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EXCELENTISSIMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL –


COMARCA DE FORTALEZA

Davi Silva, brasileiro, estado civil, profissão, portador da carteira de


identidade de nº. XXXXXXX, inscrito no CPF sob o nº. XXXXXXX, residente e
domiciliado na Cidade de Fortaleza/CE – endereço eletrônico XXXXXXX, vem por sua
advogada que subscreve a presente, com endereço profissional na Cidade de
Fortaleza/CE, onde receberá notificações e intimações, a presença de V.Exa., com
fundamento nos artigos 14 e 84 do Código de Defesa do Consumidor , propor AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE
7URGÊNCIA em face da empresa Mercado X, pessoa jurídica, com endereço comercial
xxxxxx, inscrita no CNPJ sob o nº. xxxxxxx, pelos motivos de fato e de direito que
passa a expor:

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer a Vossa Excelência a concessão do benefício da gratuidade de justiça,


uma vez que o pagamento de custas e demais despesas processuais prejudica o sustento
do Autor, bem como o de sua família, com base no art. 14, §1º da Lei 55847/70 e art. 98
CPC. Em anexo, segue Declaração de Hipossuficiência e documentos comprobatórios
que atestam a situação econômica autor.

II. DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO (OU PELA NÃO


REALIZAÇÃO) DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

 O Autor faz a opção pela realização da audiência de conciliação (ou


mediação), nos termos do art. 319, VII, do CPC.

III. DOS FATOS


O Autor teve seu nome enviado ao Serasa, passando a constar na lista de
inadimplentes, por conta de um cheque que falsificado que foi recebido pelo Mercado
X, do qual nunca entregou, sendo ele:

- Cheque no valor de R$ 2.500,00 (Dois mil e duzentros reais), que não havia
provisão de fundos.

Imediatamente, o Autor entrou em contato com a parte ré, impugnando, por


não ter realizado qualquer pagamento.

Foi esclarecido ao Autor, na ocasião da reclamação, que constava no sistema


da empresa uma declaração confirmando a falsificação do cheque, mas que a empresa
não poderia fazer nada, devendo ele pagar o valor das compras ou então procurer seus
direitos.

Não tendo o Autor outra opção para resolver a questão apresentada, certo que a
inscrição indevida está causando-lhe diversos transtornos, pois denegriu seu bom nome,
bem como está causando-lhe privações creditícias, se faz necessário a propositura da
presente ação.

IV. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Em face do ocorrido, o Requerente encontra-se em situação constrangedora,


tendo sua reputação atingida em virtude da indevida inscrição de seu nome no cadastro
de inadimplentes (SERASA), o que lhe causa prejuízos, sendo suficiente a ensejar danos
morais.

O Requerente tem seu nome registrado no cadastro do SERASA, por conta de


um débito que não é seu, pois a dívida das mensalidades não é sua obrigação, uma vez
que não possui qualquer contrato com a Requerida.

O ocorrido causou danos à imagem e à honra do Requerente, que se encontra


com reputação de devedor, fato totalmente indevido, pois o mesmo nada deve.

Desta forma, a Requerida não pode se eximir da responsabilidade pela


reparação do dano causado, decorrente de sua culpa exclusiva, restando claro sua
condenação à indenização pelo dano moral ao Requerente. Entendimento este
prevalente na jurisprudência:
RESPONSABILIDADE CIVIL. AGRAVO
REGIMENTO NO AGRAVO EM REURSO ESPECIAL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE
INADIMPLENTES. 1. DANO IN RE IPSA. 2.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. REVISÃO.
DESCABIMENTO. 3. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.

1. Prevalece no âmbito do Superior Tribunal de


Justiça o entendimento de que o dano moral sofrido em
virtude de indevida negativação do nome do autor se
configura in re ipsa, ou seja, independentemente de prova.
2. O Tribunal Estadual fixou o valor indenizatório em R$
15.000,00 a título de danos morais. De acordo com as
peculiaridades do caso concreto, seguindo s principios da
razoabilidade a proporcionalidade. Não há como concluir
pelo excess no arbitramento da indenização sem andentrar
nos aspectos fático-probatório da causa. Insuscetíveis de
revisão na via estreita do especial, por expresa disposição
da Súmula n. 7 do STJ, Precedentes.

