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PROMOTORES DE JUSTIÇA NAS COMARCAS DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO DE 1910 A 1920

1
Paulo José da Silva
2
Simone da Silva Ávila

Vitória (ES), 2017.

Resumo

O artigo apresenta as comarcas existentes no estado do Espírito Santo em face da


Proclamação da República, em 1889, a partir da transformação das províncias em estados
federados, o que demandou nova organização judiciária. Apresenta as comarcas resultantes
do Decreto nº 95, de 11 de maio de 1891, e dá um enfoque à reconfiguração judiciária
apresentada pela Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910. Faz um breve histórico de cada
comarca existente na década de 1910 e apresenta os promotores de justiça que atuaram no
Ministério Público do Estado do Espírito Santo nesse período.

1 INTRODUÇÃO

A história de uma instituição envolve o reconhecimento da atuação dos


personagens que fazem com que ela exista de fato. Assim, além da
identificação da estrutura administrativa que compunha e a que compõe o
Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MP-ES), o Memorial3 vem se
empenhando em reunir acervo e informações acerca dos membros que fizeram
parte do parquet capixaba.

Quando o procurador de justiça José Adalberto Dazzi se aposentou, ele enviou


ao Memorial documentos que estavam em seu gabinete e que haviam lhe dado
suporte para a realização de levantamento histórico e do aparato legal que
regia o Ministério Público antes da sua atuação como procurador-geral de
justiça no biênio 1998-2000. Dentre essa documentação encontra-se o Livro de

1
Agente de apoio administrativo do Memorial/MPES. Especialista em História das Relações
Políticas pela Ufes e em Gestão Pública Municipal pelo Ifes. Bacharel em Arquivologia e em
História pela Ufes.
2
Agente de apoio administrativo do Memorial/MPES. Especialista em Gestão de Empresas de
Mídia pela Universidade de Vila Velha (UVV) e em Direito Público pela Faculdade São Geraldo.
Bacharela em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Ufes.
3
O Memorial é um setor criado pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo, em 2008,
com a finalidade de resgatar e preservar a memória institucional através da organização de
acervo documental, de imagem e som, realização de pesquisas, exposições, seminários e
publicações e a discussão do papel e identidade do Ministério Público numa perspectiva
histórico-cultural (RESOLUÇÃO Nº 007/2008, publicada no Diário Oficial no dia 22/10/2008).
2

Termos de Promessa: 1914 a 1934, no qual foi registrada a posse de


promotores de justiça e de servidores do MP-ES.

Esse livro manuscrito foi objeto de transcrição paleográfica com a finalidade de


difundir a informação nele contida sem ter que, necessariamente, manusear o
documento original, já sensível pela ação do tempo. Ao realizar a transcrição,
foi necessário identificar as comarcas existentes à época do início dos registros
no livro. Assim, surgiu o mote deste trabalho, que tem como recorte temporal a
década de 1910 e temático os promotores de justiça que atuaram nesse
período.

Nesta pesquisa, serviram de fontes os relatórios dos governadores do estado


do Espírito Santo e os jornais que noticiavam os atos do governo: Diário da
Manhã, O Cachoeirano, Commercio do Espírito Santo, Muquyense, Espírito
Santo, de Muniz Freire, e A luz, de São Pedro de Itabapoana. O fichamento
das fontes foi realizado pelas estagiárias de História Camila Midori Neves
Hayashi e Fabianni Lima Bezerra.

Este trabalho apresenta um breve histórico acerca do Ministério Público do


Estado do Espírito Santo nos primeiros anos após a Proclamação da
República, em 1889, e as comarcas resultantes do Decreto nº 95, de 11 de
maio de 1891, a reconfiguração judiciária apresentada pela Lei nº 715, de 5 de
dezembro de 1910, as comarcas existentes no estado do Espírito Santo na
década de 1910 e o aparato legal de suas criações e os promotores de justiça
que nelas atuaram nesse período.

2 A ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO


ESPÍRITO SANTO NO ALVORECER DA REPÚBLICA

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo foi organizado junto ao


Tribunal de Justiça em 1891, conforme consta na Constituição Estadual
daquele ano, na qual a instituição ministerial é citada como órgão submetido ao
Poder Judiciário.
3

Antes, porém, a Constituição de caráter provisório promulgada em 11 de


novembro de 1890, ou seja, anteriormente à Carta Magna de 1891, já previa a
estrutura do futuro Tribunal de Justiça, denominado Corte de Justiça, e do
Ministério Público a ele vinculado. O art. 82 da Constituição Provisória do
Estado do Espírito Santo preconizava a organização do Ministério Público para
a promoção da justiça como um órgão central junto à Corte e órgãos locais em
cada uma das comarcas.

Entre os cinco ministros (atuais desembargadores), que compunham esse


Tribunal, um era designado para o cargo de procurador da Justiça, Soberania e
Fazenda do Estado, então responsável pela chefia do Ministério Público 4.

Era prerrogativa do Executivo a nomeação dos ministros. Portanto, coube ao


governador do Espírito Santo Antonio Gomes Aguirre a primeira organização
judiciária capixaba por meio do Decreto nº 95, de 11 de maio de 1891.

