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Processo n. º ___________________________
Conforme será visto adiante, o exequente busca penhorar um crédito que o executado
possa possuir junto a terceiros, em especial junto a empresas intermediadoras de
pagamentos.
Desta forma, justifica-se a necessidade de o presente pleito ser mantido sob sigilo do
executado, ao menos até que seja apreciado e deferido por Vossa Excelência.
O QUE SE PRETENDE BUSCAR E PENHORAR
No caso dos autos, a empresa devedora atua no ramo (inserir o ramo de atuação) da
comercialização de peças de vestuário e, à toda evidência, realiza vendas a crédito. Para
tanto, vale-se do serviço prestado por empresas que são denominadas pelo Banco Central
como instituições de pagamentos ou intermediadoras de pagamento.
Para que Vossa Excelência possa saber exatamente como funciona a relação entre a
empresa devedora, o consumidor de seus produtos e os créditos que aquela têm a receber,
colaciona-se site do Banco Central que esclarece em detalhes a referida relação:
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/arranjospagamento
Frisa-se que quem controla esses recebíveis futuros e os passa à empresa requerida são
justamente as instituições de pagamento ou intermediadoras de pagamento.
No caso em apreço, o exequente descobriu que a requerida vale-se da empresa XXXX como
intermediadora de pagamentos. Tal é o que se vê do comprovante de venda a crédito em
anexo, relativo a uma nova compra feita perante ela, pelo exequente, justamente para
descobrir qual é o intermediador utilizado (para indicar ao juiz qual é o intermediador de
pagamento utilizado pela executada, você deve se valer da Técnica do Dinheiro de Risco).
Por isso que o presente pleito tem o objetivo de, primeiro, descobrir se a requerida possui
créditos futuros a receber da aludida intermediadora e, em segundo lugar, bloquear parte
desses créditos, acaso sejam existentes.
Veja-se, pois, que não existem outros bens a serem penhorados. Por isso o requerente
pugna, agora, pela penhora de parte do faturamento da empresa requerida, como uma de
suas derradeiras opções.
Não existe nada mais injusto do que alguém buscar a Justiça, ter reconhecido o seu direito
a um crédito, mas ao final sair da execução sem conseguir receber o que lhe é de direito.
Por outro lado, não faz sentido algum o devedor, ora executado, ficar desfrutando de um
direito de crédito junto a terceiros, recebendo valores de compras realizadas para
pagamento futuro, enquanto o exequente se vê privado de receber aquilo que a própria
Justiça já reconheceu como devido.
O que se busca, aqui, é reparar uma situação de franca injustiça. Se o devedor tem crédito a
receber, ao menos parte desse crédito deve ser reservado para pagamento de seus
credores, no caso, o exequente.
Não obstante, vale ressaltar que o pedido ora apresentado é totalmente útil e de fácil
materialização. Os créditos futuros do devedor, ao invés de serem pagos a ele, pelas
instituições intermediadoras de pagamento, serão depositados por estas diretamente
nestes autos, até se atingir o valor cobrado nesta execução.
Excelência, cumpre esclarecer que as relações sociais têm se tornado cada vez mais
digitais e tecnológicas. Por isso a necessidade de o Poder Judiciário alcançar, por meio da
penhora, as relações e os arranjos comerciais da era moderna.
Se o requerido se vale de um terceiro para receber seus créditos, é através da cooperação
desse terceiro que a Justiça vai se valer para dar azo à sua função. Esperar que o devedor
irá receber seus créditos futuros em sua conta bancária e aguardar a penhora via SISBAJUD
é utopia e falta de razoabilidade. Por isso a necessidade de se tomar a medida de busca e
penhora agora pugnada.
Ainda vale ser ressaltado que a medida ora pleiteada não apresenta ofensa alguma aos
direitos do executado. Primeiro porque não se está pugnando a penhora da totalidade de
seu faturamento e, segundo, porque o executado poderá exercer plenamente o seu direito
de defesa, no momento e na forma adequados, podendo Vossa Excelência, se for o caso,
liberar em favor dele, posteriormente, eventuais créditos bloqueados.
O que não se pode é permitir que o requerido continue se furtando da Justiça, ocultando
patrimônio (créditos) que tem a receber, fazendo com que esta Vara fique assoberbada de
processos e que Vossa Excelência e os demais operadores do direito fiquem trabalhando
em vão, para ao final arquivar o processo sem que haja sucesso na efetivação do direito
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