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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

VIGÉSIMO QUINTO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA REGIONAL DE


PAVUNA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº.: 0804463-90.2023.8.19.0211

ESTOK COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES S.A. –


TOK&STOK [doravante “REQUERIDA” ou “RÉ”], já qualificada, vem,
respeitosamente, através de seus advogados signatários, apresentar
CONTESTAÇÃO no processo em epígrafe, movido por DOUGLAS
OLIVEIRA DE FARIAS [doravante “AUTORA” ou “REQUERENTE”], conforme
fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
I. DOS FATOS

1. Trata-se de Ação Declaratória de Obrigação de Fazer


c/c Indenização por Danos Morais, em que o AUTOR pugna pela condenação
da REQUERIDA ao pagamento de R$301,41 (trezentos e um reais e quarenta e
um centavos) a título de danos materiais, bem como ao pagamento de
indenização por danos morais no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), em
virtude de suposta falha na prestação de serviços da ESTOK.

2. Em síntese, o AUTOR alega ter adquirido uma


escrivaninha, solicitando seu cancelamento na mesma data, todavia, que
encontrou dificuldades para receber o estorno do valor do produto.

3. Devidamente citada, a REQUERIDA ESTOK, vem,


tempestivamente, apresentar defesa, oportunidade em que serão
demonstrados os fatos pelos quais a demanda deve ser julgada totalmente
improcedente.

II. MÉRITO

II.A. DA REALIDADE FÁTICA – AUSÊNCIA DE


DANOS MATERIAIS

4. A Ré Estok é empresa atuante no ramo de Comércio


varejista de móveis, sendo uma das principais lojas do seguimento no Brasil,
com mais de 55 lojas espalhadas por 33 cidades e 20 estados Brasileiros.

5. Com viés inovador, a Estok busca sempre atender os


interesses de seus clientes, seja através da aproximação junto aos

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consumidores, bem como disponibilizando central de atendimento e rápidas
resoluções junto a pontuais infortúnios que podem acometer os produtos.

6. Em análise ao histórico do AUTOR junto aos sistemas da


RÉ, observou-se que o reembolso do valor do produto foi realizado em 27 de
abril de 2023, conforme comprovante abaixo colacionado:

7. Observa-se, portanto, que não há que se falar em


prática de ato ilícito por parte da RÉ e, consequentemente, inexiste a
responsabilidade civil aduzida pela parte AUTORA, uma vez que a REQUERIDA
em momento algum se mostrou desidiosa para com a REQUERENTE, realizando
o reembolso do valor pago concomitantemente à propositura da demanda.

8. Evidente que, diante da demonstração de que a


devolução de valores foi realizada, não resta demonstrado qualquer prejuízo
material, portanto, caberia ao REQUERENTE demonstrar quais prejuízos
afetaram seu patrimônio e que fora o ato da RÉ que acarretou tais prejuízos,
uma vez que não se comprova dano material com meras suposições e
alegações genéricas.

3
9. Dispõe o art. 944 do Código Civil1 que a indenização é
medida pela extensão do dano, de modo que o dano material não pode ser
presumido, devendo ser devidamente comprovado, o que, claramente, não
ocorreu.

10. Restando incontroverso, portanto, que não houve


desídia por parte da ESTOK em ação ou omissão que tenha incorrido em
alegado danos sobre o REQUERENTE, evidente que a demanda deverá ser
julgada totalmente improcedente no mérito, face à RÉ ESTOK, com fulcro no
art. 487, I, CPC.

II.B. DA AUSÊNCIA DE DANOS MORAIS – NÃO


CONFIGURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

11. Em sua exordial, o AUTORA alega, também, que seria


merecedora de indenização a título de danos morais.

12. Nos termos dos artigos 1862 e 9273 do Código Civil e


depreendido pela melhor doutrina, os requisitos para configuração da
responsabilidade civil se resumem: (i) na ação ou omissão configurando ato
ilícito; (ii) nexo de causalidade; e (iii) dano comprovado, o que a partir da
análise dos autos, não se vislumbra.

