Direito à Nomeação - 1
PROCESSO RE - 227480
A Turma iniciou julgamento de recurso extraordinário em que se discute a existência ou não de direito
adquirido à nomeação de candidatos habilitados em concurso público. No caso, os ora recorridos —
aprovados em concurso, realizado em 1987, para provimento do cargo de Oficial de Justiça Avaliador do
Quadro Permanente da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro — impetraram mandado de
segurança contra ato omissivo do presidente do TRF da 2ª Região em que alegavam violação ao art. 37, IV,
da CF (“ IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;”), uma vez que a autoridade reputada coatora
não os nomeara para o cargo pleiteado, embora existissem vagas. Naquele writ, afirmaram que, vencido o
prazo inicial de validade do certame, fora determinada a abertura de inscrição para concurso interno,
destinado a preenchimento desse mesmo cargo por ascensão funcional. Acrescentaram que o Conselho
da Justiça Federal - CJF redistribuíra vagas para a 2ª Região, as quais foram distribuídas para
preenchimento por progressão, ascensão e concurso público, e que, do período de edição desse ato até a
expiração do prazo de prorrogação do certame, surgiram vagas em número suficiente a alcançar a
classificação dos recorridos. Ao acolher o argumento de lesão a direito líquido e certo, o tribunal de
origem concedera a segurança, o que ensejara a interposição do presente recurso extraordinário pelo
Ministério Público Federal. RE 227480/RJ, rel. Min. Menezes Direito, 10.6.2008. (RE-227480)
O Min. Menezes Direito, relator, deu provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelo Min. Ricardo
Lewandowski. Asseverou que a Suprema Corte possui orientação no sentido de não haver direito
adquirido à nomeação, mas mera expectativa de direito. Ademais, salientou que a assertiva de fato
consumado não poderia limitar a prestação jurisdicional de competência do STF e que outras formas de
provimento, determinadas por ato normativo fora do alcance da autoridade dita coatora, não serviriam
para o reconhecimento do direito líquido e certo dos impetrantes, quando o acórdão questionado aponta
a sua existência em função do direito adquirido à nomeação. Em divergência, os Ministros Marco Aurélio
e Cármen Lúcia, por vislumbrarem direito subjetivo à nomeação dentro do número de vagas,
desproveram o recurso. Aduziram que, se o Estado anuncia em edital de concurso público a existência de
vagas, ele se obriga ao seu provimento, se houver candidato aprovado. Após, o julgamento foi adiado a
fim de se aguardar o voto de desempate do Min. Carlos Britto. RE 227480/RJ, rel. Min. Menezes Direito,
10.6.2008. (RE-227480)
Por vislumbrar direito subjetivo à nomeação dentro do número de vagas, a Turma, em votação
majoritária, desproveu recurso extraordinário em que se discutia a existência ou não de direito adquirido
à nomeação de candidatos habilitados em concurso público — v. Informativo 510. Entendeu-se que, se o
Estado anuncia em edital de concurso público a existência de vagas, ele se obriga ao seu provimento, se
houver candidato aprovado. Em voto de desempate, o Min. Carlos Britto observou que, no caso, o
Presidente do TRF da 2ª Região deixara escoar o prazo de validade do certame, embora patente a
necessidade de nomeação de aprovados, haja vista que, passados 15 dias de tal prazo, fora aberto
concurso interno destinado à ocupação dessas vagas, por ascensão funcional. Vencidos os Ministros
Menezes Direito, relator, e Ricardo Lewandowski que, ressaltando que a Suprema Corte possui orientação
no sentido de não haver direito adquirido à nomeação, mas mera expectativa de direito, davam
provimento ao recurso. RE 227480/RJ, rel. orig. Min. Menezes Direito, rel. p/ o acórdão Min. Cármen
Lúcia, 16.9.2008. (RE-227480)
Ler súmulas:
STF: 683, 684, 685 e 686
STJ: 266 e 377
Cadastro de Reserva – Sobre esse tema, não há nada de efetivo. Nem pela
constitucionalidade e nem pela inconstitucionalidade. O que acontece é que é cômodo não
definir número de vagas. Assim, não gera direito à nomeação. Isso não combina com a nova
cara do concurso, mas não tem nada decidido. Por enquanto está acontecendo e, por
enquanto, é constitucional.
Hoje, em prova, eu responderia que candidato tem direito à nomeação, desde que
dentro do número de vagas e enquanto válido o concurso. Fora isso, não há direito subjetivo
reconhecido.
Duas orientações importantes aqui: Se você tiver que pleitear por algo no concurso,
sempre, enquanto válido. Concurso morreu, acabou a história. Se o administrador vai
prorrogar, se você quer direito à nomeação, tem que fazer enquanto válido. Não pode deixar
vencer o prazo. Vencido o prazo, o concurso morreu e você perdeu o seu direito. Cuidado com
banco de dados de concurso em termos de informação da sua vida. A instituição tem que ser
informada da sua mudança de endereço. Se, por isso, você perde a nomeação, não há nada o
que fazer.
4. ESTABILIDADE
Além disso, o servidor, para adquirir estabilidade vai precisar de três anos de exercício.
Repare que a CF não fala de estágio probatório. Fala somente de exercício. O servidor vai ser
nomeado, vai tomar posse e vai entrar em exercício (colocar a mão na massa). Depois de três
anos trabalhando, poderá adquirir estabilidade.
Suponhamos que ele foi nomeado, mas não tomou posse. Qual será a consequência?
Ele não quis o cargo. Não tomou posse. Haverá nomeação sem efeito ou haverá exoneração?
Aqui é a nomeação sem efeito. Se ele é nomeado e não toma posse, ele perde a vez. E se ele foi
nomeado e tomou posse, constituída a relação jurídica, ele não entrou em exercício. Qual será
a consequência agora? Desinvestidura. E a desinvestidura, neste caso, não tem natureza de
sanção, de pena. Portanto, é chamada de exoneração. Quando toma posse, mas não entra em
exercício, será exonerado. É a chamada exoneração de ofício. Quando a desinvestidura tem
natureza de pena, a hipótese é de demissão.
