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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O ENSINO DA GEOGRAFIA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA
FORMAÇÃO CIDADÃ DO ALUNO

1
Autor: Nelson de Jesus Lopes
2
Orientadora: Professora Rosely Maria de Lima

RESUMO

O presente artigo é parte integrante dos requisitos para a conclusão do PDE


- Programa de Desenvolvimento Educacional – promovido pela Secretaria de Estado
da Educação do Paraná, e exibe a trajetória acadêmica realizada durante os anos
de 2013 e 2014, sob a orientação da Professora Ms. Rosely Maria de Lima.
A proposta intencionada no planejamento deste trabalho, desde a sua
essência, focou na dedicação e na compreensão da cidadania e de como a
Geografia, como disciplina do Ensino Médio, pode contribuir na formação ou
construção do aluno cidadão, procurando desenvolver nele a capacidade de
analisar, avaliar e interpretar a realidade, visando sua transformação. É pretendido,
junto com o coletivo dos alunos do Ensino Médio, perceber e analisar como a
questão da cidadania tem sido proposta e difundida dentro e fora da escola. Este
trabalho pretende auxiliar o aluno na compreensão do significado de cidadania.
Pretende, ainda, dar um estímulo à Geografia, propondo um novo posicionamento
dessa disciplina, adotando uma prática, deixando de ser apenas um conhecimento
teórico. Assim, busca-se estimular a escola, sugerindo que a mesma seja mais
próxima na vida do aluno, e que o mesmo possa alcançar uma maior consciência do
poder de transformação que possui.

Palavras-chave: Cidadania, Sociedade, Aluno

1
Especialista em História Social (UEL - Londrina). Licenciado em História, com habilitação em
Geografia (UEL - Londrina). Professor de Geografia no Colégio Estadual Tsuru Oguido Ensino
Fundamental e Médio – Londrina - Pr.
2
Mestre em Geografia Humana (FFLCH-USP). Docente de Geografia, Geo-CCE-UEL, Londrina - Pr.
INTRODUÇÃO

A sociedade é formada por uma massa humana heterogênea e há a


necessidade de estímulo constante para que as pessoas percebam que, onde quer
que estejam, o que quer que façam, possuem direitos e podem lutar por eles e a
vida não se resume apenas em deveres. O aluno como integrante da sociedade
precisa ser ajudado a compreender que embasado em lei, deve lutar para que
realmente tenha condições iguais de concorrer no mercado de trabalho, igualdade
na moradia, na educação, na saúde, entre outros segmentos sociais.
Existem várias abordagens e concepções a respeito da cidadania e através
das mesmas percebemos que a cidadania é compreendida de várias formas e
muitas vezes são impostas por uma visão elitista.
Este trabalho foi relevante por tratar da necessidade de estudar as reais
condições de trabalho e a ação pedagógica do professor diante das novas
tendências educacionais aplicadas no ensino e prática da Geografia nas escolas
públicas, seu papel dentro do Projeto Político Pedagógico da escola. Nesse
entremeio, o estudo perpassou por situações de aprendizado a distância, com o
desenvolvimento do Grupo de Trabalho em Rede – GTR; situação de prática
pedagógica, com a Implementação na Escola, finalizando suas atividades nesta
síntese.
O presente artigo apresenta resultados das atividades propostas pela
Produção Didático-Pedagógica e realizadas com os alunos, que se dedicavam a
compreender e perceber que a disciplina da Geografia pode contribuir para que os
alunos/cidadãos desenvolvam sua capacidade de aprender não apenas alguns
conceitos, mas de ter consciência e senso crítico, podendo transformar a realidade
como um agente ativo e com uma postura de questionar e interpretar o mundo em
que vive.
Utilizamos métodos e procedimentos que possibilitaram aos alunos uma
discussão sobre cidadania e uma melhor conscientização da realidade social. As
atividades desenvolvidas com os alunos envolveram questionário para
levantamentos de dados, seminários, exposições de cartazes, palestras, visita à
Câmara Municipal, filmes, músicas, leituras diversas sobre o tema e outras afins.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A escola tem um papel fundamental no processo de inserir o aluno na vida


social, visando que o mesmo no futuro seja um cidadão de fato, podendo de forma
ativa atuar nas decisões sociais, econômicas e políticas do país.
O conceito de cidadania é diversificado e são várias as suas interpretações,
porém, estão sempre ligadas às inter-relações do homem na sociedade em que vive.

