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XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS

11 a 13 de outubro de 2022

“Crise do capital e exploração do trabalho em momentos pandêmicos: Repercursão


no Serviço Social, no Brasil e na América Latina”
Autores: Halana Symere Vieira De Araújo 1, Mônica Maria Barbosa De Lucena Cruz 1

                                                        Eixo: Serviço Social


Subeixo: Questão Urbana

POLÍTICA HABITACIONAL E ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO


ASSISTENTE SOCIAL: 
                   Uma reflexão pautada no Direito à Moradia

Resumo: O presente artigo tem por objetivo, explicitar um breve histórico da


urbanização no Brasil. Nesse sentido, fará uma reflexão teórica que visa analisar os
primórdios da política habitacional no país e sua ineficiência oriunda do descaso do
poder público que acomete a população em vulnerabilidade social. Discorreremos o
papel fundamental do Serviço Social para a efetivação do direito à moradia.

Palavras-chave: Política Habitacional. Serviço Social. Trabalho Social. Urbanização. 

Abstract: This article aims to explain a brief history of urbanization in Brazil. In this sense, it will make
a theoretical reflection that aims to analyze the beginnings of housing policy in the country and its
inefficiency arising from the neglect of the public power that affects the population in social
vulnerability. We will discuss the fundamental role of Social Service for the realization of the right to
housing.

Keywords: Housing Policy. Social service. Social work. Urbanization.

INTRODUÇÃO 

          Constata-se que as cidades brasileiras têm vivenciado um forte certame


urbano, reflexo da “questão social” que assola grande parte da população. A

1 Faculdade Santa Helena


urbanização é traduzida como direito à cidade e à moradia digna.  Em suma, portar
um lar adequado e regularizado em assentamento seguro, no qual se possa ter
acesso à infraestrutura, é uma forma de viabilizar vários benefícios. Nesse sentido, é
direito dos cidadãos, uma forma de exercer a cidadania conforme preceito
constituinte. Portanto, não se resume apenas a um teto e quatro paredes, mas ao
bem-estar de todos. Ter acesso a um lar com segurança, e viver em paz, ter
dignidade, saúde física, mental e socioeconômica.

            Destarte que  a  presente pesquisa tem como lócus principal, que dispõe em
analisar a questão da urbanização no país, assim como o trabalho do\a Assistente
Social, enquanto profissional regulamentado pela Lei 8.662 de 1993, tornando-se
profissionais aptos para atuar em diversas instituições na mediação de conflitos
decorridos, e atenuar nas expressões da “questão social” encontradas no ambiente
profissional, sendo dinâmico que procederá diretamente no enfrentamento da
segregação socioespacial, assim como seu trabalho social na política de habitação
formulando propostas interventivas, voltadas em sua maioria, para as camadas
populacionais reconhecidas como vítimas ou agentes de fenômenos de pobreza e
exclusão social, nas quais, vale ressaltar as demandas presentes na atual
conjuntura política, econômica  e  social.

          Atinente à elaboração deste trabalho, sua estrutura estará composta da


seguinte forma: será retomado um breve histórico da urbanização no Brasil; estatuto
da cidade; política habitacional; a gênese do Serviço Social e sua inserção na área
habitacional e na Política Nacional de Habitação de Interesse Social (PNHIS) no
Brasil, assim como sua contribuição no Trabalho Social, com caráter emancipatório,
na referida política. 

            A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho, foi mediante


pesquisa exploratória documental, pela revisão bibliográfica de literatura de apoio e
análise de artigos científicos disponibilizados nos sites de pesquisas científicas do
Scientific, Eletronic, Library Online (SciELO), Google Acadêmico, tese de mestrado,
discussões em sala de aula, trabalho de conclusão de curso,  monografia  e  leituras 
de obras  escritas  por autores renomados atinentes à referida temática, com
utilização dos descritores: urbanização; serviço social; política habitacional; FNHIS,
direito à cidade e à moradia.
  Por fim, faremos nossas considerações finais. Enfatizamos que o presente
artigo é de cunho social para um conhecimento acerca da realidade do indivíduo na
sociedade.

