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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO CÍVEL DA COMARCA

DE ACREÚNA-GOIÁS

Daniel Florentino Dos Santos, Brasileiro, portador do CPF/MF


nº 276.530.309-63 com Documento de Identidade de n° 13.842.391, residente e domiciliado
na Rua Altino Arantes , n° 42 Setor Central, CEP: 75960-00, Acreúna/Go, vem
respeitosamente através de seu advogado perante a Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL

em face de SHPS TECNOLOGIA E SERVIÇOS LTDA (SHOPEE BRASIL), empresa


devidamente inscrita no CNPJ sob o n.º 35.635.824/0001-12, com sede na Avenida Brigadeiro
Faria Lima, n.º 3.732, andares 22 e 23, São Paulo/SP – CEP 04538-132, Bairro Itaim Bibi,
pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e no final requer:

DOS FATOS

No dia 15 de Junho de 2022 o Sr. Daniel Florentino Dos Santos


(autor) manteve conversa com um vendedor do aplicativo da Shopee com a intenção de
comprar um Triciclo Elétrico de 350W.

Ao terminarem as negociações realizou um empréstimo no banco


Caixa, no valor de R$ 2,500,00 (dois mil e quinhentos reais) para pagar a compra, transferindo
o dinheiro através do Pix (segue doc. anexo) ao vendedor.

Ocorre que o vendedor não enviou o código de rastreamento de


imediato alegando que os correios não enviavam o produto por ser muito grande. Logo em
seguida o vendedor solicitou mais R$ 300,00 (trezentos reais) para custear um frete
alternativo.

Já atento o Sr. Daniel não enviou mais nenhum valor ao vendedor,


e solicitou o reembolso do pagamento o que não foi atendido pelo mesmo.

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Diante a postura do vendedor foi enviado ao suporte da Shopee
uma reclamação e solicitação de reembolso. Ao receber o retorno da solicitação a empresa
manifestou que a compra não foi realizada dentro do site, e por isso não tinham
responsabilidade.
A de se ressaltar ainda que o autor e pessoa simples, humilde e
sofre de danos causados por um AVC, mal este que lhe afetou os movimentos do lado direito,
e o Triciclo Elétrico era um sonho do autor pois facilitaria sua locomoção.

DO DANO MATERIAL
O consumidor Excelência, confiou que estava negociando com
um vendedor idôneo, ao realizar dentro da plataforma da requerida toda negociação com
vendedor, razão pela qual o site deve responder pela falha no serviço prestado.

No próprio STJ já pacificou o entendimento de que o prestador


de serviços responde objetivamente pela falha de segurança do serviço de intermediação de
negócios e pagamentos oferecido ao consumidor, bem como que a estipulação pelo
fornecedor de cláusula exoneratória ou atenuante de sua responsabilidade é vedada pelo
art. 25 do Código de Defesa do Consumidor:

DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO


ESPECIAL. SISTEMA ELETRÔNICO
DEMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS. MERCADO LIVRE.
OMISSÃO INEXISTENTE. FRAUDE. FALHA DO
SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
PRESTADOR DO SERVIÇO. 1. Tendo o acórdão
recorrido analisado todas as questões necessárias ao
deslinde da controvérsia não se configura violação ao
art. 535, II do CPC. 2. O prestador de serviços
responde objetivamente pela falha de segurança do
serviço de intermediação de negócios e pagamentos
oferecido ao consumidor. 3. O descumprimento, pelo
consumidor (pessoa física vendedora do produto), de
providência não constante do contrato de adesão,
mas mencionada no site, no sentido de conferir a
autenticidade de mensagem supostamente gerada
pelo sistema eletrônico antes do envio do produto ao
comprador, não é suficiente para eximir o prestador
do serviço de intermediação da responsabilidade pela
segurança do serviço por ele implementado, sob pena
de transferência ilegal de um ônus próprio da
atividade empresarial explorada. 4. A estipulação
pelo fornecedor de cláusula exoneratória ou
atenuante de sua responsabilidade é vedada pelo
art. 25 do Código de Defesa do Consumidor. 5.
Recurso provido. (STJ - REsp: 1107024 DF
2008/0264348-2, Relator: Ministra MARIA ISABEL
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GALLOTTI, Data de Julgamento: 01/12/2011, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
14/12/2011)
Assim, tratando-se de relação jurídica de direito material de
consumo, impõe-se a inteira aplicação das normas previstas no Código de Defesa do
Consumidor, inclusive quanto à inversão do ônus da prova. A responsabilidade objetiva
do site se funda na teoria do risco proveito, segundo a qual os riscos da atividade de consumo
devem ser suportados pelo fornecedor e não pelo consumidor.
A responsabilidade por defeitos no fornecimento de serviços está
estatuída no art. 14 do CDC e decorre da violação de um dever de segurança, pois não
oferece a segurança que o consumidor esperava. Consta do caput: “O fornecedor de serviços
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços (...)”.
Ademais, inegável é o vício da qualidade do serviço prestado
pelo site, o qual controla o cadastro de seus anunciantes e as políticas de utilização de seus
serviços, podendo tornar os cadastros mais criteriosos com o fim de evitar problemas entre
compradores e vendedores, além de criar meios de resolução interna quando estes problemas
ocorrerem.
Nesse sentido, a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPRA DE
PRODUTO EFETUADA ATRAVÉS DO "SHOPPING
UOL". NÃO RECEBIMENTO DA MERCADORIA.
ILEGITIMIDADE PASSIVA REFUTADA. NEXO DE
CAUSALIDADE DEMONSTRADO. TEORIA DO
RISCO-PROVEITO. RESPONSABILIDADE DO
SÍTIO DA INTERNET EVIDENCIADA. SERVIÇO DE
APROXIMAÇÃO PRESTADO PELA RÉ QUE É
REMUNERADO. PRODUTOS DIVULGADOS NO
SITE APÓS APROVAÇÃO DO CADASTRO. DEVER
DE INDENIZAR BEM RECONHECIDO. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. A empresa que, utilizando-se de sítio
perante a internet, atua incisivamente perante o
mercado consumidor, divulgando produtos e
atraindo clientela para comerciantes que se utilizam
de tal serviço para negócios virtuais, sendo
remunerada para tal atividade, deve responder pelos
prejuízos ocasionados pela ausência da entrega da
mercadoria. (TJ-SC, Relator: Jorge Luis Costa
Beber, Data de Julgamento: 28/08/2013, Quarta
Câmara de Direito Civil Julgado).

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PROCESSUAL CIVIL. CERCEAMENTO DE
DEFESA. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS
MORAIS E MATERIAIS. PUBLICIDADE FALSA.
Pretensão da ré à produção de prova oral para oitiva
da pessoa supostamente responsável pelo lançamento
do conteúdo impugnado. Ainda que terceiro tenha
sido responsável pela publicação enganosa do
anúncio, não se revelava necessária a oitiva da
testemunha, visto que os fatos foram adequadamente
esclarecidos pelos documentos juntados aos autos.
Não importa o fato de ter a ré imediatamente excluído
a publicidade impugnada, certo é que o
desenvolvimento da sua atividade criou o risco de
prejudicar terceiro. Portanto, ainda que se aceite a
posição da ré de mera intermediária, é imperioso
reconhecer que a sua atividade criou ambiente e
condições ao dano sofrido pelo autor. Não fosse a
atividade da ré o autor não teria sofrido abalo moral
perante clientes, como se demonstrou nos autos. O
risco é da ré porque ela obtém proveito desse negócio.
Preliminar afastada. [...] No caso em exame, a
veiculação do anúncio, ato objetivamente praticado
pela ré, foi causa direta e imediata do dano
experimentado pelo autor. Foi a partir da publicação
do anúncio que lojistas suspeitaram da solidez do
empreendimento. Houve, portanto, nexo causal entre
a divulgação, sem qualquer cautela, e o prejuízo
moral sofrido pelo autor, o que confirma, portanto, a
legitimidade da ré para o pedido. Assim, o dano não
foi exclusivamente causado por terceiro. Não tem,
portanto, incidência o disposto no art. 18, da
Lei 12.965/14. A autora, como veículo de
comunicação, também é responsável, pois não
tomou qualquer cautela ao veicular o anúncio. A
conduta ilícita em exame, portanto, restringe-se à
veiculação praticada pela ré e não propriamente a
criação do conteúdo impugnado. Sentença de
procedência parcial dos pedidos mantida. Recurso
não provido. (TJ-SP -
APL: 10286724120138260100 SP 1028672-
41.2013.8.26.0100, Relator: Carlos Alberto Garbi,
Data de Julgamento: 30/09/2014, 10ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 01/10/2014)

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Ainda é possível perceber que a própria requerida reconhece a
falha em seu sistema, ao reconhecer a fraude de seus vendedores, como se vê na reposta da
reclamação logo abaixo:

Portanto, por óbvio o consumidor faz jus à devolução dos valores


despendidos com a compra fracassada do produto, visto que o vício da qualidade do serviço,
especialmente quanto à confiabilidade do vendedor, configurando o nexo de causalidade
com o dano, motivos pelos estes que o autor faz jus a indenização por dano material.

