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AO JUIZO DE DIREITO DA 2a VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO, ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

AUTOS No -.

CONDOMÍNIO BOSQUE DAS ARARAS, com endereço na Rua -, bairro -, CEP -, Cidade e comarca do Rio de
Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, neste ato devidamente representado pelo síndico MARCELO SOBRENOME,
brasileiro, estado civil, profissão, inscrito no CPF/MF sob n o, portador da Cédula de Identidade RG sob n o -, por sua
advogada, com escritório localizado na Rua -, bairro -, CEP -, Cidade e comarca -, Estado -, onde recebe notificações
e intimações, nos autos do processo de número supra, que lhe move o JOÃO SOBRENOME, já devidamente
qualificado, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 335 e seguintes do Código de
Processo Civil, apresentar a CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

1. DOS FATOS

Narra o autor que no dia -, por volta das -, encontrava-se caminhando pela calçada da rua onde morava,
situada no Rio de Janeiro, quando foi abruptamente atingido na cabeça por um pote de vidro.

O referido pote de vidro foi lançado da janela do apartamento 601 do edifício pertencente ao Réu,
Condomínio Bosque das Araras, cujo síndico é o Sr. Marcelo Rodrigues.

Em decorrência do impacto, o autor afirma que desmaiou, e foi socorrido por transeuntes que contataram o
Corpo de Bombeiros. Posteriormente, alega ter sido transferido via ambulância para o Hospital Municipal X, onde foi
internado e submetido a exames e, após, a uma cirurgia para estagnar a hemorragia interna sofrida.

O autor alega em exordial, que teve sua fonte de renda principal, que consiste na contratação de fretes,
interrompida em virtude da internação, perdendo a oportunidade de executar contratos já negociados. Tal interrupção
resultou alegadamente em uma perda de R$ 20.000,00.

Após receber alta hospitalar, aponta o autor que retomou suas atividades laborais como caminhoneiro. No
entanto, cerca de 20 dias após seu retorno, sentiu-se mal e retornou ao Hospital X, onde foi constatada a necessidade
de realização de nova cirurgia.

A segunda internação do Autor, que perdurou por mais 30 dias, foi motivada por uma infecção no crânio
causada por uma gaze cirúrgica deixada em seu corpo por ocasião da primeira cirurgia. Esta nova internação
ocasionou uma perda adicional de R$ 10.000,00 ao Autor.

Pelo fatos narrados acima, buscou o autor o poder judiciário pleiteando o recebimento de: (i) R$ 30.000 (trinta
mil), à título de lucros cessantes; (ii) reparação dos danos morais no valor de 50 (cinquenta) salários mínimos; e (iii)
condenação da parte ré ao pagamento dos honorários de sucumbência e custas processuais.

É a breve síntese dos fatos narrados pelo autor.

2. DAS PRELIMINARES DE MÉRITO

Antes de adentrar no mérito, necessário se faz apontar algumas defesas em sede preliminar.

2.1 Da Ilegitimidade Passiva do Condomínio

Excelência, é patente a ilegitimidade passiva ad causam do condomínio para figurar no polo passivo da
presente demanda.

O autor almeja obter indenização em razão dos danos sofridos por conta do arremesso de um pote de vidro
que o atingiu, portanto, é claro que o condomínio não é parte legítima para figurar no polo passivo da ação, posto que,
tem-se o conhecimento de que o objeto foi lançado do apartamento 601, e uma vez identificada, a parte é
individualizada, tratando-se, portanto, de unidade autônoma conforme preceitua o art. 938 do Código Civil.
Desse modo, está mais que claro, nos moldes do art. 339 do CPC, que a parte legítima para figurar no polo
passivo da demanda é o morador do apartamento 601, seja ele proprietário ou possuidor, e não o condomínio, visto
que, só comportaria legitimidade por parte do condomínio caso fosse impossível de reconhecer de qual apartamento o
objeto foi lançado.

Portanto, requer o acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva do condomínio Bosque das Araras, com
a consequente extinção do processo sem resolução de mérito, nos moldes do art. 485, VI, do CPC.

3. DO MÉRITO

3.1 Do Descabimento do Pedido de Indenização em Face do Condomínio

Excelência, conforme já alegado nas preliminares, o condomínio não pode ser responsabilizado a arcar com
danos de um objeto que foi lançado de um apartamento em específico, sabe-se que a responsabilidade civil pressupõe
a comprovação de três elementos essenciais: conduta, dano e nexo causal entre a conduta e o dano. No presente caso,
não há qualquer prova que demonstre que o condomínio ou seu representante tenham praticado ato ilícito que tenha
ocasionado o lançamento do referido objeto. Assim sendo, o verdadeiro causador dos danos deve ser responsabilizado.

Vencida a preliminar anteriormente suscitada, é evidente que deve haver a improcedência da obrigação de
indenizar o autor em relação aos danos sofridos em decorrência da segunda cirurgia, a qual João foi submetido, pois
os danos que foram produzidos por essa cirurgia é consequência de erro médico, cometido por falhas da equipe
cirúrgica do Hospital Municipal X, devendo este ser demandado.

Ademais, ressalta-se que esses danos supervenientes se deram pela falha do Hospital, e não propriamente
pelo evento inicial, qual seja, a queda do pote de vidro, uma vez que, o próprio autor, afirma na peça exordial que
estava em melhores condições de saúde, já estava trabalhando, e que somente alguns dias após a primeira cirurgia,
se sentiu mal e descobriu que foi devido a gaze cirúrgica deixada em seu corpo por falha dos médicos.

Assim, quanto aos prejuízos financeiros alegados, é importante destacar que não há nexo causal entre os danos
sofridos por João e qualquer ação ou omissão por parte do condomínio Bosque das Araras, não sendo cabível o pedido
de indenização em face do condomínio.

Portanto, não há que se falar em culpa da parte ré pelos ocorridos, de modo que esta não pode responder por
fato de terceiros, motivo pelo qual os pedidos da parte autora devem ser julgados totalmente improcedentes.

4. DAS PROVAS

Protesta-se pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, a fim de comprovar os fatos
contidos em sede de contestação.

5. DOS PEDIDOS

Ante os fatos, fundamentos legais e jurisprudenciais explanados, por medida de Direito e de Justiça, pede
digne-se Vossa Excelência a JULGAR TOTALMENTE IMPROCEDENTES os pedidos iniciais para:

a) Seja julgada IMPROCEDENTE a demanda, sem julgamento mérito pela flagrante ilegitimidade
passiva da parte ré com fulcro no art. 485, VI do CPC ou se assim não entender V. Exª. que seja julgada
TOTALMENTE IMPROCEDENTE pelas razões de mérito expostas e por ser medida da límpida justiça.

b) A readequação do polo passivo da demanda, para que figurem nele os verdadeiros responsáveis pelos
danos ocasionados ao autor;

c) A condenação do autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios à razão em que
Vossa Excelência achar por bem em arbitrar.

E para isso, requer:


d) A designação de audiência de Instrução e Julgamento para produção de todos os meios de prova em
direito admitidos.

Termos em que pede deferimento.

Maringá, aos 20 de fevereiro de 2024.

 Dúvida: fiquei na dúvida se na preliminar poderia colocar a legitimidade tanto do hospital, quanto do morador
do 601 (acabei deixando só do morador). Ou se a legitimidade do hospital devia ser alegada só no mérito
mesmo?

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