O art. 16 desse Decreto estabelecia que cada circunscrição territorial com dez
mil habitantes constituiria uma comarca, onde um juiz de Direito e um
substituto, além de um promotor de justiça, exerceriam jurisdição. Todos eles
teriam que residir no município sede da comarca, e esta poderia englobar mais
de um município.

Ainda de acordo com o Decreto nº 95, art. 23, o promotor de justiça era
nomeado pelo governador do Estado entre os doutores e bacharéis em Direito
e, na falta destes, entre os cidadãos de reconhecida probidade e bom senso
maiores de 21 anos.

O Decreto nº 95 dividiu o estado do Espírito Santo em 12 comarcas conforme


disposto no Quadro 1.

No ano seguinte, a Lei nº 7, de 28 de junho de 1892, definiu que o chefe do


Ministério Público seria denominado procurador-geral do Estado e estabeleceu
que as comarcas seriam criadas pelo Congresso Legislativo e classificadas em
duas categorias: de primeira e segunda entrância.

4
Acerca daqueles que foram os primeiros a chefiar o Ministério Público, ver Procuradores-
Gerais do Ministério Público do Estado do Espírito Santo: 1891 a 1909, disponível em:
https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/54902c90-f7c6-4bb6-8e17-84bcd6264cb5.pdf.
4

Quadro 1 Classificação das comarcas

Nº Nome das Sedes Municípios que compreendem


comarcas
1 São Mateus Cidade de São Mateus São Mateus e Barra de São Mateus
2 Santa Cruz Cidade de Santa Cruz Santa Cruz, Nova Almeida e Linhares
3 Serra Cidade da Serra Serra
4 Vitória Cidade da Vitória Capital, Cariacica e Vila do Espírito Santo
5 Santa Cidade do Porto do Santa Leopoldina, Santa Teresa e Afonso
Leopoldina Cachoeiro Cláudio
6 Guarapari Vila de Guarapari Guarapari
7 Benevente Cidade de Anchieta Anchieta, Piúma e Alfredo Chaves
8 Itapemirim Vila de Itapemirim Itapemirim
9 Cachoeiro de Cidade do Cachoeiro de Cachoeiro de Itapemirim e Alegre
Itapemirim Itapemirim
10 Itabapoana Vila de São Pedro São Pedro do Itabapoana e São José do
Calçado
11 Viana Vila de Viana Viana
12 Rio Pardo Espírito Santo do Rio Espírito Santo do Rio Pardo e Rio Pardo
Pardo
Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Decreto nº 95, de 11 de maio de 1891

Ainda em 1892, a Lei nº 8, de 30 de junho, alterou a organização judiciária do


Estado ao criar as comarcas:

 da Barra de São Mateus, desanexada da de São Mateus,


compreendendo o território do município da Barra e tendo por sede a
Cidade da Barra;
 do Guandu, desanexada da de Cachoeiro de Santa Leopoldina,
compreendendo o município de Afonso Cláudio e tendo por sede a Vila
deste nome;
 do Alegre, desanexada da de Cachoeiro de Itapemirim, compreendendo
o município do Alegre, tendo por sede a Vila do Alegre;
 do Calçado, desanexada da de São Pedro de Itabapoana,
compreendendo o município do Calçado e tendo por sede a Vila do
Calçado;
 de Alfredo Chaves, desanexada da de Benevente, compreendendo o
município de Alfredo Chaves e tendo por sede a vila do mesmo nome.

Outra alteração na configuração das comarcas espírito-santenses veio com a


promulgação da Lei nº 348, de 25 de setembro 1900, que suprimiu diversas
comarcas do Estado: a da Barra de São Mateus, cujo território foi anexado à de
Santa Leopoldina; a de Linhares, com território anexado à de Santa Cruz; a de
Nova Almeida, cujo território foi anexado à da Serra; a de Santa Teresa, cujo
território foi anexado à de Santa Leopoldina; as de Alfredo Chaves e Piúma,
5

cujos territórios passaram a pertencer à comarca de Benevente; a de


Itapemirim, cujo território foi anexado à do Rio Novo e recebeu o nome de
comarca de Itapemirim; a do Rio Pardo, sendo o município do Espirito Santo do
Rio Pardo destacado para a comarca de Cachoeiro de Itapemirim e o do Rio
Pardo para a de Alegre; e a comarca de Calçado, cujo território foi anexado à
de São Pedro de Itabapoana. Essa lei também previu que a comarca de Viana,
logo que vagasse, seria suprimida e anexada à da Capital.

Em 1906, a Lei nº 1, em seu art. 1º, restabeleceu as comarcas de Linhares e


Rio Pardo e suprimiu a da Serra. Essa lei previa ainda que a comarca de
Linhares teria os antigos limites e que os termos judiciários da Serra e Nova
Almeida pertenceriam à comarca de Santa Cruz.