Ele vai precisar de três anos de exercício para adquirir estabilidade e ainda da avaliação
especial de desempenho. Até hoje essa matéria não foi regulamentada, assim, é necessário
que a lei da carreira estabeleça essa avaliação. Tem carreira que vai ter prova, tem carreira que
vai admitir avaliação do trabalho, etc. Todavia, a maioria das carreiras não regulamentou a
avaliaççao de desempenho, e por isso, os servidores adquire a estabilidade mesmo não sendo
submetidos a essa avaliação.
5. ESTÁGIO PROBATÓRIO
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o
qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do
cargo, observados os seguinte fatores:
Havia compatibilidade entre a lei e a Constituição. Sabemos que prazo de anos e prazo
de meses são contados de forma diferente, mas acaba batendo.
Depois disso, veio a EC-19 e estabeleceu que a estabilidade será de três anos de
exercício.
Com a estabilidade exigindo três anos, de quanto será o prazo probatório? O art. 20
foi ou não recepcionado pelo texto constitucional, considerando os dois prazos?
Entendendo que os institutos são independes, eles poderão ter prazos diferentes, sendo
o art. 20 recepcionado pela EC 19. Assim, o prazo de estágio será de 24 meses. (CN)
Mas se entender que são institutos dependentes, eles terão que ter o mesmo prazo, ou
seja, 3 anos, Assim, o art. 20 não foi recepcionado pela nova regra constitucional.
(AGU, STJ, STF e CNJ)
Logo que a EC saiu, a AGU emitiu parecer vinculante fixando o prazo de três anos. A AGU
dizia que o prazo de estágio tem que ser compatível com a estabilidade, de forma que o
servidor encerre o estágio e, automaticamente, esteja dentro da estabilidade. Até porque,
vários direitos do estatuto dos servidores são naturais da estabilidade, e não podem ser dados
na época de estágio. A licença para interesse particular não pode ser dada em tempo de
estágio. Ela é natural da estabilidade. Esses dois institutos são interligados. O prazo de um deve
ser o prazo do outro. Se o servidor está em período de prova, ele está em estágio. Terminado o
período de prova, ele adquire estabilidade. Então, estágio e estabilidade estão interligados. E a
AGU disse que os 24 meses não foram recepcionados pela nova regra constitucional.
Logo em seguida a essa posição da AGU, o STJ disse que o estágio era diferente da
estabilidade, que o estágio era de 24 e a estabilidade continuava de 3 anos. Para a posição do
STJ, eram 24 meses de estágio e 3 anos para adquirir a estabilidade. O problema era: o que
eram os últimos doze meses, se não era período de prova e não era estabilidade? Que direito
ele teria? Os últimos doze meses não tinham regulamentação.
Essa matéria foi objeto de medida provisória, a MP 431 que alterou o art. 20, de 24 para
36 meses. Quando o Presidente fez isso, o art. 20 ficou igual à Constituição. Acabou a polêmica.
A MP foi convertida em lei, mas não nesse ponto. O Congresso não converteu. E o servidor,
nesse período todo? Para o Congresso, continua sendo 24 meses.
Resumindo: num primeiro momento, a AGU editou parecer com efeito vinculante para
todo o Executivo Federal, com orientação de três anos. O STJ em 2004 fixou orientação em 24
meses, mas em 2009 muda de opinião e fixa em três anos para o estágio probatório. O STF
também tem várias decisões falando em três anos. O CNJ (Enunciado 822) também fala em 3
anos. O único que ficou com 36 meses foi o TST (Resolução1187). Se cair na prova: 3 anos e 36
meses, o que responder? 3 anos como prazo de estágio probatório no Brasil hoje. O Congresso,
analisando a matéria (MP 431), converteu a MP na lei 11.784/08 (do finalzinho do ano) não
converteu a parte que mudava de 24 para 36 meses.
6. O SISTEMA REMUNERATÓRIO
Se o servidor sai do cargo efetivo para ocupar cargo em comissão, vai receber a
remuneração pertinente ao cargo em comissão (vimos isso). Mas se ocupa cargo efetivo e
ganha função de confiança, recebe o salário do cargo efetivo mais a gratificação da função de
confiança.
Cuidado com salário. É melhor usar remuneração (que é a terminologia mais segura). O
salário é melhor não usar. Evite. Use remuneração. Assim, você não vai errar.
6.1. Modalidades
a) Remuneração
No pagamento via remuneração, você encontra uma parcela fixa e uma parcela variável.
O que acontece com o servidor que recebe remuneração? Ele recebe o salário-base (parcela
fixa) e mais os “picadinhos”: auxílio-moradia, função gratificada, auxílio-guardarroupa (parcela
variável). Recebe remuneração quem tem parcela fixa e mais parcela variável. Há gratificações
de todo tipos. E quais são incorporáveis? Há lei para todo tipo de parcela variável.
A soma dos dois, salário-base mais parcela variável vai compor o chamado vencimentos
(sempre no plural). O que começou a acontecer com o passar dos anos? O que deve ou não ser
incorporado? A EC resolve acabar com isso (o servidor não sabia o que levaria e o Estado não
sabia quanto gastaria) e cria o chamado subsídio.
b) Subsídio
O subsídio acaba com isso. É chamado de parcela única. Um bolo só. Não tem mais os
“picadinhos”. Duas críticas. Do latim, subsídio significa ajuda de sobrevivência. Quem recebe
subsídio no Brasil hoje? Presidente da República, Senador, Deputados. Se eles recebem subsídio
(ajuda de sobrevivência), o que dirá de quem ganha salário mínimo. Os grandes cargos no Brasil
recebem subsídio.
O que significa parcela única? Parcela é parte de alguma coisa. Mas se é um todo só, é
parte de quê? É um péssimo termo. Não há que se falar mais em parcela. Agora é saldo único,
remuneração formada de única verba. Mas a Constituição chamou de parcela única.
O que pode ser pago além desse bolo, dessa parcela única? A posição que prevalece
ainda é que paga-se fora do subsídio duas verbas:
b) Art. 39, § 3º
O trabalhador comum tem algumas garantias previstas no art. 7º, da CF, algumas delas
foram estendidas para o servidor público. Essas garantias serão aplicadas para o servidor com
base no art. 39, § 3º, da CF.
