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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ a VARA CÍVEL DA

COMARCA DE TUBARÃO/SC.

SEBASTIÃO MARTINS, Brasileiro, viúvo, aposentado, inscrito no RG sob n. 773052


e no CPF sob n. 01578382939, residente e domiciliado na Rua Manoel Antonio
Mateus, n. 553, bairro São Martinho, Tubarão/SC, CEP 88.708.740, email:
silvinhosm@outlook.com, neste ato representado por seus procuradores FABRÍCIO
NUNES DE OLIVEIRA, brasileiro, casado advogado, inscrito na OAB/SC sob o n.
17404, GUILHERME DE FARIAS GONÇALVES, brasileiro, advogado, casado,
inscrito na OAB/SC sob o n. 51203, ambos com endereço profissional localizado na
Rua Augusto Severo, n. 250, sala 02, centro, Tubarão/SC, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO INDENIZATÓRIA

Em face de CERGAL- Cooperativa de


Eletrificação Anita Garibaldi, CNPJ n.
86439510/000185, com sede na Estrada Geral da
Madre, n. 4680, bairro Andrino, Tubarão/SC, CEP
88706100, email: atendimento@cergal.com.br pelos
seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que ora
passa a expor:
1- DOS FATOS

A requerida instalou dois postes de eletrificação em propriedade privada


sem a prévia autorização do requerente. Ocorre que seu Sebastião, idoso com 71
anos e portador de pressão de pressão alta (CID-10), ao chegar em sua casa
verificou a inserção dos postes, viu com o seu direito de propriedade lesado,
experimentou desconforto moral e dor proveniente da situação por não ter
autorizado a colocação dos postes. No outro dia na tentativa de resolver a situação
se dirigiu até a cooperativa, onde fez a reclamação e o pedido de retirada dos postes
que restou inesitosa. A requerida se quedou inerte e não abriu sequer um protocolo
formal para análise do pedido Além de abalado psicologicamente com a instalação
sem o seu consentimento o requerente teve prejuízo material com a depreciação de
seu imóvel, pois além de agora possuírem dois postes em sua residência, um deles
foi inserido na frente de sua casa, mais precisamente rente a entrada da garagem.

2 - DO DIREITO

2.1-DO DIREITO DE PROPRIEDADE

O direito de propriedade está disposto na carta


constitucional brasileira de 1988, devidamente exposto no artigo 5ª,
caput, e inciso XXII, bem como dispostos no artigo 1.228 e Código
Civil de 2002, o que faculta ao proprietário o pleno direito de uso e
gozo de seus frutos.

Assim dispõe o artigo 5ª da Constituição Federal do Brasil


de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;         (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por


necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

O proprietário e/ou consumidor deve ter respeitado o seu direito de livre


exercício e uso do respectivo imóvel atingidos por restrições provocadas pela
concessionária de energia elétrica, visto o direito a ser preservado e devidamente
exposto em nossa legislação. Não obstante vemos também o que dispõe o artigo
1.228 do Código Civil de 2002:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e


o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.

A partir desse prenúncio passamos a observar que o proprietário tem o


direito de uso e gozo da sua propriedade e deve se opor a quem o detém
injustamente. Daí nasce o interesse do proprietário e/ou consumidor em se opor as
irregularidades praticadas pelas concessionárias de energia elétrica em sua
propriedade pela inserção de equipamentos intrusos em sua propriedade ou que
obstem no uso pleno da mesma. Direito este violado ao introduzirem os postes sem
a sua anuência, pois adentraram em propriedade privada e simplesmente inseriram
os postes como se não houvesse proprietário.

. 2.2 - DA RESPONSABILIDADE DE INDENIZAR

A concessionária de energia implantou postes de energia dentro do


terreno do consumidor, sem a devida autorização. Tal intromissão na propriedade
alheia causou transtornos psicológicos e financeiros ao requerente.
Solicitada a retirada posteriormente, a requerida não deu importância ao
pedido de remoção dos postes, ou seja, permaneceu inerte ao seu pedido e nem ao
menos abriu o protocolo do pedido e o entregaram ao requerente. Dessa forma
cometeu ato ilícito, como dispõe o artigo 186 do Código Civil Brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Nesse sentido, com a responsabilidade civil caracterizada pela instalação


de postes de transmissão de energia elétrica na propriedade sem autorização, a
ação da empresa violou o seu direito de propriedade do requerente, dessa forma
corrobora o Egrégio TJBA:

Apelação Cível. Ação de Indenização por danos materiais e


morais em decorrência da instalação de postes de rede elétrica
em área privada sem anuência do proprietário. Sentença que
julgou parcialmente procedente a ação, condenando a
COELBA a pagar o valor de R$ 20.000,00 a título de danos
matérias e de R$ 20.000,00 a título de danos morais, com
correção monetária a partir do evento danoso. Apelação
provida em parte. (TJ-BA - APL: 00000073820088050085,
Relator: José Cícero Landin Neto, Terceira Câmara Cível, Data
de Publicação: 07/03/2017).

Assim, é evidente que o requerente teve


prejuízo material e moral, comprovado, pois teve o
seu imóvel depreciado e sofreu abalo psicológico ao
adentrarem em sua residência sem sua permissão

A Constituição Federal garante o direito à


indenização, seja ela moral ou material, quando
violados os direitos a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, conforme disposto
em seu artigo 5º, inciso X:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

...