A Lei nº 516, de 21 de dezembro de 1907, trouxe alterações na organização


judiciária do Estado. O procurador-geral do Estado passou a ser escolhido pelo
governador entre diplomados em Direito com seis anos de prática forense, não
podendo tal nomeação recair sobre membro da Corte. Dessa forma, o Tribunal
de Justiça passou a ser composto por seis desembargadores.

Essa Lei, nas Disposições Transitórias, anulou algumas modificações


propostas na legislação anterior ao manter os distritos e comarcas já
existentes, inclusive a comarca da Serra. No entanto, reafirmou que o
município de Nova Almeida pertenceria à comarca de Santa Cruz até nova
deliberação do Congresso. Dividiu a comarca da Capital em duas, funcionando
os respectivos juízes de Direito por distribuição, com jurisdição anulativa em
todos os feitos civis, comerciais, criminais, orfanológicos e fiscais. E previu que,
à exceção da comarca da Capital, todas as demais continuariam sendo de
primeira entrância até que o Congresso Legislativo estadual as classificasse.

A incorporação do município da Serra à comarca da Capital ocorreu por


deliberação do Legislativo estadual por meio da Lei nº 557, de 26 de novembro
de 1908.
6

3 COMARCAS DO ESPÍRITO SANTO NA DÉCADA DE 1910

Considerando que o recorte temporal desta pesquisa é o período 1910 a 1920,


apresenta-se neste tópico a legislação que configurou as comarcas na ocasião,
bem como o nome dos promotores que nelas atuaram.

A primeira lei que trouxe alteração na divisão judiciária do estado do Espírito


Santo nessa década foi a de nº 659, de 7 de novembro de 1910. Foi através
dessa lei que foi criada a comarca de Santa Júlia, tendo como sede a vila de
Pau Gigante (atual Ibiraçu) e compreendendo esse município e o então
município de Nova Almeida, desmembrado da comarca de Santa Cruz.

Ainda em 1910, a Lei nº 715, de 5 de dezembro, dividiu a comarca de Alegre


em cinco distritos judiciários; criou o distrito judiciário Vieira Machado na
comarca de Cachoeiro de Itapemirim; desmembrou o município de Rio Novo da
comarca de Itapemirim anexando-o à de Cachoeiro de Itapemirim; e definiu as
sedes dos distritos judiciários.

Quadro 2 Comarcas do Espírito Santo e seus respectivos distritos judiciários


(continua)
Comarcas Distritos Sede
judiciários
Capital 1 Cidade da Vitória
2 Cidade do Espírito Santo
3 Povoação Itanguá
4 Vila de Cariacica
5 Povoado Carapina
6 Povoação do Queimado
7 Cidade da Serra
Cachoeiro de Santa Leopoldina 1 Cidade de Santa Leopoldina
2 Povoado de Mangarahy
3 Povoado do Timbuhy
4 Povoado Jequitibá
5 Vila de Santa Thereza
6 Povoação de São João de Petrópolis
7 Povoado do Alto Santa Maria do Rio Doce
Santa Julia 1 Vila de Pau Gigante
2 Vila de Santa Cruz
3 Vila de Nova Almeida
4 Vila do Riacho
7

Quadro 2 Comarcas do Espírito Santo e seus respectivos distritos judiciários


(continuação)
Linhares 1 Vila de Colatina
2 Povoação do Mutum
3 Povoação de Mascarenhas
4 Vila de Linhares
5 Povoação de Regência
6 Povoação de Accioly de Vasconcelos
Benevente 1 Cidade de Anchieta
2 Vila de Piúma
3 Povoação de Jabaquara
4 Povoação de Iriritiba
5 -
6 Vila de Iconha
7 Vila de Alfredo Chaves
8 Povoação de São João
9 Povoação de Mathilde
Viana 1 Vila de Viana
2 Povoação de Araçativa
3 Vila de Santa Isabel
4 Povoação de Araguaya
5 Povoado Sapucaia
Guarapari 1 Cidade de Guarapari
2 Povoação de Todos os Santos
Alegre 1 Vila do Alegre
2 Povoado do Café
3 Vala do Souza
4 Povoado do Veado
5 Povoado do Rio Preto
Cachoeiro de Itapemirim 1 Cachoeiro de Itapemirim
2 São Gabriel do Muquy
3 São João do Muquy
4 Conceição do Castelo
5 São José
6 Estação do Castelo
7 Espírito Santo do Rio Pardo
8 Itaipava
9 Vieira Machado
10 Rio Novo
11 Rodeio
Itabapoana 1 Itabapoana
2 Barra Alegre
3 Boa Vista
4 Conceição do Muquy
5 Mimoso
6 Ponte do Itabapoana
7 Calçado
8 Barra do Calçado
9 Alto do Calçado
10 Jardim
11 São José das Torres
12 Palmital
São Mateus 1 São Mateus
2 Barra de São Mateus
3 Serra dos Aymorés
4 Itaúnas
8

Quadro 2 Comarcas do Espírito Santo e seus respectivos distritos judiciários


(conclusão)
Itapemirim 1 Itapemirim
2 Barra do Itabapoana
Rio Pardo 1 Rio Pardo
2 Cachoeira
3 Chalet
4 Sant’Anna
5 São Sebastião do Ocidente
6 Bom Jardim
7 São Manoel do Mutum
Guandu 1 Afonso Cláudio
2 Laranja da Terra
3 Figueira
4 Boa Família

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910

A Lei nº 715/1910, ao apresentar a divisão judiciária da comarca de Alegre e


deliberar acerca da sede de cada distrito judiciário das demais comarcas,
apresentou um panorama da configuração judiciária do estado do Espírito
Santo em 1910. Tomamos, portanto, essa lei como referência para
apresentarmos o histórico das comarcas nela elencadas, bem como daquelas
que viriam a ser criadas até 1920.