Art. 39, § 3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no Art. 7º,
IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
(Acrescentado pela EC-000.019-1998)
Esse parágrafo fala especificamente de hora extraordinária, adicional noturno, 13º, 1/3
de férias, trazendo as garantias do trabalhador comum aplicáveis aos servidores públicos. São
garantias pagas fora da parcela única, fora do subsídio.
Recapitulando: O subsídio é um bolo só, parcela única, paga de uma só vez, mas
algumas verbas podem ser pagas além dessa parcela única. Em exceção paga-se as verbas de
natureza indenizatória. Tem que ir para o estatuto do servidor e verificar quais ele tem direito.
Você vai encontrar diária, ajuda de custo, entre outras previstas no estatuto. Também há como
pagamento fora da parcela única, as garantias previstas no art. 39, § 3º e esse artigo puxa
algumas garantais do art. 7º, do trabalhador comum para os servidores. São situações que não
aparecem todos os meses. Nem sempre o trabalhador recebe. Por essa razão, não foram
incluídas na parcela única. Eu pago neste mês, mas não pago no outro. São verbas pagas fora da
parcela única.
Toda remuneração de servidor público, seja para alterar, seja para conceder nova
vantagem (abono, gratificação, adicional, aumento, qualquer coisa) tem que ser fixada por lei.
Questão de segunda fase: Prefeito que concedia aumento por decreto. A remuneração tem que
ser fixada por lei. E o que é muito importante: essa remuneração é fixada por lei e sempre de
iniciativa do dono da conta. Quem vai pagar a conta é que deve apresentar o projeto de lei. Se a
conta é do Executivo, a iniciativa deve ser do executivo. Se a conta é do Judiciário, a iniciativa
deve ser do Judiciário. O aumento é dos servidores do Legislativo, então a iniciativa deve sair do
Legislativo. Eu não poso definir o quanto você vai gastar com o seu pessoal. É você quem sabe.
É cada Poder que poderá definir essa despesa. Essa regra de iniciativa é muito importante.
Além disso, é preciso tomar cuidado com algumas exceções a essa fixação por lei. Isso é
cilada e pode aparecer.
O congresso Nacional poderá fixar remuneração, excepcionalmente, por meio de
decreto legislativo – Decreto legislativo tem duas deliberações. Passa numa
Casa, passa na outra, mas não há sanção e veto. Não tem a participação do
Executivo. O Decreto legislativo não tem deliberação executiva (sanção e veto do
Presidente). É diferente de lei, mas vai ser fixada por decreto legislativo do
Congresso Nacional (exceção à fixação por lei):
Tem teto remuneratório no Brasil hoje? O teto remuneratório existe desde a EC-19/98.
A Emenda definiu como teto remuneratório o do Ministro do STF, deve ser fixada por lei. Em
2003 veio a EC-41 que modificou a regra de teto para dizer o seguinte: Haverá um teto geral,
que serve para todos os entes, mas teremos um sub-teto, para cada ordem política. Então, a
EC-41 mantém o limite máximo, dizendo “esse é o céu”, ninguém mais pode receber acima
disso. Mas quando temos ordem estadual e ordem municipal teremos sub-tetos. Então, a EC-19
cria o teto e a EC-41 cria os sub-tetos.
A EC-19 já falava sobre teto remuneratório e decidia que esse teto seria o do Ministro
do STF. Essa regra foi dita norma de eficácia limitada. Dependia de lei de iniciativa conjunta
para fixar esse teto. A idéia da EC-19 foi a seguinte: Vamos juntar os quatro poderosos, o
Presidente da República, o Presidente do Senado, o Presidente da Câmara e o Presidente do
Supremo para elaborar um projeto de lei que definirá o teto do STF. Mas esse projeto nunca
saiu. O projeto de iniciativa conjunta não saiu do papel. De 1998 a 2003 a regra não saiu.
Para resolver o problema, a EC-41/03 muda a história, dizendo que o teto geral continua
sendo do Ministro do STF, mas estou abolindo essa iniciativa conjunta. De quem deve ser a
iniciativa para fixar a remuneração do STF? Do próprio Supremo. A EC-41 diz que a iniciativa
para esse projeto de lei é do próprio STF, já que é ele que vai pagar a conta. E o Supremo, então
apresenta esse projeto de lei e a regulamentação já existe: Lei 11.143/05, que fixa em R$
24.500. Apesar de algumas brigas, o teto hoje está fixado.
Só que a EC-41, além de fixar o teto, também definiu os sub-tetos para cada ordem
política. Qual é essa definição para o âmbito federal, estadual e municipal? Serão os chamados
sub-tetos.
No âmbito federal, o limite é de R$ 24.500 (esse é teto geral, mas é também teto para a
União). Ninguém recebe, no âmbito federal, independentemente do Poder, mais do que
Ministro do STF.
No Estado, depende do Poder. A EC-41 criou três sub-tetos. Há três regras diferentes
para cada Poder:
STF: O Poder Judiciário é uno. Essa divisão entre Estadual e Federal é somente para
competência. Os magistrados então ajuizaram uma ação dizendo: Se o magistrado federal tem
teto no Ministro do STF, eu que sou magistrado estadual, que estou nesse mesmo Judiciário
uno, devo ter o mesmo teto. Por que distinguir o Judiciário que é um só, considerando que a
divisão é somente em razão da competência e da matéria? Não é justo que o juiz federal tenha
um teto e que o estadual tenha outro teto. A reclamação foi levada ao STF através da ADI 3854.
A magistratura estadual discute a constitucionalidade do teto do desembargador ser diferente
do teto do STF. O que o Supremo resolveu: Disse o seguinte: Magistratura estadual, você tem
razão: O Judiciário é uno e os magistrados não podem ser tratadas de forma diferenciada. Mas
essa diferença remuneratória entre o salário do juiz federal e do juiz estadual sempre existiu.
Isso faz parte da Constituição do texto original. O STF diz: Vocês têm razão quando dizem que o
teto tem que ser um só. Isso não significa que a remuneração não vai ter diferença. E o STF
decide então: Você, enquanto desembargador, na remuneração de desembargador vai receber
no máximo 90,25% do Ministro do STF. Mas se você exercer outras atividades como magistério,
Justiça Eleitoral, o seu teto tem que ser o mesmo do magistrado federal, o mesmo do Ministro
do STF. O teto para esse subsídio vai ser de 90.25% do ministro do STF. Isso, enquanto
desembargador. Mas se a isso forem somadas outras verbas remuneratórias, pela soma dos
dois, você pode chegar até Ministro do STF. O STF, então, fez interpretação conforme a 90,25%.
