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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

ANA CLARA DE SOUZA MONTE DE ALMEIDA

URBANISMO II

MACAPÁ - AP
2019
Lefebvre fala em seu livro, “O Direito à Cidade”, que o sentido de pertencer a uma
cidade, o direito de ir e vir, de incluir todos em uma igual condição, independentes de
suas características ou condições econômicas e sociais é um direito que deveria ser
garantido.
Partindo desse princípio, parte da estrutura legal no Brasil, que ampara este direito a
cidade é estabelecido a partir dos artigos 182 e 183 da constituição federal, e
posteriormente instituído pela lei denominada Estatuto da Cidade assegurou este direito
à cidade a todos que a nela residem, em especial as minorias. O instrumento dos
Planos Diretores que até antes estabelecia a organização do espaço mas no seu
sentido cartesiano, tinham como maior objetivo estabelecer regras de uso do espaço
ampliou esta percepção.

O Estatuto da Cidade, e posteriormente os Planos Diretores Participativos que surgiram


a partir desse momento incluíram em seus aspectos, por exemplo áreas de interesse
social, que permitiu a população de baixa renda terem assegurados políticas públicas
voltadas para si próprios.

Os planos setoriais, como os planos de saneamentos, habitação, mobilidade entre


outros possibilitaram ainda inclusão de uma compreensão de acessos a serviços
públicos de qualidade em relação aos espaços de moradia permitindo assim que a
população de baixa renda a usufruir de espaços habitacionais mais adequados.

Entretanto não foi somente em relação aos espaços de moradias assegurados, bem
como também ao direito à qualidade dos serviços prestados. O Estatuto da Cidade,
bem como as leis posteriormente criadas, também garantiam a percepção de
mobilidade, ou a sua falta, uma vez que existe uma grande tendência que a maioria das
populações de baixa renda habitem espaços distantes de seus locais de trabalho.

Archer estabelece que o estado tem que assegura que as pessoas tenham garantia de
moradias próximos aos seus locais de trabalho, quando assim mesmo este direito não
são garantidos, em locais como cidades dormitórios, cidades conurbadas, em locais
onde ocorre uma descentralização dos processos de produção e dos processos de
moradia, em especial para a população de baixa renda, é necessário assegurar este
processo de mobilidade na discussão da própria cidade.
“ A terceira revolução urbana não gera assim uma cidade virtual, imóvel e
introvertida. mas uma cidade móvel e telecomunicante, feita de novas
arbitragens entre as deslocações das pessoas, dos bens e das informações,
animadas por acontecimentos que exigem a co-preseça e na qual a qualidade
dos lugares mobilizarà todos os seus sentidos, incluindo tacto, o paladar e o
olfato.” (ARCHER, 2011, p. 35)
Em um cidade onde essas políticas públicas e estes instrumentos legais existem e são
trabalhados em função da população podemos perceber uma melhoria na qualidade de
vida e na gestão urbana deste local, vendo que com o pleno funcionamento desses
mecanismos a cidade passar a se comportar com mais acerto.

Quando passamos a vê como estes fatores influenciam a cidade em todas as possíveis


escalas estas mudanças no comportamento se tornam ainda mais visíveis. É aceitável
dizer que em uma cidade onde existe um plano de mobilidade, por exemplo, a
população vai passar a ter um melhor nível de satisfação em seu dia a
dia.considerando que esta mobilidade pode ser refletida no uso de meios de transporte
coletivos ou mais limpos, que estão geraram efeito na qualidade do ar e nas condições
físicas dessa população, além de uma provável diminuição no tempo gasto no trânsito,
motivando assim um ambiente menos estressante.

Já quando falamos em como esses instrumentos afetam a cidade em uma escala


menor, podemos observar por exemplo, a influência que espaços verdes, áreas de lazer
tem na população, muitas vezes a simples criação de espaços e equipamentos voltados
para o lazer da população garantem uma melhor satisfação destes com a vida na
cidade, além de influenciarem na segurança desses espaços, pois o aumento de
movimentação em praças e vias públicas trás uma melhoria na sensação de segurança.

Assim é possível perceber que todas as ações que ocorrem em uma cidade, por
menores que estas sejam irão influenciar não somente a população diretamente
afetada por ela, mais a cidade como um todo.

Desta forma ficasse claro que não é possível se pensar no planejamento das cidades
sem se levar em consideração a população que nela habitam, pois esses serão os que
terão suas vidas mais afetadas por qualquer mudança, por menor que esta seja na
estrutura e funcionamento da cidade.

Já a falta desse planejamento irá mais do que possivelmente trazer danos e problemas
para a vida dos habitantes desses meios urbanos. Sendo assim é certo dizer que uma
cidade sem planejamento não pode se vivida na sua melhor capacidade. Que para que
uma cidade se torna boa para todos os seus habitantes esta deve ser pensada por eles
é principalmente, para eles.
Referências

LEFEBVRE, Henri. ​O direito à cidade. ​5. ed. São Paulo: Centauro Editora, 2008. 144
p.

ASCHER, François. ​Os Novos Princípios Do Urbanismo. ​São Paulo: Romano Guerra,
2011. 104 p.

SOUZA, Ana Claudia Machado de. ​Análise do Planejamento Urbano de um espaço


em transformação: ​As cidades de Macapá e Santana na perspectiva do
Desenvolvimento Local. 2014. 121 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Desenvolvimento Regional, Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2014.

BIBLIOTECA DO SENADO. ​Estatuto da Cidade​. [S.I] [2008]. Disponível em:


<http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/70317> Acesso em: 05 dez. 2019.

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