13. Entretanto, a demonstração do dano é condição


essencial para o surgimento do dever de indenizar. Para além das alegações

1
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

2
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
3
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

4
da parte AUTORA, faz-se imperioso analisar as consequências em concreto da
conduta narrada.

14. Assim, evidencia-se a impossibilidade de condenação


da REQUERIDA ao pagamento de danos morais em razão do narrado pela
parte, uma vez que não há prova de qualquer dano extrapatrimonial
indenizável.

15. Não consta nos autos quaisquer atos comissivos ou


omissivos da RÉ que violem a moral do AUTOR, direta ou indiretamente, não
há, na narrativa fática, prática de conduta que lhe desabone ou ofenda, razão
em que se demonstra incabível qualquer presunção de danos em sua esfera
moral.

16. Há que se consignar que o dano moral é o dano que se


percebe na esfera moral, patrimônio abstrato individual. De acordo com sua
conceituação:

Dano moral é o que atinge o ofendido como Pessoa, não lesando


seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da
personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a
imagem, o bom nome etc., como se infere dos arts. 1º, III, e 5º,
V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor,
sofrimento, tristeza, vexame e humilhação.4

17. Neste sentido, dada a peculiaridade do caso concreto


não resta configurada lesão aos direitos da personalidade do AUTOR a ensejar
a condenação em danos morais.

18. O fato narrado na exordial, por si só, não acarreta


abalo moral. Ora, o art. 186, do Código Civil, estabelece que somente haverá

4
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume: Responsabilidade Civil. 14ª. Ed. São
Paulo. Saraiva, 2019, p. 402.

5
responsabilidade civil subjetiva se houver a culpa, dano e nexo de
causalidade. Na situação narrada, inexiste abalo extrapatrimonial em face do
consumidor, tratando-se de mero dissabor cotidiano. Leia-se:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. ATRASO NA ENTREGA DOS PRODUTOS. ATRASO
ÍNFIMO DE 06 DIAS. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.
MERO DISSABOR DO COTIDIANO. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL MANTIDA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. Recurso conhecido e desprovido.
(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0016623-62.2020.8.16.0182 -
Curitiba - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS
JUIZADOS ESPECIAIS NESTARIO DA SILVA QUEIROZ - J.
10.05.2021) (TJ-PR - RI: 00166236220208160182 Curitiba
0016623-62.2020.8.16.0182 (Acórdão), Relator: Nestario da
Silva Queiroz, Data de Julgamento: 10/05/2021, 1ª Turma
Recursal, Data de Publicação: 10/05/2021)

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. ATRASO NA


ENTREGA DO PRODUTO. MERO ABORRECIMENTO. DANO
MORAL NÃO CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. 1. Inicialmente, verifica-se a preclusão lógica
quanto ao pedido de gratuidade de justiça formulado no recurso,
haja vista o recolhimento do preparo recursal (ID 26331805), a
indicar que as partes possuem meios de arcar com as despesas
processuais. Destaca-se que as partes recorrentes não
acostaram ao feito qualquer documento que comprovasse a
alegada hipossuficiência. Gratuidade de justiça indeferida. 2.
Aduziu a primeira autora ter efetuado a compra de um fogão no
valor de R$ 1.979,55, na loja da empresa ré, em 03/12/2020,
para presentear a segunda requerente. Aponta que efetuou o
pagamento de todas as parcelas e a requerida não teria
entregado o produto. Pugnou pela condenação da empresa na
obrigação da entrega do produto, além da reparação por danos
morais. 3. Conforme consta nos autos, após a interposição da
presente ação e antes da citação da ré, o fogão foi
devidamente entregue às requeridas em 15/01/2020. 4.
Trata-se recurso (ID 26326784) interposto pelas autoras contra
a sentença que, extinguiu o processo sem análise de mérito
quanto à obrigação de fazer por perda do objeto, e julgou
improcedente o pedido de condenação ao pagamento de valores
à título de danos morais. 5. Nas razões recursais, sustentam que
a empresa prometeu a entrega do bem em 22 dias corridos, fato
que não ocorreu e por se tratar de atraso demasiado na entrega
de um bem essencial para a casa, haja vista a mudança da
segunda recorrente do Estado de São Paulo para Brasília, afirma