I. Política Urbana no Brasil

A partir do século XX, o Brasil percorreu um significante momento em sua


trajetória, frisado pelo êxodo rural, em que o país se baseava, numa conjuntura
econômica agroexportadora. Contudo, após a ordem capitalista expressa no mundo
articulado à urbanização, houve a conversão para a economia industrial, com base
em grandes indústrias que retiravam as populações campesinas para trabalhar nos
setores mais precarizados, mal remunerados e exploratórios.

Dessa forma, entre 1875 até 1930 já existia uma lógica de higienismo social,
no sentido do planejamento urbano, que está pautado no embelezamento e
aperfeiçoamento das cidades onde a classe dominante se encontra como principal
beneficiada.

Pensamento, esse, vigente, porque tem-se ainda esse olhar moralista e


autoritário, em que os problemas sociais, reflexos da “ questão social,” relacionados
aos  despossuídos são  “deliberados” por intermédio da repressão, preceitos
religiosos, filantrópicos e meritocráticos. 

No início da década de 1960, tem-se o Movimento da Reforma Urbana, que


luta pela ordem da aglutinação urbana e apoderamento de moradias dignas para a
população, porém, com o golpe da ditadura militar em 1964, ocorreu a
desarticulação desse conjunto, pois, as participações sociais, bem como as
reivindicações foram suspendidas e reprimidas. 

De acordo com o discurso realizado no primeiro Seminário de Habitação e de


Reforma Urbana, o então presidente da República, João Goulart (1919- 1976), já
defendia a reforma agrária e urbana, conforme as seguintes palavras proferidas.

Tenho a convicção de que a mesma imposição de consciência que nos leve a


defender a reforma agrária deve levar-nos a defender a reforma urbana– não para
um futuro longínquo e indefinido, mas para essa geração, para este período de
renovação das estruturas da sociedade brasileira [..] Estou convencido de que este
Seminário [de Habitação e da Reforma Urbana],o primeiro conclave sob o patrocínio
oficial sobre o tema, sem disfarces, da reforma idealizada e promovida sob a
inspiração do Ministro Almino Afonso, é o começo desse trabalho e, em certo
sentido, o começo da própria reforma (GOULART,1964).

Após muitas lutas sociais e tensionamentos na década de 1970, as


reivindicações coletivas foram retomadas, promovendo, assim, uma fortalecida
postura do movimento de democratização do país, fomentando a luta pelos direitos
sociais e reivindicando melhores condições de vida e moradia, ou seja,
questionando o que, de fato, são concernentes por direito. 

Vale ressaltar que, considera-se a reforma urbana, um instrumento político,


especialmente a partir de 1992. Todavia, sua duração foi passageira, porque se
sucederam intensas manipulações em seu meio, o que atrapalhou, de certa forma o
progresso e a luta por direitos. Então, isso aconteceu por consequência das elites
econômicas brasileiras que dominavam aqueles espaços, e com seus privilégios
favorecem um planejamento urbano pautando-se nos interesses de empresários,
urbanistas e entidades estatais, modificando, desse modo, os projetos urbanísticos
que poderiam ser inseridos para que as populações mais pobres alcançassem aos
seus direitos, um sonho que a partir de então torna-se  pesadelo. 

Compreende-se, então:

O fato de as elites governarem historicamente para si mesmas, ao mesmo tempo


abrindo espaços de extra legalidade negociada como resposta à pressão dos mais
pobres, mostra que a democratização da gestão urbana não é só uma questão de
bandeira política, mas a única possibilidade de revertermos essa situação. Abrir o
processo de tomada de decisões sobre o investimento e controle do território urbano
é um pressuposto para construirmos uma política urbana que inclua a totalidade dos
atores sociais nas ações dos pactos federativos visando à internacionalização e ao
reconhecimento do direito à cidade como um direito humano emergente de caráter
coletivo dos habitantes das cidades do século XXI (ROLNIK, 2002, p. 39). 

