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DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
LUANDA
CONTRA-ALEGAÇÕES
A. QUESTÕES PRÉVIAS:
A-1. DA ILEGITIMIDADE
1.º
Na altura da divulgação das candidaturas feita pelo Tribunal Constitucional a
13/07/2022, cujo oficio foi remetido a CNE, ora Recorrida, constam apenas 8
formações políticas, (vide Conjunto do Anexo I), nomeadamente,
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1) Partido MPLA,
2) Partido UNITA,
3) Partido FNLA,
4) Partido PRS,
5) Partido PHA,
6) Partido P-NJANGO,
7) Partido APN, e
8) Coligação de Partidos CASA-CE
2.º
Conforme o documento referenciado no artigo anterior, o Partido Político Bloco
Democrático não consta, lista de divulgação das candidaturas feitas, como
concorrente.
3.º
Ao comparecer em tribunal como Recorrente, em litisconsórcio com o Partido
Político UNITA, torna o recurso contencioso eleitoral interposto, eivado do
vício de ilegitimidade activa.
4.º
Nos termos das disposições combinadas dos artigos 34.º, n.º 1, 50.º e 156.º da Lei
n.º 36/11, de 21 de Dezembro, Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, alterada
pela Lei n.º 30/21, de 30 Novembro, adiante “LOEG”, a partir do qual se confere
legitimidade a quem pode, em caso de contencioso eleitoral, recorrer ou
interpor recurso sobre quaisquer irregularidades verificadas durante a votação
ou no apuramento parcial ou nacional dos resultados do escrutínio.
5.º
As disposições legais citadas, exprimem quem, efectivamente, tem legitimidade
para interpor recurso sobre as operações eleitorais ou o apuramento nacional
dos resultados, designadamente,
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“Só podem propor candidaturas os partidos políticos e coligações de partidos
políticos concorrentes, legalmente constituídos e registados antes do início do
prazo fixado para a apresentação de candidaturas”.
Artigo 156.º,
6.º
Conforme se pode verificar nas disposições legais citadas, o Partido Bloco
Democrático, também, co-Recorrente no presente recurso, carece de
legitimidade para a acção face à divulgação das candidaturas aprovadas pelo
Tribunal Constitucional.
7.º
Porquanto o Bloco Democrático não é concorrente nas presentes eleições gerais,
não pode agir como pessoa singular e, portanto, não pode ser co-Recorrente na
presente lide.
8.º
O facto de os co-Recorrentes terem se coligado em litisconsórcio, tornou o seu
acto – de interposição de recurso sobre o contencioso eleitoral ilegítimo.
9.º
A ilegitimidade é uma excepção dilatória (al. b) do n.º 1 do artigo 494.º) que
obsta a que o tribunal conheça do mérito da causa e dá lugar à absolvição da
instância, nos termos das disposições combinadas da al. d) do n.º 1 do artigo
288.º e do n.º 2 do artigo 493.º, ambos do Código de Processo Civil, adiante
“CPC”, aplicáveis subsidiariamente, ex vi, do artigo 2.º da Lei n.º 3/08, de 17 de
Junho, Lei do Processo Constitucional, a LPC.
10.º
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As co-Recorrentes, nos termos em que se apresentam no presente processo de
recurso contencioso eleitoral, carecem de legitimidade, o que gera a absolvição
da Recorrida da instância, em sede do litisconsórcio, carecerem de legitimidade
à luz do artigo 156.º da LOEG.
11.º
Nos termos da lei, à medida que foi recebendo os dados das actas síntese, a
CNE reuniu-se em Sessões Plenárias no dia 25 de Agosto e procedeu à
aprovação, por unanimidade, os resultados gerais provisórios de cada
candidatura por circulo eleitoral nacional e provinciais de cerca de 97,03%,
registados numa Acta dos Resultados Gerais Provisórios, assinada por todos os
membros que compõem o Plenário da Comissão Nacional Eleitoral. Acto
contínuo, a CNE procedeu à divulgação dos referidos resultados.
12.º
Faltando cerca de 2,97% do apuramento, em conformidade com o disposto no
art. 132º LOEG, a CNE iniciou, ininterruptamente, e conclui os trabalhos de
apuramento nacional dos resultados gerais definitivos na Sessão Plenária
iniciada no dia 28 de Agosto de 2022 e concluída no dia 29 de Agosto de 2022,
estando presentes 13 membros da Comissão Nacional Eleitoral, incluindo o seu
Presidente. Por outro lado, não estiveram presentes, justificadamente, os
membros Isaías Celestino Chitombi, Maria Marcelina Lucanda Pascoal,
Domingos Inácio Francisco e, injustificadamente, Jorge Manuel Mussonguela.
13.º
Na verdade, a ausência não tem o significado de não concordância,
simplesmente não compareceram, pelo que a Acta de Apuramento Nacional foi
aprovada sem nenhum voto contra, nem dúvida ou reclamação dos
mandatários presentes, incluindo o mandatário do Recorrente, conforme Anexo
II-A.
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14.º
De resto, qualquer eventual inconformidade/reclamação deveria ser colocada
no decurso dos actos de apuramento nacional dos resultados definitivos ,
realizado com base nas actas síntese e demais documentos e informações
recebidas das assembleias de voto, nos termos do artigo 131º, nº 1 LOEG, tal
como prescreve o artigo 153º LOEG.
15.º
Nestes termos, não havendo reclamação no decurso do acto de apuramento
nacional, a Acta de Apuramento Nacional é conforme nos termos da Lei.
16.º
A Recorrente não apresentou dúvida nem Reclamação no decurso do processo
dos actos de apuramento nacional, tal como prescreve o artigo 153.º LOEG, daí
que a referida Acta de Apuramento Nacional não contenha dúvida nem
reclamação, Vide Acta.
