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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

Lays Sthefany Santana Menezes Carvalho


Orientadora: Profa. Fernanda Oliveira Santos

ITABAIANA
2021
LAYS STHEFANY SANTANA MENEZES CARVALHO

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo –


apresentado ao Curso de Direito da
Universidade Tiradentes – UNIT, como
requisito parcial para obtenção do grau de
bacharel em Direito.

Aprovado em: ___/___/___.


Banca Examinadora
____________________________________________________
Fernanda Oliveira Santos
Professor Orientadora
Universidade Tiradentes
____________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes
____________________________________________________
Professor Examinador
Universidade Tiradentes
ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

MORAL HARASSMENT IN THE WORKPLACE

Lays Sthefany Santana Menezes Carvalho¹

RESUMO

O presente artigo apresenta uma reflexão a respeito do assédio moral no


ambiente de trabalho. Foram conduzidas pesquisas bibliográfica e de campo foram
entrevistados trabalhadores e empregados de três empresas da cidade de
Itabaiana/SE cercado tema em análise. Ficou evidente a necessidade de haver
práticas cada vez mais relevantes que reduzam os índices de assédio moral, tendo o
Direito do Trabalho como grande aliado do empregado. O artigo destacou a figura do
empregador, o qual precisa estar cada vez mais consciente de que seu papel mudou,
passando de mero contratante para mediador e motivador do desempenho do
funcionário para desenvolver suas atividades de forma espontânea, ou seja, em
produzir conhecimento e contribuir com o progresso da empresa sem
constrangimentos.

PALAVRAS-CHAVE: Assédio moral; trabalhador; local de trabalho.

ABSTRACT

The present article shows reflection about of the moral purse work. They were
conducted bibliography and survey and of on-site they were conducted workers and
employees of four companies of the city of Aracaju about of the theme in round up. It
stated evident the necessity for to have practices more and more relevant that it
reduces the indexes of moral purse Labor Law having as strong associated with
employee. The article detached is a real character of the employer what he needs to
be more and more conscious of that your role changed, was passing of the sheer
business transaction to mediator and motivator of the performance of the employee to

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deconvolve loment your activities of spontaneous form that is in produce knowledge
and contribute with the progress of the company without constraint.

KEYWORDS: moral purse; work on; site of the work.

1. INTRODUÇÃO

Com a globalização, as desigualdades sociais se intensificam, entre as quais


se destacam: o trabalho, o capital, as etnias, religiões, as relações entre sociedade e
natureza. Todas elas estão envolvidas num mesmo intuito, na globalização do
capitalismo (IANNI, 2001, p. 12).
Nesse nível de sociedade global e de um universo de objetos, existem as novas
tecnologias da informação e da comunicação, que fazem parte desse momento e que
surgem acompanhadas por uma nova maneira de relacionamento entre: economia,
ciência, política e novas formas de trabalho. Com isso, o conceito de espaço é
modificado e surgem outras lógicas ligadas à ideia de tempo e à forma como as
pessoas se comunicam. O assédio moral é qualquer conduta abusiva, a exemplo de
gestos, palavras, escritos, comportamentos, atitude, entre outros, que intencional e
frequentemente, fere a dignidade e integridade física ou psíquica, ameaçando seu
emprego ou degradando o clima de trabalho de uma pessoa, segundo definição da
psicóloga Marie-France. (HIRIGOYEN, 2001, p.10)
Nesse contexto, é importante entendermos que a globalização não tem nada a
ver com a homogeneização, já que há no mundo um universo de diversidades,
desigualdades e conflitos (IANNI, 2001, p.31).
O que vivemos hoje se trata de uma nova realidade que está a nossa volta
fazendo com que os indivíduos interajam, fazendo com que haja uma mistura de cor,
raça, religião dialetos, a fim de proporcionar o conhecimento e aprimoramento de
culturas até então desconhecidas. Ou seja, o mundo vive uma nova era, onde tudo se
desenvolve com mais agilidade, rapidez e velocidade. É um universo de desafios,
medos, angústias, mas também de denominação, aprimoramento, preponderância,
oposição de ideias, de autoridade, etc.
Humilhações, afrontas, rebaixamento, vexame e xingamentos. Tais ocasiões
são enfrentadas por trabalhadores que sofrem o Assédio Moral. Este é um fenômeno
do ordenamento jurídico que surgiu com as transformações da sociedade e a