6
que a situação narrada extrapola o mero aborrecimento.
Apontam a existência do dever de indenização pelos danos
extrapatrimoniais experimentados. Pugnam pelo provimento do
recurso para reformar a sentença, a fim de julgar procedente o
pedido de reparação por dano moral. 6. A relação jurídica
estabelecida entre as partes é de natureza consumerista, haja
vista as partes estarem inseridas nos conceitos de fornecedor e
consumidor previstos no Código de Defesa do Consumidor.
Aplicam-se ao caso em comento as regras de proteção do
consumidor, inclusive as pertinentes à responsabilidade objetiva
na prestação dos serviços. 7. A controvérsia cinge-se à análise
da existência de dano moral advindo da demora na entrega de
um fogão. 8. O dano moral decorre do abalo a qualquer dos
atributos da personalidade, em especial à dignidade da
vítima, desencadeada pelo evento (art. 5º, V e X da CF). 9.
A falha na prestação de serviço, decorrente do atraso na
entrega do bem, por si só, não acarreta dano moral. É
certo que a inobservância de cláusulas contratuais pode gerar
frustração na parte inocente, mas não se apresenta como
suficiente para produzir dano na esfera íntima do indivíduo, até
porque o descumprimento de obrigações contratuais não é de
todo imprevisível. (REsp n. 876.527/RJ,Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, DJe de 28/4/2008.) 10. No caso em tela, não
há comprovação de exposição das autoras/recorrentes a
qualquer situação vexatória suficiente a demonstrar dano
psicológico ou ofensa atributos da personalidade. 11.
Ademais, importante registrar que o atraso de 23 dias
para a entrega do produto não se mostra suficiente à
configuração do dano extrapatrimonial. 12. Assim, o
quadro acima exposto não subsidia a reparação por danos
morais, por não causar grave afetação aos direitos da
personalidade da demandante. 13. Desse modo, irretocável a
sentença vergastada. 14. Recurso conhecido e improvido. 15.
Condenadas as partes recorrentes ao pagamento de custas
processuais e dos honorários advocatícios, estes fixados em 10%
sobre o valor da condenação. 16. A súmula de julgamento
servirá de acórdão, conforme regra do art. 46 da Lei nº
9.099/95. (TJ-DF 07003981520208070007 DF 0700398-
15.2020.8.07.0007, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO,
Data de Julgamento: 21/07/2021, Terceira Turma Recursal, Data
de Publicação: Publicado no DJE: 28/07/2021. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

19. Frise-se que não restou comprovado nos autos que,


em razão do ocorrido, o AUTOR deixou de honrar algum compromisso ou teve

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que pagar prejuízo de esfera material, ou seja, não sobreveio aos autos
prova de nenhum prejuízo efetivo à parte AUTORA.

20. Não há que se banalizar o instituto do dano moral,


tal instituto legal é de tal relevância ao ordenamento jurídico brasileiro que
tem supedâneo constitucional, cf. art. 5º, V, CF/885, não podendo ser
auferido de maneira absolutamente subjetiva, sem qualquer lastro
objetivo/concreto.

21. Como já assentou a jurisprudência, o mero dissabor


não dá ensejo ao dano moral, ou seja, o critério da razoabilidade que deve
ser o balizador para a solução da lide, não sendo possível extrair-se da
situação fática apresentada no instrumento da demanda, ainda que houvesse
morosidade para solucionar o infortúnio apresentado, tal fato não pode ser
considerado gerador da lesão moral, razão pela qual o pleito deve ser
indeferido.

22. Restando incontroverso, portanto, que não houve


desídia por parte da ESTOK em ação ou omissão que tenha incorrido em
alegado danos sobre o AUTOR, evidente que a demanda deverá ser julgada
totalmente improcedente no mérito, face à RÉ ESTOK, com fulcro no art. 487,
I, CPC.