17.º
A Recorrente ao proceder nos termos em que o fez, violou o princípio da
precedência obrigatória por não ter apresentado a reclamação no decurso dos
actos de apuramento dos resultados gerais definitivos, antes de recorrer
contenciosamente junto para o Tribunal Constitucional, por imperativo legal,
conforme estabelecido no artigo 155.º, al. b) da LOEG, segundo o qual “os
interessados podem interpor recurso para o Tribunal Constitucional (…)
decisões proferidas pela Comissão Nacional Eleitoral sobre as reclamações
referentes ao apuramento nacional do escrutínio”.
18.º
O legislador, para efeitos do contencioso eleitoral estabelece, de forma
peremptória, o princípio da precedência obrigatória da reclamação, sob pena de não
admissão do recurso, por inexistência do objecto.
19.º
Para efeitos de existência de reclamação, tudo começa nas mesas de voto que
são, nos termos do n.º 2 do artigo 86.º da LOEG, as unidades de apuramento
dos resultados na mesa da assembleia de voto.
20.º
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Com efeito, o delegado de lista, presente na mesa de voto podia solicitar
esclarecimentos e apresentar, por escrito, reclamações relativas às operações
eleitorais da mesma mesa e instruí-los com os documentos convenientes,
conforme o disposto no n.º 1 do artigo 115.º e nº 3, in fine, do art. 121º LOEG.
21.º
No geral, verificou-se, apenas, alguns votos reclamados em algumas mesas de
voto, suscitados por alguns delegados de listas, que foram remetidos às
Comissões Provinciais Eleitorais, nos termos do n.º 2 do artigo 122.º da LOEG,
que os reapreciaram e resolveram prontamente, nos termos do artigo 133.º
LOEG.
22.º
As Comissões Provinciais Eleitorais, nos termos da LOEG, não fazem
apuramento provincial, mas apenas fazem o acompanhamento e verificação de
conformidade dos resultados obtidos na totalidade das mesas de voto na
respectiva província (n.º 3 do artigo 131.º da LOEG).
23.º
No caso concreto, os Plenários das Comissões Provinciais Eleitorais procederam
à reapreciação e resolução dos votos reclamados, não tendo resultado quaisquer
reclamações. De referir que as Sessões Plenárias realizadas pelas referidas
Comissões Provinciais Eleitorais, que contou com a presença dos Mandatários
dos Partidos Políticos e Coligação de Partidos Políticos Concorrentes, conforme
se comprova pelas actas lavradas pelas 18 Comissões Provinciais Eleitorais,
cujas cópias foram entregues aos respectivos Mandatários (Conjunto de Anexo
II).
24.º
Nos termos do disposto no artigo 133.º da LOEG, no início dos trabalhos de
apuramento nacional, a CNE decide sobre os boletins de voto em relação aos
quais tenha havido reclamação e que não tenham sido resolvidos pelas
respectivas Comissões Provinciais Eleitorais.
25.º
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Das operações de apuramento nacional foi imediatamente lavrada acta, onde
constam os resultados apurados, as dúvidas e reclamações apresentadas e as
decisões que, sobre elas, tenham sido tomadas.
26.º
A nível das 18 Comissões Provinciais Eleitorais, foram realizadas, no dia 2 de
Setembro de 2022, Sessões Plenárias, que não haver qualquer reclamação, nas
respectivas circunscrições eleitorais, após a publicação dos resultados
definitivos do apuramento nacional do dia 29 de Agosto de 2022, até aquela
data, não foram recepcionadas quaisquer reclamações de nenhum mandatário
de partidos políticos e coligações de partidos políticos, sobre os resultados
eleitorais referente a cada província, conforme se pode aferir no Conjunto do
Anexo III.
27.º
Portanto, o artigo 153.º da LOEG, estabelece a possibilidade da impugnação por
via de recurso contencioso eleitoral dos actos de apuramento, desde que
tenham sido reclamados no decurso dos actos em que tenham sido verificados.
28.º
No caso concreto, não existiram reclamações ao nível das Comissões Provinciais
Eleitorais e nem ao nível da Comissão Nacional Eleitoral, no decurso dos actos
de Apuramento Nacional dos resultados eleitorais definitos, como atestam os
documentos supra indicados.
29.º
Pelo que, o Recorrente ao não observar os pressupostos e procedimentos
estabelecidos na lei, o recurso contencioso por si apresentado ao Tribunal
Constitucional, não deve ser admitido, por inobservância de normas
imperativas.
Ou seja,
30.º
Portanto, o recurso interposto pelo Recorrente não tem objecto, o que
consubstancia a inexistência do acto sobre o qual deva recair o recurso, isto é, a
decisão da CNE, sobre a reclamação, o que constitui um facto impeditivo desta
Douta Corte conhecer o presente recurso, por falta de objecto.
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A-5. DA NÃO OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS PARA
TRAMITAÇÃO DO RECURSO
31.º
A Recorrida foi notificada no dia 2 de Setembro de 2022, pelas 16h43mim, do
Requerimento de Interposição de Recurso Contencioso sobre o apuramento
nacional dos resultados das Eleições Gerais de 24 de Agosto de 2022,
apresentado pelo Recorrente, às 19h45min, do dia 1 de Setembro de 2022, junto
do Tribunal Constitucional, acompanhados dos anexos I, II e III,
respectivamente.
32.º
A Recorrida foi, igualmente, notificada de um Requerimento de junção de
documentos, recepcionado pelo Tribunal Constitucional, às 11h 27min do dia
da 2 de Setembro de 2022, portanto, um dia depois da Recorrente ter expedido o
seu requerimento de recurso, ou seja.
