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É proibida: CAPÍTULO V
Disposições Finais e Transitórias
a) A remoção de células, tecidos e órgãos de cadáve-
res, cuja morte tenha ocorrido sem assistência ARTIGO 23.º
(Proibição de anúncio)
médica ou óbito por causa não definida;
b) A remoção de células, tecidos e órgãos de cadáve- É vedada a utilização dos meios de comunicação social
res não identificados; com anúncios onde conste o seguinte:
c) A remoção de células, tecidos e órgãos de cadá- a) Apelo público de doação de tecidos ou órgãos para
veres de menores ou incapazes quando não haja determinada pessoa, excepto nos casos de trans-
autorização dos pais, parentes ou tutores. fusão de sangue ou nos casos de transplante de
ARTIGO 19.º
medula óssea, salvaguardando-se o anonimato
(Mutilações) do receptor;
1. Durante a remoção de células, tecidos e órgãos deve- b) Apelo público para arrecadação de fundos para o
-se evitar as mutilações ou dissecações dispensáveis, que financiamento de transplante de determinada
podem prejudicar a realização da autópsia, se ela tiver lugar pessoa.
após a remoção. ARTIGO 24.º
2. Os restos mortais são condignamente recompostos e (Campanha de sensibilização)
entregues aos parentes para serem sepultados. O Departamento Ministerial responsável pelo Sector da
Saúde deve anualmente organizar, em colaboração com os
CAPÍTULO IV
Órgãos de Comunicação Social, campanhas de sensibiliza-
Sanções
ção orientadas a promover a cultura de doação de órgãos.
ARTIGO 20.º
ARTIGO 25.º
(Extracção e transplante não autorizado)
(Dúvidas e omissões)
É punido, nos termos da legislação penal em vigor, todo
As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e
o profissional que:
da aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia
1. Extrair células, tecidos, órgãos ou quaisquer partes
Nacional.
de cadáver humano e realizar o transplante em
ARTIGO 26.º
desacordo com as disposições da presente Lei. (Entrada em vigor)
2. Extrair células, tecidos, órgãos ou quaisquer par-
A presente Lei entra em vigor à data da sua publicação.
tes se o acto for praticado contra pessoa viva e
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
resulte para o ofendido:
aos 13 de Agosto de 2019.
a) Incapacidade para o trabalho;
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
b) Perigo de vida;
Piedade Dias dos Santos.
c) Deformidade permanente de membro, sentido
Promulgada, aos 6 de Setembro de 2019.
ou função;
d) Aceleração ou interrupção de parto; Publique-se.
e) Enfermidade incurável. O Presidente da República, João Manuel Gonçalves
ARTIGO 21.º Lourenço.
(Venda)
Considerando que as autarquias locais, enquanto entes 2. A verificação de violação grave das leis e regulamentos
da Administração Local Autónoma, estão sujeitas à Tutela implica a responsabilidade administrativa, disciplinar, civil,
Administrativa do Executivo, nos termos da alínea d) do financeira e criminal dos órgãos, dos titulares dos órgãos,
artigo 120.º, do artigo 221.º e do n.º 2 do artigo 242.º, todos dos funcionários e dos agentes dos serviços das autarquias
da Constituição da República de Angola; locais e entidades equiparadas, conforme aplicável, sem
Havendo necessidade de se definir o quadro normativo prejuízo da responsabilidade civil das autarquias locais, nos
da Tutela Administrativa do Executivo sobre as autarquias termos gerais do direito.
locais; 3. Para além do disposto nos números anteriores, a Tutela
Tendo em conta que o convívio entre os princípios da Administrativa incide ainda sobre:
unidade do Estado e do poder local exige a criação de ins- a) Actos susceptíveis de lesar direitos, liberdades e
trumentos jurídicos que confiram, ao Executivo, poderes de
garantias fundamentais dos cidadãos;
controlo sobre os entes autárquicos, no sentido de se garantir
b) Orçamento das autarquias locais;
o respeito pela Constituição e as leis;
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, c) Instrumentos de ordenamento do território das
nos termos do n.º 2 dos artigos 165.º e 166.º, alínea d), todos autarquias locais;
da Constituição da República, a seguinte: d) Actos estranhos às atribuições das autarquias
locais;
e) Autorização de despesas sem visto prévio do Tri-
LEI DA TUTELA ADMINISTRATIVA
SOBRE AS AUTARQUIAS LOCAIS bunal de Contas, quando legalmente exigido;
f) Os actos que exijam em matéria de licenciamento,
CAPÍTULO I pagamento de taxas, contrapartidas, compensa-
Disposições Gerais ções ou outras prestações não previstas na lei;
g) Situações de improbidade pública e outras defini-
ARTIGO 1.º
(Objecto) das por lei.
