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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL

DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

URGENTE

JOÃO PAULO, nacionalidade, estado civil,


profissão, inscrito no RG sob número ..., inscrito no CPF sob número ...,
endereço eletrônico ..., telefone, residente endereço completo ..., cidade do
Rio de Janeiro, por intermédio de seu advogado infra-assinado, vem, perante
Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 19, I e 282 do Novo CPC/2015,
PROPOR AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
DANO MORAL E MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE, em face do
BANCO YXZ, , estabelecido no endereço completo ..., cidade do Rio de
Janeiro, telefone ..., natureza jurídica ..., inscrita no CNPJ (MF) sob número ...,
pelos motivos de fato e de direito seguintes.

1- DOS FATOS

O REQUERENTE ao tentar adquirir um eletrodoméstico de maneira


financiada, fora surpreendido com a informação de que seu nome fora inserido
no cadastro de inadimplentes pelo banco XYZ.
Ocorre que o REQUERENTE nunca celebrou negócios financeiros com
tal instituição, que alega ser a negativação oriunda de uma dívida do valor de
R$ 10.000,00 (dez mil reais) referente a um empréstimo bancário.
Como dito, o REQUERENTE jamais contratou tal serviço, o que se
presume ter sido alguma fraude, assim, dirigiu-se a uma agência da
REQUERIDA solicitando a exclusão de seu nome do cadastro de maus
pagadores, o que de pronto lhe fora negado.
Inconformado com atitude da REQUERIDA, não resta ao
REQUERENTE alternativa, senão a presente ação, para que seja declarada a
inexistência/inexigibilidade do débito e condenada a REQUERIDA na obrigação
de indenizá-lo moralmente pelos danos suportados quando fora aviltado da
hora da compra do eletrodoméstico.
2- DO DIREITO

É cediço que o REQUERENTE é consumidor por equiparação conforme


artigos 17 e 29 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
De bom grado, é salutar o seguinte julgado:
“Esse alargamento do âmbito de abrangência do
Código do Consumidor para todos aqueles que
venham a sofrer os efeitos danosos dos defeitos do
produto ou do serviço decorre da relevância social
que atinge a prevenção e a reparação de eventuais
danos. E a equiparação de todas as vítimas do
evento aos consumidores, na forma do citado artigo
17, justifica-se em função da potencial gravidade
que pode atingir o fato do produto ou do serviço. É o
que se verifica na hipótese em análise, em que o
acidente mencionado nos autos causou, não apenas
prejuízos de ordem material ao autor, que teria
sofrido, também, danos emocionais e psíquicos”.
(Recurso Especial nº 540.235 – SP, DJ,
06.03.2006).”

Verifica-se também a indevida inclusão do nome do REQUERENTE no


cadastro negativo de devedores por causa de contrato fraudulento, o que
configura dano moral in re ipsa, nos termos do art. 14, §1º do CDC.

3- DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Dessa forma o REQUERENTE requer que esse r. Juízo digne-se em


determinar a inversão do ônus da prova no presente caso concreto com fulcro
no que determina o artigo 6º da Lei nº 8.078/90 do CDC, in verbis:

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor (...) VIII – a


facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências; (...)”.

E ainda, nos termos da lei especial 9.099/95 temos ainda que é admitido
a perícia no juizado, in verbis:

Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos,


ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar
a veracidade dos fatos alegados pelas partes.
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de
instrução e julgamento, ainda que não requeridas
previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
apresentação de parecer técnico.

4- DO DANO MORAL SUPORTADO

A REQUERIDA está violando, conscientemente e voluntariamente,


regras do ordenamento jurídico e causou danos na esfera moral do
REQUERENTE, por essa razão deve ser imposto a REQUERIDA o rigor da lei
como forma pedagógica para que assim não mais proceda.
Considerando que o caso em tela trata de relação de consumo e que o
dano moral afirmado é decorrente da conduta da REQUERIDA em inserir o
nome do REQUERENTE no sistema de proteção de crédito.
O Código Civil deixa evidente no artigo 186 ao prescrever que todo
aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
De outro prisma, o artigo 927 do mesmo Diploma legal, ao tratar da
obrigação de indenizar, preceitua que aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo.
A Constituição Federal, no seu artigo 5º, inciso V e X, protege de forma
eficaz a honra e a imagem das pessoas, assegurando direito a indenização
pelo dano material e moral que lhes forem causados. O direito à reparação do
dano depende da concorrência de três requisitos, que estão bem delineados no
supracitado artigo, razão pela qual, para que se configure o ato ilícito, será
imprescindível que haja: fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação
ou omissão voluntária, negligência, imperícia ou imprudência; ocorrência de um
dano patrimonial ou moral e, nexo de causalidade entre o dano e o
comportamento do agente.

5- DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGENCIA INAUDITA ALTERA PARTE

Os elementos probatórios anexos servem ao propósito de demonstrar


que as cobranças são ilegais e indevidas. Ademais restam devidamente
configurados os requisitos do artigo 300 do CPC, quais sejam: prova
inequívoca; verossimilhança da alegação; fundado receio de dano irreparável
ou de difícil reparação e reversibilidade dos efeitos da decisão.
O Mestre Humberto Theodoro Júnior em sua obra Processo Cautelar,
16ª Edição, pág. 77, diz que:

“Para a obtenção da tutela cautelar, a parte deverá


demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a
tutela definitiva, venham faltar às circunstâncias de fato
favoráveis à própria tutela. E isto pode ocorrer quando haja
risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração, ou
qualquer mutação das pessoas, bens ou provas
necessárias para a perfeita e eficaz atuação do provimento
final do processo principal”.