33.º
Portanto, o Recorrente apresentou os documentos e demais elementos de prova,
fora do prazo de 72 horas, estabelecido por lei, violando, deste modo o disposto
no artigo 157.º da LOEG, segundo o qual “O recurso deve ser interposto para o
Tribunal Constitucional no prazo de 72 horas a contar da notificação da decisão da
Comissão Nacional Eleitoral”.
34.º
Por outro lado, quanto à tramitação do contencioso eleitoral, o legislador
determinou expressamente o modo de tramitação e de interposição do recurso
contencioso a ser observado pelos interessados.
35.º
Com efeito, o n.º 1 do artigo 159.º da LOEG estabelece que “O requerimento de
interposição de recurso deve incluir as respectivas alegações, contendo os seus
fundamentos e conclusões respectivas, ser acompanhado de todos os documentos e
conter a indicação dos demais elementos de prova”.
36.º
No caso concreto, o Requerimento de Interposição do Recurso foi apresentado
sem as respectivas conclusões, nem juntou todos os documentos e demais
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elementos de prova como se pode constatar do respectivo Requerimento de
Interposição do recurso, apresentado às 19h45min no Tribunal Constitucional.
37.º
Entretanto, só no dia seguinte, isto é, 2 de Setembro de 2022, é que o Recorrente
apresentou às 11h27min, fotocópias de alegadas actas de apuramento e outros
documentos probatórios, conforme se comprova pelo carimbo aposto no
documento a fls. 42 e dos presentes autos.
38.º
Para além de juntar as actas e alguns documentos, o Recorrente deu entrada, a
fls. 43 a 50 de um novo documento, que consubstancia um novo Requerimento
de Recurso, com fundamentos e conclusões que não constam no seu
Requerimento expedido no dia 1 de Setembro de 2022, vide fls. 43 a 50 dos
presentes autos, violando o disposto no n.º 1 do artigo 159.º da LOEG que
estabelece que o Recorrente deve apresentar apenas um Requerimento de
Interposição do recurso e não dois, como o recorrente procedeu.
39.º
Tal acto, constitui um grave atropelo à Lei e ao formalismo exigido para os
processos especiais e de carácter urgente como é o caso em apreciação, que, de
per si, determina que o Tribunal não deve admitir, porque se trata de uma nova
acção e não uma mera junção de documentos, face o imperativo estabelecido no
artigo 157.º da LOEG.
40.º
Conforme exposto, constata-se que, efectivamente, o Recorrente não apresentou
tempestivamente o seu Requerimento de Interposição de Recurso com todos os
elementos de prova, não formulou as respectivas conclusões, em violação
flagrante da lei, mas, apresentou um novo Requerimento de Interposição de
Recurso, onde fundamentou e formulou conclusões, fora do prazo de 72 horas.
41.º
O Recorrente ao ter apresentado o Requerimento de Recurso desacompanhado
dos elementos probatórios, embora o tenha feito posteriormente, já fora do
prazo legal, para além de configurar um novo requerimento, incumpriu um
prazo peremptório fixado no artigo 157.º da LOEG.
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42.º
Neste sentido, nos termos do que dispõe o n.º 3 do artigo 145.º do Código do
Processo Civil, adiante “CPC”, subsidiariamente aplicável, por força do artigo
2.º da Lei n.º 3/08, de 17 de Junho, Lei do Processo Constitucional, com a
redacção dada pelo artigo 1.º da Lei n.º 25/10, de 3 de Dezembro, a
consequência de tal omissão ou preterição é a extinção do direito de praticar o
acto.
43.º
Termos em que se requer a não admissão das referidas fotocópias das alegadas
actas e documentos, bem como o novo Requerimento de Recurso e,
consequentemente, o seu desentranhamento dos autos e devolução ao
Recorrente.
44.º
Assim, verificando-se a ausência dos supostos documentos probatórios que,
hipoteticamente, sustentaria a pretensão do Recorrente, não existem condições
processuais e substantivas para o Tribunal Constitucional conhecer do presente
recurso, por inexistência de objecto, cuja consequência é de lhe ser negado
provimento, termos em que se requer com todas as consequências legais
decorrentes.
45.º
O Recorrente, ao longo do seu Requerimento de Recurso, apresenta
argumentos, destituídos de racionalidade jurídica e, totalmente infundados,
juntando fotocópias de actas das mesas de voto, actas-síntese das assembleias
de voto, umas repetidas (duplicadas, triplicadas e quadruplicadas – que conduzem à
duplicação, triplicação, quadruplicação da contagem dos votos), outras falsas,
rasuradas, adulteradas, sem códigos das assembleias de voto, discrepantes
quanto ao conteúdo, escritas em papel A4, ininteligíveis e algumas sujeitas a
incidências definitivas.
46.º
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De referir que as actas das mesas de voto, nos termos da legislação eleitoral, não
servem para apuramento dos resultados gerais provisórios e definitivos, como o
Requerente pretendeu ao remetê-las como elementos de prova.
47.º
Por outro lado, as actas-síntese das assembleias de voto repetidas (duplicadas,
triplicadas e quadruplicadas, falsas, rasuradas, adulteradas, sem códigos das
assembleias de voto, discrepantes quanto ao conteúdo, escritas em papel A4,
ininteligíveis), não são elementos credíveis nem atendíveis como meios de
prova bastante para sustentar a pretensão requerida.
48.º
Como se prova adiante, não obstante, as presentes contra-alegações têm em
atenção aos pedidos formulados pelo Recorrente, embora, reitere-se que todos
os pedidos formulados pelo Recorrente não tenham sido objecto de reclamação
prévia.
49.º
O legislador determina, no artigo 136.º da LOEG, que das operações de
apuramento nacional é imediatamente lavrada acta, onde constem os resultados
apurados, as dúvidas e reclamações apresentadas e as decisões que, sobre elas,
tenham sido tomadas.
