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PROFESSORA: SHIRLY ANDREA.

DIREITO ADMINISTRATIVO.

DIREITO ADMINISTRATIVO

III-PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO.


3.1-A força normativa dos princípios no pós-positivismo: distinção
entre princípios e regras...............................................................02
3.2-Princípios do Direito Administrativo em espécie:.................02
➢ EXPRESSOS
3.2.1-Princípio da Legalidade ou juridicidade .............................02
3.2.2-Princípio da Impessoalidade ...............................................03
3.2.3-Princípio da Moralidade .....................................................04
3.2.4-Princípio da Publicidade .....................................................04
3.2.5-Princípio da Eficiência........................................................06
➢ IMPLÍCITOS
3.2.6-Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado
......................................................................................................06
3.2.7- Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ..............07
3.2.8-Princípio da Continuidade do Serviço Público ...................08
3.2.9-Princípio da Autotutela .......................................................09
3.2.10-Princípio da Segurança Jurídica .......................................10
3.2.11-Princípio da Proteção à confiança Legítima e da boa-
fé...................................................................................................10
3.2.12-Princípio da Consensualidade e Participação...................11

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III-PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO.

3.1-A força normativa dos princípios no pós-positivismo:


distinção entre princípios e regras- significa que com o pós-
positivismo os princípios deixam de ser ideais sem eficácia jurídica
e começam a compor o ordenamento jurídico, reaproximando o
direito dos valores éticos e morais. A concretização dos princípios
pode se dar tanto pela edição de normas, como pela edição de
decisões, tornando-se sua observância imprescindível no exercício
da atividade jurisdicional.
3.2-Princípios do Direito Administrativo em espécie:
3.2.1-Princípio da Legalidade ou juridicidade: Por este princípio
podemos afirmar que o Estado só faz aquilo que a lei determinar.
Existem dois tipos de legalidade:

DO PARTICULAR (em sentido


amplo) – Art.5°, inc.II, CRFB/88.

LEGALIDADE

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(stricto sensu)- – Art.37,
CRFB/88(supremacia da lei ou
reserva da lei)

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Desdobramentos do princípio da legalidade são:

-Supremacia da Lei: significa que todos os atos administrativo


sempre tem que respeitar à lei (vinculação negativa).

-Reserva da Lei: significa dizer que certas matérias devem ser


formalizadas pela legislação, excluindo a utilização de outros atos
com caráter normativo(vinculação positiva).

OBS: Com a evolução do direito administrativo, o princípio da


legalidade tem que ser interpretada de acordo com o fenômeno da
constitucionalização do direito administrativo, tendo em vista que
a aplicação da lei, tanto pela administração quanto o juiz, depende
de um processo criativo-interpretativo, sendo inviável a existência
de lei exaustiva o bastante que dispense o papel criativo do
operador do Direito.

3.2.2-Princípio da Impessoalidade: Segundo Hely Lopes


Meirelles o Princípio da Impessoalidade pode ser considerado
como sinônimo do Princípio da Finalidade, em que impõe ao
administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal; e
o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica
expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma
impessoal. Ainda, como o princípio da finalidade exige que o ato
seja praticado sempre com finalidade pública, o administrador
fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no
interesse próprio ou de terceiros.

Ex: Proibição de promoção pessoal (art.37, §1 da CRFB/88).

Ex: igualdade material não viola o princípio da impessoalidade


(tratamento diferenciado entre pessoas que estão em situação fática
de desigualdade- ex: reserva de vaga em cargo ou emprego público
para os portadores de deficiência).

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3.2.3-Princípio da Moralidade: Não basta que as atividades da


Administração estejam de acordo com a lei, essas atuações têm que
ser conduzidas com Lealdade, Ética e Probidade, boa fé de
conduta, não corrupção. Isto é chamado de moralidade
jurídica.

EX: O artigo 37, § 4º da CF/88.

EX: Súmula Vinculante n. 13 do STF (Nepotismo).

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.”(grifo
nosso)

3.2.4-Princípio da Publicidade: Transparência no exercício da


atividade administrativa porque viabiliza o controle pela
administração.

Ex: Direito de Petição e obter certidões -art. 5, inciso XXXIV,


alínea “a” e “b” da CRFB/88.
Ex: Habeas data, art. 5, inciso LXXII da CRFB/88...