Disse que esses 90,25% são constitucionais desde que interpretados como teto para o salário,
subsídio do desembargador. Cuidado! O que ele receber a mais, outras verbas remuneratórias,
ele pode chegar até Ministro do STF.
Mas o autor x diz que o Supremo disse que esses 90.25% são inconstitucionais. Alguns
autores afirmaram isso. Cuidado! Não foi isso que o Supremo disse. Ele disse que não declarou
a regra inconstitucional, mas estava fazendo interpretação conforme. A idéia é de
constitucionalidade com interpretação conforme.
No âmbito municipal, ninguém pode ganhar mais do que o prefeito. É um teto único.
O que pode ser pago fora do teto? Quais são as verbas que podem ser pagas fora do
teto? Já tivemos várias situações que foram julgadas pelo STF, que foram discutidas e
aprovadas por resolução do CNJ. Quando o Ministro se aposenta e, somente por essa razão, ele
ganha um aumento de 20%. Pelo simples fato de se aposentar, ganha mais do que o Ministro
em atividade. Mas o teto é o do Ministro em atividade. Começaram a cortar o teto dos ex-
Ministros. Ninguém ativo ou inativo, pode ganhar mais. Então eles ajuizaram uma ação e
ganharam: Vocês Ministros do STF aposentados que adquiriram de forma legítima essa
gratificação pode continuar recebendo até que um dia ela venha a desaparecer. Mas por
enquanto, você ganha mais. O fato é: apesar dessas exceções, todos que ajuízam ações, estão
perdendo. A posição que prevalece hoje é que o teto tem que ser aplicado e quem está acima
dele, vai ter corte de remuneração. Apesar das decisões de interesses estranhos, os demais
estão sendo cortados. O teto vai ser aplicado.
6.3. Acumulação
Para falar de acumulação, há dois dispositivos: O art. 37, XVI e XVII e também o art. 38,
da Constituição. Esses é que cuidam as hipóteses em que a acumulação será possível no Brasil.
Como regra, não se acumula. Excepcionalmente será possível nessas quatro situações:
O sujeito se aposenta e decide prestar um novo concurso. Ele pode? Pode. Mas ele pode
receber os dois? Pode ser médico aposentado e médico em atividade? Todas as situações
permitidas para a atividade, pode também nesta hipótese.
Aposentado como professor foi convidado para ser Ministro de Estado. Juiz aposentado
foi convidado para ser secretário de Estado. Poder ele pode. E pode ganhar os dois? Proventos
da aposentadoria de juiz, mais a remuneração do cargo em comissão, considerando que
Ministro de Estado é cargo em comissão? Também pode. Se ele tem a aposentadoria no
primeiro, o segundo pode ser um cargo em comissão e ele pode acumular a aposentadoria mais
cargo em comissão.
ATENÇÃO: quando o sujeito estava aposentado e volta a trabalhar, essa proibição, até
1998 não existia. Ele poderia voltar para qualquer cargo, qualquer emprego. Fazer qualquer
coisa e continuar recebendo aposentadoria. É como se a aposentadoria não fosse uma
acumulação antes de 1998. Então, antes de 1998, o servidor poderia voltar para qualquer
atividade. Mas, a partir da EC-20, ele não pode mais voltar para qualquer atividade. Ele só pode
retornar para essas atividades. E se é assim, o que acontece com quem já acumulava fora
dessas hipóteses, antes da EC-20, antes da proibição? Antes, qualquer aposentadoria poderia
ser combinada com qualquer atividade. A partir da EC-20 não pode mais. Mas quem constituiu
a aposentadoria antes de 1998 podem ser acumuladas. Se ele estava aposentado e em
atividade antes da EC-20, tudo era possível. Então, a aposentadoria mais atividade, todas as
anteriores à EC-20 podem ser recebidas. Essa regra está no art. 11, da EC-20.
EC-20, Art. 11. A vedação prevista no Art. 37, § 10, da Constituição Federal, não se
aplica aos membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a
publicação desta Emenda, tenham ingressado novamente no serviço público por
concurso público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas previstas na
Constituição Federal, sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria
pelo regime de previdência a que se refere o Art. 40 da Constituição Federal, aplicando-
se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo artigo.
Essa regra não está no corpo da Constituição. Cuidado para não trocar pela EC-19. Já foi
prova de 2ª fase da OAB. Dá para cair no concurso? Se já caiu na OAB, 2ª fase, com Cespe, pode
perfeitamente cair na prova.
Professor em atividade, ganha eleição para Presidente. Pode continuar a ser professor?
Se afasta do cargo de professor, e vai ser presidente. E a remuneração? Ganhará no novo
salário.
Se o mandato for de prefeito, você vai ter que se afastar do primeiro, vai
exercer o segundo, mas pode escolher a remuneração.
7. APOSENTADORIA
Há dois regimes no Brasil: O RGPS (mantido pelo INSS e estudado pelo direito
previdenciário), que serve para os empregados privados. No serviço público, quem se aposenta
pelo regime geral? Se o sujeito é empregado da Administração Direta e empregado na
Administração indireta, ele se aposenta pelo INSS. Eu sou empregado na autarquia, qual a
regra? INSS. Eu sou empregado na empresa pública, qual a regra? Regime Geral da Previdência.
Se o sujeito é empregado, seja na Direta, seja na Indireta, ele se aposenta pelo RGPS.
O RGPS está nos arts. 201 e seguintes da Constituição Federal. Nós aqui, vamos estudar
o regime próprio de previdência social, que está no art. 40 da CF. Ele é mantido pelos entes
políticos: União, Estado, Municípios e DF. Quem tem direito de se aposentar por aqui são os
servidores titulares de cargo, sejam eles efetivos ou vitalícios. E é esse regime que vamos
estudar. O regime próprio serve para os efetivos e vitalícios (magistrados, servidores do MP).
