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Nicolas Dias Keim Professora Heloísa

Projeto de Urbanismo e Paisagismo

Na obra “República” de Platão, são discutidas diversas formas diferentes de se


organizar a sociedade. Entre elas, a democracia, que além de ser o modelo de
sociedade adotado até os dias de hoje, resume o direito político e social exercido
para o povo e pelo próprio povo. Ao tratar sobre democracia, Platão reflete sobre
a importância de praças públicas, valorizando a ideia de que esses espaços
deveriam servir como locais de debate e interação entre os cidadãos, onde as
ideias poderiam ser trocadas livremente e onde essa democracia poderia ser
praticada de forma direta.
No Brasil e no mundo, os espaços públicos são locais onde as pessoas podem se
reunir independentemente de gênero, idade ou classe social. Entretanto, com o
passar dos anos, vem sido cada vez menos valorizados pelo Estado, tendo seus
princípios de cidadania e democracia esquecidos, tornando-se nada além de um
grande desafio: envolver cidadãos em um pensamento de bem comum.

A legislação brasileira obriga o fornecimento de espaços livres públicos em


loteamentos urbanos, como praças e parques. Seu maior objetivo é promover o
bem comum, onde cidadãos ocupam um mesmo local com ordem e respeito.
Mesmo assim, é importante salientar a disparidade na qualidade dos espaços
públicos, especialmente em áreas periféricas e bairros mais pobres, devido à falta
de interesse e investimento governamental. Assim, essa desigualdade no zelo e
cuidado, aplicados pelo governo em áreas urbanas mais carentes, é responsável
por gerar um sentimento de falta de pertencimento dessas comunidades à
cidade.
Dessa forma, embora caiba ao poder executivo municipal priorizar e estudar a
fundo os espaços públicos, pouco é reconhecido de seu valor e influência na vida
urbana.

Especialistas como Gehl, destacam o poder transformador dos espaços públicos


na vivência da cidade, influenciando, até mesmo, na escolha de permanecer em
determinada cidade. Isso se dá pelo fato de que o cuidado com o espaço público
é completamente essencial para criar cidades mais vivas, seguras, sustentáveis e
saudáveis. Autores também destacam a necessidade de os cidadãos se
apropriarem do espaço público para reduzir a criminalidade e promover um
ambiente mais acolhedor. Isso, de forma que se incentive a participação dos
usuários em atividades culturais, comerciais e de lazer, retornando ao objetivo de
tornar esses espaços mais convidativos e seguros, como mencionado por Jane
Jacobs, em "olhos da rua".
Logo, é possível concluir que a falta de gestão e manutenção é capaz de
comprometer o funcionamento adequado das praças, sendo, dessa forma,
necessário o envolvimento do poder e comoção público e da comunidade, para
garantir seu bom uso e preservação. Além disso, é de suma importância a
revitalização desse espaços públicos, como demonstrado no caso do Largo São
Francisco. Podendo essa ser uma ferramenta totalmente eficaz para combater
problemas como a sensação de insegurança e a baixa utilização desses espaços.
Assim, podendo ser aplicada não apenas em praças, essa abordagem pode ser
vital para q reestruturação da democracia urbana e transformadora para uma
melhor segurança e convívio social.

PLATÃO, República 375 DC. Disponível em:


https://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf

BRASIL. Lei n° 6766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o


Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências.
Brasilia, 1979. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm>.

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