Um aspecto interessante desse período é a aprovação da Lei nº 824, de 10 de


abril de 1912, criando um município e uma comarca com a denominação de
Marechal Hermes, tendo por sede a povoação de São Manuel do Mutum,
região contestada pelo estado de Minas Gerais. Essa lei, em seu art. 1º,
discorria que esse território pertencia ao Espírito Santo em função de um
tratado celebrado com o estado de Minas Gerais em 18 de dezembro de 1911.

Situado em território litigioso, a povoação foi elevada à categoria de


distrito em 1911 pelo estado de Minas Gerais e de município em 1912
pelo estado do Espírito Santo, passando definitivamente para a
jurisdição atual por força de laudo arbitral de 30 de novembro de 1914
firmado entre os dois estados. O distrito foi criado com a
denominação de São Manuel do Mutum pela Lei Estadual nº 556, de
30/8/1911, subordinado ao município de Rio José Pedro (atual
Ipanema) em Minas Gerais. Nessa época, o estado do Espírito Santo
o considerava como parte integrante de seu território, pertencente ao
município de Rio Pardo (atual Iúna).

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito figura


como território integrante dos municípios de Rio José Pedro no
estado de Minas Gerais e Rio Pardo no estado do Espírito Santo.
9

É elevado à categoria de vila com a denominação de Marechal


Hermes pela Lei nº 824, do estado do Espírito Santo, datada de
10/4/1912, desmembrado do município de Rio do Pardo. (...).

Pelo laudo arbitral de 30/11/1914, ratificado pelo Decreto Estadual nº


4304, de 19/1/1915, retificado pela Lei Estadual nº 673, de 5/9/1916,
o município de São Manuel do Mutum é anexado ao estado de Minas
Gerais. (IBGE, on-line).

Figura 1 Comarca de Marechal Hermes

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
10

Sobre a indicação de promotor de justiça para a comarca de Marechal Hermes,


que viria a ser considerada, em definitivo, município mineiro com a
denominação de Mutum, há duas referências nas mensagens do governador
Marcondes Alves de Souza ao Congresso Legislativo. A primeira, em 1914,
trata do Decreto nº 1.842, de 25 de julho, exonerando, a pedido, do cargo de
promotor público o bacharel Francisco Passos Costa. A segunda menção, em
1915, diz que o promotor de Marechal Hermes estava exercendo as funções do
seu cargo interinamente, quando a turbação da ordem na comarca o privou de
funcionar.

Outro aparato legal que tratou da estruturação do Ministério Público no período


objeto deste estudo foi a organização judiciária do estado do Espírito Santo
instituída pela Lei nº 3, de 24 de dezembro de 1913. Essa Lei, na qual foi
deliberado que a comarca da Capital seria de terceira entrância, também
definiu, em seu art. 127, o Ministério Público como um órgão auxiliar da Justiça
e, nos artigos seguintes, apresentou a regra geral da organização ministerial.

Do Ministério Público

Art. 128. O Ministério Público será exercido por um procurador-geral


do Estado junto ao Tribunal Superior de Justiça e ao Tribunal
Especial e por promotores públicos nas comarcas.

Art. 129. O procurador-geral será nomeado pelo presidente do Estado


dentre os membros da judicatura ou dentre os advogados que tiverem
mais de seis anos de prática forense e ficará sendo o chefe do
Ministério Público.

Art. 130. Os promotores públicos serão nomeados pelo presidente do


Estado dentre os diplomados em ciências jurídicas e sociais por uma
das faculdades da República legalmente reconhecidas.

Art. 131. Os membros do Ministério Público serão conservados em


quanto bem servirem.

Art. 132. Os promotores públicos serão matriculados na Secretaria do


Ministério Público, em livro especial, aberto, numerado, rubricado e
encerrado pelo procurador-geral (ESPÍRITO SANTO, 1913).

A Organização Judiciária do Estado do Espírito Santo de 1913 apresentou


ainda, nos artigos 180 a 182, as atribuições do procurador-geral de justiça e
dos promotores de justiça.
11

Além das comarcas citadas na Lei nº 715/1910, este texto trata do


restabelecimento da comarca de São José do Calçado, sob a denominação de
Marcondópolis, por meio da Lei nº 980, de 5 de dezembro de 1914.