Eu sou empregado privado, vou passar no concurso. Posso aproveitar o tempo no INSS
para passar em cargo público. E a recíproca? O tempo que eu contribuí no regime próprio eu
levo para o regime geral? Isso é chamado de reciprocidade. O que eu tenho de público eu levo
para o privado e o que eu tenho de privado eu levo para o público. Esses dois regimes são
aplicáveis em situação diferente, mas a eles aplica-se o princípio da reciprocidade. Dá para
aproveitar o tempo nos dois regimes.
Falávamos que a aposentadoria dos servidores passa por longa novela mexicana.
Começamos com a EC-20, seguimos para EC-41 e depois, a EC-47.
b) Aposentadoria COMPULSÓRIA
É a expulsória. Querendo ou não, ele vai sair do serviço aos 70 anos, seja para homem,
seja para mulher. E se aposenta com proventos proporcionais ou integrais? Proporcional ao
tempo que ele contribuiu. Se atingir o limite máximo, receberá proventos integrais. Se ele se
aposentou no limite total da contribuição, pode chegar a proventos integrais.
c) Aposentadoria VOLUNTÁRIA
Para se aposentar de forma voluntária, tem que ter 10 anos no serviço público, mais
cinco anos no cargo. Isso é prerrequisito, seja para PP, seja para PI. E vai ter direito de se
aposentar de forma voluntária nas duas oportunidades, com PI ou com PP. Quando é PI e
quando é PP.
d) Aposentadoria ESPECIAL
Essa regra gerou muitas injustiças porque, muitas vezes, o professor assumia a
coordenação e a direção e só 30 anos depois disseram para ele que não poderia ter feito,
porque perde a especial por causa disso. Então, essa matéria foi disciplinada no âmbito federal
e já foi objeto de ADI. A lei federal 11.301/06 veio dizer que a exclusividade de magistério não
precisa ser só sala de aula, mas também as atividades dentro da escola, mas ligadas ao
magistério. Então, essa lei conceitua essa expressão “exclusividade de magistério”. O que
aconteceu em razão disso? Essa lei foi objeto da ADI 3772 e o STF declarou a regra
constitucional, julgando improcedente a ação, reconhecendo que a atividade é para dentro da
escola e não só para sala de aula. Isso deu a aposentadoria ao professor que foi coordenador,
que foi diretor.
A minha mãe é professora no Estado, onde não tem essa lei. O que ocorre? Professores
estaduais do Brasil todo rezam para que a lei estadual saia para que tenham esse direito.
Saindo a lei do Estado, do Município, a situação vai se consolidar de forma justa para o
professor que foi diretor e coordenador.
O professor tem direito à aposentadoria especial somente com proventos integrais. Não
há especial para PP, só há especial para PI. Se ele quiser PP, vai para a regra geral, caindo nos
65 e 70. Ele, então, só tem direito à especial para PI.
O professor tem direito a 5 anos a menos do que a regra normal: Homem: 55 anos de
idade com 30 anos de contribuição. Mulher: 50 anos de idade mais 25 anos de contribuição.
O professor, então, vai ter direito à especial com cinco anos a menos que a regra normal
(voluntária), desde que tenha ensinado no ensino infantil, fundamental e médio e com
exclusividade de magistério, sendo essa expressão hoje entendida, não só a sala de aula, mas
também outras atividades dentro da escola.
Na prática, servidor público em atividade de risco, quer exercer o seu direito à especial
conferido pela emenda. Há uma norma constitucional de eficácia limitada conferindo um
direito que não pode ser exercido por falta de norma regulamentadora. E os servidores em
atividade de risco começam a exigir esse direito à especial. Se eu tenho o direito e não posso
exercer por falta de lei, essa questão pode ser discutida em mandado de injunção. Vários
mandados de injunção foram ajuizados para discutir a falta de norma regulamentadora. O
Supremo, julgando o mandado de injunção (e são dois que marcaram a história: 721 e 758),
disse que o servidor tem o direito pleiteado e não pode continuar pagando esse preço. E
decidiu os mandados de injunção com efeitos concretos. Reconhece que o servidor em
atividade de risco vai ter direito à aposentadoria especial desde já, aplicando a lei do
trabalhador comum, do RGPS, enquanto a lei própria não vem. A lei aplicável é a Lei 8.213/91.
Essa lei, no seu art. 57 estabelece parâmetros para a aposentadoria especial nesses casos.
Isso vai cair! Essa história está na moda. É questão recente. Não tem mais do que um
ano. O art. 57 não vai cair em administrativo. Basta lembrar que o servidor tem direito à
especial e pode exercitar essa especial.
O Governo Federal, em 2003, apresentou o projeto de emenda (que virou a 41). Entre
tantas mudanças, a contribuição dos inativos. O Governo tinha pressa na aprovação dessa
emenda em razão do princípio da anterioridade. Quanto antes, mais cedo começaria a ser
cobrada a contribuição dos inativos. O Governo então, propôs ao Congresso que aprovasse o
texto do jeito que estava e que todas as emendas a ser feitas poderiam ser feitas através de um
novo projeto. Com isso, você aprova do jeito que o Governo quis, sem passar de Casa em Casa.
E esse acordo absurdo foi feito. O Congresso aprovou do jeito que foi e tudo o que fosse
emenda, seria objeto de uma emenda. Então, tramitavam dois projetos falando da mesma
coisa. O primeiro, com a vontade do Presidente e o segundo, com a vontade do Congresso.
Tramitou, então, a EC-41 e a PEC paralela. A EC-41 foi aprovada em 2003, começando a ser
cobrada no início de 2004 e a PEC só saiu em 2005. Então, veio a EC-41, aprovada em 2003. Dali
a dois anos, veio a EC-47 que, simplesmente, remenda a 41. A EC-47 vai consertar alguns
elementos da 41.
Introduzido – Hoje, você está sujeito ao princípio da média da vida laboral. Isso
significa uma média do que você ganhou a vida inteira. Para achar o seu valor de
aposentadoria, vamos fazer uma média da sua aposentadoria a vida inteira. Só serve para a
média da vida laboral, a remuneração que recebeu incidência de contribuição. Suponhamos
que você começou ganhando mil, mas não contribuía por conta de uma isenção, de um
presente do Governo. Depois, pulou para dez mil. Não pagou contribuição no período inicial. Se
você não pagou, esse período está fora do cálculo da média. Você recebe com a média da vida
laboral quanto à remuneração que teve incidência de contribuição. Só serve para média aquilo
que teve incidência de contribuição.