50.º
No caso concreto, conforme se comprova na Acta de Apuramento dos
Resultados Gerais Definitivos (Anexo II-A, supra), o Plenário da Comissão
Nacional Eleitoral, como questões prévias, apreciou os Relatórios das
Comissões Provinciais Eleitorais sobre os votos reclamados nas mesas de voto e
que não tenham sido resolvidos, não tendo sido apresentada qualquer
reclamação na sua reapreciação.
51.º
Quanto à alegação do Recorrente, segundo a qual a acta lavrada pela CNE não
constam os resultados apurados por círculos eleitorais que terão permitido a
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distribuição de mandatos nos círculos provinciais, se esclarece que a Acta de
Apuramento Nacional deve conter os elementos constantes do n.º 1 do artigo
136.º da LOEG, o que foi integralmente cumprido.
52.º
Mais ainda, a CNE divulgou os resultados gerais definitivos de cada
candidatura, por círculo eleitoral, através dos meios de comunicação social,
bem como pela publicação na sua página oficial da CNE na internet, acessível a
todos os interessados.
53.º
Prova disso, o Recorrente teve acesso aos referidos resultados, conforme ele
declara e reconhece nas alegações do artigo 39.º e do articulado introduzido
ilegalmente, numerado a fls. 42 a 50 dos presentes autos, o que evidencia má-fé
da Recorrente.
54.º
Só a título de exemplo, o Recorrente no ponto 1 do artigo 34.º do Requerimento
de Interposição de Recurso refere que “para o Círculo Eleitoral de Luanda, a
CNE atribuiu à UNITA, apenas 1.243.894 votos”, o que efectivamente prova que
os resultados dos círculos eleitorais foram publicados e a UNITA teve acesso.
55.º
Portanto, a Acta de Apuramento Nacional observou o formalismo estabelecido
na lei e o Apuramento Nacional dos resultados eleitorais definitivos, foi
efectuado nos termos e em conformidade com a LOEG sendo que, todas as
alegações aduzidas pelo Recorrente a esse respeito são absolutamente
infundadas e contrárias aos preceitos legais.
56.º
Quanto à alegação de que o Mandatário da UNITA foi-lhe coartado o exercício
do direito de consignar em acta a sua reclamação sobre os resultados do
apuramento nacional dos resultados eleitorais definitivos, não corresponde a
veracidade dos factos, na medida em que, realizado o processo de Apuramento
Nacional dos Resultados Definitivo das Eleições Gerais de 24 de Agosto de
2022, findo o mesmo, e dele ter sido lavrada a respectiva acta, a mesma foi
colocada à apreciação dos presentes, não tendo havido qualquer
pronunciamento em contrário, por parte dos presentes, inclusive o mandatário
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do requerente na referida Sessão Plenária, tendo sido aprovada, por
unanimidade, dos Membros do Plenário presentes.
57.º
Com efeito, após aprovação da Acta de Apuramento dos Resultados Gerais
Definitivos pelo Plenário da CNE e já no momento da sua assinatura pelos
Membros do Plenário, o Mandatário da UNITA manifestou,
extemporaneamente, a pretensão de consignar uma reclamação oral na referida
Acta.
58.º
Quanto a entrega da cópia, imediatamente após a conclusão deste acto, foram
cumpridas as demais formalidades, tendo-se, de seguida, a referida Acta
enviada para as entidades designadas nos n.ºs 2 e 3 do artigo 136.º da LOEG.
59.º
Neste sentido, fica claro que, efectivamente, foi cumprido o estabelecido nos
n.ºs 2 e 3 do artigo 136.º da LOEG, facto provado pela própria Recorrente ao
juntar a respectiva cópia como Anexo ao seu Requerimento de Impugnação do
Recurso, não fazendo, sentido o pedido formulado pelo Recorrente.
60.º
Igualmente, não é verdade que os Mandatários foram impedidos de estar
presentes nas sessões Plenárias da CNE, sendo que todos participavam nas
respectivas sessões.
61.º
Por outro lado, os Membros da CNE tinham passes iguais de acesso ilimitado
ao Centro de Escrutínio Nacional, o que lhes permitiu acompanhar todo o
processo de recepção das actas-síntese e apreciação das incidências pelo Grupo
Técnico do Centro de Escrutínio Nacional.
62.º
Para comprovar, juntam-se fotografias e vídeos em que é possível identificar os
Comissários no acompanhamento de recepção das actas-síntese vindas das
Comissões Municipais Eleitorais, conforme Anexo IV, pelo que, não fazem
sentido as alegações do Recorrente.
63.º
Não corresponde, também, à verdade, como se prova adiante, que o
Regulamento sobre o Centro de Escrutínio impede os mandatários dos partidos
13
políticos e coligações de partidos políticos de verificar, fiscalizar e provar e
reclamar de todos os vícios relativos à cadeia de eventos ligados ao apuramento
nacional dos resultados. Senão vejamos,
64.º
A alínea a) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento n.º 9/22, de 12 de Agosto,
Regulamento sobre a Organização e o Funcionamento do Centro de Escrutínio
Nacional, refere taxativamente que o acesso ao Centro Nacional de Escrutínio
Nacional é reservado a entidades credenciadas, nomeadamente os membros da
Comissão Nacional Eleitoral.
65.º
Poderiam ainda ter tido acesso ao Centro de Escrutínio, nos termos do n.º 2 do
artigo 13.º do mesmo diploma legal, os mandatários das candidaturas dos
partidos políticos e coligações de partidos políticos, se o tivessem aparecido no
Centro de Escrutínio Nacional, o que não lograram fazer, incluindo o
Mandatário do Recorrente.
66.º
Face ao exposto, o referido regulamento não apresenta as limitações a que o
Recorrente faz referência.