Com efeito, o perigo da demora pode causar prejuízos ao


REQUERENTE, não só socioeconômico, como também moral, dada sua
vulnerabilidade presumida como consumidor. Inobstante, ao analisar a fumaça
do bom direito, o que, Humberto Theodoro Junior na sua mesma obra na
página 74, ensina que:

“Para a tutela cautelar, portanto basta à provável existência


de um direito a ser tutelado no processo principal. E nisto
consistiria o fumus boni iuris, isto é, no juízo de
probabilidade e verossimilhança do direito cautelar a ser
acertado e o provável perigo em face do dano ao possível
direito pedido no processo principal”.

A inteligência do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor


preleciona o seguinte:
“Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não
será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer
tipo de constrangimento ou ameaça.” No presente caso o
Autor se sente ameaçado na cobrança de débito que julga
indevido, e ainda teme pela interrupção do fornecimento de
energia elétrica em sua residência.

A respeito segue precedente do TJ/MS:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE


DÉBITO COMINADO COM CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO. CONTA DE ENERGIA EXORBITANTE –
PRETENSÃO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA PARA DETERMINAR A CONTINUIDADE DO
FORNECIMENTO DE ENERGIA E EVITAR A INCLUSÃO
DO NOME DA AUTORA NOS CADASTROS DE
PROTEÇÃO DE CRÉDITO – DECISÃO QUE INDEFERIU
A LIMINAR - PRESENÇA DOS REQUISITOS PREVISTOS
NO ART. 273 DO CPC (ART. 300 CORRESPONDÊNCIA
COM NCPC), DECISÃO MODIFICADA – ANTECIPAÇÃO
DA TUTELA DEFERIDA. RECURSO PROVIDO. O art.273
do CPC, por prever medida excepcional de urgência, exige
presença cumulativa de dois requisitos para concessão da
antecipação dos efeitos da tutela de mérito, de modo que,
se estiverem ausentes quaisquer um deles, deverá ser
denegada. Havendo prova (INDÍCIO) robusta de que a
cobrança é efetuada pela concessionária de serviço
público é abusiva, deve-se conceder a medida
antecipatória da tutela para evitar o corte de energia
elétrica e a inclusão do nome da autora nos cadastros de
proteção ao crédito. Recurso. Conhecido e Provido. (TJ-
MS – AI. 14032450520158120000 MS. Relator: Des.
Dorival Renato Pavan, Data de Julgamento: 22/06/2015, 4ª
Câmara Cível).

Nesse diapasão, não se pode compelir o REQUERENTE a pagar o


débito que julga indevido, pois é evidente que o REQUERENTE vem
suportando danos difíceis de serem prontamente reparados, tudo isso em
razão da conduta ilícita da empresa REQUERIDA, que exige o adimplemento
do contrato fraudulento, mesmo existindo fundados motivos que os coloquem
em dúvida quanto a sua veracidade.
Dessa forma, a medida liminar é medida assaz urgente e necessária,
vez que as cobranças são abusivas e estão pautadas em erro, bem como a
interrupção de energia elétrica em sua residência e ameaça de lhe inserir em
órgãos de proteção ao crédito caso não pague já causou e vem lhe causando
graves prejuízos de ordem moral e patrimonial.
Assim, requer à Vossa Excelência se digne deferir o pedido de tutela de
urgência, cautelar ou antecipada, para determinar a exclusão do nome do
REQUERENTE do cadastro de inadimplentes até o julgamento final do mérito
da presente ação, com a consequente expedição do pertinente ofício/mandado,
com a máxima urgência, na forma da Lei.

6- DOS PEDIDOS
Diante de tudo que foi exposto, requer a Vossa Excelência, digne-se
liminarmente a:
a) a citação da REQUERIDA no endereço fornecido, por meio de seu
representante legal, para querendo, comparecer à audiência de
conciliação a ser designada por Vossa Excelência e, querendo,
apresentar contestação no prazo legal, sob pena de revelia e
confissão;
b) conceder inaudita altera parte a antecipação dos efeitos da Tutela
para determinar a retirada de imediato do nome do REQUERENTE
do cadastro negativo de devedores;
c) condenação ao pagamento de indenização por danos morais, no
valor de R$...;
d) que seja concedida a inversão do ônus da prova, em conformidade
com o artigo 6º inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor, no
sentido de caber a REQUERIDA demonstrar prova constitutiva,
modificativa ou extintiva de seu direito em face do alegado;
e) para provar o alegado o REQUERENTE protesta pela ampla
produção de provas, notadamente o depoimento pessoal do
representante legal da REQUERIDA, oitiva de testemunhas, e
juntada de documentos, prova pericial e parecer técnico nos termos
da lei especial;
f) no mérito, confirmado a liminar anteriormente deferida, julgue
totalmente procedente os pedidos, declarando a inexistência do
débito;
g) condenação da REQUERIDA em custas e honorários sucumbenciais.

Dá-se a causa o valor nos termos do art. 292 CPC.

Tempestiva e respeitosamente, pede e espera deferimento.

Local, data

ADVOGADO
OAB N°

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