Você precisa passar antes da criação do regime complementar. O que já estava antes do
regime complementar não será incluído nesse teto. Se hoje ele recebe vinte e paga sobre vinte
não pode, daqui a vinte anos, ouvir que vai receber só três. A qualquer momento, o Congresso
vai aprovar esse regime complementar. Melhor fazer uma previdência privada. Não se sabe o
que vai ser da aposentadoria no Brasil.
Introduzida – A última alteração das mais importantes que foi introduzida foi a
contribuição dos inativos. Na aposentadoria os inativos também contribuem para a
previdência. A alíquota, no mínimo, de 11%, mas há estado com alíquota de inativo em 17%.
Estados e Municípios podem fixar alíquota maior. Esses 11% são cobrados sobre quanto? Sobre
tudo o que o inativo ganha? Não. A contribuição dos inativos significa 11% sobre o que
ultrapassar o RGPS. Se ele recebe 4 mil, subtraio o teto desse valor. Ele vai pagar 11% sobre 800
reais (4.000 – 3.200 = 800). Ele é inativo há vinte anos, vai pagar? Sim. Todo inativo paga e o
Supremo já declarou a constitucionalidade da contribuição dos inativos. A matéria foi discutida
na ADI 3105.
Traz duas alterações substanciais. Não vamos falar de todas, só das mais importantes?
Introduzida – Uma regra de transição. O servidor nunca sabe a que regra terá direito. O
Supremo já bateu inúmeras vezes: não há direito adquirido em face do regime legal. A lei pode
ser alterada quando o legislador quiser. Hoje, se você passou no concurso, assumiu o cargo e a
regra é x, amanhã podem mudar a regra.
Diante disso, temos o seguinte cenário constituído após cada emenda constitucional:
Vou contar uma situação que se fez em cada emenda constitucional. A história é assim: Surge
uma emenda, três situações aparecem:
Os que já estavam que tinham os requisitos para se aposentar.
Os que já estavam e não tinham os requisitos para se aposentar.
Os que entraram depois da emenda e vão seguir uma regra nova.
O servidor que entrou depois da emenda, para esse não tem nada. Regra nova: não tem
paridade, não tem integralidade. Vai se aposentar pelo valor real, média laboral. Tudo novo.
E para quem já estava e não preenchia os requisitos? Como fica? Para esse, não há
direito adquirido porque não tinha direito adquiridos, mas o constituinte deu uma chance,
dando uma regra de transição.
Regra de transição:
É facultativa
É melhor do que a regra nova
É pior do que a regra velha
Cada EC criou uma transição: Transição da EC20, da EC41 e da EC47. Eu nunca vi cair no
concurso requisitos de regra de transição. Acho que não vai aparecer na prova, mas coloquei no
material de apoio para você ter uma idéia.
Servidora pública desde 1990: Quer prestar um novo concurso. Se é assim, entrou no
serviço público antes de todas as emendas. Pode escolher qualquer uma delas. A idéia da
transição é para quem entrou antes. Mas se mudar de cargo, o que acontece? Esse é o grande
cuidado. O constituinte diz: Você não pode interromper. Se você resolver descansar quinze
dias, perdeu a transição. O servidor tem o benefício da transição que pode dar integralidade,
paridade, etc. A transição é algo bom, mas se você interromper, perde esse direito. Você pode
mudar de cargo, vai levar tudo, inclusive a transição. Mas não pode interromper. Se fizer isso,
perderá o direito.
Feito isso, encerramos servidores públicos. Aposentadoria não está caindo muito, mas
pode cair na prova, especialmente com os requisitos da Emenda-20.
RESPONSABILIDADE CIVIL
Se cair na segunda fase, você deve se preocupar. Na primeira fase é fácil e light. Na
segunda fase exige profundidade. Onde pode cair? Magistratura, procuradorias (já caiu com
AGU, com procuradoria de Estado, de município), Defensoria Pública (o sujeito na condição de
pobre caiu no buraco de uma rua não pavimentada). Sugestão: Se cai um problema, você pode
introduzir, contar a evolução, mas precisa enfrentar o problema. Se é problema, você tem que
enfrentar o problema.
A responsabilidade civil do Estado é mais rigorosa, tem princípios mais rigorosos do que
a responsabilidade civil comum. Eu não posso tratar com os mesmos parâmetros. Não há
opção. O servido público, a atividade estatal nos é imposta e não há como fugir dela. Já que
você é obrigado a engolir, pelo menos mais proteção você merece. Então, a responsabilidade
civil do Estado tem princípios mais rigorosos do que a comum em razão de a atividade estatal
ser de forma impositiva, merecendo, pois, maior rigor nos abusos praticados.
Mas a Administração decidiu construir um viaduto e esse viaduto passa bem na janela
da sua casa. Fazer viaduto é conduta lícita. Mas o Estado vai ter que indenizar por esse
prejuízo? O Estado constrói um presídio do lado da sua casa (ninguém dorme). O Estado
constrói um cemitério, por onde passeiam baratas e ratos. Qual o fundamento para a
responsabilidade civil do estado neste caso? Essa resposta é tudo de bom. Se você colocar no
dia da prova, o examinador vai babar. Qual é o fundamento, qual é o princípio para justificar o
dever do Estado de indenizar quando a conduta é lícita? Será que é justo que você pague
sozinho pelo cemitério que representa um bem para toda sociedade? Será que é justo que você
pague sozinho pelo benefício que o viaduto representa? Ou que o presídio representa para
toda sociedade? Então, os danos terão que ser repartidos. E isso significa isonomia. Então, o
dever do Estado de indenizar os prejuízos é para reequilibrar o princípio da isonomia, para
reequilibrar essa relação. Se você está sofrendo enquanto todos ganham, é preciso
restabelecer o tratamento isonômico. Lembre-se a sociedade está ganhando. Ganhou viaduto,
presídio, cemitério. Então, não é justo que você pague essa conta. O estado, então vai ter que
reequilibrar, repartir os danos. E o Estado terá que indenizar os prejuízos para restabelecer o
tratamento isonômico. Então, hoje, a responsabilidade civil do Estado nas condutas lícitas tem
como fundamento o princípio da isonomia em razão da repartição dos danos, da redistribuição
dos prejuízos. Não é justo que você pague essa conta sozinho, arque de forma isolada. Cuidado.
