Você está na página 1de 4

Votações parlamentares

Para cada uma das votações parlamentares infra apresentadas, indique se a maioria referida é ou não
suficiente para a aprovação da deliberação em causa:
a) Projeto de lei sobre os limites à renovação de mandatos de titulares de cargos políticos executivos, com
120 votos a favor, 90 contra e 20 abstenções.
a) Maioria insuficiente, carece de aprovação por maioria de 2/3 dos Deputados presentes – artigo 168º
nº 6
b) Confirmação de projeto de lei relativo a símbolos nacionais, alvo de veto político, por 140 votos a favor,
85 contra e 5 abstenções.
b) CRP. b) Maioria suficiente para a confirmação do diploma – artigo 136º nº 2 CRP.
c) Moção de rejeição do programa do Governo, com 129 votos a favor e 101 contra.
c) Maioria suficiente para a rejeição do programa e consequente demissão do Governo – artigos 192º nº
4 e 195º nº 1 d) CRP.
d) Moção de censura ao Governo sobre a execução do seu programa, com 102 votos a favor, 97 contra e
31 abstenções.
d) Maioria insuficiente para a aprovação da moção de censura implicar a demissão do Governo – artigo
195º nº 1 f ) CRP.
e) Moção de confiança solicitada pelo Governo, sobre uma declaração de política geral, com 100 votos a
favor, 105 contra e 25 abstenções.
e) Número de votos insuficiente para a aprovação da moção de confiança; logo, esta rejeição implica a
demissão do Governo – artigo 195º nº 1 e) CRP.
Método de Hondt
Considere os resultados nas últimas eleições legislativas em Coimbra, círculo eleitoral que elege 9
Deputados: Partido A = 91.123 votos-Partido B = 66.197 votos-Partido C = 22.389 votos-Partido D = 14.112
votos-Partido E = 13.033 votos-Partido F = 2.531 votos-Partido G = 2.014 votos-Outros = 4.173 votos
Proceda à conversão dos votos obtidos pelos diferentes partidos nos mandatos correspondentes neste
círculo eleitoral, de acordo com o Método de Hondt.
R:O Partido A elege 5 Deputados. O Partido B elege 3 Deputados. O Partido C elege 1 Deputado Os
restantes partidos não elegem Deputados.
Fiscalização Preventiva da Constitucionalidade
Suponha que o Governo aprovou em Conselho de Ministros um decreto relativo a processo criminal e
definição das penas, no qual se estabelecia a possibilidade de prisão perpétua. Recebido o decreto para
promulgação, em 28-06-2013, o Presidente da República pretende requerer ao Tribunal Constitucional a
apreciação da constitucionalidade das normas dele constantes.
a) Aprecie a legitimidade, prazo e fundamento do Presidente da República para tal requerimento,
referindo-se às eventuais inconstitucionalidades do decreto governamental e à forma de fiscalização
descrita no enunciado.
a) O Presidente da República tem legitimidade para requerer a fiscalização preventiva, no prazo de oito
dias após receção do diploma – artigo 278º CRP. Fundamentos: inconstitucionalidade material, por
violação do artigo 30º CRP (limites das penas); inconstitucionalidade orgânica, por ser matéria de
reserva relativa (não há referência a qualquer autorização legislativa) – artigo 165º nº 1 c) CRP.
b) Se o Tribunal Constitucional vier a pronunciar-se pela inconstitucionalidade daquele decreto, quais os
efeitos dessa decisão? Descreva-os.
b) Veto do Presidente da República e devolução do diploma ao órgão legislador, neste caso o Governo,
para ser reformulado ou ser expurgada a norma julgada inconstitucional – artigo 279º nº 1 e 2 CRP.
Fiscalização Preventiva da Constitucionalidade
Face à elevada taxa de imigração para o nosso país, a Assembleia da República aprovou um decreto nos
termos do qual os estrangeiros residentes em Portugal não gozam dos direitos reconhecidos ao cidadão
português. Remetido ao Presidente da República para promulgação em 01- -05-2013, este decidiu enviar o
diploma ao Tribunal Constitucional em 15-05-2013. O Tribunal Constitucional pronunciou-se pela
inconstitucionalidade daquela norma. O Presidente da República decidiu mesmo assim promulgar o
diploma, em 05-06-2013, tendo o mesmo sido publicado dias depois (Decreto-Lei X/2013, de 19 de junho).
Aprecie as atuações do Presidente da República.
R: O Presidente da República ultrapassou o prazo para requerer a fiscalização preventiva da
constitucionalidade – artigo 278º nº 3 CRP. – Após pronúncia de inconstitucionalidade pelo Tribunal
Constitucional, o Presidente da República deveria vetar o diploma – artigo 279º CRP.
