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FUNÇÕES SOCIAIS
DA CIDADE E
FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE
ÍNDICE
1. O QUE É DIREITO À CIDADE..............................................................................................3
Origem....................................................................................................................................................................................... 3
Conceito de direito à cidade............................................................................................................................................. 3
Conceito de cidade..............................................................................................................................................................4
Essa obra foi publicada em uma época na qual os movimentos sociais reivindicavam liberdades
civis e o respeito aos direitos humanos.
Note-se que não se trata de uma obra jurídica, mas ainda assim serve de horizonte teórico
para os operadores do direito que lidam com a complexidade do fenômeno urbano.
O direito à cidade visa a garantir, a todos os cidadãos, o direito de participar das decisões que
digam respeito a ela. Dessa maneira, o direito à cidade é fundamental para o exercício da
cidadania e para a construção de uma sociedade equânime.
Ele se desdobra em outros direitos, como o direito ao trabalho, à moradia digna, ao saneamento
ambiental, saneamento básico, saúde, transporte público, lazer e informação.
No entanto, o direito à cidade vai além do direito de estar, permanecer ou utilizar dos recursos
e da estrutura de determinada cidade. Ele traduz uma demanda por um acesso renovado e
transformador da vida urbana.
A cidade reflete as desigualdades sociais e econômicas, na medida em que quem usufrui dos
espaços melhor localizados é quem pode pagar. Nesse sentido, o direito à cidade é cada vez
mais incorporado no mundo como uma reivindicação política.
Pode-se citar como ofensa ao direito à cidade a remoção de pessoas moradoras de rua das
cidades em épocas de grandes eventos turísticos.
Também ofende o direito à cidade a degradação ambiental que diminui a qualidade de vida
no ambiente urbano.
O direito à cidade trata da produção de cidades que valorizem o uso do espaço urbano em
detrimento de valores comerciais. Para Lefebvre, esse é um bem supremo, tendo em vista
que, na cidade, o ser humano encontra aquilo que necessita para se realizar em sua prática
sensível.
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Conceito de cidade
Cabe ressaltar, primeiramente, que nem todo aglomerado urbano pode ser considerado
uma cidade. Conforme vimos, o conceito de cidade está relacionado ao vínculo que uma
determinada sociedade possui com um certo território.
Ainda de acordo com José Afonso da Silva (2010), no contexto brasileiro, a ideia de cidade
está ligada a um núcleo urbano com sistema político, administrativo e econômico que tem
como sede um governo municipal.
Ou seja, quando se fala em cidade, existem dois elementos principais: um núcleo urbano e
um governo municipal.
A cidade enquanto espaço físico é “toda metrópole, urbe, vila ou povoado que esteja organizado
institucionalmente como unidade local de governo de caráter municipal ou metropolitano”.
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2. Desdobramentos Atuais do Direito à Cidade
Introdução
Ao longo desses 50 anos, a expressão “direito à cidade” foi ganhando novos desdobramentos
e significados.
No Brasil, Ana Fani Alessandri Carlos reinterpretou a obra de Lefebvre para a realidade
sociológica urbana da cidade de São Paulo.
Sua obra mais relevante nesse sentido foi “Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução
urbana”, na qual ele afirma que o direito à cidade é mais do que o acesso individual ou grupal
aos recursos da cidade, mas diz respeito a mudar e reinventar a cidade de acordo com os
nossos mais profundos desejos.
Dessa maneira, o direito à cidade não tem força normativa. Portanto, não vincula o Poder
Público.
Contudo, inspirado nesse conceito, o Brasil criou dispositivos normativos, ratificou tratados
internacionais e outros compromissos que o vinculam.
• Constituição Federal de 1988, com os capítulos que tratam da política urbana, da função social da
cidade e da propriedade;
• Estatuto das Cidades (2001);
• Lei de Mobilidade Urbana (2011);
• Lei de Resíduos Sólidos (2012).
Veremos agora com mais detalhes alguns dispositivos normativos importantes para o Direito
Urbanístico.
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3. Carta Mundial Pelo Direito à Cidade
A Carta Mundial pelo Direito à Cidade é um documento produzido no Fórum Social Mundial
Policêntrico de 2006.
De forma geral, a Carta Mundial pelo Direito à Cidade estrutura-se em três eixos fundamentais:
o exercício pleno da cidadania; a gestão democrática da cidade, e a observância às funções
sociais da cidade e da propriedade.
1. Todas as pessoas devem ter o direito a uma cidade sem discriminação de gênero, idade, raça, condições de
saúde, renda, nacionalidade, etnia, condição migratória, orientação política, religiosa ou sexual, assim como
preservar a memória e a identidade cultural em conformidade com os princípios e normas estabelecidos nessa
Carta.
2. O Direito a Cidade é definido como o usufruto eqüitativo das cidades dentro dos princípios de sustentabilidade,
democracia, equidade e justiça social. [...]
3. A cidade é um espaço coletivo culturalmente rico e diversificado que pertence a todos os seus habitantes.
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4. Funções Sociais da Cidade
Conceito
De acordo com o art. 182 da Constituição Federal, a política de desenvolvimento urbano
municipal tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e garantir o bem-estar de seus habitantes.