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veemência sociológica nas relações de trabalho. Essa conduta não é recente. A
novidade é a grandiosidade da incidência. No contexto atual com a globalização, o
capitalismo, a grande desvalorização do homem, o incentivo ao individualismo e a
questão do desemprego, o ambiente se torna propício para intensificação do instituto.
No Brasil o instituto não foi legislado, todavia gradativamente vem sendo
recebido por ramos do direito, em destaque pelo Direito do Trabalho, se diagnosticado
o Assédio Moral, e outras consequências, podem acontecer a nulidade da despedida
e a reintegração do emprego, resolução do contrato do empregado por
descumprimento de deveres legais e contratuais ou por rigor excessivo ou exigência
de serviços além das forças do trabalhador. Outrossim, permite a justa causa do
agressor, que podem ser colegas, gerentes, diretores que se portaram ilicitamente.
Inclusive o instituto em análise tem sido considerado como doença profissional, com
as consequências que pode ocasionar.
O principal efeito jurídico que o Assédio Moral pode propiciar são indenizações
na seara material e moral. Quando nos referimos a dano material, há reparação com
despesas e prejuízos ocasionados pela perda do emprego com médicos, psicólogos
etc. E no âmbito moral, há a reparação pela agressão à vítima de sua honra, da boa
fama, respeito, autoestima. Vale ressaltar que o que também motiva as indenizações,
é o fato de ser garantido pela constituição o respeito à dignidade da pessoa humana,
à cidadania, patrimônio moral do operário. Se comunicar ultrapassa o meio formal.
Nesse sentido, o presente artigo apresenta uma reflexão a respeito do assédio moral
e busca auxiliar os empregadores para que possam proteger a vida do trabalhador e
sua sanidade mental. Para o alcance dos objetivos propostos, o método utilizado para
realizar e desenvolver este trabalho é a dedução, por meio de pesquisa bibliográfica,
coletou-se dados oriundos de artigos, livros, e demais obras referenciadas.
É sabido ainda que os métodos utilizados podem não só penetrar na ciência e
conferir legitimidade à pesquisa, mas também tornar prática a pesquisa científica.
Nesse preconceito, aponta-se que o método dedutivo, também denominado de
raciocínio dedutivo, se caracteriza por analisar os aspectos gerais do objeto e do
ambiente a fim de encontrar um determinado resultado final. Portanto, devido à
herança das ideias e pensamentos de Aristóteles, o método dedutivo adota um
silogismo, ou seja, há uma premissa maior e uma segunda premissa menor para se
chegar a uma conclusão.

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No entanto, vale ressaltar que a metodologia deve seguir as normas, princípios
e teorias consideradas corretas pela comunidade científica para avaliar a metodologia
aplicada e os resultados alcançados com as pesquisas realizadas.
Outrossim, o trabalho também teve suporta a partir das perguntas: Já ouviu
palavras de baixo calão contra a sua pessoa? Você já recebeu críticas em público?
Chegou a ficar doente por conta do seu trabalho? Que foram colhidas junto a 40
empregados, em 04 empresas da cidade de ITABAIANA/SE, a respeito da ocorrência
de Assédio Moral. Além disso, foi apresentado e explicado sobre a temática para os
envolvidos, visando a prevenção e a denúncia do Assédio Moral.