A presente Lei estabelece o regime jurídico da Tutela ARTIGO 6.º
(Modalidades de fiscalização)
Administrativa a que estão sujeitas as autarquias locais.
ARTIGO 2.º
1. A Tutela Administrativa exerce-se através da realiza-
(Âmbito) ção de inspecções, inquéritos e sindicâncias aos actos dos
A presente Lei aplica-se a todas as autarquias locais e órgãos das autarquias locais, os quais podem ser regulares
aos seus órgãos independentemente da categoria de que elas ou ocasionais.
se revistam. 2. A inspecção consiste na verificação da conformidade
com a lei dos actos praticados, dos regulamentos aprova-
ARTIGO 3.º
(Respeito pela autonomia local) dos e dos contratos celebrados pelos órgãos das autarquias
locais.
O exercício da Tutela Administrativa não deve prejudicar
a prossecução, pelas autarquias locais, das suas atribuições e 3. O inquérito consiste na averiguação da legalidade dos
o exercício das suas competências de modo autónomo, nos actos praticados, dos regulamentos aprovados e dos contra-
termos da Constituição e da lei. tos celebrados pelos órgãos das autarquias locais, resultante
de fundada denúncia apresentada por quaisquer pessoas sin-
ARTIGO 4.º
(Fins e limites da Tutela Administrativa) gulares ou colectivas ou de recomendações de inspecção
anterior.
1. A Tutela Administrativa do Executivo visa assegurar a
4. A sindicância consiste numa indagação geral e porme-
realização das tarefas fundamentais do Estado previstas na
norizada aos serviços das autarquias locais, quando existam
Constituição e na lei, no estrito respeito pelos princípios da
sérios indícios de ilegalidades de actos, regulamentos e con-
democracia participativa da descentralização administrativa
tratos de órgãos das autarquias locais que, pelo seu volume
e da autonomia local.
ou gravidade, não devam ser averiguados no âmbito de
2. A Tutela Administrativa do Executivo sobre as autar-
inquérito.
quias locais só pode ser exercida nas formas e nas condições
5. Para efeitos do disposto no n.º 3 do presente artigo, há
previstas na Constituição e na lei.
fundada denúncia quando a participação esteja devidamente
CAPÍTULO II identificada quanto ao seu autor, com factos articulados com
Tutela Administrativa suficiente precisão e, quando aplicável, com demonstração
ARTIGO 5.º
indiciária da verificação dos factos relatados.
(Tutela Administrativa) 6. As acções de Tutela Administrativa estão limitadas às
1. A Tutela Administrativa consiste na verificação do previstas por lei e do seu início é dado conhecimento prévio
cumprimento da lei, dos regulamentos e dos demais actos aos interessados, excepto quando tal notificação possa peri-
normativos por parte dos órgãos, dos titulares de órgãos e gar o efeito útil da acção ou ponha em causa outro interesse
dos serviços das autarquias locais. relevante.
6120 DIÁRIO DA REPÚBLICA
7. Para além das modalidades referidas no n.º 1 do 3. No exercício das acções de Tutela Administrativa, os
presente artigo, a entidade tutelar pode solicitar informações responsáveis que as levem a cabo devem estar identificados
e esclarecimentos sobre decisões dos órgãos e serviços das e, sempre que requerido pelos visados ou terceiros a quem
autarquias locais. requeiram cooperação, nos termos da presente Lei, identifi-
ARTIGO 7.º car-se e fundamentar a necessidade de cooperação.