Conquanto, mesmo com o estatuto da cidade, lei n° 10.257 descrito na


Constituição Federal de 1988, observa-se que, na realidade, existem mais 33
milhões de pessoas sem moradia, em 2021, segundo o relatório lançado pelo
Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos. Isso é algo latente
nessa conjuntura, visto que a urbanização está intrinsecamente implicada no modo
como o capitalismo encontrou para expandir-se, fomentando desigualdades sociais
e econômicas. Além disso, o direito à cidade e, principalmente, à terra são privilégios
de uma elite. Os indivíduos que habitam em locais  escassos, por sua vez, são mais
afetados por essa má distribuição socioespacial.

Conforme mencionado no decorrer deste trabalho, com o higienismo social,


observa-se que nesse cenário hodierno, é possível verificar que, desde o princípio,
as cidades urbanas têm como base modelos estéticos europeus, separando a
população mais precarizada para áreas fragilizadas, como é o caso das pessoas em
vulnerabilidade social que são expulsas do centro da cidade para regiões periféricas.

 Elucida-se que: 

Não foi só o governo. Mas a sociedade brasileira em peso embriagou- se, desde os
tempos da abolição e da república velha, com as idealizações sobre progresso e a
modernização. A salvação parecia estar nas cidades, onde o futuro já havia
chegado. Então era só vir para elas e desfrutar de fantasias como emprego pleno,
assistência social providenciada pelo Estado, lazer, novas oportunidades para os
filhos. Não aconteceu nada disso, é claro, e, aos poucos, os sonhos viraram
pesadelos.  (SANTOS, 1993, p. 2).  

Então, a urbanização não foi planejada para abarcar as camadas mais


pobres, sucedeu-se a falsa idealização de que a cidade seria o progresso para
todos, seja no âmbito do pleno emprego, oportunidades, alargamento dos direitos,
etc. No entanto, tornou-se uma estratégia de manutenção das classes dominantes,
bem como seu meio de aprofundar as expropriações, acumulações e expressões da
questão social.

       II. Primórdios da política habitacional no Brasil

 Em 1988, a Constituição Federal trouxe um capítulo destinado à política


urbana, assim como declarou, no Art. 182, a necessidade da garantia da função
social da cidade e, também, o bem-estar social. (BRASIL, 1988). Na década de 90,
alguns programas foram lançados, mas foi somente nos anos 2000 que a política
habitacional, quando ocorreu a extinção da BNH (Banco Nacional da Habitação),
onde ações voltadas à habitação, alavancou-se, tendo como maior marco a Política
Nacional de Habitação, para isso, 

tem como principal meta garantir à população, especialmente a de baixa renda, o


acesso à habitação digna, e considera fundamental para atingir seus objetivos a
integração entre a política habitacional e a política nacional de desenvolvimento
urbano (BRASIL, 2004, p. 29). 

Logo, em 2004, surgiu a Política Nacional da Habitação (PNH) que obedece a


princípios e diretrizes, tendo como principal meta garantir à população,
especialmente a de baixa renda, o acesso à habitação digna e considera
fundamental para atingir seus objetivos, a integração entre a política habitacional e a
política nacional de desenvolvimento urbano. 

Evidencia-se que a PNH, instituída após a criação do Ministério das Cidades


e da promulgação do estatuto das cidades, em 2004, contando assim, com vários
instrumentos a serem criados no intuito de implementar, viabilizar e consolidar o
conceito de habitação, além da concepção material de casa, mas, de contemplar a
infraestrutura ofertada pela cidade, o transporte, o saneamento básico, o meio
ambiente, o direito à cidade de forma digna, de acordo com a publicação do
Ministério das Cidades (2004). 

Destarte, o principal objeto da PNH é estruturar e mobilizar a cooperação da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para o enfrentamento do déficit
habitacional brasileiro, por meio da articulação de recursos (dos fundos), planos,
programas e ações. Por consequente, buscar a ampliação de destinação de
recursos não onerosos e perenes por parte da União, Estados, Distrito federal e
Municípios direcionando para o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
(FNHIS), e respectivos fundos habitacionais dos demais níveis de governo, de forma
a viabilizar subsídios para a habitação de interesse social. 

Consequentemente, surge uma política pública voltada para a moradia


popular e social, proposta a qual foi aplicada no programa Minha Casa Minha vida,
em março de 2009, pelo governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva (2009-2011),
para permitir que famílias de baixa renda pudessem ter acesso à moradia. Por meio
desse programa, muitas famílias puderam realizar o sonho da casa própria.
Resultado das articulações dos governos do PT – Partido dos Trabalhadores e dos
movimentos sociais. 

