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Mas, de outro lado, quando compreendemos o que é o assédio moral como ele
se manifesta e como ele pode ser prevenido ou combatido contribuímos para
que esse tema fique distante do nosso dia a dia de trabalho e de nossa
empresa. Ele passa a figurar apenas como realidade de livros, publicações ou
notícias de outras empresas.
Conhecer e refletir a respeito do tema é uma das medidas que podem proteger
a organização desse mal que tanto prejudica as relações de trabalho. Por isso,
convidamos você a refletir sobre as informações e questões que serão
apresentadas ao longo dos módulos deste curso. Procure sempre estabelecer
paralelos com a realidade que você vivencia e reflita se algo na sua conduta
profissional ou ambiente de trabalho precisa ser revisto.
Para iniciar esse percurso vamos apresentar algumas situações que podem
ocorrer na Empresa:
“Eu sempre fui um pouco avessa às redes sociais. No entanto, fui convencida
por dois colegas de trabalho que fazem parte da equipe pela qual sou
responsável de que é necessário passar a usá-las seja para auxiliar no dia a
dia de trabalho para ampliar as relações ou ficar antenado com o que
acontece na Empresa e no mundo. Além disso, percebi que eu estava
geralmente por fora das novidades que a equipe trazia principalmente
assuntos que eram publicados em redes sociais. Acabei cedendo aos
argumentos dos colegas e para começar criei uma conta em uma rede social
de compartilhamento de fotos. Montei minha rede de relacionamentos e
passei a seguir e aceitar ser seguida por amigos e colegas de trabalho. Depois
de algum tempo fiquei surpresa com postagens que um integrante da minha
equipe geralmente fazia compartilhando fotos de estagiários da área
caracterizados como burros de carga. Ainda que esse integrante da equipe
procurasse esconder o rosto dos estagiários era possível identificá-los pelas
roupas tipo físico e local de trabalho. As publicações renderam várias curtidas
e comentários desrespeitosos inclusive de outros colegas de trabalho da
equipe.”
Por isso, é necessário estar atento e sensível ao contexto e aos sinais que as
pessoas e o ambiente transmitem observando a si próprio e aos outros de
forma constante madura e sincera.
E também já deve ter se perguntado: de onde vem esse termo? O que significa
exatamente? Como identificar atos que podem ser classificados como assédio
moral? Quais as consequências do assédio moral no ambiente de trabalho?
Nós vamos conhecer um pouco sobre esse tema procurando diferenciar o que
pode ser ou não considerado assédio moral no trabalho conhecer a origem do
termo principais características e os tipos existentes. Mas, antes de conceituar o
assédio moral no trabalho é necessário conhecermos um conceito mais amplo e
anterior a ele. Trata-se do dano moral que compreende a ofensa à dignidade da
pessoa e à sua honra.
(NASCIMENTO, 2015)
Quando algum ato ou alguma prática atingem a esfera íntima de uma pessoa
atingem sua dignidade ou sua honra a consequência é o dano moral.
A proteção à dignidade humana é tão importante que tanto a Constituição
Federal quanto o Código Civil contemplam a proteção à nossa dignidade sendo
assegurada a reparação por dano moral decorrente de atos que atentem contra
esse direito fundamental.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Esse assunto é tão relevante nos dias atuais que a ONU, por intermédio da
Organização Internacional do Trabalho instituiu a Declaração sobre os Princípios
e Direitos Fundamentais no Trabalho.
Essa declaração prevê expressamente que devem ser eliminadas quaisquer
formas de trabalho forçado ou obrigatório e toda e qualquer forma de
discriminação em matéria de emprego e ocupação.
O assédio moral é uma prática de constrangimento que gera dano moral e que
contraria princípios da nossa Constituição sendo um ato condenado por se
tratar de conduta que pode gerar dano a direitos fundamentais.
“No início dos anos 80, Heinz Leymann, doutor em psicologia e professor na
Universidade de Estocolmo, começou a investigar o sofrimento no trabalho e
chegou a resultados inéditos e preocupantes, que o estimularam a ampliar
em nível nacional as suas pesquisas.
(FREITAS, 2017)
O termo assédio vem do latim e significa “sentar-se em frente de”. O termo era
empregado para caracterizar o momento em que os exércitos romanos se
posicionavam em volta das cidades que queriam conquistar. Ao permanecerem
dispostos em volta das cidades tanto a entrada quanto a saída eram vedadas.
Você pode ter se deparado com diferentes definições para o assédio moral no
trabalho. Conheça algumas dessas definições.
“É toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por
comportamentos, palavras, gestos, escritos que possam trazer dano à
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa,
pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.”