Breve Histórico sobre a cidadania

A palavra cidadania vem do latim civitas (de acordo com o dicionário), que
se refere a um conjunto de pessoas que habitavam uma cidade, sendo ela, uma
comunidade organizada politicamente formando um Estado de cidadãos
(ACQUAVIVA, 2000). A relação social desses cidadãos, portanto, está ligada à
cidade e às comunidades desde o início das civilizações.
Considerando a cidadania na Grécia Antiga e em outros grandes Impérios,
Aristóteles fazia a seguinte abordagem sobre o cidadão:

[...] o homem de fato, que tem a possibilidade de chegar ao Conselho


ou às funções judiciárias em um Estado, dizemos que é, então,
cidadão desse Estado, e chamamos de Estado a coletividade dos
cidadãos tendo o gozo desse direito, e em quantidade para garantir à
cidade, se assim se pode dizer, plena independência
(ARISTÓTELES apud CANIVEZ, 1998, p. 177).

Aristóteles atribuía a cidadania apenas aos governantes, aos que decidiam o


rumo da sociedade. Nota-se que a cidadania não era estendida a todos, pois ela era
atribuída à política, excluindo os escravos, as mulheres e as crianças, sendo
impetrada apenas às pessoas livres que vivessem nas cidades (polis).
A cidadania, nessas antigas civilizações, estava relacionada às cidades e
leis, e nos dias atuais, a cidadania também está embasada em leis, através das
quais temos garantidos nossos direitos, pelos quais devemos lutar, bem como,
temos também nossas responsabilidades sociais. É bom lembrar que ser “iguais
perante a lei” é uma conquista dos dias contemporâneos, pois nas antigas cidades
as leis eram excludentes.
Com o fim do Império Romano, após o século V, ocorre o surgimento da
sociedade feudal, que foi uma sociedade rural, formada principalmente por servos,
que produziam para o consumo próprio e do senhor feudal. Porém as pequenas
cidades medievais, com pequena representatividade, ainda sobreviveram e se
tornaram, segundo Castilho (1998), um palco para o exercício da liberdade, pois os
servos que fugiam dos feudos e conseguiam entrar nos domínios das cidades,
podiam comemorar sua liberdade de não mais se sujeitar ao senhor feudal. É
importante salientar que estas cidades eram pequenos pontos de trocas de
mercadorias, apenas artigos de luxo, uma vez que os feudos eram autossuficientes.
As cidades, como hoje, não conseguiam abrigar todas as pessoas que conseguiam
chegar a ela, desta forma, em muitos casos, trocava-se a servidão pela liberdade,
porém, vivia-se em condições precárias de miséria e fome nos burgos.
Os burgueses, que viviam nas cidades (burgos), não mais na polis, vão se
fortalecendo com a sua pequena relação de troca. Em toda a Europa isso vai
acontecer, mais cedo ou mais tarde dando um basta na forma feudal, e dando lugar
para os burgueses. Porém, foi na Inglaterra e, depois, na França, que houve uma
grande contribuição para que retornasse a discussão da cidadania. Segundo Covre
(1997, p. 19), “[...] com a longa ascensão da burguesia em uma luta contra o
feudalismo, que se retornou pouco a pouco ao exercício da cidadania, como parte
da existência dos homens, vivendo novamente em núcleos urbanos”. Entende-se
que não havia maneira de ter a prática da cidadania sem as cidades, pois os feudos,
que eram grandes campos, não permitiam participar das decisões políticas e sociais.
Se nos remetermos ao presente, não podemos concordar com isso: a realidade hoje
é outra, pois a tecnologia e os meios de transporte trouxeram a cultura da cidade
para o campo, então o direito da cidadania também pode ser exercido pelo homem
do campo, que às vezes se confunde com o da cidade.
A ascensão dos burgueses derrubou o feudalismo e, ocorrendo a Revolução
Francesa, aparece a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que confere
