Ana Beatriz Santos de Paula da Silva 50220868 2°E - Química
Thayna Rodrigues dos Santos 50220873
Resenha sobre a notícia “O que é Direito à cidade ?”
Na notícia “o que é direito à cidade ? ” , feita pelo Instituto Pólis no
ano de 2019, o texto nos apresenta informações e curiosidades sobre o que especificadamente seria o direito do cidadão em relação à cidade, trazendo junto a ele também um resgate histórico sobre esse direito falado ao decorrer da notícia. O Direito à Cidade é um direito humano e coletivo da sociedade, que diz respeito tanto a quem vive hoje nela quanto às passadas e futuras gerações. Nós construímos a cidade pouco a pouco no nosso dia a dia, seja pegando o ônibus para ir trabalhar, ir para escola, construindo nossa casa, elegendo prefeitos e vereadores, participando das mobilizações em nossa vizinhança, sendo assim temos também o direito de habitar, usar, ocupar, produzir, governar e desfrutar das cidades de forma igualitária. A expressão “direito à cidade” foi originalmente criada pelo filósofo e sociólogo francês Henri Lefebvre no ano de 1968. No qual o mesmo foi marcado pelo poderoso movimento iniciado por jovens engajados na luta pelos direitos civis, libertação sexual, oposição ao conservadorismo, crítica à guerra no Vietnã. Compreendido como uma homenagem a obra de Karl Marx “O capital” o livro-manifesto “O direito à cidade” pode ser considerado um relato desse período, já que faz críticas à vida urbana regularizada pelo cotidiano, que não possui um caráter político e monótona, sendo vivida mais intensamente pela classe operária, que tem o seu tempo consumido pelo trajeto casa e trabalho, sem possibilidade de lazer, encontros e manifestações de desejos. O direito à cidade não pode ser compreendido como uma demanda por infraestrutura, equipamentos urbanos ou habitação social. Esses benefícios, como dito, podem muito bem ser proporcionados sem que ocorra nenhuma quebra em relação ao modo de produção capitalista e, consequentemente, à maneira hierarquizante e separadora como o espaço que é produzido e apropriado. Portanto, o direito à cidade não se confunde com uma política urbana estatal, com um projeto urbano ou com um marco legal específico, mesmo que ainda tenha influência e esteja em partes se refletindo nessas estruturas institucionais. Pela forma de como foi criado e proclamado, está mais para um estado da luta social do que como um direito propriamente jurídico, é um direito coletivo e não individual, já que essa transformação depende de todos. Como diz David Harvey "A liberdade de fazer e refazer as nossas cidades, e a nós mesmos é, a meu ver, um dos nossos direitos humanos mais preciosos e ao mesmo tempo mais negligenciados.” No Brasil ainda na década de 1970, as ideias de Lefebvre foram rapidamente espalhadas por conta da rápida tradução para a língua portuguesa e logo houve uma ressignificação da noção de direito à cidade, por conta das demandas concretas por habitação, equipamentos urbanos, infraestrutura e transporte, tendo em vista que uma grande parte da população urbana do país vivia em condições urbanas muito precárias. Além disso, a década de 1980 foi marcada por um contexto de reivindicação pela ampliação da cidadania e da participação política nas cidades, fruto do processo de redemocratização, na qual levou à aprovação de um momento politicamente importante da Constituição de 1988 essa lei prevê como primeira diretriz da política urbana brasileira a “garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”. Ao fazer acreditar que a universalização do saneamento básico, a tarifa zero no transporte público ou a eliminação do déficit habitacional são o direito à cidade, assim como traz também a ideia de que as desigualdades e opressões como o racismo, desigualdade de gênero e LGBTfobia estão determinadas no espaço social. A imposição de padrões de segregação e violência a diferentes pessoas faz parte da constituição social e política dos territórios segundo o atual modelo de urbanização. Então a transformação pelo direito à cidade depende inevitavelmente de uma mudança coletiva. Através dessas lutas sociais, a ideia de direito à cidade está também a cada dia se transformando mais, seja nas conquistas ou derrotas, também na emergência que sujeitos antes invisibilizados passam, conferem outros sentidos a esse direito. Mas, assim como antes, o direito à cidade deve continuar carregando a poderosa ideia de mudar a nós mesmos por meio da recriação e ressignificação da cidade.