(HIRIGOYEN, 2017)
(MATHIES, 2018)
(MARTINS, 2017)
(NASCIMENTO, 2015)
Resumindo, podemos entender que assédio moral é toda conduta abusiva seja
por meio de gestos, palavras atitudes, ou comportamentos que ocorrem de
forma repetida expondo a pessoa a situações humilhantes e constrangedoras
atingindo a sua dignidade psíquica ou física ameaçando seu emprego ou
degradando seu clima de trabalho.
Requisitos
O assédio moral pode ter impactos muito negativos na vida de uma pessoa
ainda que sua prática seja silenciosa ou disfarçada.
A prática do assédio ocorre por meio de comportamentos aparentemente
insignificantes como gestos, palavras, ações ou omissões que refletem um
processo de violência invisível capaz de atingir a vítima.
Para que uma prática possa configurar assédio moral deve possuir,
necessariamente “conduta abusiva”, “natureza psicológica”, “conduta reiterada”
e “intenção”.
Conduta abusiva
Natureza psicológica
Conduta reiterada
Na “intenção”, como o próprio nome diz a prática do ato de assédio tem que ser
intencional. O assediador pratica o ato com a intenção de atingir a vítima
causando seu isolamento humilhação, constrangimento seja com o objetivo de
prejudicar a vida funcional da vítima, ou, simplesmente de mantê-la sob tortura
psicológica. Às vezes uma pessoa pode entender que está sendo assediada mas,
se faltar a intenção de quem pratica o ato não se trata de assédio e sim uma
possível interpretação equivocada dos fatos. Por esse motivo, a análise deve ser
realizada caso a caso.
Espécies
Os atos são frequentes e dirigidos a um São ocasionais e não têm como foco atingir
determinado profissional ou grupo. uma pessoa específica.
Gera consequências para o clima de trabalho Gera desconforto naqueles que presenciam,
da equipe. no entanto, não traz prejuízo permanente
para o clima organizacional.
Visa atacar e causar dano ao profissional ou Tem como fundamento contribuir para o
equipe. desenvolvimento de uma atividade ou
processo.
Para refletir um pouco mais a respeito desses aspectos veja algumas situações
que são comuns no ambiente de trabalho e que não caracterizam assédio:
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 5
Situação 6
Um empregado que cumpre jornada de 6 horas foi notificado por sua chefia
quanto à necessidade de retorno ao cumprimento da jornada de 8 horas. A
chefia fundamenta a decisão no que prevê a norma que regulamenta o tema
e na necessidade de realização de entregas complexas e urgentes ao cliente.
Adicionalmente, ressalta que o empregado é quem que possui expertise no
assunto e perfil adequado para concretização da entrega.
Situação 7
Situação 8
Devemos lembrar também que o gestor deverá estar respaldado por normas
legislação, necessidades de serviço ou mesmo direcionamentos organizacionais.
3. Legislação e Regulamentação sobre
Assédio Moral e suas consequências
Introdução do módulo 03
Considerando que o assédio moral é uma prática que, infelizmente tem sido
identificada de maneira recorrente no mundo do trabalho, você tem ideia de
como as leis e os regulamentos brasileiros tratam esse tema? Quais as
consequências de tal prática? Como atos que atentam contra a dignidade do
profissional podem impactar as organizações e os empregados?
Essas são questões que serão respondidas ao longo deste módulo. Ao final,
esperamos que você compreenda como a nossa legislação tem tratado o tema e
quais os efeitos da prática de assédio moral, tanto na esfera do indivíduo que
sofre o assédio quanto no âmbito organizacional. Busque, durante os estudos
elementos que possam auxiliar na reflexão a respeito do seu papel para coibir o
assédio na Empresa.
Para saber o que dizem as leis francesa e sueca veja os itens a seguir.
Legislação da Suécia:
Por fim, afirma que entrevistas individuais e trabalhos em grupo devem ser
estimulados, com conversas francas, abertas e respeitosas.”
(NASCIMENTO, 2004)
Legislação da França:
A França foi o país pioneiro a instituir uma lei propriamente dita em seu
ordenamento jurídico, na busca de coibir o assédio moral. A normatização
está no Capítulo Quatro da Lei 2002 73 de Modernização Social (Capítulo IV
da Lei 2002-73), promulgada em 2002, que prevê, em resumo:
No Brasil, mesmo não havendo ainda uma legislação federal específica que
tipifique o assédio moral é possível resguardar os direitos do trabalhador nas
esferas cível, administrativa e trabalhista utilizando como base a Constituição
Federal de 1988 e outras legislações existentes.