67.º
Não faz sentido a alegação do Recorrente, segundo a qual o Presidente da CNE
a acta-síntese não contem o número de eleitores que votaram, sendo que, o
próprio Recorrente, mediante cópias de actas entregues aos seus delegados de
lista, consolidou a informação do número de eleitores que votaram por
assembleia de voto.
68.º
O Plenário da CNE tem, de entre outras competências, estabelecer o modelo de
actas de votação das assembleias de voto ou de quaisquer documentos ou meios
que sejam necessários a viabilização do processo eleitoral, nos termos do
disposto na alínea m) do artigo 13.º da “LOOFCNE”.
69.º
No exercício dessa competência, o Plenário da CNE, na sua Reunião Plenária
Ordinária n.º 05/22, de 27 de Maio de 2022, aprovou, por unanimidade, vários
modelos para serem usados durante o processo eleitoral, dentre os quais o
modelo da mesa de voto e a acta síntese da assembleia de voto, conforme
documentos, vide Anexos V e VI, pelo que não corresponde à verdade.
14
70.º
Portanto, neste particular, fica provado que, a alegação do Recorrente não colhe,
uma vez que os modelos, constantes das páginas 5032 e 5039 do Anexo VI,
supra, têm um campo de preenchimento, designado “NÚMERO DE
VOTANTES”, que corresponde ao número total de eleitores que votaram.
71.º
Relativamente à alegação segundo a qual a publicação tardia do referido
Despacho n.º 3/22, de 16 de Agosto, pode ferir de invalidade as actas ou o
apuramento efectuado com base nelas, face ao disposto no artigo 5.º da LOEG
que estabelece que as Eleições Gerais regem-se pela legislação vigente ao tempo
da sua convocação. Está alegação constitui um exercício rebuscado para retirar
da lei consequências que esta não prevê.
72.º
Ademais, compete ao Plenário da CNE organizar e dirigir os processos das
eleições gerais e dos demais actos eleitorais, nos termos da respectiva legislação
aplicável, bem como aprovar os regulamentos, instrutivos, recomendações e
pareceres, respeitantes à condução dos processos eleitorais, nos termos do
disposto nas alíneas a) e g) do artigo 13.º da LOOFCNE.
73.º
Foi em cumprimento destas competências que o Plenário da CNE aprovou por
unanimidade os referidos modelos.
74.º
O legislador ordinário atribui competência regulamentar à Comissão Nacional
Eleitoral, face a dinâmica do processo eleitoral.
75.º
O Exercício do poder regulamentar da CNE decorre de várias normas legais,
tais como:
15
b) O n.º 1 do artigo 11.º da Lei n.º 11/12, de 22 de Março, Lei da Observação
Eleitoral, estabelece que deve ser a CNE a determinar o número máximo
de observadores internacionais que podem ser convidados pela
Assembleia Nacional, Tribunal Constitucional, partidos políticos e
coligações de partidos políticos concorrentes;
78.º
Dispõe o n.º 9 do artigo 86.º da LOEG, que a acta-síntese, referida no n.º 8 deste
artigo, é rubricada por todos os presidentes de mesas de voto que integram a
assembleia, os delegados de lista da mesa n.º 1 e deve ser remetida pelo
presidente da Assembleia de Voto à Comissão Nacional Eleitoral e Comissão
Provincial Eleitoral, cuja cópia é entregue a todos os delegados dos partidos
políticos e coligações de partidos políticos concorrentes presentes na assembleia
de voto, bem como afixada na respectiva assembleia de voto”.
79.º
O legislador determina em que momento e local, onde as actas-síntese das
assembleias de voto, devem ser afixadas, sendo certo que não é admitida a
16
possibilidade da sua afixação em local destinto das assembleias de voto, bem
como, em momento posterior à publicação dos resultados gerais definitivos.
80.º
Mesmo em relação aos agentes eleitorais, para a prática de actos ou a
impugnação, seja por via graciosa, como por via contenciosa, a lei estabelece o
momento, o lugar e a forma dos actos a praticar, sob pena de precludir o direito
de agir.
81.º
O legislador ao ter determinado o momento e lugar para a prática de actos no
âmbito do processo eleitoral, visou consubstanciar a verdade e a transparência
do processo eleitoral, sendo que, os eleitores em geral, têm a faculdade de
consultar as actas afixadas junto das respectivas assembleias de voto em que
cada um exerceu o seu direito de voto.
82.º
Pelo que, não existe fundamento legal que sustente e justifique o pedido
formulado pelo Recorrente, devendo, por isso, ser negado provimento tal
pedido por falta de fundamento legal.
83.º
Compete ao Plenário da CNE, nos termos do disposto na alínea z) do artigo 13.º
da LOOFCNE, definir, testar e auditar as tecnologias de informação a utilizar
em todas as fases dos processos eleitorais para garantir os requisitos da
transparência e segurança dos programas fontes do sistema de transmissão e
tratamento de dados e dos procedimentos de controlo.
84.º
Antes do início desta eleição, em obediência ao n.º 2 do artigo 116.º da LOEG, o
Plenário da Comissão Nacional Eleitoral aprovou a organização de uma
auditoria técnica independente, especializada, por concurso público, para testar
e certificar a integridade dos programas fonte, sistemas de transmissão e
tratamento de dados e dos procedimentos de controlo a utilizar nas actividades
de apuramento e escrutínio.
85.º
17
O anúncio do concurso supra referido, sob a referência Concurso Público n.º
07/CP/CNE/2022, foi publicado no Jornal de Angola no dia 23 de Março de
2022, conforme se comprova no documento, vide Anexo VII.