(Titularidade dos poderes de tutela)
4. Quando considerem necessário, os responsáveis que
1. O exercício do poder de Tutela Administrativa com- levem a cabo as acções de Tutela Administrativa podem
pete ao Presidente da República, enquanto Titular do Poder
requerer a cooperação de quaisquer terceiros, sem prejuízo
Executivo.
para as circunstâncias em que, nos termos da lei, sejam
2. A competência referida no número anterior pode ser
delegada. necessárias autorizações administrativas ou judiciais para a
recolha de prova.
ARTIGO 8.º
(Exercício de acções de fiscalização) 5. A recusa de cooperação de terceiros, quando ilícita,
1. As inspecções são realizadas de acordo com a perio- faz os mesmos incorrer em responsabilidade civil e criminal.
dicidade definida pelo órgão tutelar, através dos serviços ARTIGO 10.º
(Dever de informar)
competentes, devendo ser aprovado um plano anual de
inspecções. As autarquias locais têm o dever legal de informar a
2. Havendo fortes indícios de que o adiamento possa entidade tutelar, através da remessa periódica de cópias cer-
prejudicar o seu efeito útil, as acções inspectivas podem ser tificadas dos seguintes documentos:
realizadas imediatamente após verificação dos factos justifi- a) Actas das reuniões da Câmara e da Assembleia das
cativos, ainda que fora do calendário previamente aprovado. Autarquias;
3. Os inquéritos e as sindicâncias são determinados b) Orçamento da autarquia local;
sempre que haja fundada denúncia da prática de determi- c) Plano anual de actividades;
nado acto ilegal por parte das autarquias locais e entidades d) Relatório e contas;
equiparadas. e) Acordos de geminação ou de cooperação descen-
4. Os relatórios das acções de fiscalização são apresenta- tralizada.
dos para despacho da entidade tutelar que, havendo indícios
ARTIGO 11.º
de crime, deve remeter para o representante de Ministério (Actas das reuniões da Câmara e da Assembleia)
Público competente, para os devidos efeitos legais.
O Presidente da Câmara e o Presidente da Assembleia da
5. Estando em causa situações susceptíveis de fundamen-
Autarquia Local devem remeter ao órgão tutelar cópia das
tar a destituição do Presidente da Câmara ou a dissolução
actas síntese das reuniões da Câmara e da Assembleia, até
da Assembleia Municipal e, por conseguinte, a perda de
10 dias após a respectiva aprovação.
mandato dos seus titulares, a entidade competente deve
ARTIGO 12.º
determinar, previamente, a notificação dos visados para, no (Orçamento da autarquia local e plano anual de actividades)
prazo de 30 dias apresentarem, por escrito, resposta em sua
1. O Presidente da Assembleia da Autarquia Local deve
defesa.
enviar ao órgão tutelar cópia do orçamento e do plano anual
6. Decorrido o prazo previsto no número anterior, o
de actividades da autarquia local, até 10 dias após a sua
processo é remetido ao Tribunal Constitucional para se
aprovação.
pronunciar sobre a existência ou não de fundamento para
2. Os prazos para a aprovação do orçamento da autarquia
abertura de processo de destituição ou dissolução.
local, bem como as consequências da sua não aprovação
CAPÍTULO III tempestiva são definidos por lei específica.
Deveres de Cooperação e de Informação ARTIGO 13.º
(Relatório e contas)
ARTIGO 9.º
(Deveres de cooperação) 1. O Presidente da Câmara deve remeter, trimestral-
1. Os órgãos, titulares de órgãos, agentes e serviços, mente, ao órgão tutelar cópia dos relatórios e contas.
enquanto objecto de acções de Tutela Administrativa, 2. Os documentos referidos no número anterior são reme-
encontram-se vinculados aos deveres de cooperação com tidos até ao trigésimo dia posterior ao fim de cada trimestre.
as entidades que as realizem, designadamente através da 3. Anualmente, deve ser remetido o relatório anual de
prestação de informações, entrega de documentação e actividades, o qual deve detalhar o estado geral da autarquia
acesso a ficheiros e processos administrativos. local, incluindo a situação económica e social.
2. A recusa de cooperação faz incorrer os titulares dos 4. O relatório referido no número anterior deve ser
serviços e agentes em responsabilidades disciplinar, civil e enviado até ao dia 31 de Janeiro do ano seguinte àquele a
criminal. que respeita.
I SÉRIE – N.º 122 – DE 20 DE SETEMBRO DE 2019 6121