II. C. DO ARBITRAMENTO DE DANOS MORAIS

23. Na eventualidade do reconhecimento de dano à moral


no presente caso, há que se consignar que o valor requerido pela parte
AUTORA é descabido e se fundamenta em meros aborrecimentos que não

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

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configuram lesão à esfera moral, de forma que o montante é completamente
desarrazoado, extrapolando a extensão do dano.

24. Portanto, os danos morais, se concedidos, devem ser


arbitrados no mínimo legal, com base nos parâmetros da razoabilidade e
proporcionalidade, sugerindo-se o montante entre R$ 500,00 (quinhentos
reais) e R$ 1.000,00 (hum mil reais), reconhecendo-se, ainda, a extensão
mínima do dano, que não tem qualquer lastro concreto, sob pena de
constituir enriquecimento sem causa da AUTORA. Nesse sentido:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO


CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. COMPRA PELA INTERNET. FONE DE
OUVIDO. CANCELAMENTO UNILATERAL. PRODUTO NÃO
ENTREGUE. AUSÊNCIA DE SOLUÇÃO ADMINISTRATIVA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM 4.000,00
(QUATRO MIL REAIS) QUE COMPORTA REDUÇÃO PARA R$
1.000,00 (MIL REAIS). OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE E AOS
PARÂMETROS ADOTADOS POR ESTA TURMA RECURSAL.
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso conhecido e
parcialmente provido. I. Relatório Dispensado o relatório, nos
termos do artigo 46, da Lei nº 9.099/95. II. Voto Satisfeitos os
pressupostos de admissibilidade, tanto intrínsecos quanto
extrínsecos, deve ser o recurso conhecido. Trata-se de recurso
inominado interposto pela ré em face da sentença que julgou
parcialmente procedentes os pedidos iniciais, na ação indenizatória
proposta por GUILHERME HENRIQUE CORDEIRO MONTANARI em
desfavor de B2W - COMPANHIA DIGITAL, para o fim de condenar a
reclamada na restituição simples do valor pago pelo produto, qual
seja, R$ 227,37 (duzentos e vinte e sete reais e trinta e sete
centavos), bem como no pagamento de indenização por danos
morais no importe de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), em razão da
não entrega do produto. Em sede recursal, a ré pugna pelo
afastamento da condenação em indenização por danos morais ou,
subsidiariamente, a minoração do quantum indenizatório
arbitrado. Primeiramente, cumpre lembrar que o presente caso é
típico de relação de consumo, eis que as partes se amoldam aos
conceitos de consumidor e fornecedor constantes dos
artigos 2º e 3º, do Código de Defesa do Consumidor. Assim, é
assegurado ao consumidor a aplicação do instituto da inversão do
ônus da prova, previsto no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor, quando demonstrada a sua hipossuficiência ou a
verossimilhança das suas alegações, hipótese vertente. No caso
em exame, restou incontroverso que o autor adquiriu um fone de
ouvido no site da ré, pelo valor de R$ 227,37 (duzentos e vinte e
sete reais e trinta e sete centavos) (mov. 1.5), contudo, houve