86.º
Na sequência da conclusão dos trabalhos de auditoria técnica independente,
especializada, apresentado o respectivo Relatório, foi submetido a apreciação
do Plenário da CNE, tendo sido aprovado, por unanimidade, o Relatório da
Auditoria Tecnológica ao Ficheiro Informático dos Cidadãos maiores (FICM)
para o apoio às Eleições Gerais de 2022, na presença dos mandatários e
assistentes permanentes dos Partidos Políticos e Coligação de Partidos Políticos,
vide Anexo VIII.
87.º
Todavia, o legislador não prevê qualquer auditoria, em momento posterior ao
disposto no n.º 2 do artigo 116.º da LOEG.
88.º
Termos em que não colhem as alegações constantes dos artigos 33.º a 38.º do
Requerimento de Impugnação do Recurso do Recorrente.
89.º
Na verdade, o pedido do Recorrente baseado nas fotocópias de actas das mesas
de voto, actas síntese das assembleias de voto, umas repetidas, (duplicadas,
triplicadas e quadruplicadas – que conduzem à duplicação, triplicação, quadruplicação
da contagem dos votos), outras falsas, rasuradas, adulteradas, sem códigos das
assembleias de voto, discrepantes quanto ao conteúdo, escritas em papel A4,
ininteligíveis e algumas sujeitas a incidências definitivas, não passa de uma
tentativa de iludir a opinião pública e este Venerando Tribunal a falsa ideia de
que os resultados gerais definitivos publicados pela CNE não estão correctos.
90.º
Pelo que, não é de atender o pedido da Recorrente em tal sentido, por ausência
de fundamento legal, o que desde já se requer.
91.º
Não cabe, no contencioso eleitoral, o pedido ao Tribunal Constitucional para a
criação de medidas legislativas e organizativas a serem exercidas futuramente
pelas Comissões Provinciais eleitorais.
92.º
Não colhem, assim, as alegações vertidas nos artigos 21.º a 32.º do
Requerimento do Recurso, pelo que, neste particular, o pedido formulado pelo
Recorrente não procede por falta de fundamento legal.
93.º
As alegações do Recorrente que se reconduzem ao pedido feito neste ponto do
Requerimento, não têm nenhum respaldo legal, visto que não compete ao
Tribunal Constitucional a criação de medidas legislativas e organizativas sobre
o sistema de tratamento de actas previsto na LOEG, de resto, qualquer alteração
do sistema de apuramento dos resultados eleitorais compete à Assembleia
Nacional.
94.º
Ademais, para as Eleições Gerais de 24 de Agosto de 2022, a CNE aprovou o
Mapeamento Definitivo de 13.238 Assembleias de Voto e de 26.488 Mesas de
Voto no País e no exterior, conforme Anexo IX.
95.º
O Recorrente exerceu o direito de pedir o credenciamento dos seus delegados
de lista, tendo inscrito 51.682 delegados de lista, os quais foram credenciados
pela CNE, com este número permitiria o Recorrente garantir a presença de
delegados de lista em todas as mesas de voto no país, para exercer o direito de
fiscalização.
19
96.º
Nestes termos, a pretensão formulada pelo Recorrente não é atendível por falta
de fundamento legal.
B-6. Sobre o pedido de correcção dos mandatos distribuídos com base nos
votos apurados ou atribuídos nos círculos provinciais do Zaire,
Luanda, Cuando Cubango e Namibe
97.º
Em atenção ao pedido do Recorrente, feita a analise às fotocópias que o
Recorrente apresentou como elemento de prova para alteração dos mandatos
nos círculos eleitorais provinciais do Zaire, Luanda, Cuando Cubango e
Namibe, constata-se que o Recorrente, baseou-se nas fotocópias de actas das
mesas de voto, actas-síntese das assembleias de voto, umas repetidas,
(duplicadas, triplicadas e quadruplicadas – que conduzem à duplicação, triplicação,
quadruplicação da contagem dos votos), outras falsas, rasuradas, adulteradas, sem
códigos das assembleias de voto, discrepantes quanto ao conteúdo, escritas em
papel A4, ininteligíveis e algumas sujeitas a incidências definitivas, não são
elementos credíveis nem atendíveis como meios de prova bastante para
sustentar a pretensão requerida.
98.º
Tal como se pode notar, o Recorrente lançou mão aos elementos de prova não
credíveis, juntou 1489 fotocopias de alegadas actas, muitas delas levam à
duplicação, triplicação e quadruplicação da contagem da contagem dos votos e
induzindo a opinião pública a ideia de obtenção de um número superior de
votos do que aqueles legalmente apurados pela Comissão Nacional Eleitoral,
pois, o Recorrente partiu de um pressuposto errado, logrando chegar a
conclusões igualmente erradas.
99.º
Ora, da apreciação às fotocópias de actas e demais documentos juntos pelo
Recorrente, como anexos, constantes dos autos, a CNE constatou que o
Recorrente apresentou 3201 actas, das quais:
20
c) 144 fotocópias de actas-síntese das Assembleias de Voto repetidas;
d) 83 fotocópias de actas-síntese nulas das Assembleias de Voto;
e) 614 fotocópias de actas-síntese das Assembleias de Voto ininteligíveis;
f) 34 fotocópias de actas falsas;
100.º
A CNE não reconhece a validade de 1489 fotocópias das actas referidas no
artigo anterior, devendo estas serem sujeitas ao tratamento legal que se impõe
junto das autoridades competentes.
101.º
Cumpre esclarecer, uma vez mais, que o legislador definiu o modo do
apuramento dos resultados eleitorais gerais definitivos, nos termos do que
dispõem os artigos 131.º, 132.º, 133.º, 134.º, 135.º 136.º e 138.º todos da LOEG.