os direitos e deveres, como a defesa nacional, a liberdade, a propriedade e a
segurança (CANIVEZ, 1998), condições que agora eram oferecidas a todos os
homens sem diferenciação, pelo menos teoricamente.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em seu artigo 17 deixa
clara a propriedade da terra como parte fundamental para ser um cidadão. “Art. 17 –
Sendo a propriedade direito inviolável e sagrado, ninguém pode ser privado dela,
senão quando a necessidade pública, legalmente constatada, exige-a
evidentemente, e sob condição de justa e prévia indenização” (apud CANIVEZ,
1998, p. 175). Buffa, Arroyo e Nosella (1996, p. 26) esclarecem que as outras duas
declarações, de 1793 e 1795, mudam pouca coisa, deixando o sentido original de
que o “proprietário é o cidadão”. Podemos perceber que esta cidadania, que se
fortalece com a Revolução Francesa, na verdade não é uma cidadania para todos,
pois nem todos podem ser proprietários de terras. Esta visão de cidadania é
propriamente burguesa, pois sua influência, do ponto de vista econômico, é
excludente, não abrangendo a grande maioria da população que não possui
condições de adquirir nada de terra.
A burguesia se fortalece muito, descentralizando o poder do Estado e da
Igreja, pois estes acabam perdendo força. Ainda assim, o Estado continua sendo
uma figura necessária na organização de uma nação. O importante esclarecer é
que, mesmo após a Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão, o Estado ainda está presente e, em alguns momentos da história, como
no socialismo, ele se revigorou, mesmo durando pouco tempo.
Após a Revolução Francesa, o termo cidadão, aos poucos, destacou-se em
inflamados debates por todo o mundo, onde todos queriam seus direitos, mas até os
dias de hoje o que é atribuído ao cidadão não é claro, pois nem todos sabem de
seus deveres e direitos, ainda mais quando a política de uma nação é excludente ou
manipuladora, o que acaba dificultando o seu exercício.
Vários autores contemporâneos, como Canivez, Pinsky, Gonçalves e
Santos, apresentam diferentes abordagens e conceitos de cidadania. Porém, cabe
enfatizar aqui, a abordagem feita por Santos (1987), que analisa a cidadania em seu
espaço, ou seja, a atuação do cidadão em um país, e o que lhe é atribuído.
Primeiramente o autor comenta que, pelo simples fato do nascer de uma criança, ela
já é possuidora de vários direitos, principalmente os que são afirmados em lei,
todavia sabemos que nem tudo que está numa lei é posto em prática. Assim, a
cidadania é como a liberdade, que deve ser conquistada e mantida e, para que isso
ocorra, deve estar escrita em leis para que não seja jogada ao esquecimento. No
entanto, uma lei não é o fim de uma conquista do cidadão, pois, como é ser humano,
sempre estará em busca de coisas novas, isto é, sempre estará tentando ampliar
seu campo de ação. Então a conquista de uma lei nada mais seria do que o início
para outra tentativa de conquista de cidadania.
Talvez, por estas observações de Santos (1987), que seja difícil um exemplo
do real cidadão, pois, desde a antiguidade, como vimos, é impossível definir com
clareza o “ser cidadão”. Antes, cidadãos seriam os que possuíam poder político, com
as revoluções isso se estendeu a todos, mas não de forma igualitária. Os direitos
foram outorgados à grande massa que se transformou em trabalhadores
assalariados, mas não tinham a educação, a saúde e a habitação igual à de seus
patrões. Desta forma, onde está a cidadania ou a igualdade? O que ocorreu foi o
alcance de uma cidadania para alguns e a imposição de outra cidadania para outros,
por essa manipulação de classes, que ocorre há tanto tempo, não se chega a uma
real cidadania para todos.

