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Com o advento da Revolução Industrial as relações de trabalho sofreram grandes

transformações, haja vista, que nesse período os trabalhadores eram submetidos a


condições precárias como, por exemplo: jornadas extenuantes, locais insalubres e
altamente perigosos para exercer suas funções ocasionando um grande desgaste
físico e mental. Além disso, outro ponto marcante nas relações trabalhistas era a
exploração do trabalho feminino e de menores, que recebiam salários irrisórios e
eram submetidos a práticas altamente abusivas por parte dos empregadores, que
culminaram na exaustão do trabalhador desencadeando diversas problemáticas
físicas e psicológicas.
Nesse contexto, conforme mencionado, muitas mudanças ocorreram na seara
trabalhista garantindo aos trabalhadores melhores condições para desenvolver suas
funções respeitando o princípio da dignidade da pessoa humana. Entretanto, nem
tudo são flores, algumas pesquisas desenvolvidas na Europa evidenciam que a
violência e assédio de cunho psicológico tem impactado uma parcela considerável
de trabalhadores (DI MARTINO, 2002; LEATRHER, 2001; PAOLI; MERLLIÉ, 2001).
Convém ressaltar, que o problema do assédio moral no trabalho não é uma
problemática exclusiva de países europeus, pelo contrário é algo mundialmente
comum. No Brasil, essa problemática tem sido tema de diversos estudos que tem
como objetivo entender seja pelo aspecto jurídico, psicológico ou por meio de
pesquisas na área de saúde mental os estragos provocados pelo assédio moral
ocorrido no ambiente de trabalho.
Acrescenta-se, ainda, que diante de diversas situações de assédio ocorridas no
ambiente laboral surgiram as primeiras lutas por melhores condições laborais que
originaram a raiz do Direito do Trabalho. Portanto, com passar dos séculos e com
lutas por melhorias, as relações laborais foram sendo ajustadas com intuito de
proporcionar ao trabalhador condições dignas de trabalho por meio de dispositivos
jurídicos e avaliações psicológicas.
Salienta-se, que apesar dos avanços ainda a muito que se fazer, pois os
trabalhadores ainda sofrem com problemáticas ligadas às relações de trabalho,
como por exemplo, a questão do assédio moral que atualmente tem sido um das
dificuldades corriqueiras na relação empregado e empregador e que carece de um
olhar minucioso dos legisladores. Em consonância com isso, Delgado (2015:114,
115) “ensina que o trabalho, visto como racionalidade humana, integra o homem ao
mundo, permitindo a elevação do seu próprio eu, momento em que também supre
as suas necessidades básicas; por outro lado, aliena o indivíduo de si mesmo,
produzindo uma espécie de servidão”.
Coadunando com o exposto, o assédio moral no ambiente laboral resulta em gastos
significativos para a vítima, assediador e para a corporação, por isso, é tão
importante propor estratégias que combatam a violência psicológica fruto do assédio
moral laboral. Haja vista, que por meio de ações combativas é possível gerar
inúmeros benefícios para o indivíduo, empresa e sociedade de forma total (HOEL;
COOPER; FARAGHER, 2001).
A par disso, alguns autores como Hirigoyen (2011) caracterizam o assédio laboral
como qualquer prática abusiva que ocorra de forma constante, impactando de forma
direta a dignidade ou integridade psicológica e/ou física de uma pessoa. Nesse viés,
a autora Barreto (2005) colabora com a conceituação anterior destacando que o
assédio moral é a exposição dos colaboradores(as) a situações de humilhação e de
constrangimento por meio de fatos particulares ou profissionais, de forma repetitiva e
contínua durante o exercício de suas funções.
Ademais, a partir desses apontamentos é possível compreender que o assédio
moral, é uma prática que tem como características as ações prolongadas e que
atentem contra a dignidade do trabalhador. Outro ponto, que merece destaque é os
efeitos do assédio na saúde do trabalhador, pois conforme aponta Ribeiro Filho,
Tong (2012:8) “danos à saúde psicológica e física da vítima, as constantes e
intensas agressões causam traumas e destrói seu bem-estar, com isso sua
eficiência e motivação se esvaem”
Destarte, a proposta apresentada neste projeto é fundamental para que os
operadores do direito e psicólogos estejam atentos à importância da evolução dos
dispositivos jurídicos e da fundamentalidade em avaliar as possíveis consequências
do assédio moral laboral pois, com os avanços e progressos na seara trabalhista,
novas demandas vão surgindo que carecem de amparo jurídico para proteção dos
indivíduos, bem como, das relações que permeiam o ambiente de trabalho. Afinal de
contas, o assédio moral é atualmente um tema muito discutido na sociedade, haja
vista, a pressão por cumprir metas e valores dentro de uma empresa pode gerar
cobranças que por muitas vezes têm caráter excessivo e constrangedor,
desencadeando nos trabalhadores diversas problemáticas.
Por isso, esta pesquisa tem como objetivo geral: investigar bibliograficamente
mecanismos jurídicos e as práticas psicológicas que visam prevenir e repelir a
prática do assédio moral no ambiente de trabalho e as principais consequências que
acometem os trabalhadores que sofrem o assédio. Ademais, os objetivos
específicos são: conceituar o assédio moral, descrever os tipos de assédio moral,
demonstrar os mecanismos jurídicos que tutelam sobre o assédio moral, especificar
os danos desencadeados na saúde do trabalhador oriundos do assédio moral,
propor medidas de enfrentamento do assédio moral no ambiente de trabalho.
A luz desses objetivos, pode-se dizer que discutir e promover estudos acerca do
assédio moral é fundamental para sociedade de modo geral e principalmente para
as ciências jurídicas, afinal, por meio de discussões e diálogos é possível identificar
as causas, efeitos e principalmente propor medidas jurídicas que protejam
efetivamente os trabalhadores contra o assédio moral, e até mesmo as empresas, já
que uma empresa livre do assédio pode se desenvolver de forma mais promissora.
Posto isto, a cerne deste trabalho está em investigar os mecanismos jurídicos que
permeiam as práticas do assédio moral e as consequências originadas por essa
problemática na saúde do trabalhador. Tal temática foi escolhida, pois atualmente o
assédio moral no ambiente de trabalho vem sendo midiatizado e discutido
amplamente por diversos profissionais, todavia, ainda existem muitas lacunas em
torno desse assunto que precisam ser preenchidas através de discussões
fundamentadas a partir dos dispositivos jurídicos disponíveis que tutelam sobre tal
assunto.
Por fim, a pesquisa proposta neste trabalho tem sua relevância, pois, objetiva
discutir se os mecanismos jurídicos e de cunho psicológicos podem contribuir
significativamente nas problemáticas ligadas ao assédio moral que impactam a
saúde mental do trabalhador, bem como, incentivar diálogos acerca da possibilidade
de projetos que auxiliem no combate ao assédio moral no ambiente laboral,
proporcionado relações de trabalho alicerçadas no respeito, igualdade e dignidade e
maximização da saúde mental do trabalhador.

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