102.º
Depreende-se, pelas várias fotocópias de actas juntas pelo Recorrente aos autos,
que o Recorrente contabilizou, inclusive fotocópias de actas das mesas de voto
como se fossem actas-síntese das Assembleias de Voto, para além de ter
contabilizado, também, outras fotocópias de actas das mesas de voto, actas-
síntese das assembleias de voto, repetidas (duplicadas, triplicadas e inclusive
quadruplicadas – que conduzem à duplicação, triplicação, quadruplicação da
contagem dos votos), outras falsas, rasuradas, adulteradas, sem códigos das
assembleias de voto, discrepantes quanto ao conteúdo, escritas em papel A4,
ininteligíveis, daí a alegada discrepância que reclama, mas, na verdade, é
inexistente.
103.º
Para melhor compreensão das actas repetidas, actas de mesas de voto, actas
falsas, actas nulas, actas ininteligíveis, constantes do Anexo X, supra, a
Recorrida procedeu a recolha de uma amostra que a título meramente
exemplificativo, pode ser aferido no Anexo-XI, que demonstra a má fé do
Recorrente em juntar e contabilizar a mesma acta, duas, três, quatro vezes, o
que determinou a reprodução de resultados pelo número de vezes em que as
actas foram inseridas várias vezes nas pasta expedidas ao Tribunal
Constitucional.
21
104.º
105.º
106.º
Para que este Venerando Tribunal possa perceber as características de uma
Cópia da Acta de Síntese da Assembleia de Voto, conforme o que a CNE
estabeleceu e que foi efectivamente utilizado e que a solução tecnológica
instalada para o efeito reconhece, junta-se, a título meramente exemplificativo, 3
(três) exemplares, conforme Anexo VII.
107.º
22
Para os devidos efeitos, remete-se, o Mapa de Apuramento Nacional dos
Resultados por Província, conforme, Anexo VII-A.
108.º
Do exposto, é prova bastante e suficiente para a improcedência do pedido de
correcção de mandatos, distribuídos com base nos votos apurados nos círculos
eleitorais provinciais do Zaire, Luanda, Cuando Cubango e Namibe, formulado
pelo Recorrente, porque o apuramento nacional efectuado pela CNE está em
conformidade com a lei e os normativos aplicáveis.
109.º
Sem prejuízo do exposto, sempre se dirá,
B-6.1 Quanto à correcção dos mandatos atribuídos com base nos votos
apurados no círculo eleitoral provincial do Zaire
110.º
O legislador prescreve, no artigo 27.º da LOEG, que os Deputados à Assembleia
Nacional são eleitos segundo o sistema de representação proporcional,
obedecendo-se, cuja conversão dos votos em mandatos, é feita nos termos das
regras previstas no mesmo artigo.
112.º
O legislador prescreve, ainda, como é feita a conversão dos mandatos em cada
círculo eleitoral provincial, pela aplicação do método Hondt, nos termos do
disposto do artigo 27.º da LOEG, não competindo à CNE proceder a qualquer
explicação adicional.
113.º
Ora, da apreciação às fotocópias de actas e demais documentos juntos pelo
Recorrente, como anexos, constantes dos autos, a CNE constatou que o
Recorrente apresentou 226 actas, das quais:
23
A CNE não reconhece a validade de 72 fotocópias das actas referidas no
articulado anterior, devendo estas serem sujeitas ao tratamento legal que se
impõe junto das autoridades competentes.
115.º
Pelo contrário, as provas apresentadas pelo Recorrente permitem chegar ao
número de votos a favor do Recorrente, número inferior aos 73.665 votos
apuradas pela CNE, conforme conjunto do Anexo X, supra.
116.º
O Recorrente refere que o círculo eleitoral de Luanda atribui ao Partido UNITA,
apenas 1.243.894 votos, enquanto que uma contagem parcial das actas síntese
das assembleias de voto revela que o povo atribuiu a UNITA 1.458.573 votos, o
que corresponde a uma diferença de 214.679 votos que precisa ser reconciliada.
117.º
Ora, da apreciação às fotocópias de actas e demais documentos juntos pelo
Recorrente, como anexos, constantes dos autos, a CNE constatou que o
Recorrente apresentou 2243 actas, das quais:
118.º
24
A CNE não reconhece a validade de 873 fotocópias das actas referidas no
articulado anterior, devendo estas serem sujeitas ao tratamento legal que se
impõe junto das autoridades competentes.
119.º
Facilmente, conclui-se que as fotocópias de actas-síntese apresentadas das pelo
recorrente, não permitem corrigir os resultados eleitorais apurados pela CNE,
no círculo provincial eleitoral de Luanda.
120.º
O Recorrente alega que o total de votos ou de mandatos que o sistema CNE
atribuiu à UNITA para o círculo eleitoral do Cuando Cubango, à luz dos
cálculos não evidenciados na acta de apuramento nacional difere dos votos
atribuídos pelo povo, facto que entende dever ser reconciliado.
121.º
Ora, da apreciação às fotocópias de actas e demais documentos juntos pelo
Recorrente, como anexos, constantes dos autos, a CNE constatou que o
Recorrente apresentou 732 actas, das quais:
123.º
Facilmente, conclui-se que as fotocópias de actas-síntese apresentadas das pelo
recorrente, não permitem corrigir os resultados eleitorais apurados pela CNE,
no círculo provincial eleitoral do Cuando Cubango.
25
124.º
Pelo contrário, as provas apresentadas pelo Recorrente não permitem chegar ao
número de votos reclamados pelo Recorrente, número inferior aos 81.399 votos
apuradas pela CNE, conforme conjunto do Anexo X.
125.º
Relativamente ao círculo eleitoral provincial do Namibe, o Recorrente não alega
em que medida teria sido prejudicado ou se teria existido alguma
irregularidade, o que dificulta o exercício do contraditório por parte da
Recorrida.
126.º
A ausência de alegação concreta, sobre que factos imputa a CNE, constitui uma
ausência de causa de pedir relativamente a este círculo eleitoral, o que deve
necessariamente ser valorado por este Venerando Tribunal.