Constituição Federal
Código Civil
Art. 187. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Decreto 1.171/94
Como vimos, o Brasil ainda não possui uma lei federal que tipifique as práticas
que configuram o assédio moral no trabalho. Mas, além da legislação
apresentada há também iniciativas nas esferas municipal e estadual referentes
à edição de leis com o objetivo de proteger servidores públicos de práticas que
atentam contra a dignidade dos profissionais.
Nos termos desse projeto de lei o crime estará caracterizado quando alguém
ofender reiteradamente a dignidade de outro, causando-lhe dano, sofrimento
físico ou mental no exercício de emprego, cargo ou função.
E como a equipe da qual a vítima faz parte pode reagir a esse tipo de
situação?
A equipe na qual a vítima está inserida também poder ser impactada com a
ocorrência do assédio moral. Os colegas de trabalho da vítima ao assistirem as
condutas assediadoras poderão sofrer com a situação, tanto pelo sentimento de
impotência e pela sensação de impossibilidade de reversão daquela situação,
quanto pelo receio de que as práticas de assédio possam ser dirigidas a outras
pessoas do grupo.
Poderá também caber crime de ameaça previsto no artigo 147 do Código Penal
não se esgotando a possibilidade de incriminação das condutas assediadoras.
De acordo com Lei 8.429 caso o agente público utilize de sua condição para
assediar outros agentes públicos a ponto de afetar consideravelmente o
ambiente de trabalho em detrimento da finalidade institucional o ato pode ser
enquadrado juridicamente como improbidade.
Nesse caso, a punição poderá ser ressarcimento integral do dano sofrido pelo
ente público, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, multa civil de
até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e, até mesmo,
proibição de contratar com o Poder Público, e receber benefícios ou incentivos
fiscais e creditórios.
Conforme pôde ser observado o assédio moral no trabalho é uma conduta que
pode gerar severas consequências para a saúde da vítima para o ambiente
organizacional e até mesmo para a sociedade.
4. Entendendo como o assédio moral
ocorre
Introdução do módulo 04
Mas, você já refletiu sobre quais condutas práticas no dia a dia profissional
podem configurar o assédio moral no trabalho?
As opções de condutas que podem ser escolhidas pelo assediador para atingir
seu alvo são inúmeras justamente por estarmos falando de um fenômeno
comportamental. Por isso, é muito importante estarmos atentos a ocorrências
como as exemplificadas tanto para interromper uma tentativa de assédio que
esteja em curso quanto para adotar as medidas pertinentes e reduzir os danos
para a vítima para a Empresa e para a sociedade.
Apresentaremos a seguir estratégias que podem ser adotadas pela vítima para
tratar situações que configuram ou podem passar a caracterizar o assédio no
ambiente de trabalho.
A primeira coisa para se ter em mente é que não é aceitável alguém causar a
você ou a um colega constrangimento, humilhação, desrespeito ou cerceamento
de maneira reiterada e intencional. Independente da posição ou importância
que tenha na empresa ou no grupo.
Por isso, não se submeta! Diga não ao assediador!
Sempre que possível procure o autor da conduta e trate de forma aberta sua
insatisfação com aquele fato solicitando a ele que não mais adote tal
comportamento.
Esse tipo de atitude é importante mesmo em uma situação pontual que não
configure necessariamente o assédio moral mas que possa ser desrespeitosa no
contexto das relações profissionais.
Caso o gestor seja o próprio agente assediador ou, por algum motivo, você não
sinta confiança para compartilhar as situações e solicitar ajuda da sua chefia
procure apoio e solicite a intervenção do gestor imediatamente superior.
Quando a atuação gerencial não for suficiente para resolução do problema você
deve buscar suporte junto à Comissão de Ética da Empresa relatando condutas
consideradas inaceitáveis sob o ponto de vista ético. A Comissão de Ética poderá
orientar sobre como agir na busca de alternativas para o tratamento e a solução
do problema.
Para ajudar um colega que, na sua avaliação tem sofrido com uma conduta
assediadora de outro empregado é fundamental que você tenha clareza do que
é considerado assédio moral no trabalho.
Ainda que você tenha receio de se expor e sofrer retaliações caso tenha
presenciado cenas de humilhação, desrespeito, constrangimento ou
discriminação dirigida a um colega manter-se em silêncio contribui para a
perpetuação da prática inadequada e até mesmo para a cristalização do assédio
moral.
Como colega, que testemunha ou tem conhecimento desse tipo de prática há
algumas ações que você pode adotar. Vamos conhecer algumas delas!