2. O ASSÉDIO MORAL NO CONTEXTO DO TRABALHO

O assédio moral no contexto do trabalho é uma espécie do gênero assédio,


sendo que ‘’assédio é a insistência, teimosia junto a alguém, pode ser de natureza
sexual ou moral” (AURÉLIO, 2016). O portal do Ministério do Trabalho e Emprego
elenca as condutas mais frequentes do assédio moral. Dentre essas podemos
mencionar: instruções confusas e imprecisas ao trabalhador, dificultar o trabalho,
atribuir erros imaginários ao trabalhador; exigir sem necessidade trabalhos urgentes,
sobrecarga de tarefas, agressão física ou verbal (quando no recinto só estão o
assediador e a vítima), situações vexatórias, ameaças, isolamento e insultos.
Salienta-se que o assédio moral não é crime. Todavia, o Direito do Trabalho
ampara trabalhadores que sofrem o assédio. Estes devem ser indenizados, sendo
uma maneira de tentar coibir novos casos. Essa atitude não pode ser tolerada, é
imprescindível o respeito nas relações humanas. Entretanto não é qualquer conduta
sofrida pelo empregado que vai se caracterizar o assédio moral.

2.1 CONDUTA DE NATUREZA PSICOLÓGICA

Para caracterização do Assédio Moral é necessária qualquer conduta agressiva


ou vexatória com o propósito de humilhá-la, fazendo-a se sentir inferior. Também
denominado de terror psicológico, psicoterror, violência psicológica. As vítimas das
humilhações passam a ser vistas de forma negativa.
Sob o prisma de Nascimento (2004), a condutado agressor acaba degradando
o clima de trabalho, pode ser prática persistente de danos, ofensas, intimidações ou
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insultos, abusos de poder ou sanções disciplinares injustas que induzem, naquele a
quem se destina, sentimento de raiva, ameaça, humilhação, vulnerabilidade que
minam confiança em si mesmo. Visto que o trabalho não é meramente para garantir
o sustento da família, também é relevante para a definição da personalidade humana,
como fonte
Desta forma, a conduta do assediador deve ter sempre o intuito de findar com
a autoestima do assediado, de inferiorizá-lo, de fazê-lo sentir-se humilhado e fazer
com que ele pense que é grande culpado pelo momento que está enfrentado. É pela
subjetividade da conduta, que tem o intuito de atingir o psicológico, que fica difícil
identificar o assédio moral. Visto que a situação engloba a pessoa que certas vezes é
levada a pensar que é levada a pensar que é merecedora do sofrimento ou causadora
da situação.
O segundo aspecto que caracteriza o assédio moral é a conduta repetitiva, pois
se trata de uma situação cuja a vítima sofrerá lesões psíquicas e não será com ato
esporádico. A vítima passará por diversas humilhações, xingamentos repetitivamente,
até que atinja a autoestima. Na vertente de Silva:

Devemos ter em foco que o assédio moral não se caracteriza por


eventuais ofensas ou atitudes levianas isoladas por parte do superior.
Muito mais do que isto, o assédio moral estará presente quando a
conduta ofensiva estiver revestida de continuidade e tempo
prolongado, de forma que desponte como um verdadeiro modus
vivendi do assediador em relação às vítimas, caracterizando um
processo específico de agressões psicológicas. (SILVA, 2005, p.15)

Além disso, como considera Silva (2005) não é preciso um determinado período
de tempo para configuração do assédio. Nesse ínterim, o assédio moral possui
algumas diferenças com relação ao dano moral, em alguns casos, existe um encontro
entre eles. O assédio moral exige que sejam realizadas práticas hostis de forma
reiterada, com certa freqüência e duração (FEIJÓ, 2011, online). A frequência,
estatisticamente como disse Heiz Leymann e não um palpiteiro é de uma vez por
semana. A duração é estatisticamente comprovada por Heinz Leymann e não por um
palpiteiro, de pelo menos 6 meses. Contudo, pela natureza humana cada indivíduo
reage de uma forma ao assédio, logo não pode determinar com precisão por quanto
tempo a vítima tenha o psicológico alterado. Desta forma, o caso concreto deve ser
analisado.