OBS: Os princípios no direito administrativo não são absolutos.


Assim, toda vez que houver conflitos entre eles haverá uma
ponderação de interesses porque não existe um princípio mais
importante como o outro. Por isto, que no princípio da publicidade

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existem exceções que sejam justificados previamente pelo


legislador.

- Exceções: Assuntos que tratem da segurança nacional; certos


interesses sociais, ou de foro íntimo (privacidade, intimidade),
-A lei de Acesso a informação(Lei 12.527/2011) é excepcional em
duas hipóteses:
1°-infomações classificadas como sigilosas, consideradas
imprescindíveis a segurança da sociedade e do Estado(art.23 da
LAI); e;
2°-informações relacionadas a intimidade, vida privada, honra e
imagem.

Assim, o Princípio da Publicidade:

• exerce o controle da administração.


• é requisito de eficácia dos atos administrativos em
que se dirigem a sociedade. Ex: O prefeito municipal
pode editar uma norma e dizer que em determinada
rua não pode estacionar. Este ato praticado pelo
prefeito é perfeito e válido, porém não é eficaz pq só
estará apto a produzir seu efeitos quando for
publicado.

Cuidado: Se na prova disser que publicidade é elemento formativo


do ato. Isto estará errado porque a publicidade não é elemento
formativo do ato porque ele já estava criado. Assim, a publicidade

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é somente um requisito de eficácia dos atos administrativos, sendo


elemento para a produção de seus efeitos.
3.2.5- Princípio da Eficiência: foi introduzido na CRFB/88,
através da EC 19/98, antes já era Princípio Infraconstitucional e
significa a busca por resultados positivos.
OBS: O entendimento moderno é que o princípio da eficiência tem
aplicabilidade imediata, ou seja, o simples fato do caput do art.37
da CRFB/88, prevê a eficiência como princípio constitucional, esse
já orienta que toda atuação administrativa deve se pautar na busca
pela obtenção de resultados positivos, ou seja, no momento que o
administrador pratica um ato, além de verificar se este ato é licito,
terá que observar se ele alcança bons resultados.
OBS: Ilicitude e resultado positivos caracterizam o princípio da
eficiência. A própria constituição, através da EC/19 alterou o §4°
do artigo 41 e definiu que para o servidor público adquirir
estabilidade ele tem que ter 3 anos de efetivo exercício e mais
aprovação por uma avaliação especial de desempenho, aplicando
assim o princípio de eficiência.
-A atuação da Administração deve ser:
• Rápida: Dinamismo, celeridade, descongestionar e
desburocratizar.
• Perfeita: Completa, satisfatória.
• Rentável: ótima, máxima com menor custo.

3.2.6- Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o


interesse privado: significa que o interesse da coletividade sempre
tem que esta acima do interesse particular. Assim, os atos da
Administração Pública são embasado em seu poder de império
(poder extroverso). Seus atos se originam das relações jurídicas
dentre o particular e o Estado caracterizados pela verticalidade.

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Ex: Desapropriação, cláusulas exorbitantes, ..


Segundo o Professor Rafael Carvalho Resende Oliveira, o interesse
público pode ser dividido em duas categorias:
-interesse público primário: ao qual está relacionado à satisfação
das necessidades coletivas (justiça, segurança e bem-estar) por
meio de desempenho de atividades administrativas prestadas à
coletividade como: serviços públicos, poder de polícia...
-interesse público secundário: é o interesse do próprio Estado,
enquanto sujeito de direitos e obrigações, ligando-se
fundamentalmente à noção de interesse ao erário, implementado
por meio de atividades administrativas instrumentais necessárias
para o atendimento do interesse público primário, tais como as
relacionadas ao orçamento, aos agentes públicos e ao patrimônio
público.
OBS: O fenômeno da Constitucionalização do ordenamento
jurídico trouxe a redefinição da ideia de supremacia do interesse
público sobre o privado e a ascensão do princípio da ponderação
de direitos fundamentais.
3.2.7- Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade: para
fins de prova de direito administrativo não vamos diferenciar um
do outro. A doutrina é majoritária para o direito administrativo, no
sentido de que a proporcionalidade é inerente a razoabilidade.
Então uma atuação razoável é uma atuação médio de aceitabilidade
daquela sociedade, significa que a aceitabilidade se adequa aquela
atuação. Assim, a atuação administrativa tem que razoável. Desta
forma, mesmo que a lei de ao administrador uma margem de
escolha (discricionariedade) esta, tem que ser aceitável de acordo
com os padrões médios da sociedade( adequações entre meios e
fins). Assim, ela deve ser analisada caso, a caso.