Cidadania, Ensino e Educação

As diferenças sociais existem por todo mundo e isso se alastra, cada vez
mais, com base em um capitalismo feroz. Sabemos que com essas diferenças que
ainda perduram, muito há pelo que lutar para conquistar, desde o cumprimento de
leis até a obtenção de novos direitos, que sejam iguais para todos. Para isso,
devem-se formar cidadãos críticos desde cedo, por isso a importância do ensino.
Como a criança desde pequenina está em contato com a escola, é nela que
os estímulos devem ser encontrados para se tornar um cidadão ativo, sempre em
busca do melhor para si e para a comunidade, pois a cidadania como está, se
fortalece na união dos cidadãos. O ensino deve ter base na cidadania e a escola
ligar o cotidiano do aluno ao mundo global que cada vez mais se fortalece, para que
a exclusão não seja mais sua forte característica.
A Constituição de1988, na ânsia da redemocratização brasileira, coloca em
destaque a educação e com ela a cidadania:

Art.205. A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família,


será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (apud
CAHALI, 2003, p. 124).

O interesse de propor a cidadania na educação é reafirmado na própria


Constituição e com a democracia é mais fácil buscar o que determina este artigo.
Apesar das dificuldades financeiras do país, é possível caminhar em direção dessa
cidadania inserida na educação, de acordo com a Constituição do Brasil.
No ano de 1996, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB),
visando regularizar a educação nacional. Como o nosso enfoque é o Ensino Médio
não poderíamos deixar de lado o que a LDB, propõe em seu artigo 35 como
finalidade do Ensino Médio:

Art. 35. [...]


I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prossegui- mento
dos estudos;
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando,
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores;
III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo
a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática no ensino
de cada disciplina. (BRASIL, 1996, p. 59).

A nova LDB de cunho nacional é muito ampla e propõe apenas uma


continuação da educação exposta no ensino fundamental, mas consideramos que é
muito pouco, pois se deve levar o aluno ao questionamento, com respostas
elaboradas por ele, para os problemas socioeconômicos. Como ser um cidadão
ativo, que vê as desigualdades sociais, os abusos financeiros, a submissão industrial
se apenas ficarmos dizendo que o aluno, futuro cidadão, deve participar, mas sem
efetivamente estimular isto? É claro que algumas pessoas são mais fervorosas que
outras, entretanto não é isso que se quer ensinar, mas sim um despertar para a
atual sociedade mundial. Não acreditamos que inúmeras pessoas gostem e estejam
conformadas com a situação de miséria que ainda existe.
No final da década de 1990, um auxílio ao ensino nacional foi proposto
através dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que não sendo uma lei,
como o próprio nome diz, é um parâmetro, que possui linhas teóricas múltiplas, isto
é não segue uma linha teórica apenas, mas sim várias teorias. A ideia é que o
professor faça uma leitura de análise e tire proveito dos PCNs, e através de
assuntos diferentes e atuais ele possa tentar fazer uma ponte que ligue a realidade
do aluno ao mundo.
Como vemos, o Estado vem propondo métodos para o aperfeiçoamento do
ensino no Brasil, mas enquanto continuarmos presos aos financiamentos
estadunidenses e submissão às transnacionais, será difícil implantar um ensino
independente das influências exteriores. Mas não devemos nos submeter a um
ensino sem qualidade e sem esperança de transformar nossos alunos em
verdadeiros cidadãos, por isso devemos buscar sempre a melhoria de nossa
educação, para que seja refletida no futuro de nosso país.