Se você conseguir isso na prova, o examinador vai ficar feliz.
A vítima vai ganhando mais proteção. O Estado passa de sujeito irresponsável para o
Estado sujeito responsável. Qual é a teoria aplicável nesse momento? Quando sai da teoria da
irresponsabilidade e começa a ser sujeito responsável, vê-se que essa responsabilidade aparece
em situações pontuais, específicas: só será nessa, naquela ou em tal situação. Quando o Estado
começa a aparece como sujeito responsável, a responsabilidade só era reconhecida em
situações específicas: somente no caso A, somente no caso B.
a) Conduta
b) Dano
c) Nexo de causalidade entre conduta e dano
d) Culpa ou dolo
Nesse caso, não é preciso apontar o agente. Basta provar que o serviço não foi prestado
ou ainda, o serviço foi prestado de forma atrasada ou ineficiente. Se o serviço não foi prestado,
foi prestado de forma atrasada ou ineficiente, já é suficiente para falar de responsabilidade
subjetiva. Então, nessa responsabilidade pela culpa do serviço, a vítima se libera de apontar o
agente e basta que ela demonstre que o serviço não foi prestado, foi prestado de forma
ineficiente ou foi prestado de forma atrasado. Isso preenche o requisito da culpa do serviço. A
culpa do serviço foi uma teoria que surgiu no direito francês. Foi chamada de faute du service.
A vítima não precisava mais indicar a pessoa do agente, bastava indicar a falha no serviço.
Cuidado com o seguinte: se falamos que a vítima não precisa mais apontar o agente,
bastando demonstrar a falta do serviço (ausência, ineficiência, atraso), essa culpa também é
chamada de culpa anônima. A vítima ganha o privilégio de não ter que apontar o agente. Ela
nasce na culpa do agente e vai para a culpa do serviço ou responsabilidade por culpa anônima.
Cumpridos os elementos de ausência, ineficiência, atraso no serviço, é o que basta para a
responsabilidade subjetiva.
Se precisamos dos quatro elementos (conduta, dano, nexo e culpa ou dolo do agente)
para que a responsabilidade seja reconhecida como é possível excluir a responsabilize
subjetiva? A exclusão da culpa e do dolo não é a única possibilidade. Se precisamos de quatro
elementos, faltando qualquer um deles, a responsabilidade será excluída. Então, a excludente
da responsabilidade subjetiva se faz com o afastamento de qualquer um desses elementos. A
excludente da responsabilidade subjetiva pode acontecer afastando a conduta, o dano, o nexo
ou afastando a culpa ou dolo. Faltando qualquer um deles, a responsabilidade subjetiva será
afastada.
Por isso eu disse que se na hora da prova, você conseguir derrubar o dano, você derruba
a responsabilidade. Se na prova você afastar o elemento dano, é a saída para a sua
contestação. Você vai ter que defender o Estado, então, essa é uma boa oportunidade.
Só que a nossa responsabilidade não para por aqui. Nossa Constituição de 1946
reconhece a nova teoria da responsabilidade objetiva.
Mas e a história de culpa exclusiva da vítima, de caso fortuito ou força maior? O Brasil
adota risco integral ou risco administrativo? O Brasil adota, como regra, a teoria do risco
administrativo, que aceita a excludente da responsabilidade. Mas sabemos que,
excepcionalmente, a Constituição fala em risco integral: haverá risco integral em material
bélico, substancia nuclear e dano ambiental. Nestas circunstâncias, teremos risco integral. O
sujeito quer se matar e mergulha no tanque de material radiativo em Angra. O Estado vai ter
que indenizar! Não importa se ele foi lá sozinho. O Estado vai ter que indenizar porque a teoria
do risco integral, aplicável ao caso, não admite excludente.
Essa história de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior é apenas um rol
exemplificativo apesar de tratarem de situações em que se afasta o nexo e a conduta. Na hora
da prova, atenção na sua segunda fase. Tente afastar cada um dos elemetnos, derrubando
qualquer um deles, você estará excluindo a responsabilidade.
Quando falamos de responsabilidade civil do Estado, estamos falando do art. 37, § 6º,
da CF:
Qual é o fundamento para essa indenização? Eu só posso usar o art. 37, § 6º, só posso
falar de responsabilidade civil do Estado se essa for uma relação extracontratual. Se a relação é
contratual, o dever de indenizar decorre da relação contratual, mas a responsabilidade civil do
Estado é indenização sem contrato, em situação extracontratual. É a primeira questão muito
importante. O § 6º, do art. 37 traz a responsabilidade extracontratual.
Que conduta pode gerar essa responsabilidade? Omissiva? Comissiva? Isso é muito
importante para o concurso, especialmente numa discursiva. Se precisar enfrentar o problema,
vai ter que definir a teoria. O Estado fez, o Estado agiu. Na ação do Estado, a responsabilidade
segue a teoria objetiva. A jurisprudência reconhece que em caso de responsabilidade por
omissão (conduta omissiva do estado), é possível reconhecer a teoria subjetiva. A regra é: na
dúvida (a questão não foi clara), responda objetiva. Você só vai usar a subjetiva se a questão for
clara quanto à omissão do Estado.
Cespe cobrou e a resposta é orientação do STJ: “Um preso resolve praticar o suicídio
com as roupas do colega. O Estado responde?” O preso está sob a tutela do Estado. Se o preso
morreu, teve descumprimento do dever legal. Mas eu pergunto: O serviço estava sendo
prestado dentro do padrão normal? Para cumprir a responsabilidade subjetiva, o dano tem que
ser evitável. No caso do preso, o Estado não responde. O preso que pratica o suicídio com as
roupas do colega, o Estado não responde. Ele ia se matar de qualquer jeito. O Estado só iria
salvar esse preso, se o agente penitenciário estivesse de braço dado com ele. E se o preso
praticou suicídio com uma arma que entrou no bolo da visita? O Estado responde? Agora,
responde. O Estado tem que ter um dano evitável. Ele tinha como ter impedido. Levaram seu
carro, o Estado responde? A princípio, não. Mas se havia dois guardas de braços cruzados na
esquina e não fizeram nada, o Estado responde? Ai, responde. Cuidado. Para falar em
responsabilidade subjetiva, precisamos de três elementos:
Dois carros colidiram em um cruzamento por defeito no sinal. O Estado responde? Sim.