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OBS: Razoabilidade e proporcionalidade são grandes limitadores


dessa atividade administrativa porque definem um papel de atuação
por parte do Estado.
Cabe mencionar que o princípio da proporcionalidade divide-
se em 3 subprincípios que são:

a)Adequação ou idoneidade: o ato estatal será adequado quando


contribuir para a realização do resultado pretendido.
b)Necessidade ou exigibilidade: ocorrerá em razão da proibição
de excessos.
c)Proporcionalidade em sentido estrito: significa que a restrição
ao direito fundamental deve ser justificada pela importância do
princípio ou direito fundamental que será efetivado.

3.2.8-Princípio da Continuidade do Serviço Público: significa


dizer que o serviço público não pode parar.

OBS: Existem 2 exceções previstas na lei 8789/95, porém essas


exceções não descaracteriza a descontinuidade do serviço público
que são:

ORDEM TÉCNICA

INADIMPLÊNCIA DO USUÁRIO

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3.2.9-Princípio da Autotutela: encontra-se nas Súmulas 346, 473


do STF e no art. 53 da lei 9784/99.

Súmula 473 do STF: “A administração pode anular


seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

Segundo este princípio, a Administração Pública pode rever os seus


próprios atos independentemente de provocação.
Assim, a Administração pode:.

ANULAÇÃO REVOAÇÃO
Por razão de Por razões de
Fundamento ilegalidade conveniência e
oportunidade.
Administração e Somente Administração/
Competência Judiciário Mérito administrativo/
discricionariedade(conve
niência e oportunidade.

Efeitos Gera efeitos “ex Gera efeitos “ex nunc”


tunc”

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Art. 53, da lei 9784/99 dispõe que:


“A Administração deve anular seus próprios
atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos”.
3.2.10-Princípio da Segurança Jurídica- art.5°, inciso XXXVI
da CRFB/88: quando o cidadão sente a sua segurança ameaçada,
poderá invocar este princípio que oferece aos seus administradores
a garantia de uma estabilidade nas relações jurídicas. O princípio
veda a aplicação retroativa de nova interpretação de Lei no âmbito
da Administração Pública.

OBS: O princípio da Segurança Jurídica compreende dois sentidos:

a)Objetivo: significa a certeza do direito, tendo em vista o respeito


ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.(art.5°, inciso XXXVI da CRFB/88).
b)Subjetivo: proteção da confiança das pessoas em relação as
expectativas geradas por promessas e atos estatais.

3.2.11-Princípio da boa-fé e princípio da Proteção à confiança


Legítima: esse princípio decorre do princípio da segurança
jurídica, tendo em vista que seu objetivo é proteger o particular de
atuação arbitrária do Estado.

Esse princípio teve seu advento na Alemanha, após a II Guerra


Mundial e foi consagrado no caso da “Viúva de Berlim”, julgado
pelo S.T. Administrativo De Berlim em 1956.

Cabe ressaltar que o princípio da confiança legítima também está


estritamente ligado ao princípio da boa-fé, pois aquela depende

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necessariamente da boa-fé do particular que acreditou nas


expectativas geradas pela atuação estatal.

3.2.12-Princípio da Consensualidade e Participação: significa o


incremento de meio consensuais na atuação administrativa com
novos mecanismos de participação popular na elaboração de
normas e na tomada de decisões administrativas.

OBS; Como foi dito anteriormente, na mutação constitucional, o


direito administrativo vem tentando implementar uma nova
atuação estatal, ou seja, nem todos os atos praticados pelo Estado
precisam ser fundamentados em seu poder de imposição, mas sim
através de acordos e participação do cidadão em suas tomadas de
decisões.

Ex: no executivo (administração pública), com a participação da


sociedade civil nos conselhos gestores para formulação de políticas
públicas, como o conselho do meio ambiente, da saúde e da
educação.

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