Sem ser tratada em item específico neste trabalho, registra-se a criação da


comarca de Domingos Martins pela Lei nº 1.160, de 27 de dezembro de 1918.
Instalada em 21 de janeiro de 1919, essa comarca teve como primeiro
promotor de justiça Lauro Faria Santos (DIÁRIO DA MANHÃ, 21 jan.1919. p.
01). Nesse mesmo ano, o município de Alfredo Chaves foi desanexado da
comarca de Domingos Martins e integrado à de Benevente pela Lei nº 1.214,
de 26 de dezembro de 1919.

A fim de apresentar os promotores de justiça que atuaram no Ministério Público


no período de 1910 a 1920, foram listadas em ordem alfabética as comarcas
então existentes, bem como o aparato legal de suas respectivas criações,
anexação ou supressão e, por fim, os nomes daqueles que nelas exerceram os
cargos de promotor de justiça. Apesar de identificados, não serão relacionados
aqueles que ocuparam interinamente o cargo de promotor de justiça devido ao
caráter temporário dessa atuação. Ressalta-se que este levantamento não tem
a pretensão de ser concluso, portanto novas pesquisas poderão sanar
possíveis lacunas e enriquecer os estudos acerca do tema.

3.1 Comarca de Alegre

A vila do Alegre era um município pertencente à comarca de Cachoeiro de


Itapemirim até a aprovação da Lei nº 8, de 30 de junho de 1892, que o elevou à
categoria de comarca compreendendo o território do município e tendo como
sede a vila.

Em 1900, por meio da Lei nº 348, de 25 de setembro, o município do Rio Pardo


(atual Iúna) foi anexado à comarca de Alegre em função da supressão da
comarca do Rio Pardo, restabelecida em 1906.
12

Segundo a Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, a comarca de Alegre passou


a subdividir-se em cinco distritos judiciários, sendo o primeiro sediado na vila
do Alegre; o segundo no povoado do Café; o terceiro na vala do Souza; o
quarto no povoado do Veado e o quinto distrito sediado no povoado do Rio
Preto.

Figura 2 Comarca de Alegre

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
13

No período de 1910 a 1920, foram promotores de justiça titulares da comarca


de Alegre Mario Bevilácqua (1909–1910), Milton Arruda (1910–1911), José
Gomes de Mattos (1911), Pedro Marques (1911), Octaviano de Araújo Britto
(1911), Luiz Américo de Freitas (1911–1912), João Alfredo Godin (1913–1918),
Messias Lins de Oliveira (1918–1919) e Francisco Gonçalves (1919–1921).

3.2 Comarca de Benevente

O Decreto nº 20, de 11 de abril de 1890, publicado no dia 17 do mesmo mês,


criou a comarca de Benevente e, no ano seguinte, o de nº 95, de 11 de maio,
definiu que essa comarca teria como sede a cidade de Anchieta e
compreenderia os municípios de Anchieta, Piúma e Alfredo Chaves.

Em 30 de junho de 1892, a Lei nº 8 deliberou pela criação da comarca de


Alfredo Chaves a partir da desanexação desse município da comarca de
Benevente. No entanto, em 1900, a Lei nº 348, de 25 de setembro, suprimiu as
comarcas de Alfredo Chaves e Piúma, cujos territórios foram novamente
incorporados à de Benevente.

Assim, segundo a Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, compunham a


comarca de Benevente os distritos da cidade de Anchieta, vila de Piúma,
povoação de Jabaquara, povoação de Iriritiba, vila de Iconha, vila de Alfredo
Chaves, povoação de São João e povoação de Matilde.

Em função da Lei nº 1.082, publicada em 3 de janeiro de 1917, a comarca de


Benevente também incorporou o município de Guarapari, que deixou de ser
comarca.

Com a alteração do nome do munícipio de Benevente para Anchieta, a Lei nº


1.307, de 30 de dezembro de 1921, seguiu essa mudança dando à comarca
denominação de Anchieta.

Nas pesquisas para este trabalho, identificou-se que a comarca de Benevente


teve os seguintes promotores de Justiça titulares no período de 1910–1920:
Aristóteles Solano Carneiro da Cunha (1908–1910), Antonio Luiz Pitanga dos
Santos (1910–1911), Percio Goulart (1911), Octaviano Araujo de Brito (1911),
14

Manoel Fernandes Beiriz (1912), Antônio Pereira Lima (1912–1914), Gilberto


de Souza Martins (1914–1915), Manoel Lopes Pimenta (1916–1919) e Messias
Lins de Oliveira Chaves (1919–1921).

Figura 3 Comarca de Anchieta

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
15

3.3 Comarca de Cachoeiro de Itapemirim

A comarca de Cachoeiro de Itapemirim, segundo consta no Almanak


administrativo, comercial e industrial do Rio de Janeiro, publicado em 1915, foi
criada pela Lei Provincial nº 9, de 16 de novembro de 1876, com a
denominação de São Pedro do Cachoeiro de Itapemirim, tendo a cidade de
Cachoeiro de Itapemirim como sede da comarca e do município.