Claro. Mas a responsabilidade é objetiva ou subjetiva? E esse é o segredo da prova? Será que
ele não fez manutenção? Tem cara de ação ou omissão? Tem cara de omissão, mas será isso
mesmo? A jurisprudência traz uma terceira situação: atividades de risco prestadas pelo Estado.
Em algumas situações, ele assume o risco maior do que o necessário. Quando isso acontece, ele
está agindo, criando o risco. Criar risco significa ação, assumindo um risco maior do que o
necessário. Isso é ação! E se é assim, a responsabilidade é objetiva! Atividades de risco
provocadas pelo Estado, a responsabilidade é objetiva.
Preso foge do presídio, entra na casa ao lado, matou uma pessoa, levou o carro. O
Estado responde? Responde. Preso é tutela do Estado. Preso fugiu, o Estado vai responder. Mas
como vai responder? Objetivamente ou subjetivamente? “Na dúvida, eu coloco
objetivamente”. Mas qual vai ser o fundamento que você vai usar na prova? Vai ser objetiva, é
verdade. E vai ser objetiva porque o Estado colocou o presídio no meio da cidade. E quando ele
faz isso, está assumindo o risco. A casa ao lado está na situação de risco. E se o Estado constrói
longe e as pessoas vão morar em volta? Para as pessoas morarem em volta, o Estado tem que
dar licença para construir. E se é assim, ao permitir que as pessoas morem em volta do presídio,
está assumindo o risco. Então, quanto ao preso que foge do presídio, o Estado responde
objetivamente. Mas o preso fugiu e entrou numa casa há 100 km. O Estado responde? 100 km
não há relação de risco. Não está ligado ao risco. Mas o carcereiro deixou a chave. Não cuidou
direito. Se ficar comprovado o descumprimento de dever legal, que tinha um dano evitável, a
100 km dali pode ser subjetiva. Mas não há justificativa do risco. Então, se o preso foge e entra
na casa ao lado, há risco. Outra questão: “Um preso fugitivo contumaz foge mais uma vez,
entra numa casa a 100 km dali, mata uma pessoa e leva o carro.” O Estado responde? O
contumaz é o segredo da questão. Ele já fugiu muitas vezes e o Estado não está fazendo nada.
Neste caso, o Estado está assumindo o risco. Cuidado! Entrou na casa ao lado, situação de risco
objetiva. Entrou na casa a 100 km dali, quebrou o risco e a responsabilidade só vai existir se
cumpridos os requisitos da subjetiva. Mas como a questão diz que é um preso contumaz, ou
seja, que o Estado sabe e não faz nada, mesmo a 100 km dali a responsabilidade será objetiva.
Pelo contumaz, pelo risco. Se não tivesse essa palavra, a responsabilidade seria subjetiva. “Um
preso mata o outro no presídio”. O Estado responde. Objetiva ou subjetiva? Tem algum risco
aí? Colocar 100 pessoas numa cela em que cabem cinco. O Estado aí, assume um risco maior do
que o necessário? Com certeza! Hoje a jurisprudência diz que a superlotação nos nossos
presídios representa uma situação de risco e a responsabilidade é, então, objetiva. Um preso
matar o outro tem cara de omissão, mas em razão da superlotação dos presídios, o Estado está
assumindo o risco. Coloca o preso em condição subumana e assume o risco de um preso matar
o outro. A responsabilidade será, então, objetiva.
Como pode ser o dano na responsabilidade civil? Imagine que você tinha um
compromisso, mas em razão do trânsito, você não chega lá. Perdeu o emprego, uma reunião
importante. O Estado indeniza? Você tem um estabelecimento comercial. No entorno do
museu, vários estabelecimentos estão funcionando, aproveitando a movimentação, um deles é
o seu. A Administração resolve mudar o museu de lugar. Sua loja vai quebrar. O Estado vai ter
que indenizar? Você teve dano? Teve conduta do Estado? Entre a conduta e o dano tem nexo?
Mas esse dano basta para a responsabilidade civil? Este é o grande segredo! Como tem que ser
o dano para existir a responsabilidade civil do Estado. Pelo trânsito não vai pagar, pela mudança
do museu não vai pagar, pela poluição não vai pagar. E por que não vai pagar? Porque esse
dano não cumpre as exigências. E como tem que ser o dano para a responsabilidade civil?
A ação deve ser ajuizada direto em face do Estado. As pessoas jurídicas de direito
público e as pessoas de direito privado respondem pelos atos de seus agentes, que, nesta
condição, causarem danos a terceiros. Ação deve ser ajuizada direto em face do Estado.
Mas para a jurisprudência (e aqui posição do STJ, que é quem decide matéria de
lei), a posição do STJ é a de que é possível a denunciação da lide. O STJ diz,
inclusive, que ela é aconselhável, representando economia e celeridade do
processo. Mas o STJ diz: Essa é uma decisão do Estado, que não pode ser
obrigado a denunciar.
Cespe perguntou outro dia: “Segundo a doutrina, a denunciação não é possível. Segundo
a jurisprudência, a denunciação é possível.” Isso e verdadeiro. Cuidado porque eles estão
fazendo esse jogo. Qual o prazo prescricional para ajuizar ação de indenização? Continua
prevalecendo a prescrição qüinqüenal (Decreto 20910/32), cinco anos. Mas há divergência na
doutrina. Carvalhinho, por exemplo, entende que a aplicação é do Código Civil e que o prazo
seria de 3 anos pelo art. 206, do Código Civil (fala em reparação civil: 3 anos). Essa não é a
posição da maioria. A ação de regresso em face do agente é imprescritível.
INTENSIVO II
O parâmetro é valor, que é pequeno.
Ele vai de 0 a 150.000 para obras de engenharia e de 0 a 80.000 para outros bens e serviços que
não engenharia.
Nos valores pequenos pode ter dispensa para licitar, mas não quer dizer que não poderá licitar
se quiser.