O Ensino da Geografia e a Cidadania

No final da década de 1980, quando a divisão mundial se altera, e o mundo


transforma-se em multipolar, a sociedade muda, e a economia e as teorias de
ensino da Geografia também tendem a mudar. As leituras puderam nos confirmar
que foi a partir do exercício da Geografia Crítica que houve uma maior relação entre
a cidadania e a Geografia, pois não há maneira de se formar cidadãos apenas
descrevendo o espaço, apesar da observação ainda ser utilizada nos dias de hoje,
pois é necessária também.
A Geografia Crítica utilizando-se do conhecimento que os alunos já
possuem, pode auxiliar a formar cidadãos críticos, que analisam o seu espaço, o seu
país e a sociedade, o que pode ajudar a diminuir as desigualdades sociais e
amenizar a corrida capitalista, no sentido de diminuir seus efeitos de opressão à
maioria da população.
A Geografia Crítica tem compromisso com a realidade do mundo em que
vive o aluno e com o que é ensinado na sala de aula. Rocha (1993, p. 180) escreve
que:

A preocupação básica do ensino de Geografia Crítica deve ser o de


contribuir para a construção plena da cidadania, possibilitando ao
aluno as condições teóricas para que ele aprenda criticamente a
realidade e possa participar ativamente das transformações [...]

A disciplina da Geografia para contribuir na formação plena da cidadania do


aluno, precisa ser ensinada dentro de uma proposta pedagógica, estando aberta a
atividades e técnicas que levem os alunos à discussão, à formação de ideias,
deixando de lado a passividade. A escola, a disciplina e o professor não devem mais
ser apenas transmissores de conhecimentos. Os alunos, por sua vez, devem ter
uma participação ativa, trazendo para a sala de aula a realidade vivida no seu dia a
dia, e o professor e a escola deve ir até a realidade do aluno, promovendo aulas de
campo. Dessa forma, espera-se que o ensino da Geografia, partindo da realidade do
aluno, enfoque as diferentes visões de mundo e de lugar, fazendo com que o aluno
participe de sua sociedade para que possa conhecer seu papel desde cedo.
No que diz respeito ao Ensino da Geografia e a formação cidadã do aluno há
um trecho da obra de Santos (1987), que resume bem essa questão ao dizer:

A educação deveria prover todas as pessoas com os meios


adequados para que sejam capazes de absorver e criticar a
informação, recusando os seus vieses, reclamando contra a sua
fragmentação, exigindo que o noticiário de cada dia não interrompa a
sequência dos eventos, de modo que o filme do mundo esteja ao
alcance de todos os homens. O morador-cidadão, e não o
proprietário consumidor veria a cidade como um todo, pedindo que a
façam evoluir segundo um plano global e uma lista correspondente
de prioridades, em vez de se tornar o egoísta local, defensor de
interesses de bairro ou de rua, mais condizentes com o direito
fetichista da propriedade que com a dignidade de viver. O leitor teria
sua individualidade liberada, para reclamar que, primeiro, o
reconheçam como cidadão. (SANTOS, 1987, p. 128/129).

Percebemos assim, a importância do Ensino da Geografia Crítica, levar os


alunos ao entendimento da cidadania sem máscara, sabendo interpretar o mundo,
participando das discussões socioeconômicas entre outras, com uma postura de
análise e questionamentos diante da atual sociedade.
IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-
PEDAGÓGICA