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Nesse contexto, no ano de 2020, o portal do Ministério do Trabalho e Emprego
colocou que entre os objetivos do assediador estão: excluir a vítima do local de
trabalho, acabar com a autoestima, fazer com que a pessoa se sinta inútil,
ocasionando a falar em demissão, aposentar-se precocemente ou solicitar licença
médica. Além disso, pode-se encontrar a prática pelo agressor de atos que ocasionem
terror psicológico por outros motivos. O agressor que pratique a violência psicológica
meramente pelo prazer de manter a vítima submetida a torturas, de ordem psíquica e
moral, motivando conduta pela tendência sádica.
Outrossim, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Conselho Superior da
Justiça do Trabalho (CSJT) iniciaram uma série de ações de conscientização sobre o
tema e a partir da Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral, nota-se que outra
possibilidade dessa violação é quando o agressor visa apenas provar seu poder por
intermédio do predomínio do medo e da insegurança da vítima e outros trabalhadores
da empresa. Diversas vezes o fim do assediador é massacrar o mais fraco, porque o
medo provoca conduta de obediência da vítima e de outros empregados ao seu redor.
Ele é temido e a probabilidade da vítima ser auxiliada pelos que a cercam é remota.
São três características para configurar assédio moral: conduta psicológica repetitiva
e para excluir a vítima. Sabe destacar que devem aparecer conjuntamente, isto é, se
faltar uma delas, não será enquadrada como assédio moral.

2.2 CONDUTA DE NATUREZA PSICOLÓGICA

De acordo com Nascimento (2008), a não configuração do assédio moral pela


ausência do dano psíquico não exime o agressor da devida punição, pois a conduta
será considerada como lesão à personalidade do indivíduo, ensejando o dever de
indenizar o dano moral daí advindo.
Refletindo sobre a questão da pessoa que resiste à doença psicológica, por ter
boa estrutura emocional ou buscou ajuda profissional de psicólogos ou psiquiatras,
não será prejudicada, haverá reparação pelo dano moral. A autora em tela entende
que a configuração do assédio moral depende de constatação da existência do dano,
na situação da doença psíquico-emocional. Sendo necessária perícia de especialista,
para que com laudo, informe sobre o dano, aferindo, inclusive o nexo causal.
(NASCIMENTO, 2008, p.52)

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Parcela da jurisprudência concorda com esse entendimento que é preciso o
quarto requisito para ter o assédio moral:
EMENTA - ASSÉDIO MORAL - INDENIZAÇÃO - Na caracterização do
assédio moral, conduta de natureza mais grave, há quatro elementos
a serem considerados; a natureza psicológica, o caráter reiterado e
prolongado da conduta ofensiva ou humilhante, a finalidade de
exclusão e a presença de grave dano psíquico –emocional, que
comprometa a higidez mental da pessoa, sendo passível de
constatação pericial. Por outras palavras, o assédio moral, também
conhecido como ‘terror psicológico”, mobbing, “hostilização no
trabalho”, decorre de conduta lesiva do empregador que abusando do
poder diretivo, regulamentar, disciplinar ou fiscalizatório, cria um
ambiente de trabalho hostil, expondo o empregado a situações
reiteradas de constrangimento e humilhação, que ofendem a sua
saúde física e mental. Restando evidenciado nos autos que o
empregador, ao instaurar “Rito de Apuração Sumária”, para apurar
irregularidades imputados à reclamante, extrapolou os limites
regulamentar que lhe são facultados, expondo o reclamante a um
período prolongado de pressão psicológica, além do permitido no
regulamento, devido se tornar o pagamento da indenização pleiteada”
(TRT-3 - RO: 433006 00715-2005-080-03-00-7, Relator: Maria Lucia
Cardoso Magalhaes, Terceira Turma, Data de Publicação:
20/05/2006, DJMG. Página 7. Boletim: Sim.)