De acordo com a organização judiciária do estado do Espírito Santo, Decreto


nº 95, de 11 de maio de 1891, a comarca de Cachoeiro de Itapemirim
compreendia os municípios de Cachoeiro e de Alegre. Todavia, a Lei nº 8, de
1892, elevou o município de Alegre à categoria de comarca.

No relatório do procurador-geral do Estado, Manoel Clodoaldo Linhares, de


1909, Cachoeiro de Itapemirim é descrita como comarca de segunda entrância.
E na Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, a comarca de Cachoeiro de
Itapemirim aparece subdividida em 11 distritos judiciários, sendo o primeiro
sediado em Cachoeiro de Itapemirim; o segundo em São Gabriel do Muquy; o
terceiro em São João do Muquy; o quarto em Conceição do Castelo; o quinto
em São José; o sexto em Estação do Castelo; o sétimo no Espírito Santo do
Rio Pardo; o oitavo em Itaipava; o nono em Vieira Machado; o décimo em Rio
Novo e o 11º em Rodeio.

Ressalta-se, ainda segundo a Lei nº 715, que o distrito de Vieira Machado era
formado pelo território que o município do Espírito Santo do Rio Pardo possuía
na vertente Leste-Sul da serra das Quatorze Voltas, tendo por sede a
povoação de São Sebastião da Lage.

Apesar de as pesquisas terem identificado promotores de justiça da comarca


de Cachoeiro de Itapemirim anteriores a 1910, optou-se por manter a estrutura
deste trabalho e apresentar aqueles que ocuparam o cargo durante o período
de 1910–1920. Exerceram a titularidade na comarca nesse período os
promotores de justiça Porfírio José Soares Netto (1910), Aristóteles Solano
Carneiro da Cunha (1910), Valmore Magalhães (1911), Washington Tobias de
Vasconcellos Pessoa (1911–1912), Eurico Rodolpho Paixão (1912–1914),
Antônio Pereira Lima (1914–1916) e Rodolpho de Sá Earp (1917–1925).
16

Figura 4 Comarca de Cachoeiro de Itapemirim

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
17

3.4 Comarca da Capital

A comarca da Capital foi uma das três primeiras criadas na então província do
Espírito Santo após a promulgação do Código do Processo Criminal de 1832.

Primeiramente a província do Espírito Santo foi dividida em duas comarcas: a


de Vitória e a de São Mateus5. Em 1835, a Lei Provincial nº 5 e seu
Regulamento datado de 1º de fevereiro de 1836 criaram uma terceira comarca
no Espírito Santo, a de Itapemirim. A partir de então, a comarca de Vitória
passou a compreender os termos da cidade de Vitória e das vilas do Espírito
Santo (atual Vila Velha), da Serra e de Nova Almeida.

Com a proclamação da República, as antigas províncias transformadas em


estados federados foram criando os aparatos legais necessários à manutenção
dessa nova estrutura administrava. Assim, foi aprovada a Organização
Judiciária do Estado do Espírito Santo, Decreto nº 95, de 11 de maio em 1891,
na qual a comarca de Vitória, com sede na cidade de Vitória, compreendia os
municípios da Capital, Cariacica e vila do Espírito Santo. Observa-se que essa
estrutura não incluía o município da Serra. No entanto, em 1908, em função da
Lei nº 557, de 26 de novembro, a comarca da Serra foi suprimida, e seu
território voltou a integrar a comarca da Capital do Estado.

De acordo com a Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, a comarca da Capital


passou a subdividir-se em sete distritos judiciários, a saber: o primeiro tinha
sede na cidade de Vitória; o segundo na cidade do Espírito Santo; o terceiro
em povoação Itanguá; o quarto na vila de Cariacica; o quinto no povoado
Carapina; o sexto em povoação do Queimado e o sétimo na cidade da Serra.

Conforme a Lei nº 3 (Organização Judiciária do Estado do Espírito Santo), de


24 de dezembro de 1913, em seu art. 14, a comarca da Capital passou a ser
de terceira entrância.

5
RELATÓRIO do Presidente Manoel da Silva Pontes. Vitória, 1º de dezembro de 1833. In A
Assembleia Legislativa Provincial do Espírito Santo. Hemeroteca da Biblioteca Nacional. p.
2-7.
18

Figura 5 Comarca da Capital

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
19

Em 1917, a comarca de Vianna, suprimida pela Lei nº 1.116, teve seu território
incorporado ao da comarca da Capital.

Os promotores de justiça titulares da comarca da Capital no período de 1910–


1920 foram Christiano Vieira de Andrade (1909–1910), Joaquim José
Bernardes Sobrinho (1910–1911), Diniz do Valle (1911–1913), Luis Américo de
Freitas (1914), José Vicente de Sá (1914–1916), Aristeu Borges de Aguiar
(1917) e Mirabeau da Rocha Pimentel (1918–1920).

3.5 Comarca do Guandu

Pela Lei nº 8, de 30 de junho de 1892, a comarca do Guandu foi criada a partir


da desanexação do município de Afonso Cláudio da comarca de Cachoeiro de
Santa Leopoldina.