Contando com os esforços das três esferas governamentais: cooperativas,


movimentos de moradia e do mercado privado para o desenvolvimento do setor
habitacional no país. Foi substituída pelo programa Casa Verde e Amarela, que é o
novo programa habitacional do Governo Federal, instituído em agosto de 2021.
Apesar de grandes avanços na política habitacional, é notável o déficit de moradias,
e a população continua desprovida de poder aquisitivo para adquirir habitação digna.
Urge ações que efetivamente assegurem o direito à moradia, cidadania e dignidade,
Todavia, em contraponto a isso, existe uma ascensão do capital imobiliário,
juntamente com as políticas elitistas que inserem o sentido do acesso à cidade e
moradia, como também a seus bens produzidos pela coletividade, para o desfrute de
poucos. 

III. Gênese do Serviço Social e sua inserção na área habitacional

           O Serviço Social surgiu como profissão no Brasil por volta de 1930, durante o
governo de Getúlio Vargas, no seio da Igreja Católica e com fortes influências dos
Serviços Sociais francês e belga. Visava preparar a grande massa operária para o
capitalismo industrial, período esse chamado de “conservador”. Porém, nas suas
primeiras atuações, tinha um caráter moralizador e higienista, sendo assim, num
cenário de desigualdades sociais oriundos do processo de industrialização. Suas
intervenções estavam relacionadas com os interesses da classe trabalhadora e suas
necessidades, mas, também, com os interesses das classes dominantes. Dessa
forma, o desenvolvimento do Serviço Social como profissão é consequência das
demandas da sociedade capitalista e suas estratégias e mecanismos de opressão
social e reprodução da ideologia dominante, assim como está intrinsecamente
relacionado às conjunturas, políticas, econômicas e sociais do país. 
                Foscarini (200, p.15) chega a informar que:

Surgiu quando se iniciou o processo de industrialização e urbanização no país. A


emergência da profissão encontrava-se relacionada à articulação dos poderes
dominantes (burguesia industrial, oligarquias cafeeiras, igreja católica e estada
Varguista) à época, com o objetivo de controlar as instituições populares e frear
qualquer possibilidade de avanço do comunismo no país. O ensino do serviço social
foi reconhecido em 1953 e a profissão foi regulamentada em 1957 com a lei 3252.

         Todavia, com o movimento de conceituação que foi deflagrado, com viés de


propor uma ruptura com o conservadorismo ocorrido na década de 1970, foi marco
para o Serviço Social. 

Surgiu, assim, um perfil profissional mais crítico, capaz de atuar nos desafios
postos à profissão, impulsionado pela intensificação das lutas sociais, no continente
que se retratavam, na universidade, nas Ciências Sociais, na Igreja,
nos movimentos estudantis e da sociedade em geral. 

            O profissional de Serviço Social atua nas expressões da “questão social”


implementando e formulando propostas para o referido enfrentamento, por meio de
políticas sociais públicas, entre elas, na de desenvolvimento habitacional culminando
ao acesso à moradia digna para os indivíduos, ou seja, a parcela da população
caracterizada na faixa de interesse social. Desse modo, a profissão é inserida na
divisão social e técnica do trabalho que realiza sua ação profissional no âmbito das
políticas socioassistenciais, nas esferas pública e privada. As instituições são locais
de lutas de poder, em que se localiza o objeto da intervenção do\a Assistente Social
em vários espaços sócio-ocupacionais.
            Conforme Estevão (1992, p. 61) destaca, “Trabalhamos, pois, na distribuição
dos direitos de cidadania, como facilitadores do exercício desses direitos que o
Estado faz questão de complicar e de mostrar como favores”. Iamamoto (2001, p.
67) traz, ainda que, o Serviço Social “[...] é socialmente necessário porque ele atua
sobre questões que dizem respeito à sobrevivência social e material dos setores
majoritários da população trabalhadora”.     
           O serviço social, mediante asserção de alguns autores, inseriu-se na
habitação em 1996, recebendo o cargo de técnico social, habilitados a trabalhar com
profissionais da habitação. “A inserção passa a ser pertinente, com objetivo
de desenvolver um trabalho de promoção social, a partir do envolvimento dos
próprios usuários no desenvolvimento do projeto." (CUNHA, 2010). O trabalho social
deverá ser executado junto às famílias beneficiárias ou comunidade sujeita à
intervenção do poder público, reafirmando a importância da participação da
sociedade civil junto às políticas e programas sociais.
        Sendo assim, o\a Assistente Social tem responsabilidades específicas e
decisivas para dar égide à desigualdade habitacional.