FISCALIZAÇÃO CONCRETA DA CONSTITUCIONALIDADE
A Assembleia da República aprovou um projeto de lei que permitia a inclusão nos contratos de trabalho da
proibição de inscrição dos trabalhadores em associações sindicais. Após promulgação, veio a lei a ser
publicada em Diário da República (Lei Y/2013, de 1 de abril), com início de vigência no dia seguinte ao da
sua publicação. Meses mais tarde, Natércio, trabalhador da “XPTO”, foi despedido, após procedimento
disciplinar, por se ter inscrito no Sindicato “ABC”. Revoltado, Natércio opôs-se judicialmente ao
despedimento, e no processo suscitou a questão da inconstitucionalidade das normas constantes da Lei
Y/2013. O tribunal não lhe deu razão, decidindo no sentido da não inconstitucionalidade, pelo que
Natércio pretende interpor recurso para o Tribunal Constitucional.
a) Aprecie eventuais inconstitucionalidades da lei aprovada pela Assembleia da República
R: a) Inconstitucionalidade por ação material, por violação de um direito fundamental, a liberdade
sindical – artigos 55º CRP e 277º CRP.
. b) Pode Natércio recorrer para o Tribunal Constitucional? R: Fiscalização concreta da
constitucionalidade – artigo 280º nº 1 b) (fundamento) e nº 4 (legitimidade) CRP.
FISCALIZAÇÃO CONCRETA DA CONSTITUCIONALIDADE | MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público pretende recorrer para o Tribunal Constitucional da decisão do Tribunal de primeira
instância que recusou a aplicação da Lei X/2005, de 13 de setembro, com fundamento na sua
inconstitucionalidade. Aquela lei proibia a constituição de associações de caráter lúdico ou recreativo. A
questão da constitucionalidade havia sido suscitada no processo por Helena Dinis, cozinheira numa
cantina, e indiciada por ter constituído uma associação de convívio para todos os funcionários.
a) Aprecie a legitimidade e fundamento do Ministério Público para tal recurso, referindo-se à forma de
fiscalização descrita no enunciado. R: Recurso obrigatório para o Ministério Público, no âmbito da
fiscalização concreta – artigo 280º nº 1 a) e nº 3 CRP. Fundamento: recusa do Tribunal de primeira
instância em aplicar a norma por a considerar inconstitucional.
b) Se o Tribunal Constitucional vier a julgar aquela lei inconstitucional, quais os efeitos dessa decisão?
Descreva-os. R: Efeitos particulares e restritos à questão da inconstitucionalidade – artigo 280º nº 6 CRP.
FISCALIZAÇÃO CONCRETA E MISTA DA CONSTITUCIONALIDADE
Suponha que o Governo aprovou o Decreto-Lei Y/2012, de 1 de junho, relativo ao exercício do direito de
manifestação dos agentes das forças de segurança, impondo a necessidade de uma autorização específica
para tais manifestações, sob pena de responsabilidade criminal. Antero, agente da PSP, organiza uma
manifestação sem autorização, e é posteriormente alvo de um procedimento criminal, onde suscita a
questão da inconstitucionalidade da referida norma. No entanto, o juiz do caso não a considera
inconstitucional e aplica-a.
a) Aprecie a constitucionalidade do Decreto-Lei Y/2012. R: Inconstitucionalidade orgânica, por se tratar de
matéria de reserva absoluta de competência legislativa da Assembleia da República – artigo 164º o) CRP
b) Este juiz tem competência para apreciar a constitucionalidade da norma? Justifique. R: Sim, é uma
incumbência de todos os Tribunais – artigo 204º CRP. O Tribunal Constitucional intervém em sede de
recurso
c) Suponha ainda que Antero recorre da decisão para o Tribunal Constitucional, e este julga a norma
inconstitucional. Se o mesmo vier a acontecer em mais dois casos concretos, qual deve ser a atuação do
Tribunal Constitucional? R: Declarar a inconstitucionalidade da norma com força obrigatória geral (a
designada fiscalização mista) – artigo 281º nº 3 CRP.
FISCALIZAÇÃO ABSTRATA DA CONSTITUCIONALIDADE
O Provedor de Justiça pretende requerer a fiscalização da constitucionalidade de uma norma constante da
Lei X/2013, de 25 de junho, que proíbe a emigração de cidadãos portugueses.
a) Aprecie a legitimidade e fundamento do Provedor de Justiça para tal requerimento, referindo-se às
eventuais inconstitucionalidades da Lei X/2013 e à forma de fiscalização descrita no enunciado.R: ) O
Provedor de Justiça tem legitimidade para requerer a fiscalização abstrata – artigo 281º nº 2 d) CRP.
Fundamento: inconstitucionalidade material, por violação do direito fundamental de emigração – artigo
44º nº 2 CRP.
b) Se o Tribunal Constitucional vier a declarar a inconstitucionalidade daquela Lei, quais os efeitos dessa
declaração? Descreva- -os R: Força obrigatória geral. Efeitos retroativos e repristinatórios (com a
salvaguarda de situações excecionais) – artigo 282º CRP.