127.º
Acresce que o Recorrente não juntou nenhum elemento probatório dos votos
que reclama, facto que impede a verificação da conformidade das alegações
feitas.
128.º
Termos e que deverá ser indeferido o pedido feito pelo Recorrente, o que desde
já se requer.
C. DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
129.º
Sempre se refere que a Recorrente litiga de má-fé quando requer a correcção de
mandatos distribuídos com base nos votos apurados ou atribuídos nos círculos
provinciais do zaire, Luanda, Cuando Cubango e Namibe, com base em
documentos juntos aos autos que se verifica serem forjados, que não
correspondem aos documentos fornecidos pelos Presidentes das Assembleias
de Voto aos delegados de lista presentes na respectiva Assembleias de Voto.
26
D. DAS CONCLUSÕES
1. Sempre cumpre referir que o contencioso eleitoral não tem como objecto
o pedido de realização de actos, sejam eles da correcção de actas, de
publicações na internet de actas, da realização de auditorias, da proposta
de medidas organizativas ou até mesmo da comparação de actas em
posse das partes ou até mesmo da correcção de mandatos, mas sim o
pedido de nulidade de actos eleitorais, nos termos do que dispõe o artigo
161º da LOEG.
2. Os pedidos feitos pelo Recorrente, não têm substracto legal, pois não
requerem a anulação de nenhum acto ou alegam a nulidade de qualquer
outro acto. Ou seja,
3. A acção foi interposta pelo Partido UNITA e pelo Partido Político Bloco
Democrático, em litisconsórcio, por razões desconhecidas, sem que o
Partido Politico Bloco democrático fosse um dos candidatos às Eleições
Gerais de 24 de Agosto de 2022;
27
conheça do presente recurso, por inexistência de objecto, cuja
consequência é de lhe ser negado provimento, o que desde já se requer;
28
recomendações e pareceres, respeitantes à condução dos processos
eleitorais, nos termos do disposto nas alíneas a) e g) do artigo 13.º da
LOOFCNE
18. O Recorrente não apresentou reclamações nas mesas de voto nem junto
das Comissões Provinciais Eleitorais, conforme comprovam as actas de
conformação das operações Eleitorais nos círculos provinciais.
24. A Recorrida entregou cópia das actas síntese das Assembleias de voto
aos delegados de lista do Recorrente.
26. O legislador não previu outro local, que não as Assembleias de voto,
para publicar as referidas actas, não contendo fundamento legal o
pedido de afixação das actas em sites da internet.
29. A operação de apuramento deve ser feita através das actas síntese em
posse dos 51.620 delegados de lista credenciados.
30
30. As Comissões Provinciais Eleitorais, nos termos do n.º 3 do artigo 131.º
da LOEG, cumpriram com o seu dever de centralizar os resultados
eleitorais obtidos na totalidade das mesas constituídas dentro dos limites
territoriais sob sua jurisdição para efeitos de acompanhamento e
verificação de conformidade.
33. Não existe fundamento legal, para o pedido do Recorrente em fazer uma
reconciliação de resultados através da comparação de actas em posse do
Recorrente e Recorrida.
31
37. Deverá ser indeferido o pedido de reconciliação de actas por ausência de
fundamento legal.
38. Das actas que entraram no Centro de Escrutínio Nacional, feita a triagem
com as fotocópias que a Recorrente apresentou no Tribunal
Constitucional, constata-se que a Recorrente se equivocou
completamente, porque após o seu processamento, a solução tecnológica
instalada na CNE para o apuramento nacional dos resultados eleitorais,
não reconheceu a fidedignidade de 1489 fotocópias de alegadas actas, o
que evidencia que a Recorrente partiu de um pressuposto errado e daí a
discrepância dos votos que alega supostamente ter obtido e os
publicados pela CNE, facto que logrou chegar a conclusões igualmente
erradas.
42. Pelas várias fotocópias de actas juntas pelo Partido UNITA aos autos,
que o Recorrente, não observou o formalismo legal (a contabilização
32
exclusiva das actas síntese das Assembleias de Voto) para um alegado
exercício de acompanhamento paralelo do apuramento realizado pela
CNE, que entendeu fazer, daí que não pode produzir o mesmo resultado
da contagem da Recorrida, até porque a Recorrente contabilizou,
inclusive fotocópias de actas das mesas de voto como se fossem actas
síntese das Assembleias de Voto, para além de ter contado também
outras supostas actas inexistentes, daí a alegada discrepância que
reclama, mas que na verdade é inexistente.
43. O apuramento nacional, nos termos da lei, deve ser feito com base nas
actas síntese das Assembleias de voto, nos termos do que dispõe o n.º 1
do artigo 132.º da LOEG e não com base nas actas de mesas de voto ou
simultaneamente.
47. Pelo que, a improcedência dos pedidos formulados pelo Recorrente, com
base nos fundamentos elencados nas presentes Contra Alegações,
corresponde a manifestação da observância do princípio da legalidade, o
que justifica e fundamenta a actuação da Recorrida, na qualidade de
órgão da Administração Eleitoral Independente que organiza, executa,
coordena e conduz os processos eleitorais, sendo que, face à falta de
sustentação legal e de facto que caracterizam o Requerimento de
Interposição de Recurso do Recorrente, o seu indeferimento ou a
improcedência é a única solução lógica e plausível nos termos da lei, que
33
terá como consequência reconhecer a legalidade do apuramento nacional
dos resultados definitivos das Eleições Gerais de 24 de Agosto de 2022,
publicados a 29 de Agosto de 2022 pela Recorrida.
Subsidiariamente,
Subsidiariamente,
34
O Presidente da Comissão Nacional Eleitoral
35