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AO JUÍZO DE DIREITO DA 5° VARA CIVEL DA COMARCA DE

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - SP

PROCESSO N° XXXXX-XX.XXXX

Condomínio Vida Nova, inscrito no CNPJ (n°), sediado na Rua


(nome), bairro (nome), na comarca de Ribeirão Preto - São Paulo, Cep: (número),
neste ato representado por seu síndico Demervaldo, já qualificado nos autos, vem
por intermédio de sua advogada que esta subscreve (procuração anexa) nos autos
da presente ação indenizatória movida pelo senhor Tibúrcio - também devidamente
já qualificado nos autos, nos termos do artigo 336 e seguintes do CPC apresentar
CONTESTAÇÃO pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

1) PRELIMINARMENTE DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

É de relevância constatar que o requerido não pode integrar o polo passivo


da presente demanda por não possuir legitimidade passiva conforme elenca o artigo
337, inciso XI do CPC, haja vista que o pote de vidro e estopim da litigância foi
jogado do apartamento 231 e, tratando-se de imóvel residencial, e de cunho
particular, sendo portanto o dono do imóvel o único e exclusivo responsável por
eventuais danos, nos termos do artigo 938 do CC vejamos:

artigo 938: aquele que habitar prédio, ou parte


dele, responde pelo dano proveniente das coisas
que caírem ou orem lançadas em lugar
indefinido.

Assim sendo douto julgador (a), conforme aduzido no referido diploma legal, é do
habitante a responsabilidade de quaisquer danos, seria apenas do requerido a
responsabilidade em caso de impossibilidade de identificação do apartamento o
qual o objeto foi arremessado conforme explanado no enunciado 557 da VI Jornada
de Direito Civil:
Enunciado 557: Nos termos do artigo 938 do CC,
se a coisa cair ou for lançada de condomínio
edilício, não sendo possível identificar de qual
unidade, responderá o condomínio, assegurado
o direito de regresso.

Nesse sentido, também é do entendimento da 3° turma do Superior Tribunal de


Justiça:

REsp 246.830 - Ministro Gomes de Barros : Na


impossibilidade de identificar o causador, o
condomínio responde pelos danos resultantes de
objetos lançados sobre o prédio vizinho

Ora Excelência, neste caso é identificável a origem do objeto e seu lançamento,


sendo contraditória a ação.

2) DA TEMPESTIVIDADE

A presente contestação é dotada de tempestividade visto que, começa a


correr o lapso do tempo a partir do dia da juntada do comprovante do mandado da
citação válida nos autos, haja vista que a mesma ocorreu no dia 15 de Dezembro de
2022 terminando o prazo em 08 de Fevereiro de 2023 nos termos do artigo 218 do
CPC.

3) DA SÍNTESE DA INICIAL

O requerente andava pela calçada onde reside em Ribeirão Preto, quando foi
atingido por um pote de vidro arremessado do apartamento 231 no condomínio Vida
Nova. O requerente desmaiou com a contusão, teve os primeiros socorros
prestados por quem passava pelo local e posteriormente foi levado pelo Samu ao
Hospital Municipal James, onde realizou exames e foi submetido a uma cirurgia
para estagnar a hemorragia interna. O requerente, após a cirurgia, permaneceu
hospitalizado por 30 (trinta) dias, deixando de auferir contratos de trabalho já
fechados - uma vez que o mesmo é caminhoneiro e trabalha com fretes, e, devido
ao período de internação teve um prejuízo no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais).
Após obter alta, o requerente voltou a suas atividades laborais, porém, vinte
dias após o seu regresso sentiu-se mal e retornou ao Hospital Municipal James -
local onde fez o primeiro tratamento, realizou novos exames e foi constatado uma
infecção craniana devido a um gaze cirúrgico esquecido pela equipe médica
responsável pelo primeiro procedimento cirúrgico. Em decorrência disso, o
requerente foi submetido a uma nova intervenção cirúrgica, ficando internado após o
procedimento por mais trinta dias, tendo mais um prejuízo no valor de R$ 7.000,00
(sete mil reais) referentes a perda de fretes.
Portanto, o requerente alega ter sofrido diversos danos, e propôs ação em
face do requerido visando uma indenização a título de lucro cessante no valor de R$
22.000,00 (vinte e dois mil reais) e a título de danos morais no valor de vinte salários
mínimos.

3- DO DIREITO

É notório que inexiste a obrigação de natureza indenizatória por parte do


requerido ao que concerne os danos sofridos pelo requerente, o primeiro, embora
tenha sido em decorrência de um objeto arremessado de um apartamento do ediício
do requerido, conforme supracitado na arguição preliminar de ilegitimidade e
consubstanciado no artigo 938 do Código Civil, ainda que o apartamento faça parte
do complexo de moradias do requerido, ainda trata-se de uma unidade individual e
dotado de inviolabilidade, ou seja, não há como o síndico por exemplo ter controle
do que os moradores fazem ou deixam de fazer, há orientações de condutas, mas
não há como fiscalizar todos. E o segundo dano, também não deve ser imputado
responsabilidade ao requerido devido a ter sido ocasionado por um erro médico,
uma negligência e não pelo pote de vidro em si, vejamos o artigo 186 do Còdigo
Civil:

artigo 186 - Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

É indubitável que nesta realidade fática, a responsabilidade do dano causado pelo


esquecimento do gaze deve recair a equipe médica e não ao condomínio, ademais, a
indenização deve se dar pela proporção do dano, conforme aduz o artigo 944 do
Còdigo Civil:

artigo 944 - A indenização mede-se pela extensão


do dano.

Destarte, ante aos arcabouços legais supracitados, não há Excelência


demonstrativos que comprovem a responsabilidade do condomínio, em suma, não
há nexo de causalidade entre a atitude do requerido e a queda do pote, não havendo
então o nexo causal não há de se falar em dever indenizatório.
4- DOS PEDIDOS

Diante ao exposto pede-se a Vossa Excelência:

a) Acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva do requerido, extinguindo


o processo sem resolução do mérito - em consonância do previsto no artigo
485, VI do CPC;

b) Em hipótese de não acolhimento da ilegitimidade passiva do requerido por


Vossa Excelência, requer-se a realização do chamamento do responsável aos
danos, ou seja, o habitante do imóvel e local da queda do objeto, e ainda, se
possível, a denunciação da lide visando o direito de regresso do requerido -
nos termos do artigo 339 e 125 a 129 do CPC bem como o enunciado 557 da
VI Jornada de estudo civil;

c) A procedência do pedido ao que tange o não dever de indenização dos danos


ao requerente pelo requerido;

d) A condenação do requerente aos honorários de sucumbência no valor de 15%


(quinze) por cento sobre o valor da causa nos termos do artigo 85 do CPC;

e) Protesta provar, o requerente, por todos os meios de provas em direito


admitidos, tais como, prova documental, pericial, oitiva de testemunhas e
laudos médicos.

Dá - se a causa o valor de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais).

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Guariba, 06 de Fevereiro de 2023

Advogada.

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