FISCALIZAÇÃO ABSTRATA DA CONSTITUCIONALIDADE
Considere que o grupo parlamentar “X” tem 80 Deputados. Durante a legislatura, o grupo parlamentar
requereu a fiscalização da constitucionalidade de uma norma constante do Decreto-Lei Y/2013, de 8 de
julho. Este diploma, aprovado em Conselho de Ministros, permite a expulsão de cidadãos portugueses do
território nacional nos casos de criminalidade internacional organizada. Aprecie a legitimidade e o
fundamento do grupo parlamentar para tal requerimento, referindo-se às eventuais inconstitucionalidades
do Decreto-Lei Y/2013 e à forma de fiscalização descrita no enunciado. R: Legitimidade: número suficiente
de Deputados para requerer a fiscalização abstrata – artigo 281º nº 2 f ) CRP. – Fundamento:
inconstitucionalidade material, por violação do artigo 33º nº 1 CRP (proibição da expulsão de cidadãos
portugueses).
FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE: VÁRIAS
Aprecie, sob o ponto de vista jurídico-constitucional, os seguintes atos normativos, realçando eventuais
inconstitucionalidades e a forma de fiscalização da constitucionalidade adequada:
a) Um decreto remetido ao Presidente da República para ser promulgado como lei, que determina a
exigência de 5% dos votos do total nacional para a atribuição de um mandato parlamentar. R:
Inconstitucionalidade material, por violação do artigo 152º nº 1 CRP. Fiscalização preventiva – artigo 278º
CRP.
b) Um diploma da Assembleia da República, já publicado, que estabelece que a fundação de jornais
depende de autorização administrativa. R: Inconstitucionalidade material, por violação do direito
fundamental de liberdade de imprensa – artigo 38º nº 2
c) Um decreto-lei publicado sem promulgação. R: CRP. Fiscalização abstrata – artigo 281º CRP. c)
Inconstitucionalidade formal, pela falta de promulgação – artigo 137º CRP. Fiscalização abstrata – artigo
281º CRP.
d) Uma lei que aboliu a dispensa para amamentação ou aleitação no caso de mães solteiras, e cuja
inconstitucionalidade Mariana, mãe solteira de Filipe, suscitou no processo judicial que a opõe ao seu
empregador. R: Inconstitucionalidade material, por infração do disposto nos artigos 36º nº 4 CRP e 68º
CRP. Fiscalização concreta – artigo 280º CRP
e) Um decreto-lei relativo ao regime do segredo de Estado, cuja constitucionalidade o Procurador-Geral da
República contesta. R: Inconstitucionalidade orgânica, por se tratar de matéria de reserva absoluta de
competência da Assembleia da República – artigo 164º q) CRP. Fiscalização abstrata – artigo 281º CRP.
REVISÃO CONSTITUCIONAL | FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA DA CONSTITUCIONALIDADE
Com 99 Deputados, o grupo parlamentar do Partido “A” apresentou – decorridos cinco anos sobre a data
da última lei de revisão ordinária – um projeto de revisão constitucional que consagra a abolição do direito
de oposição democrática dos partidos políticos minoritários. O principal Partido da oposição apresentou
outro projeto quarenta e cinco dias depois, e as alterações debatidas vieram a ser aprovadas com o voto
favorável de 117 Deputados.
a)Aprecie a conformidade constitucional deste procedimento de revisão, e da alteração proposta.
Durante a legislatura, o mesmo grupo parlamentar apresentou um projeto de lei no sentido de eliminar a
possibilidade de pedidos de Habeas Corpus. Este projeto veio a ser aprovado apenas na especialidade.
Recebido para promulgação, em 08-07-2013, o Presidente da República pretende requerer ao Tribunal
Constitucional a apreciação da constitucionalidade das normas dele constantes.
R: Revisão constitucional ordinária é iniciativa legítima dos Deputados – artigo 284º nº 1 CRP. Foi
ultrapassado o prazo para apresentação de outros projetos – artigo 285º nº 2 CRP. O número de votos é
insuficiente para aprovação – artigo 286º nº 1 CRP. A alteração viola um dos limites materiais, o direito de
oposição democrática – artigo 288º i) CRP.
b) Aprecie o fundamento do Chefe de Estado para tal requerimento, referindo-se às eventuais
inconstitucionalidades do referido diploma. R: Fundamentos para o requerimento de fiscalização
preventiva: inconstitucionalidade formal, por preterição de formalidades essenciais do processo legislativo
– artigo 168º CRP; e inconstitucionalidade material, por violação do artigo 31º CRP.
c) Se o Tribunal Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade daquele decreto, quais os efeitos
dessa decisão? Descreva-os. R: Veto do Presidente da República e devolução do diploma ao órgão
legislador, neste caso a Assembleia da República, para ser reformulado, expurgada a norma julgada
inconstitucional ou confirmado pela maioria qualificada exigível – artigo 279º nº 2 CRP.

Você também pode gostar