DO DANO MORAL
Por definição, danos morais são lesões sofridas pelas pessoas
físicas ou jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade, caracterizados, no entanto,
sempre por via de reflexos produzidos, por ação ou omissão de outrem.
São aqueles danos que atingem a moralidade, personalidade e a
afetividade da pessoa, causando-lhe constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e
sensações negativas.
A Ré, como demonstrado na presente, está sendo responsável por
simplesmente tirar da Autora, sem qualquer justificativa plausível, valor que a mesma investiu
na tentativa de ter um produto para ajudar a sua locomoção.
Vale lembrar que a Autora e pessoa simples, de poucas posses e
realizou um empréstimo bancário para tentar adquirir o produto. Além do desgaste emocional
que é pagar um empréstimo mensalmente sem ter o produto que tanto sonhou, fica a sensação
de desamparo de impotência diante a situação.

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No que tange à fixação do valor da indenização em virtude do
dano moral puro, deve ser levado em conta a compensação pela dor vivenciada pela vítima e
a necessidade de ser suficiente para dissuadir, de igual e novo atentado, o autor da ofensa.
Merece ser destacado o trabalho do ilustre Juiz Antônio
Montenegro, obra premiada e pronunciada na 2ª Conferência Nacional de Desembargadores
do Brasil, na parte em que dita:
“... A indenização do dano moral não visa a satisfazer
materialmente o ofendido. O seu sentido maior é punir
exemplarmente o ofensor. Lhambías proclama que:
“quando se trata da reparação de danos morais, a
indenização não têm caráter ressarcitório, senão
punitório”.
Com referência ao quantum indenizatório, deve-se
considerar a posição social e cultural do ofensor, bem
como do ofendido ...”

No pensamento de defender o consumidor, o legislador trouxe,


como proteção na relação de consumo de bens e serviços um elenco de normas. Destacamos
algumas:
“Art. 6º do CDC: São
Direitos básicos do consumidor: ...VI – a efetiva
prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais... ...VIII – a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor...” (grifo nossos)
“Art. 14º do CDC: O
fornecedor de serviços responde, independentemente
da existência de culpa, pela reparação de danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação de serviços...”
Como se vê, Exa., todos os motivos que levaram o Autor requerer
a indenização por danos morais estão elencados na legislação atual, cabendo a Ré indeniza-
la pelos danos que sofreu, conforme já acima relatado. Entende o Autor que a Ré deve
indenizá-lo em virtude de danos morais no montante de R$ 29,555.00 (vinte nove mil
quinhentos de cinquenta e cinco).

DOS PEDIDOS

Por tudo exposto, serve a presente Ação, para requerer a V. Exa.,


se digne:

a) a citação do requerido por meio postal, nos termos do art. 246, inciso I, do
CPC/2015 [7];

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b) Requer, também a condenação do réu ao pagamento dos honorários e custas de
sucumbência, em conformidade com o artigo 85 do Novo Código de Processo Civil;

c) a produção de todas as provas necessárias à instrução do feito, principalmente, a


juntada dos documentos que instruem a inicial;

d) ao final, seja dado provimento a presente ação, no intuito de condenar o réu a ao


pagamento de indenização por Dano Moral o valor de R$ 29,555.00 (vinte nove
mil quinhentos de cinquenta e cinco).

e) o ressarcimento a título de Reparação por Dano Material no valor de R$


2,500.00 (dois mil e quinhentos reais) com incidência de juros e correção
monetária a partir da citação.

f) O deferimento da Justiça Gratuita, nos termos da Lei 1060/50, conforme


declaração em anexo;

Dá-se à presente causa, o valor R$ 32,055.00 (trinta e dois mil e


cinquenta e cinco)

Termos em que,
Pede Deferimento.

Acreúna, 05 de setembro de 2022

RICHARD CARVALHO MIRANDA


OAB Nº:60.134

VANESSA FERNANDA RIBEIRO NUNES


OAB Nº:44.884

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