Já a Carta Mundial pelo Direito à Cidade define a função social da cidade e da propriedade
urbana como o dever de:
[...] assumir a realização de projetos e investimentos em benefício da comunidade urbana no seu conjunto,
dentro de critérios de equidade distributiva, complementaridade econômica, respeito à cultura e sustentabilidade
ecológica para garantir o bem estar de todos os habitantes, em harmonia com a natureza, para hoje e para as
futuras gerações.
A função social da cidade também é mencionada no art. 2° do Estatuto da Cidade, que diz
que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e da propriedade urbana.
Além disso, mais adiante, o §1° do art. 182 da Constituição declara que o plano diretor municipal
é obrigatório para as cidades com mais de 20 mil habitantes, o qual norteará a política de
desenvolvimento e expansão urbana.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir
o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes,
é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
Desse modo, conclui-se que o plano diretor é fundamental para se aferir se a função social
da propriedade está sendo exercida.
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5. Função Social da Propriedade na Constituição
Federal
A função social da propriedade está prevista nos arts. 5°, XXIII, 170, II, III da Constituição de
1988. Cabe ressaltar que esse também é um princípio da ordem econômica.
O primeiro a teorizar sobre a função social da propriedade foi León Duguit (1859-1928), jurista
francês, no século XX. Segundo ele, a propriedade deve visar à consecução de fins sociais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), com redação dada pela Lei nº
12.376, de 2010, também reproduz esse dispositivo.
Contudo, essa legislação limitava-se a tentar dar maior dinamicidade técnica e diretrizes para
a aplicação dos institutos de Direito Civil, não sendo responsável por qualquer ruptura dos
paradigmas do direito brasileiro em sua época.
Até então, tinha-se uma concepção individualista da propriedade, enunciada pelo Código
Civil de 1916. Por essa razão, a Constituição de 1988 foi um marco no que diz respeito ao
reconhecimento de que a propriedade deve servir aos interesses da coletividade.
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6. A Função Social da Propriedade Urbana (FSPU)
Conceito
De acordo com José Afonso da Silva (2010), as funções sociais da propriedade urbana são
as seguintes: proporcionar habitação, trabalho, lazer e circulação humana. É uma condição
para o exercício de propriedade urbana que ela exerça sua função social e as diretrizes
estabelecidas no plano urbanístico diretor.
A propriedade urbana é definida como tal graças à sua destinação às funções urbanísticas,
que são diferentes das funções agrícolas. Ela é resultado da atividade humana e é projetada
pelo ser humano, por isso, está repleta de valores culturais.
Destinatários
Toda e qualquer propriedade imóvel urbana, seja associada a uma pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, está vinculada ao cumprimento de sua função social.
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7. Critérios de Verificação do Cumprimento da Função
Social
Critérios
Por força do art. 182, §2° da Constituição Federal, cada município, de acordo com suas
próprias particularidades, deve definir, em seu Plano Diretor, os critérios para cumprimento e
verificação da função social da propriedade urbana.
A ociosidade do imóvel e sua retenção especulativa são as formas mais comuns e evidentes
de verificação do não cumprimento da função social da propriedade.
Os tipos de ociosidade mais comuns são a não edificação: pode-se citar como exemplo
terrenos baldios em área residencial ou comercial; a subutilização: ocorre quando o imóvel
possui um determinado coeficiente de aproveitamento e não é utilizado dentro dos padrões
mínimos estabelecidos, ou a total não utilização: trata-se da inutilização de imóveis urbanos.
A título de curiosidade, em São Paulo, existem 1.098 imóveis ociosos enquanto há um déficit
de 358 mil moradias, segundo dados de 2018.
Para verificar objetivamente se a função social da propriedade urbana está sendo cumprida,
deve-se, primeiramente, utilizar como parâmetro a Constituição Federal de 1988, seguida do
Estatuto da Cidade e do Plano Diretor.
Sanções
Cabe ao Poder Executivo municipal identificar os imóveis e proprietários que não cumprem a
função social da propriedade urbana e aplicar os instrumentos indutores da função social,
disciplinados no Estatuto da Cidade.
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Vejamos agora as duas situações existentes em que a desapropriação da propriedade é
cabível:
Desapropriação comum: ela ocorre por utilidade, necessidade pública ou interesse social,
mediante indenização em dinheiro. Dá-se, então, em razão da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado. Neste caso, não há qualquer relação entre o descumprimento da
função social da propriedade e o ato da desapropriação; não se fala então na punição do
particular, e deve-se ressarci-lo pelos danos causados com indenização justa e prévia.
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8. Diferenças Fundamentais Entre os Três Conceitos
Abordados no Curso
Vimos que o direito à cidade consiste no direito ao usufruto equitativo da cidade, com a
observância dos princípios de sustentabilidade, democracia, equidade e justiça social.
Os principais teóricos do direito à cidade são Henri Lefebvre, Ana Fani Alessandri Carlos e
David Harvey.
Funções sociais da
Direito à cidade Função social da propriedade urbana
cidade
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Direito à Cidade,
Funções Sociais da
Cidade e Função Social
da Propriedade
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