A partir de 5 de dezembro de 1910, pela Lei nº 715, a comarca do Guandu


passou a subdividir-se em quatro distritos judiciários. O primeiro com sede em
Afonso Cláudio; o segundo em Laranja da Terra; o terceiro em Figueira e o
quarto em Boa Família (atual município de Itaguaçu)..

Em 1921, pela Lei nº 1.307, de 30 de dezembro, a comarca do Guandu passou


a ser denominada Afonso Cláudio.

Durante o período analisado neste trabalho, foram promotores de justiça


titulares da comarca do Guandu Diniz do Valle (1909–1910), Astolpho Virgílio
Lobo (1910), João Cláudio Carneiro Campello (1910), Ernesto Martins Vieira
(1911), José Gomes de Mattos (1911), Manoel Fernandes Beiriz (1911–1912),
Oswaldo Cabral de Mello (1912), Attila Cardoso (1912), Samuel Oswaldo
Chaves dos Santos (1913–1916), Mirabeau Ferreira da Rocha Pimentel (1917),
Octávio de Carvalho Lengruber (1917–1918), Albino Marinho Peixoto (1918) e
José Cupertino de Castro Filho (1919–1920).
20

Figura 6 Comarca de Afonso Cláudio

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
21

3.6 Comarca de Guarapari

A criação da comarca de Guarapari ocorreu mediante o Decreto nº 95, de 11


de maio de 1891, primeiro Código de Organização Judiciária do Estado do
Espírito Santo, que, em seu art. 16, definiu a constituição de comarcas em
cada circunscrição territorial com dez mil habitantes. Ainda de acordo com esse
decreto, a comarca de Guarapari compreendia apenas o município de mesmo
nome.

No relatório apresentado pelo procurador-geral do Estado, Manoel Clodoaldo


Linhares, ao presidente do Estado, Jeronymo de Souza Monteiro, outro distrito
judiciário foi criado na comarca de Guarapari pela Lei nº 578, de 5 de
dezembro de 1908, e tinha como sede a povoação de Todos os Santos. Essa
divisão da comarca em apenas dois distritos judiciários foi referendada pela Lei
nº 715, de 5 de dezembro de 1910.

A comarca de Guarapari viria a ser suprimida pela Lei nº 1.082, de 3 de janeiro


de 1917, e seu território incorporado à comarca de Benevente, cuja sede era a
cidade de Anchieta.

Ressalta-se que o município de Guarapari passou a pertencer à comarca de


Alfredo Chaves pelo Decreto-Lei nº 9.941, de 11 de novembro de 1938,
retornou para a de Benevente em função do Decreto-Lei nº 15.177, de 31 de
dezembro de 1943, e, por fim, foi recriada em 1948 e reinstalada em 1949.

De 1910 até a supressão da comarca em 1917, foram promotores de justiça


em Guarapari José Ferreira Coelho (1910–1912), Abílio Peixoto da Silva
(1912–1915) e José Estevão Dantas Seve (1916).
22

Figura 7 Comarca de Guarapari

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
23

3.7 Comarca de Itabapoana

Criada pelo Decreto nº 54, de 12 de novembro de 1890, a comarca de


Itabapoana compreendia, segundo o Decreto nº 95, de 11 de maio de 1891, os
municípios de São Pedro de Itabapoana e São José do Calçado, tendo como
sede a Vila de São Pedro.

A Lei nº 8, de 30 de junho de 1892, criou a comarca de Calçado desanexada


da de São Pedro de Itabapoana. Todavia, pela Lei nº 348, de 25 de setembro
de 1900, a comarca de Calçado foi suprimida e seu território voltou a integrar a
de Itabapoana.

Em 1910, por meio da Lei nº 715, de 5 dezembro, prevaleceu a divisão da


comarca de Itabapoana em 12 distritos judiciários: Itabapoana, Barra Alegre,
Boa Vista, Conceição do Muqui, Mimoso, Ponte do Itabapoana, Calçado, Barra
do Calçado, Alto do Calçado, Jardim, São José das Torres e Palmital. Por
possuir 12 distritos judiciários e três municípios, a comarca de Itabapoana era
considerada a mais extensa do Estado.

Durante o período analisado neste trabalho, foram promotores de justiça


titulares da comarca de Itabapoana Francisco dos Passos Costa (1909–1910),
Francisco Monteiro de Almeida (1910), Ernesto Martins Vieira (1911), José Luiz
da Costa Gouvea (1911–1912), Alfredo Sérgio Ferreira Filho (1912–1916),
Raymundo José Guterres Valle (1916–1917), Antonio Serrano (1917), Antonio
Honório Junior (1918–1919), Samuel Brandão (1920) e Severino Pimentel
(1920).
24

Figura 8 Comarca de São Pedro de Itabapoana

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
25

3.8 Comarca de Itapemirim

Itapemirim foi a terceira comarca criada na então Província do Espírito Santo,


em 1º de fevereiro de 1836, pelo Regulamento da Lei Provincial nº 05, de 23 de
março de 1835. Nesse ato de criação, a comarca de Itapemirim era formada
pelos termos das vilas de Itapemirim, Benevente (atual município de Anchieta)
e Guarapari.

