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Curso: DIREITO Atividade

UNIP-SOROCABA Disciplina: Arbitragem domiciliar


Profa.: Rosana C. Ragazzoni Mangini 2

Atividade domiciliar turmas arbitragem manhã e noite

Nome do/a aluno/a: Juliany Santana Xavier RA: T1899G-2 Turma: DR9A17

Atividade Domiciliar solicitada para atender a compensação de ausência


referente à suspensão preventiva das aulas do dia 30/03/2020 à 05/04/2020.

INSTRUÇÕES:
1. Leitura da Bibliografia;
2. Assistir ao filme sugerido;
3. As respostas devem ser justificadas e fundamentadas em até 10 linhas.

Objetivos:
Apresentar ao aluno o histórico da arbitragem sob uma perspectiva internacional
e também sob o enfoque brasileiro.
Proporcionar um enfoque crítico da arbitragem e a compreensão das vantagens
deste instituto em um sentido de instrumento de política pública e concretização
de finalidades de outras leis e objetivos constitucionais.

Questões:

01. A partir de uma análise histórica é possível depreender que a arbitragem no


Brasil foi impulsionada a partir da Lei 9.307/1996, ainda que existente
previamente no ordenamento jurídico pátrio por meio de dois diplomas
processuais brasileiros anteriores. O judiciário, ao longo do tempo, tornou-se
uma instância de solução de conflitos incapaz de promover e efetivar o acesso
à justiça. Nesse passo, a defesa da utilização da arbitragem é, em grande
parcela, baseada na lentidão do judiciário e no grande número de processos
judiciais em andamento, operando vantagens como a celeridade.
Especificamente, em seu contexto histórico a arbitragem ganha espaço se
materializando como um instrumento adequado de solução de controvérsias
célere, eficaz e flexível, diante de um judiciário que passou a sofrer com
descrédito tanto pela sua falta de conhecimento específico sobre alguns temas
quanto pela insuficiência de estrutura material e humana. Desta forma tornou-se
incapaz de trazer respostas às necessidades de prestação jurisdicional diante
de uma sociedade globalizada e dinamizada. Também é possível verificar que a
iniciativa privada e os investidores (principalmente estrangeiros) passam a ter
uma confiança quando da utilização de cláusula arbitral nos acordos firmados
tanto com o setor público quanto com o setor privado, uma vez que qualquer
conflito contará com um procedimento célere, imparcial, com a presença de
árbitros com altíssimo conhecimento sobre o tema em litígio e, ainda, com prazos
e atos procedimentais flexíveis e fixados de acordo com a complexidade de cada
caso concreto. Nesse sentido, materializar a compreensão da arbitragem
apenas sobre uma concepção dogmática e legal é muito simplista, deve-se
observar que ela é capaz de funcionalizar os objetivos de diversos princípios
constitucionais (como a pacificação social) e capaz de proporcionar o alcance
das finalidades de diversas leis. Diante deste cenário e da afirmação trazida,
responda e/ou comente as passagens abaixo:

a) Discorra sobre a origem da arbitragem desde o povo hebraico até os


romanos, indicando o seu enfraquecimento com o advento do Estado
absolutista até a formação da noção de Estado de Direito Democrático
Constitucional. Aponte a influência dos influxos da terceira onda da
solução de conflitos.

Resp.: O direito Hebraico surgiu após o exílio na Babilônia, nessa época a


acusação era apresentada por meio de testemunha ao juiz e todos os homens
livres participam da condenação do condenado. Embora não haja registros
claros de como era o processo para a solução dos conflitos, existia a presença
de um de um rei, ou sacerdote que ditava as regras e aplica as penas.

O direito grego criou o júri popular, este era formado por cidadãos
comuns, estabelecido um processo regular jurídico. Historicamente, a arbitragem
se fazia presente nas duas formas do processo romanos: o processo das legis
actiones e o processo per fórmulas. Em ambas as espécies, o mesmo esquema
procedimental norteava o processo romano: a figura do pretor, preparando a
ação, primeiro mediante o enquadramento na ação da lei e em seguida, o
julgamento por um iudex ou arbiter.

O arbitramento clássico se enfraqueceu na medida em que o Estado


romano se publicitava, instaurando uma espécie de ditadura e depois
assumindo, por longos anos, poder absoluto, em nova relação de forças na
concentração do poder, que os romanos utilizaram até o fim do império.

b) A respeito do histórico da arbitragem no Brasil, é possível afirmar que


este instrumento apenas surgiu com o advento da Lei 9.307/1996?

Resp.: A doutrina brasileira identifica a presença da arbitragem em nosso


sistema jurídico desde a época do Brasil Colônia.
No ambiente nacional, a arbitragem surgiu, pela primeira vez, na
Constituição do Império, de 1924, em seu art. 160, ao estabelecer que as partes
podiam nomear juízes–árbitros para solucionar litígios cíveis e que suas
decisões seriam executadas sem recurso, se as partes, no particular, assim,
concordassem. A Constituição Federal 1934 voltou a aceitar a arbitragem,
assegurando à União competência para legislar sobre as regras disciplinadoras
do referido instituto.
No entanto, a Constituição Federal vigente, de 05/10/88, trata sobre a
arbitragem em seu art. 4º, § 9º, VII, bem como no art. 114, § 1º. Vale ressaltar
que a Carta de 1988, no seu preâmbulo, 13 traz como princípio fundamental.

c) Indique quais as principais vantagens da arbitragens e suas


atratividades.