V. DO DANO MORAL

O dano moral emerge da dor, do vexame, da ofensa à honra e dignidade que,


fugindo à normalidade, interfere intensamente no comportamento psicológico do
indivíduo, causando-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar que, no caso,
foi experimentado pelo Autor, que resulta do sentimento de injustiça decorrente da
restrição.

A responsabilidade da ré, portanto, está caracterizada, eis que comprovado o


dano, o serviço defeituoso prestado pelo fornecedor como fato determinante do prejuízo
e o constrangimento gerado ao Autor.

Ressalte-se, ainda, que não houve qualquer das hipóteses de exclusão de


responsabilidade previstas no art. 14, § 3º, do CDC.
A reparação do dano moral deve ser capaz de compensar o abalo psicológico,
tristeza e sofrimento pelos quais passou o ofendido sem, contudo, distanciar-se dos
princípios norteadores para a correta apuração do quantum, dentre os quais se destacam
o da razoabilidade e o da proporcionalidade.

Sergio Cavalieri Filho leciona que “Cabe ao juiz, de acordo com o seu
prudente arbítrio, atentando para a repercussão do dano e a possibilidade econômica
do ofensor, estimar uma quantia a título de reparação pelo dano moral” (Programa de
Responsabilidade Civil, Atlas, 8.ª edi7ção, 2008, página 91).

Neste sentido, a quantia pretendida a título de dano moral não é capaz de


causar enriquecimento ilícito ao Autor, compensando-o, ainda que modicamente, pelo
sofrimento e aborrecimento suportados em razão da conduta da ré.

VI. DA TUTELA DE URGÊNCIA

O Código de Processo Civil, em seu artigo 300, define que a tutela de urgência
deve ser deferida quando presentes, concomitante, a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Dispõe ainda o parágrafo terceiro do artigo 84 do C.D.C, in verbis:

“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (...)

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio


de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu.”

O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso


Especial nº 1.061.530- RS, afetado ao regime dos recursos
repetitivos, firmou entendimento no sentido de que “o
pedido de abstenção de inscrição/manutenção em
cadastro de inadimplentes formulado em antecipação de
tutela e/ou medida cautelar, somente será deferido se,
cumulativamente: a) a ação for fundada em
questionamento integral ou parcial do débito; b) ficar
demonstrado que a cobrança indevida se funda na
aparência do bom direito e em jurisprudência
consolidada do STF ou STJ; c) for depositada a parcela
incontroversa ou prestada a caução fixada conforme o
prudente arbítrio do juiz.” (REsp XXXXX / RS, Ministra
NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, Julgamento:
22/10/2008)

Por todo o exposto, constata-se que encontram presentes os requisitos


necessários à concessão liminar dos efeitos da tutela provisória de urgência, que
comprovam, em sede de cognição sumária, a verossimilhança das alegações do Autor e
o perigo de dano de difícil reparação, caso não antecipada a tutela pretendida, haja vista
a inscrição indevida do bom nome do Autor por débito ilegítimo.

VII. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:

A concessão da Tutela de urgência, conforme fundamentado no item VI acima,


tendo em vista estarem presentes todos os requisitos necessários, como a “probabilidade
do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, a fim de que
seja ------------ (efeito concreto).

A prioridade na tramitação do presente feito, tendo em vista que o Autor


apresenta idade (igual ou superior) a 60 (sessenta) anos.

A concessão do benefício da gratuidade de justiça, uma vez que o pagamento


de custas e despesas processuais prejudica o sustento do Autor, bem como o de sua
família.

A designação da audiência de conciliação (ou mediação) e intimação do réu


para seu comparecimento.

A citação do réu para integrar a relação processual, e, no prazo legal, oferecer


contestação à presente, sob pena de revelia e confissão da matéria de fato.

A TOTAL PROCEDÊNCIA DA PRESENTE AÇÃO para (pedido imediato)


e (pedido mediato).
A condenação do réu nas custas processuais e nos honorários advocatícios.

VIII. DAS PROVAS

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a


prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do Réu.

IX - DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$... (valor por extenso).

Pede deferimento.

Local, 05 de maio de 2023.

Advogado XXX

OAB XX. XXX/(CE)

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