Dentro disso, a luz de Barros (2011) e parte da jurisprudência, a mais


moderna, dispensam a confirmação de dano psíquico emocional para se configurar
dano moral. O conceito de assédio moral deverá ser definido pelo comportamento
do assediador, e não pelo resultado danoso. Ademais, a constituição vigente protege
não apenas a integridade psíquica, mas também a moral. A se exigir o elemento
alusivo ao dano psíquico como indispensável ao conceito de assédio, teríamos um
mesmo comportamento caracterizando ou não a figura ilícita, conforme o grau de
resistência da vítima, ficando sem punição as agressões que não tenham
conseguido dobrar psicologicamente a pessoa”.
Dessa forma, a mesma conduta não pode se esperar resultados distintos
dependendo do modo como a vítima reagirá. A conduta punível é a do agressor e não
da vítima. Por conseguinte, a reação da vítima não pode ser o fato determinante à
incidência ou não do assédio moral, senão o que era avaliado era o comportamento
da vítima. Grande parte da doutrina entende que o quarto elemento seja dispensado
para a configuração do Assédio Moral.

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3. ESPÉCIES DE ASSÉDIO MORAL

Na vertente de Delgado (2014) existem casos diferenciados que ocorrem


rotineiramente, e são reconhecidos como espécies típicas de assedio. No tocante ao
assédio temos três espécies: Assédio Moral Vertical, Assédio Moral Horizontal e
Assédio Moral Misto. O primeiro ocorre de duas maneiras. Praticado pelo
hierarquicamente pelo superior com o propósito de atingir o subordinado, é o vertical
descendente. E a outra é quando é praticado pelo hierarquicamente inferior, visando
assediar o superior, é o vertical ascendente. O autor ainda esclarece que o Assédio
Vertical Descendente é o mais comum, dado que remete à figura do chefe ou superior
hierárquico pressionando o empregado. Acrescenta-se ainda que é comum pelo poder
diretivo, fiscalizatório da empresa que é repassado aos prepostos. A questão é o no
uso dessas prerrogativas, como deixar o trabalhador sem atividade ou sem
ferramentas, dar-lhe tarefa difícil e procurar erros para demiti-lo. Ademais, o Assédio
Vertical ascendente é o caso da secretária que tem ciência de fato de atitude errônea
cometida pelo patrão e passa a assediá-lo para que ele faça suas vontades sob o
risco de ela o denunciá-lo. A vítima é o supervisor hierárquico e podem ser vários
agressores concomitantemente.
Nesse contexto, Delgado (2008) explica que no ambiente de trabalho, o assédio
moral pode ser classificado de acordo com a sua abrangência. Sendo o assédio moral
interpessoal, o qual corre de maneira individual, direta e pessoal, com a finalidade de
prejudicar ou eliminar o profissional na relação com a equipe, e o assédio moral
institucional, quando a própria organização incentiva ou tolera atos de assédio. Neste
caso, a própria pessoa jurídica é também autora da agressão, uma vez que, por meio
de seus administradores, utiliza-se de estratégias organizacionais desumanas para
melhorar a produtividade, criando uma cultura institucional de humilhação e controle.
Inclui-se ainda que na visão da psicóloga Marie-France Hirigoyen, no Assédio
Moral há a cumplicidade de todo um grupo para se livrar de um superior hierárquico
que lhe foi imposto e que não é aceito. É o que acontece com frequência na fusão ou
compra de um grupo industrial por outro. Faz-se um acordo relacionado à direção para
“misturar” os executivos vindos de diferentes empresas, e a distribuição dos cargos é
feita unicamente por critério políticos e estratégicos, sem qualquer consulta aos
funcionários. Estes, de um modo puramente instintivo, então se unem para se livrar
do intruso (HIRIGOYEN, 2001, p.24)
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Ainda de acordo com os estudos de Delgado (2008), a agressão psicológica
sofrida pelo assédio vertical ascendente é tão grave quanto no assédio vertical
descendente. O assédio moral horizontal é aquele praticado entre sujeitos no mesmo
nível hierárquico. Dentre as causas para esse tipo de assédio estão: busca de
promoção, intolerância religiosa, ética, política, entre outros. A espécie em análise
lembra o bullying, que no Brasil é sinônimo de Assédio Moral.
Nas Inglaterra o bullying foi criado para descrever o comportamento humilhante
de crianças em relação às outras, Oliboni (2008). Essa postura é comum entre elas.
Constata-se a inexistência de hierarquia entre elas, entretanto pode acontecer a
agressão como modo de exclusão por causa de características pessoais. Observa-se
as agressões, outrossim no ambiente de trabalho. Dentro disso, as empresas
observam esse tipo de assédio e se mantêm estáticas acreditando estimular
produtividade. Contudo esquecem que a empresa se responsabilizará pelo
acontecimento, à proporção que o assédio perdura em razão da omissão, da
tolerância, ou até do estímulo da empresa procurando competitividade interna.
Por fim, Delgado (2008) esclarece que no que diz respeito ao Assédio Moral
Misto, ele requer a presença de três sujeitos: assediador vertical, assediador
horizontal e vítima. O assediado é atingido por superior e colegas. a agressão tende
a se generalizar, o superior começa a excluir trabalhador ou por temerem ou
almejarem se posicionar ao lado do superior, passam a ter a mesma posição. A vítima
é culpada por tudo errado que há na empresa. Quem assiste ao assédio geralmente
age ou se omite, colaborando para o resultado desejado pelo agressor originário. A
vítima é denominada de “bode expiatório”.

