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PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

1. INTRODUÇÃO
- Diferenciação entre princípios e regras:
• Critério da abstração: os princípios possuem caráter abstrato (aplicáveis em diversas
situações), já a regra é extremamente concreta (aplicável em uma situação específica);
• Critério da aplicação e do conflito normativo: o princípio deve ser aplicado da forma
mais extensiva possível. Havendo conflito entre 2 princípios, pode-se atenuar um para
aplicar o máximo de outro, ou tentar adequá-los, a depender da situação concreta.
Havendo conflito entre 2 regras, aplica-se uma ou outra (tudo ou nada) – utiliza-se os
critérios hierárquico, cronológico e de especialidade.

- Supraprincípios (Celso Antônio Bandeira de Melo): estão acima dos princípios,


fundamentam os outros princípios (metaprincípios).
• Supremacia do interesse público: o interesse público está acima do interesse privado,
relação vertical entre a Administração Pública e o administrado. Sempre que houver
conflito entre o interesse privado e o interesse público, deve-se prevalecer este último.
Ex.: desapropriação.
Obs: interesse público primário (envolve toda a coletividade – ex.: criação de um hospital
ou escola) x interesse público secundário (envolve o interesse da própria administração
pública, e não da coletividade como um todo – ex.: aumento da remuneração do servidor).
• Indisponibilidade do interesse público: a administração pública não pode dispor do
interesse público.
Obs.: existem alguns elementos legais que permitem a disponibilidade do interesse
público (exceções) – ex.: possibilidade de transação com a Fazenda Pública nos Juizados
Especiais.

2. PRINCÍPIOS EXPRESSOS (CONSTITUCIONAIS)


- Art. 37, da CF: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
- LIMPE:
•Legalidade;
• Impessoalidade;
• Moralidade;
• Publicidade;
• Eficiência.

2.1 LEGALIDADE
- Lei em sentido amplo (CF, Constituição Estadual, lei ordinária, lei complementar,
medida provisória, decreto, provimento, portaria etc.)
Obs.: alguns autores chamam de bloco de legalidade.
- A Administração Pública só pode fazer o que está em lei (legalidade restrita).
Obs.: legalidade ampla (pode-se praticar qualquer ato que não esteja vedado em lei –
legalidade no Direito Civil) x legalidade restrita (a Adm. só pode realizar o que está
previsto em lei – aplicável a Adm. Pública).
- Princípio da juridicidade (conceito atualizado): leva o conceito de legalidade dentro de
uma hierarquia (ex.: o decreto deve estar em conformidade com a lei, que deve estar em
conformidade com a Constituição).
2.2 IMPESSOALIDADE
- Os atos administrativos devem ser imparciais, inibindo quaisquer tipos de privilégios,
interesses e discriminações, e assegura o interesse público sobre o privado.
- Os atos do administrador não são necessariamente deste e sim da administração,
devendo todas as realizações serem atribuídas ao ente estatal que o promove.
- Consequências do princípio da impessoalidade: Lei de licitações, concurso público.
Obs.: existem situações em que é necessário um tratamento desigual em prol da isonomia.
Ex.: reserva de cotas em concursos públicos e faculdades públicas.

2.3 MORALIDADE
- O administrador tem de ter uma atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
boa-fé.
- Súmula vinculante n. 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou
de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.
2.4 PUBLICIDADE
- Manifesta a imposição da administração em divulgar seus atos.
- A regra é a maior publicidade possível, vai ser mitigada excepcionalmente.
- Art. 5º, XXXIII, da CF: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
à segurança da sociedade e do Estado”.
- Lei de Acesso a Informação: traz a transparência ativa (o próprio órgão expõe as
informações públicas) e a transparência passiva (as informações públicas são requeridas
pelo administrado).

2.5 EFICIÊNCIA
- Zela pela “boa administração, aquela que consiga atender aos anseios da sociedade,
consiga de modo legal atingir resultados positivos e satisfatórios, ser eficiente”.
- Fazer o máximo possível com o mínimo de dinheiro.

3. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

3.1 PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA


- A Adm. Pública não fica na dependência do Poder Judiciário para realizar e dar eficácia
aos seus atos.
- Possibilidade da Administração Pública anular e revogar os seus próprios atos.
- Súmula 473, do STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”.

3.2 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO OBRIGATÓRIA


- Todo ato deve ser fundamentado, motivado, justificado.
- O STF entende que mesmo que o ato seja discricionário é exigido a sua motivação.
- Teoria dos motivos determinantes: sempre que houver uma motivação na prática de um
ato administrativo, essa motivação obrigatoriamente vincula o ato. Ex.: se a motivação
for falsa, o ato é ilegal.

3.3 PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE


- Muitas vezes são tratados como sinônimos.
- Princípio da razoabilidade está baseado no entendimento do homem médio.
- Princípio da proporcionalidade: trata dos fins e dos meios. O ato deve possuir adequação
e necessidade.

3.4 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE


- Advém da supremacia do interesse público.
- Os atos públicos presumem-se legítimos;
- Cabe ao administrado comprovar que o ato é ilegítimo.

3.5 PRINCÍPIO DA ISONOMIA


- Advém do princípio da impessoalidade;
- Expressão aristotélica: “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na
exata medida de suas desigualdades”.

3.6 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO


- Proibição da interrupção total do desempenho de atividade do serviço público prestadas
a população e seus usuários.
Obs.: Lei 8.987, art. 6º, § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por
razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do
usuário, considerado o interesse da coletividade.

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