A habitação se constitui no problema social para a força de trabalho no contexto da


superexploração que tem caracterizado o desenvolvimento do capitalismo no
Brasil, como retirada do salário do valor respondente por uma habitação que
abrigue o trabalhador e sua família, obrigando-o a lançar mão de estratégias
variadas, e, sobretudo precárias para se reproduzir como força de trabalho, e o
que representa interesse para a reprodução e ampliação do capital. 

 
  IV. Atuações do Assistente Social na Política Nacional de
Habitação de Interesse Social (PNHIS) e Trabalho social

         O trabalho social do\a Assistente Social na habitação está pautado em


legislações federais e municipais e na resolução explicitada no código de ética do\a
Assistente Social e vigente mediante Resolução do CFESS nº 273, de 13 março de
1993, e na Lei de Regulamentação da Profissão n° 8.662, de 7/6/1993. O objetivo da
Política Nacional de Habitação de Interesse Social (PNHIS) é universalizar o acesso
à moradia digna para todo o cidadão brasileiro.

             Posto isso, nesse cenário no âmbito nacional, o profissional de Serviço


Social tem sua legitimidade verificada pela Constituição Federal. A legitimação
profissional, segundo Netto (1992), aparece relacionada ao embasamento teórico-
metodológico. Os\as Assistentes Sociais serão indispensáveis na conjuntura
habitacional, possuem responsabilidades específicas de essencial importância para
dar respaldo ao combate à desigualdade habitacional existente, lutar pela garantia
da cidadania dos usuários e pela efetivação da política habitacional. 

Os assistentes sociais se inserem nos espaços de gestão, execução e


monitoramento da Política Habitacional, com a concepção de direito à moradia que
vem ao encontro ao compromisso ético-político profissional, fundamentado nos
princípios de justiça social, equidade, democracia e cidadania (BRAGA; VASCO; et

al. ANO).    
         Salienta-se que, o Trabalho Social do\a profissional de Serviço Social na
habitação, não se limita apenas à moradia, mas, em torno de um conjunto que
vincula-se  a ela, tais como: acesso a saneamento, transporte, educação, saúde,
emprego, condições de salubridade, lazer, água potável  e organização de  projetos 
locais. 

           A atuação do profissional de Serviço Social na (PNHIS) se dará na


participação nos conselhos do plano diretor urbano, enfatizando a necessidade do
envolvimento do conjunto de Secretarias que compõem a Administração Pública
Municipal e Estadual, fazendo articulação com equipe de outras redes de serviços
públicos. A rede de serviços torna-se uma possibilidade entre os municípios, e o
CRAS acaba sendo essa referência socioassistencial. Em vista disso, mediando o
acesso dos indivíduos à Secretaria de Habitação, assim como outros órgãos que
podem analisar em quais políticas públicas e sociais podem encaixá-los, mediante
entrevista social, em que citará a situação do usuário. Além disso, o Assistente
Social, que atua no setor habitacional, precisa ter clareza que sua ação não está
limitada apenas à Política Habitacional. 

           “A intervenção dos Assistentes Sociais, orienta-se para os processos


emancipatórios, por meio de ações de cunho socioeducativo e organizativo e de
prestação de serviços” (PAZ; TABOADA, 2010, p. 51). Enfatiza-se que é mediante a
participação da sociedade civil, e com a mobilização, que se consegue a criação de
políticas públicas que atendam às demandas habitacionais dignas para à população.
Sendo assim, é de suma importância a participação social no contexto da
democracia e da cidadania, num processo progressivo, permanente e dinâmico de
construção e conquista de direitos. 