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

Ao ser violado o seu direito de propriedade, caracteriza o cometimento do


ato ilícito e causado o dano, dessa forma, fica o réu obrigado a reparar,
independente de culpa nos casos previstos em lei, conforme o artigo 927 do mesmo
Código:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

Além dos danos materiais o requerente também faz jus


aos danos morais, levando em conta o desconforto moral e dor
proveniente da situação que experimentou, e que se deu por culpa
exclusiva da requerida, o Superior Tribunal de Justiça, na Súmula 37
dispõe:

Súmula 37 – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano


moral oriundos do mesmo fato.
Os pressupostos para que exista a responsabilidade civil são a ação ou
omissão do agente, a culpa do agente, a relação de causalidade entre o
comportamento do agente e o dano causado e o dano efetivo.

A fixação dos valores indenizatórios pelos danos morais causados não


diminui o sofrimento psicológico do autor pela intromissão na propriedade do
requerente. O valor traria ao menos um pouco de segurança e conforto ao autor, já
que foram inseridos os postes e ferida a sua moral. Assim, torna-se medida de
justiça a indenização pelo causador do fato.

2.3 - DOS DANOS MORAIS

Além de o requerente ter um prejuízo com a depreciação de sua


propriedade, também teve uma série de transtornos, eis que muito mais que um
simples aborrecimento, o ilícito gerou transtornos que foram além de um mero
dissabor, pois ocasionou dano ao requerente pelo sofrimento psicológico e físico
sofrido.

Cabe destacar que para a caracterização do dano moral seria necessário


que o autor tivesse experimentado situação constrangedora, angustiante, tendo sua
moral abalada, face à inserção dos postes sem sua autorização, o que ficou
evidenciado pelo caso em tela, pois a gerou uma angústia, um abalo e uma aflição
pela intromissão e por não ter mais a sua propriedade como antes. A cerca do
conceito de dano moral Minozzi leciona:

Dano moral é a dor, o espanto, a emoção, a vergonha, a aflição


física ou moral, em geral uma dolorosa sensação provada pela
pessoa, atribuindo à palavra dor o mais largo significado.

2.4 - DOS DANOS MATERIAIS


Ao inserir os postes sem avisar o
requerente desta mudança, a requerida
simplesmente não indenizou pela restrição do uso
na propriedade do requerente, que agora custa
R$20.000,00 (vinte mil reais) a menos, ou seja, o
imóvel que custava R$150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais), agora vale R$130.000,00 (cento
e trinta mil reais). O valor da indenização a título de
danos materiais na hipótese de servidão
administrativa tem relação direta com eventual
decréscimo no valor do imóvel. Dessa forma,
afetados parcialmente os poderes do proprietário
quanto ao seu uso e gozo. Fica caracterizado o dano
material por prejuízo efetivo sofrido pelo requerente
(dano emergente), pois lhe diminuiu o patrimônio.

Assim, ao não haver a prévia autorização


do requerente para a inserção dos postes, fica
evidenciado o dever de indenizar.

2.5 - DO DIREITO CONSUMERISTA

O artigo 2° do CDC define como consumidor toda pessoa física ou jurídica


que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, e o artigo 3° define
como fornecedor toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
No presente caso, pode-se afirmar com certeza e de antemão, que o
REQUERENTE, é consumidor e que a REQUERIDA é fornecedora. Caracterizada a
relação de consumo, está presente o dever de indenizar conforme o artigo 14, caput,
do CDC, no qual disciplina que o fornecedor responde pelos danos causados aos
consumidores por defeitos na prestação dos serviços e por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, nesses termos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos .

2.6 - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Cumpre mencionar o disposto no artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa


do Consumidor, o qual dispõe acerca da inversão do ônus da prova:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: [...] VIII- a facilitação da defesa
de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências.

Nas palavras de Alexandre Freitas Câmara (2008, p. 381), ao analisar o


instituto da inversão do ônus da prova, afirma:

Deste modo, a aplicação da teoria dinâmica do ônus da prova se revela


como uma forma de equilibrar as forças na relação processual, o que nada
mais é do que uma aplicação do princípio da isonomia. Assim, penso que a
aplicação da teoria dinâmica do ônus da prova independe de qualquer
previsão expressa em lei, e se dá no direito brasileiro por aplicação dos
princípios constitucionais que regem o processo.
Sendo assim, há que se declarar a inversão do ônus da prova na
presente relação jurídica.

3 - DO PEDIDO

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa


Excelência:

a) A citação da requerida, para que,


querendo, apresente defesa;

b) A produção de todos os meios de


prova, principalmente a documental;

c) A inversão do ônus da prova;

d) O julgamento da demanda com TOTAL


PROCEDÊNCIA, condenando a requerida a:

1) A pagar o valor da depreciação, a


quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), referentes
ao dano material, devidamente corrigido
monetariamente e com aplicação de juros
moratórios;

2) A pagar R$ 10.000,00 de danos


morais;

3) Condenar a REQUERIDA em
honorários sucumbenciais e custas judiciais;

Nesses Termos, Pede Deferimento.


Dá à causa o valor de R$ 30.000,00(trinta
mil reais).

Tubarão, 05 de Outubro de 2020

_____________________________________
GUILHERME DE FARIAS GONÇALVES

OAB/SC sob o n. 51203

Assinado digitalmente

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