Na obra “República” de Platão, são discutidas diversas formas diferentes de se
organizar a sociedade. Entre elas, a democracia, que além de ser o modelo de sociedade adotado até os dias de hoje, resume o direito político e social exercido para o povo e pelo próprio povo. Ao tratar sobre democracia, Platão reflete sobre a importância de praças públicas, valorizando a ideia de que esses espaços deveriam servir como locais de debate e interação entre os cidadãos, onde as ideias poderiam ser trocadas livremente e onde essa democracia poderia ser praticada de forma direta. No Brasil e no mundo, os espaços públicos são locais onde as pessoas podem se reunir independentemente de gênero, idade ou classe social. Entretanto, com o passar dos anos, vem sido cada vez menos valorizados pelo Estado, tendo seus princípios de cidadania e democracia esquecidos, tornando-se nada além de um grande desafio: envolver cidadãos em um pensamento de bem comum.
A legislação brasileira obriga o fornecimento de espaços livres públicos em
loteamentos urbanos, como praças e parques. Seu maior objetivo é promover o bem comum, onde cidadãos ocupam um mesmo local com ordem e respeito. Mesmo assim, é importante salientar a disparidade na qualidade dos espaços públicos, especialmente em áreas periféricas e bairros mais pobres, devido à falta de interesse e investimento governamental. Assim, essa desigualdade no zelo e cuidado, aplicados pelo governo em áreas urbanas mais carentes, é responsável por gerar um sentimento de falta de pertencimento dessas comunidades à cidade. Dessa forma, embora caiba ao poder executivo municipal priorizar e estudar a fundo os espaços públicos, pouco é reconhecido de seu valor e influência na vida urbana.
Especialistas como Gehl, destacam o poder transformador dos espaços públicos
na vivência da cidade, influenciando, até mesmo, na escolha de permanecer em determinada cidade. Isso se dá pelo fato de que o cuidado com o espaço público é completamente essencial para criar cidades mais vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis. Autores também destacam a necessidade de os cidadãos se apropriarem do espaço público para reduzir a criminalidade e promover um ambiente mais acolhedor. Isso, de forma que se incentive a participação dos usuários em atividades culturais, comerciais e de lazer, retornando ao objetivo de tornar esses espaços mais convidativos e seguros, como mencionado por Jane Jacobs, em "olhos da rua". Logo, é possível concluir que a falta de gestão e manutenção é capaz de comprometer o funcionamento adequado das praças, sendo, dessa forma, necessário o envolvimento do poder e comoção público e da comunidade, para garantir seu bom uso e preservação. Além disso, é de suma importância a revitalização desse espaços públicos, como demonstrado no caso do Largo São Francisco. Podendo essa ser uma ferramenta totalmente eficaz para combater problemas como a sensação de insegurança e a baixa utilização desses espaços. Assim, podendo ser aplicada não apenas em praças, essa abordagem pode ser vital para q reestruturação da democracia urbana e transformadora para uma melhor segurança e convívio social.
TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS E CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA NAS CIDADES SUL - AMERICANAS: PESQUISA COMPARADA ENTRE BOGOTÁ, QUITO E RIO DE JANEIRO - Iná Elias de Castro