A implementação do projeto na escola foi realizada por meio de uma etapa


prática do PDE, cujo foco foi uma abordagem transformadora da disciplina de
Geografia nos aspectos teórico e prático, tornando-a uma disciplina reconhecida
pelas suas proposições fundamentais, discutida pela cidadania e prática consciente.
Caracterizou-se por uma metodologia descritiva de conteúdo exploratório,
com dados obtidos através de um instrumento de coleta de dados (anexo). Foram
visualizadas propostas de ações sobre os temas e categorias emergentes da
pesquisa, com o intuito de contribuir para a superação das fragilidades e problemas
reais, vividos na escola, visando gerar a melhoria do ensino. Para isso, foram
abordados os paradigmas que fizeram referência à educação e a Geografia na
atualidade: a compreensão sociocultural promovendo a formação da cidadania com
criticidade e interação social, ressaltando os atributos que resgatam a estima do
profissional da docência na escola, que justificam e consolidam suas ações
escolares nos currículos junto à Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
A atividade de implementação do projeto na escola é considerada essencial
para o PDE, pois compreende o desempenho de ações planejadas e desenvolvidas
ao longo do processo do Programa, trazidas para a escola. O objetivo desta ação do
professor PDE é contribuir para a superação das fragilidades e problemas reais da
escola, visando gerar a melhoria do ensino.
O local de implementação deste estudo foi o Colégio Estadual Tsuru Oguido,
ensino fundamental e médio, localizado na Rua Carlos Menolli, número 210, no
bairro Santa Rita IV, na cidade de Londrina, Paraná. Trata-se de um colégio
estadual de porte cinco, composto por oito salas de aula, uma quadra poliesportiva
coberta, biblioteca, laboratório de informática, laboratório de química, laboratório de
recursos audiovisuais e das demais dependências inerentes a uma escola.
O público alvo da intervenção foram os alunos que estudam nesta instituição
de ensino, por ocasião da implementação e que participaram, por amostragem, pela
pesquisa de campo, pela problemática proposta. O estudo limitou-se em
diagnosticar, discutir e propor soluções aos problemas levantados dentro do Colégio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Geografia é uma área de estudo muito ampla que pode ser compreendida
como o estudo sobre o homem e o espaço em que vive - e o que faz consciente e
intencionalmente - ou seja, o ser humano em desenvolvimento histórico.
Desta forma, o objetivo das ações do professor PDE foi contribuir para
promover a identificação das especificidades e problemas vivenciados dentro do
contexto escolar, visando gerar melhorias no ensino.
Objetivou-se ainda difundir as discussões iniciadas durante o programa e
buscar a maturidade dos conceitos, a decorrente valorização da Geografia no âmbito
escolar como uma área de conhecimento.
Como resultado das ações conduzidas pelo professor, pôde-se observar
importantes momentos como a interação entre os professores que atuam na escola,
a concepção sócio-cultural da cidadania historicamente construída, possibilitando a
constituição do sujeito com criticidade e participação social.
Por fim, indo além da abordagem científica sem sair do seu enfoque, é
imperativo que se registre o eixo central que possibilitou suplantar as intenções
iniciais deste estudo: a compreensão dos participantes acerca da visão de si,
inseridos na sociedade e nela tendo papel ativo, interagindo e aprendendo com
essas interações, com as relevantes trocas de vivências, e destes com a literatura
escolhida.
Foi possível observar um acentuado avanço em relação às atualizações
teóricas da área do conhecimento estudada e debatida; a utilização deste
embasamento contemporâneo para pensar os paradigmas que estão latentes na
atividade social e, por fim, o vasto potencial libertador que o conhecimento em si,
proporciona.
REFERÊNCIAS

ACQUAVIVA, Marcos Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 11 ed. São


Paulo: Jurídica Brasileira, 2000.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional: Lei 9.394/96. Brasília: Secretaria da Educação, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais.


Brasília: Secretaria da Educação, 1998.

BUFFA, Ester, ARROYO, M.; NOSELLA, P. Educação e cidadania: quem educa o


cidadão? 6 ed. São Paulo: Cortez, 1996.

CAHALI, Yussef Said (Org.) Código Civil, Código de Processo Civil e Constituição
Federal. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 19-139.

CANIVEZ, Patrice. A Cidadania. In:______. Educar o cidadão? Ensaios e textos. 2


ed. Tradução: Estela dos Santos Abreu e Claudio Santoro. Campinas, SP: Papirus,
1998, p. 15-31.

CASTILHO, José Roberto Fernandes. A instituição da cidadania. In TREVIZAN, Z.


(Org.) Questões de cidadania. São Paulo: CLIPER, 1998, p. 83-94.

COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que é cidadania? 2 ed. São Paulo:


Brasiliense, 1997

DEACON, R.; PARKER, B. Escolarização dos cidadãos ou civilização da sociedade?


In: SILVA, L.H. da (org.). A escola cidadã no contexto da globalização. 3 ed.
Petrópolis: Vozes, 1999, p. 138-153.