4. A FIGURA DO AGRESSOR

No que concerne a figura do agressor geralmente é narcisística e o sujeito tem


predisposição a colocar ação características de personalidade. O perfil é relacionado
a um senso grandioso de sua relevância imaginando que dispõe de poder ilimitado e
que isso é uma evolução para o mesmo. Inclusive o agressor se estima especial
convicto de que todos têm que sofrer influências psicológicas e que tudo lhe é devido.
Exemplos dessas características se justificam devido ao fato de o agressor
explorar o assediado nas relações interpessoais, sem a tendência para se sentir o
mesmo que outra pessoa. Visto que o agressor sente inveja dos outros e se defende
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com condutas presunçosas. Para que o agressor se enalteça e logre êxito, emerge a
“perversidade aparente’, isto é, o perfil é perverso, consequentemente a existência é
direcionada para lesar o próximo.
Nessa perspectiva, de acordo com a Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral,
desenvolvida pelo o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Conselho Superior da
Justiça do Trabalho (CSJT), vale pontuar que exigir que o trabalho seja cumprido com
eficiência e estimular o cumprimento de metas não é assédio moral. Toda atividade
apresenta certo grau de imposição a partir da definição de tarefas e de resultados a
serem alcançados. Além disso, dependendo do tipo de atividade desenvolvida, pode
haver períodos de maior volume de trabalho. A sobrecarga de trabalho só pode ser
vista como assédio moral se usada para desqualificar especificamente um indivíduo
ou se usada como forma de punição. Acrescenta-se ainda que para gerir o quadro de
pessoal, as organizações cada vez mais se utilizam de mecanismos tecnológicos de
controle, como ponto eletrônico. Essas ferramentas não podem ser consideradas
meios de intimidação, uma vez que servem para o controle da frequência e da
assiduidade dos colaboradores. Ademais, a condição física do ambiente de trabalho
(ambiente pequeno e pouco iluminado, por exemplo) não representa assédio moral, a
não ser que o profissional seja colocado nessas condições com o objetivo de
desmerecê-lo frente aos demais.
Logo, atos isolados não são capazes de configurar assédio moral, consoante
orientação também da atual jurisprudência sobre o assunto, in verbis:

ASSÉDIO MORAL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.


PRESSUPOSTOS. Por ofender direitos fundamentais e
personalíssimos do empregado, o assédio moral rende ensejo ao
dever de indenizar, decorrente da responsabilidade civil subjetiva, que
tem como pressupostos a conduta comissiva ou omissiva do
empregador, a existência de dano real à vítima e a relação de
causalidade entre a conduta do agente e os danos experimentados.
Se a prova produzida nos autos, contudo, não demonstra a repetição
sistemática de conduta abusiva do superior hierárquico, direcionada à
minar a estabilidade psíquica do trabalhador, com clara intenção de
exclusão do indivíduo, inviável se torna o reconhecimento de prática
de assédio moral. Recurso da reclamante conhecido e, no mérito, não
provido. (TRT 10ª R.; RO 0000014-03.2012.5.10.0020; Relª Desª
Heloisa Pinto Marques; DEJTDF 19/10/2012; Pág. 159)

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4.1 A FIGURA DO ASSEDIADO

Quanto a figurado assediado, muitos são indivíduos à margem da sociedade.