              Para isso, Fernandes (2005, p. 219), menciona:


Sua função de mediador entre a população e o poder público, o que lhe confere a
condição de ator social capaz de interferir tanto na reprodução da força de trabalho,
via manipulação dos recursos materiais destinados à população, quanto na
reprodução ideológica das relações sociais capitalistas. Especialmente por essa
razão, a responsabilidade social que reveste a prática profissional da categoria ganha
ênfase adicional, exigindo que se tenha plena consciência da direção da ação social
que realiza através da dimensão socioeducativa.
           Posto isso, a primazia da participação social no contexto da democracia e da
cidadania é primordial. Salienta-se que todo projeto habitacional, antes de ser feito,
deve ter um estudo da comunidade para saber qual é a sua  cultura, sua origem, de
onde vêm essas pessoas, conhecendo um pouco de suas histórias, para quando for
assentá-la, não se torne uma dicotomia da realidade. Contudo, não é assim que é
feito o estudo. Alguns projetos são elaborados sem a participação dos usuários, que
muitas vezes são alocados em lugares  distantes sem acesso a alguns serviços
básicos. 

      Para esse propósito, o profissional de Serviço Social visa viabilizar esse acesso
às políticas e programas habitacionais para a população, e eles devem estar
atualizados, atentos aos seus aportes teóricos e metodológicos ,com novas normas
e instrumentos, e, compromissado com o projeto ético-político da profissão. Guerra
(2000, p.54) afirma que:
A instrumentalidade para o Serviço Social não é somente um conjunto de técnicas,
mas sim, o uso constante de instrumentos que se faz necessário ao cotidiano de
profissional, sendo assim, é por meio desses instrumentos que os assistentes
sociais modificam, alteram e até mesmo transformam a realidade social. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos fatos mencionados, entende- se que o processo de


urbanização no Brasil é marcado por uma lógica de expansão capitalista, inserida
para fomentar as desigualdades sociais que compõem e sustentam esse modo de
produção. Nesse sentido, observa- se que o direito à cidade não abarca a todos,
assim como o direito à moradia digna, visto que isso é privilégio de uma classe
burguesa que ultrapassa períodos historicamente determinados.

As Políticas Urbanas e Habitacionais são limitadas e ineficazes e não


assumiram uma postura universal e global. Desse modo, é preciso formular
estratégias que tenham um real impacto na estrutura da sociedade, expressa na
Reforma Urbana e no direito à Cidade. Visto que é crucial direcionar recursos para a
construção de moradias populares, utilizar espaços vacantes e dar, de fato, um novo
significado de vida. No entanto, o que ocorre com este Estado neoliberal e
capitalista, são condutas de complexificar e usufruir desses espaços para favorecer
acumulações, expropriações e apropriação da riqueza, que é produzida
coletivamente, mas sua distribuição é  de cariz privado.

Por fim, mediante o exposto, é indubitável a atuação do\a Assistente Social


diante dos obstáculos, buscando atuar em consonância com o Código de Ética do
Serviço Social de 1993. Além disso, empenha-se na viabilização dos direitos sociais,
operando na atenuação das desigualdades sociais e pela busca da equidade,
efetivação das políticas habitacionais, para solucionar a ausência e a precariedade
das moradias para a população que se encontra em vulnerabilidade
socioeconômica. Ademais, são relevantes parcerias com outras redes e políticas
sociais formularão e acompanharão projetos urbanísticos, simultaneamente com
equipe multiprofissional, com o intuito de inserir os usuários à cidade, acessando à
infraestrutura, acessibilidade universal e aos demais equipamentos
públicos( escolas, praças, creches, etc.)
      Assim, o Serviço Social não trabalha sozinho nessa luta. São muitos os
movimentos e organizações que batalham pela causa da cidade, da habitação,
implementação de outras políticas, direitos sociais, políticos e civis. Não
esquecendo de dar primazia aos autores principais, o que consiste na participação
dos cidadãos, na construção e regulação das políticas públicas. Consolidando o
projeto ético-político da profissão, desse modo, dando ênfase ao seu caráter
emancipatório do trabalho social em projetos sociais com as famílias.

REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS 

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