GONÇALVES, Francisca dos Santos (Org.). Formação do ser-sujeito: desafios da


cidadania. Belo Horizonte, MG: Universitária/UFMG-FEEL/SEE, 1999.

PINSKY, J. Cidadania e Educação. São Paulo: Contexto, 1999.

ROCHA, Genylton O. da. Ensino de Geografia e a Formação do Geógrafo-Educador.


Terra Livre, AGB. São Paulo, nº. 11-12, p. 177-188. Ago 92/93

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.


ANEXO
QUESTIONÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS

O questionário que segue está inserido no projeto do PDE (Programa de


Desenvolvimento Educacional) com o título “O Ensino de Geografia e sua
contribuição na formação cidadã do aluno”, elaborado no ano de 2013, para
aplicação no ano seguinte, cuja pretensão está na análise de como a questão da
cidadania tem sido proposta e difundida dentro da escola e, ainda, em mostrar a
importância de o aluno ter postura de questionar e interpretar o mundo em que vive.
O mesmo será mantido em sigilo e sem identificação. Agradeço sua cooperação.

01. Sexo: masculino ( ) feminino ( )

02. Idade: 15 anos ( ) 16 anos ( ) 17 anos ( )


18 anos ou mais ( )

03. Gosta de Ler? sim ( ) não ( )

04. Seu tempo dedicado para leitura na semana fora da Escola:


menos de 01 hora ( ) de 02 à 03 horas ( ) mais de 04 horas

05. Sua maior preferência para leitura consiste em:


contos ( ) biografias ( ) romance ( ) outras ( )
Quais?_____________________________________________________

06. Você lê jornais, revistas ou livros:


diariamente ( ) mensalmente ( ) ocasionalmente ( )
aos domingos e feriados ( )

07. A leitura para você é:


prazer ( ) obrigação ( ) realização pessoal ( )
busca de conhecimento ( )

08. Tipos de revistas de sua preferência para leitura:


Ficção. Exemplo: Carícia, Capricho, etc. ( )
Científica. Exemplo: Superinteressante, Globo Ciência... ( )
Informativa. Exemplo: Veja, Isto é Senhor... ( )
Quadrinhos. Exemplo: X man, A turma da Mônica... ( )

09. Como você escolhe suas leituras:


por gosto pessoal ( ) através de sugestões ( )
por busca de conhecimento ( ) outras ( )
Quais?____________________________________________________

10. Seus pais lêem:


jornal ( ) revistas ( ) livros ( ) apenas se informam pela TV ( )

11. O conceito de cidadania pode ser entendido como:


a. Exercício pleno dos direitos políticos, econômicos e sociais da pessoa
cuja aplicação está ligada diretamente a forma de organização do Estado.
b. Possuir consciência crítica da realidade e participar ativamente das
transformações sociais.
c. Ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para que sejam
colocados em prática.
concordo ( ) concordo pouco ( ) discordo ( )

12. O tema cidadania apresentado e estudado no decorrer do ano letivo leva em


conta o interesse dos alunos e seu cotidiano
concordo ( ) concordo pouco ( ) discordo ( )

13. A maneira como a disciplina de Geografia trabalha com cidadania serve para
retratar e compreender o dia-a-dia dos alunos:
concordo ( ) concordo pouco ( ) discordo ( )

14. Os conteúdos da disciplina de Geografia para o aluno secundário devem ser


estabelecidos em função de experiências que este vivencia em seu cotidiano.
Esse é um dos passos para melhoria do ensino de Geografia.
concordo ( ) concordo pouco ( ) discordo ( )

15. O ensino de Geografia deve facilitar ao estudante os meios para buscar pelos
conhecimentos gerais e ao mesmo tempo formar atitudes para exercer a
cidadania:
concordo ( ) concordo pouco ( ) discordo ( )
16. O ensino de Geografia ainda não cosegue levar o aluno a questionar a
realidade em que vive, visado uma maior atuação do mesmo na sociedade
atual.
concordo ( ) concordo pouco ( ) discordo ( )

17. Caso queira comentar suas opções em relação às questões acima, utilize o
espaço abaixo.

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