A partir disso, a vítima assume a culpa acreditando que deveria ser mais flexível e
paciente, por até mesmo considera a ação como uma brincadeira do agressor. A
situação se perdura ao chegar ao ponto de a vítima estar numa fase avançada de
depressão, sem reconhecimento de seu trabalho. Outras vítimas são pessoas com
perfis ingênuos, que não acreditam que o agressor seja “destruidor”. Esses indivíduos
tentam contornar a situação, porque para quem não é perverso é quase impossível
encontrar num primeiro instante maldade. Logo, a vítima tece críticas a si mesmo e se
pergunta qual foi o erro cometido por ter dado causa ao comportamento alheio.
Dentre os tipos de violência direta de assédio moral temos: gritos do agressor
com injúrias e ameaças de violência moral ou física; intromissão na vida pessoal ou
fora do local de trabalho, a exemplo de perseguição, espionagem. As consequências
na saúde do assediado são: depressão, estresse, choro sem razão, mal estar,
cansaço exacerbado, irritação, falta de interesse pelo trabalho, insônia, redução da
capacidade de memorização, isolamento, tristeza, dispersão, falta de interesse em
interagir com outras pessoas, perca de peso ou aumento, pensamentos suicidas,
problemas digestórios.
Em entrevista realizada, no dia 21/03/2013, pela Revista virtual EXAME.COM
e disponível no seu site, o advogado Aparecido Inácio explicou que para se confirmar
assédio moral, as ofensas e agressões devem ser constantes, pois, uma bronca não
caracteriza o assédio. Este não ocorre na entrevista de emprego, e sim durante
contrato de trabalho. (TOLEDO, 2013)
O advogado salienta que existem duas modalidades de assédio: o individual,
que é contra uma pessoa e o coletivo que é contra um grupo de indivíduos. Este é
chamado de Assédio Moral horizontal. Afirma que a fofoca de corredor se torna
assédio no instante em que ofende a honra, a imagem do empregado. A vítima tem
que provar que sofreu danos. O dano moral tem natureza imaterial, repercute na
personalidade, nos valores de quem é atingido por ele ou até sucessores.
É preciso refletir a respeito, Barros (2011) explica que o ser humano é
exclusivo, e as pressões que sofreu na vida alteram sua conduta. Por isso, é difícil
retornar à condição inicial. É preciso reconhecimento da integridade, que põe o

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homem com direitos e obrigações. Inclusive estabelecerem meios para coibir
violação dos direitos.
Barros (2011) ainda explica que no século XX predominou o estado do “bem
estar social’ cuja concepção solidária de proteção do ser humano como empregado
iniciou em meados dos anos 60. A consequência foi a substituição da estabilidade
no emprego pelo FGTS”. Os anos 90 teve como marco o neoliberalismo, com a
prerrogativa de grandes grupos econômicos. Tal fato gerou danos econômicos e
extraeconômicos, a exemplo da perda de emprego quando atinge certa idade,
muitos aumentam o nível de agressividade.
Tendo essa preocupação em mente, foi conduzida uma pesquisa em três
empresas da rede privada, ao todo foram entrevistadas 40 pessoas: Ponto Banese,
Messias Peixoto e Casa Lotérica Caixa. O objetivo foi descobrir como patrões e
funcionários veem o assédio moral no ambiente de trabalho.
Dentre os empresários entrevistados, em relação à pergunta: “O senhor (a) já
foi ameaçado por empregado(s) de ser denunciado por conta de alguma atitude que
cometeu na empresa? mais de 30% afirmaram que sim.
Outra questão abordada foi: “Caso tenha sofrido assédio moral, procurou
ajuda com algum profissional?”, 50% buscaram auxílio, porém demais tiveram
receio, por temerem represália. Uma das perguntas foi se sofreu assédio por um ou
mais funcionários? Mais de 30% respondeu que foi por um funcionário.
Dentre os funcionários entrevistados foi perguntado: “O Senhor (a) já passou
por humilhações no ambiente de trabalho por parte de colegas ou chefe?
Constatamos que mais de 50% alegaram que já passaram por algum tipo de
constrangimento ao desenvolver suas atividades laborais. No entanto, é ainda
reduzido o índice de vítimas de assédio moral procurarem ajuda de algum
profissional. Constatou-se que 70% dos entrevistados têm bom relacionamento com
todos que fazem parte da empresa.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões aqui apresentadas apontam para a seguinte conclusão: vivemos