9
o cancelamento unilateral do pedido (mov. 1.8).
Incontroverso, ainda, que houve a disponibilização de um vale
compras, entretanto, quando o autor foi utilizá-lo, este estava
vencido (mov. 1.19). Assim, evidencia-se a falha na prestação de
serviços da ré e o descaso com o consumidor, ao cancelar
a compra unilateralmente e deixar de solucionar a questão de
forma eficiente, devendo, portanto, responder pelos prejuízos
causados na forma do artigo 14 do CDC. Neste ponto, como bem
restou assentado na r. sentença de origem, que, por entender
oportuno, trago a colação, in verbis: “O Autor demonstra ainda o
descumprimento pela Ré do contratado, com
o cancelamento da compra, inicialmente, pela alegação de
“problemas na destruição do item” (evento nº 1.8),
posteriormente por problema logístico (evento nº 1.10) e, por fim,
por falta do produto no estoque (evento nº 1.13). O Autor também
comprova que desde o início manifestou preferência pela entrega
efetiva do produto, e não pelo cancelamento da compra e
restituição do valor (eventos nºs 1.9 e 1.11). Dessa feita, não
estando demonstrada a impossibilidade de cumprimento da oferta,
não logrou êxito a Ré em comprovar qualquer excludente de sua
responsabilidade, ônus este que lhes incumbia (art. 6º,
inciso VII do CDC c/c art. 373, inciso II do CPC). Pelo contrário,
em sede de defesa, a Ré confirma o cancelamento unilateral
da compra, alegando que se deu por indisponibilidade de estoque.
Estando vinculada a publicidade do fornecedor ao contrato
celebrado, nos termos do art. 30 do Código de Defesa do
Consumidor, mostra-se evidente a falha na prestação de serviços
pela Ré. (...) No que tange ao pleito de indenização por danos
morais, merece acolhimento. Restou evidente o descaso da Ré
com os reclames do Autor, tendo permanecido inerte quanto à
resolução do problema, o que ultrapassa o mero dissabor do
cotidiano. ” No caso em análise verifica-se o nexo de causalidade
entre a conduta da ré e os danos alegados pelo autor, os quais
transbordam a esfera do mero aborrecimento, uma vez que esta
realizou o pagamento de um produto na ânsia de recebê-lo,
confiando no grande porte e renome da empresa ré, e, no entanto,
teve sua expectativa frustrada, já que não recebeu o produto,
tampouco obteve solução pela via administrativa. Com relação ao
quantum arbitrado, resta consolidado o entendimento de que a
fixação do valor da indenização por dano moral deve observar o
princípio da razoabilidade, levando-se em conta as peculiaridades
do caso concreto,como a situação econômica da autora, o porte
econômico da ré, o grau de culpa e a atribuição do efeito
sancionatório e seu caráter pedagógico. Por tais razões,
conclui-se que o valor dos danos morais fixados em R$
4.000,00 (quatro mil reais) se mostra excessivo, devendo
ser minorado paraR$ 1.000,00 (mil reais),o que faço em
respeito aos critérios acima mencionados e aos parâmetros
adotados por esta Corte. (…)(TJ-PR - RI 0029712-
74.2020.8.16.0014, Londrina 0029712-74.2020.8.16.0014
(Acórdão) Órgão Julgador 1ª Turma Recursal Publicação
05/08/2021, Julgamento 2 de Agosto de 2021, Relator Nestario da
Silva Queiroz).

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25. A fixação de eventual indenização deverá ser justa,
equitativa e moderada, não permitindo o enriquecimento ilícito da parte
REQUERENTE, atendo-se aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade, em
atenção ao preceituado pelo art. 944 do Código Civil, fixando-a em
patamares mínimos.

III. PEDIDOS

26. Diante do exposto, é a presente para requerer:

a) Seja julgada totalmente improcedente a presente


ação por inexistência de responsabilidade civil da RÉ
ESTOK, tanto à luz do direito civil, quanto do direito
consumerista pelos fatos e fundamentos ora expostos;

b) Sejam julgados improcedentes os pedidos de danos


materiais e morais, visto que a parte não sofreu
qualquer prejuízo, bem como que não foi atingida por
qualquer tipo de humilhação ou mancha em sua
dignidade, em razão de conduta da REQUERIDA;

c) Na eventualidade deste douto juízo entender pela


condenação ao pagamento de danos morais, que estes
sejam arbitrados sob os parâmetros da razoabilidade e
proporcionalidade, levando em conta a extensão ínfima
do dano moral;

11
f) Não seja concedida a inversão do ônus da prova, eis
que ausente de prova mínima dos alegados danos
sofridos;

g) A produção de todas as provas admitidas em direito.

27. Outrossim, requer sejam feitas todas as


anotações para que as intimações ocorram, sempre, em nome do
advogado Rafael Bicca Machado (OAB/RS 44.096), sob pena de
nulidade, nos termos do artigo 272, §5° do CPC.

Nesses termos, pede deferimento.


Curitiba, 14 de agosto de 2023.

RAFAEL BICCA MACHADO


OAB/RS Nº 44.096

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