Resp.: As principais vantagens da arbitragem e suas atratividades são:


Informalidade: O processo sugerido pela arbitragem deve conter regras simples
e fáceis de serem seguidas e acompanhadas por todos os envolvidos no litígio,
inclusive os próprios árbitros.

Autonomia das partes na condução do processo: As próprias partes


nomeiam os árbitros para solucionarem o conflito.
Juízes especialistas: Os árbitros poderão ser escolhidos pelas partes dentre
aqueles com conhecimento ou especialidade na matéria do conflito, como
engenheiros, arquitetos...

Sigilo: Apenas as partes em conflito podem ter acesso ao processo, podendo


decidir se vão tornar o caso aberto ao resto do público ou não.

Rapidez: As partes podem escolher os árbitros com total liberdade, podendo


também determinar prazo para que a sentença arbitral seja proferida.

d) É possível afirmar que a arbitragem é muito mais do que uma mera


técnica de solução de conflitos, podendo afirmar que é um instrumento de
política pública que funcionaliza o alcance da finalidade de outras leis e
também proporciona o alcance do acesso à justiça? Responda com base
na bibliografia e no filme Erin Brockovich: uma mulher de talento,
explicando a importância e a forma como a arbitragem contribuiu para a
solução do conflito.

Resp.: Baseado no filme, há uma cena em que um dos personagens, Edward L.


Masry, explica aos litigantes que existe a possibilidade da convenção de uma
“decisão amarrada”, na qual o litígio não seria submetido ao júri popular, mas
para uma decisão de um juiz singular e sem a possibilidade de recurso de
apelação.
No filme, a justificativa seria uma decisão rápida, mas com a ausência da
possibilidade de revisão pelo Tribunal, ou seja, a celeridade em contraposição
aos riscos processuais. A transformação de paradigmas, incide também sobre a
sociedade brasileira, traduzindo a necessidade de políticas públicas que
garantam celeridade, acessibilidade e economia nas experiências jurídicas dos
cidadãos.
02. Discorra sobre a constitucionalidade da arbitragem e sua natureza
jurídica.

Resp.: A doutrina considera a convenção arbitral como um negócio jurídico.


Segundo José Lebre de Freitas (ANO, p. 625), “trata-se de um negócio jurídico
processual”.
Quanto à constitucionalidade, na época da homologação de 2001, houve
uma discordância quanto ao incidente de inconstitucionalidade. Segundo o
Sepúlveda Pertence, o relator do recurso, entendeu que a lei de arbitragem, em
alguns de seus dispositivos, dificulta o acesso ao Judiciário, direito fundamental
previsto pelo artigo quinto, inciso XXXV, da Constituição Federal.
Contudo, a corrente vencedora, considerou um grande avanço a lei e não
vê nenhuma ofensa à Carta Magna. O ministro Carlos Velloso, em seu voto,
revelou que se trata de direitos patrimoniais e, portanto, disponíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDES, Geovana Faza da Silveira; ALMEIDA, Marcelo Pereira de. O


redimensionamento do conceito de acesso à justiça no paradigma democrático
constitucional: influxos da terceira onda renovatória. Revista Scientia Iuris , n.
23-1, mar., 2019. (p.41-62) – Vlex.

NERY, Ana Luíza Barreto de Andrade Fernandes. Class arbitration: instauração


de processo arbitral para a resolução de conflitos envolvendo direito de natureza
individual. Tese de Doutorado. PUC. 2015. Disponível em:
<https://tede2.pucsp.br/handle/handle/7003>. (p. 29-40).

COLOMBO, Silvana Raquel Brendler; AUGUSTIM, Sergio. Análise crítica das


principais alterações do procedimento arbitral à luz da Lei 13.129/2005: avanços
e retrocessos. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 20, Ed. 20, 2016,
Curitiba. Disponível em:
<https://search.proquest.com/openview/61100dc9f7ca38c49789f92bba520e74/
1?pq-origsite=gscholar&cbl=2046350>. (p. 141-147).

SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem: mediação e


conciliação. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. (p. 10-16 – conceito de
arbitragem e jurisdição)

CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem: mediação, conciliação e tribunal


multiportas. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais (Thomson Reuters Brasil),
2018. (p. 123-140)
AZEVEDO, Anderson de. Jurisdição, arbitragem e globalização uma análise
histórica e política sobre a evolução e concretização dos principais mecanismos
de conflitos. In: TEIXEIRA, Tarcisio; LIGMANOVSKI, Patrícia Ayub da Costa.
Arbitragem em evolução aspectos relevantes após a reforma da Lei Arbitral. São
Paulo: Manole, 2018. (p. 1-22).

FRANZOINI, Diego. Histórico legislativo da arbitragem no Brasil. In: TEIXEIRA,


Tarcisio; LIGMANOVSKI, Patrícia Ayub da Costa. Arbitragem em evolução
aspectos relevantes após a reforma da Lei Arbitral. São Paulo: Manole, 2018. (p.
23-36).

SOMBRA, Thiago Luís. A constitucionalidade da arbitragem e sua disciplina no


Anteprojeto de CPC. Revista de Informação Legislativa, ano 48, n.190, abr./jun.
2011. Disponível em:
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/242958/000940009.pdf?s
equence=3&isAllowed=y>.

FILME

Erin Brockovich: uma mulher de talento. 2000. Disponível em:


<https://vimeo.com/237377430>.

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