em um mundo competitivo, cujo principal objetivo é o lucro. Um local de trabalho

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saudável deve existir vigilância constante com intuito de ter condições de trabalho
dignas, com respeito, fomentando a criatividade e a cooperação.
É imprescindível ressaltar que o assédio moral não é um fato isolado. É
pautado na repetição ao decorrer do tempo de práticas constrangedoras, mostrando
o estrago de determinar condições de trabalho em meio ao desemprego e o aumento
da pobreza.
A violência no ambiente de trabalho não é algo novo, todavia, há uma
preocupação mais recente, tanto doutrinária. Como dos Tribunais, em traçar um
conceito preciso da figura, bem como, estruturar os elementos marcantes do
psicoterror no trabalho. De tal sorte que o assédio moral passou então a ser visto
como uma violência específica com singularidades, assim como, passou também A
ser enfrentado pelos Tribunais.
É impossível mensurar o estrago gerado pelo assédio moral. Deve ser levado
a sério por empregados e empregadores, que confundem poder diretivo disciplinar
com abuso de poder e os empregados não são obrigados a aguentar situações que
ultrapassem suas obrigações. Contudo, infelizmente os trabalhadores geralmente
não percebem que estão sendo vítimas de tal prática, pensando ser pertinente a
tarefa e suportam as humilhações.
A partir do que foi descrito, percebe-se que geralmente no Assédio Moral, o
chefe ordena uma tarefa ao seu funcionário, com instruções confusas, pouco
esclarecidas e com um prazo rápido para que o seu funcionário cumpra a tarefa. A
partir daí quando o empregado começa a assumir a tarefa que lhe foi dada, o mesmo
sente dificuldades e não entrega como deveria e com isso ele é humilhado pelo
empregador. Ou seja, o chefe agiu de má fé, para prejudicar o funcionário.
Como forma de atenuar isso, após a Emenda Constitucional45/2004, os de
dano moral oriundos das relações de trabalho passam a ser de responsabilidade da
Justiça do Trabalho. Todos os casos de reparação, na esfera material e moral
deverão ser tratados na justiça Especializada Trabalhista.
O assédio moral no trabalho não é um fato isolado, como vimos ele se baseia
na repetição ao longo do tempo de práticas constrangedoras, explicitando o estrago
de determinar as condições de trabalho num contexto de desemprego, de
sindicalização e aumento da pobreza urbana. A batalha para recuperar a dignidade,
a identidade, o respeito no trabalho e a autoestima, deve passar pela organização

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de forma coletiva através dos representantes dos trabalhadores do seu sindicato e
das CIPAS e procura dos Centros de Referência em Saúde dos Trabalhadores
(CRST e CEREST), Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de
Igualdade e Oportunidades e de Combate à Discriminação, em matéria de Emprego
e Profissão, que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho. Decerto, a
dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho, fundamentos
constitucionais, embasam o direito do trabalhador e devem ser respeitados, com a
finalidade de promover um ambiente de trabalho saudável, em todos os aspectos,
sobretudo, o emocional.

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TRT 10ª R.; RO 0000014-03.2012.5.10.0020; Relª Desª Heloisa Pinto Marques;
DEJTDF 19/10/2012; Pág. 159

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