Borgo (2006) relata que a comarca de Itapemirim foi suprimida e incorporada à


comarca de Vitória em 1844 e restabelecida pela Lei nº 16, de 28 de julho de
1852.

Já no período republicano, a comarca de Itapemirim era formada apenas pelo


município de mesmo nome, conforme a Organização Judiciária do Estado do
Espírito Santo, Decreto nº 95, de 11 de maio em 1891.

A Lei nº 348, de 25 de setembro de 1900, ao suprimir diversas comarcas do


Estado, estabeleceu que a de Itapemirim fosse anexada à do Rio Novo. No
entanto, a comarca originária dessa fusão chamar-se-ia comarca de
Itapemirim.

A Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, desmembrou da comarca de


Itapemirim o município do Rio Novo e o anexou à comarca de Cachoeiro de
Itapemirim. Ainda conforme essa lei, a comarca de Itapemirim passou a
subdividir-se em dois distritos judiciários: o primeiro com sede em Itapemirim e
o segundo em Barra do Itabapoana.

Foram promotores de justiça titulares da comarca de Itapemirim de 1910 a


1920 Celso Calmon Nogueira da Gama (1907–1910), Carlos Xavier Paes
Barreto (1910), Joaquim José Bernardes Sobrinho (1910), Acrísio Teixeira
Coelho (1910), Milton Arruda (1911), João Fioravanti Pires Ferreira (1911),
Ernesto Martins Vieira (1911–191?), Arnoldo Medeiros da Fonseca (191?–
1914), Antonio Serrano (1914–1917), Raymundo José Guterres Valle (1917–
19??) e José Cupertino de Castro Filho (192?–1922).
26

Figura 9 Comarca de Itapemirim

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
27

Essa relação de promotores de justiça da comarca de Itapemirim carece de


informações referentes ao ano de 1913, pois as fontes utilizadas neste trabalho
não revelaram a data de saída de Ernesto Martins Vieira do cargo nem a de
entrada de Arnoldo Medeiros da Fonseca. Também não foi possível identificar
se a atuação de Raymundo José Guterres Valle se estendeu até 1920, nem se
José Cupertino de Castro Filho foi seu sucessor imediato.

3.9 Comarca de Linhares

O município de Linhares pertencia à comarca de Santa Cruz até ser elevado à


categoria de comarca pela Lei nº 153, de 27 de novembro de 1895.

Em 1900, o estado do Espírito Santo, enfrentando uma grave crise financeira,


decidiu suprimir algumas comarcas, inclusive a de Linhares, que seria
restabelecida em 1907 (BIGIO apud BERGER & SILVA, 2005). Nesse ínterim,
Linhares voltou a pertencer à comarca de Santa Cruz. A lei que trata do
restabelecimento da comarca de Linhares (Lei nº 1, de 26 de outubro de 1906)
definiu que a comarca teria seus antigos limites territoriais.

Segundo relatório do promotor de justiça interino da comarca de Linhares,


datado de 31 de janeiro de 1910 e anexo ao apresentado pelo procurador-geral
do Estado ao governador Jeronymo Monteiro, a sede da comarca e do
município de Linhares foi transferida para Colatina por meio da Lei nº 488, de
1907.

No dia 30 de dezembro de 1921, foi criado o município de Colatina, e a


situação se inverteu, com Linhares passando a ser vila subordinada a Colatina
e só se emancipando em 1945 (COLATINA, acesso em 28 ago. 2017).

Na Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, a comarca de Linhares aparece


subdivida em seis distritos judiciários, sendo o primeiro sediado na vila de
Colatina; o segundo na povoação do Mutum; o terceiro na de Mascarenhas; o
quarto na vila de Linhares; o quinto na povoação de Regência e o sexto na de
Accioly de Vasconcelos.
28

Figura 10 Comarca de Linhares

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
29

Foram promotores de justiça da comarca de Linhares de 1910 a 1920 Diniz do


Valle (1910), Pompei Fernandes Maia (1910), Francisco Barreto Rodrigues
Campello (1910–1912), José Rodrigues Sette (1912), José Ferreira Coelho
(1912), Eduardo Rubens Alvim Wanderley (1912), Luiz Antonio de Souza
Neves Filho (1912), Alberto de Carvalho (1913), Jayme de Souza Carrascosa
(1914–1915), Manoel Lopes Pimenta (1915) e Gilberto de Souza Martins
(1915–1922).

3.10 Comarca de Marcondópolis (atual São José do Calçado)

A freguesia de São José do Calçado era uma região pertencente ao município


de Cachoeiro de Itapemirim até 1890. Instalada como município em 15 de
março de 1891 pelo Decreto nº 53, do vice-governador Constante Sodré,
passou a pertencer à comarca de Itabapoana conforme deliberação da primeira
Organização Judiciária do Espírito Santo (Decreto 95, de 11 de maio de 1891).

A Lei nº 8, de 30 de junho de 1892, criou cinco novas comarcas, entre elas a


de Calçado, compreendendo o município de mesmo nome e tendo como sede
a ainda vila do Calçado. No entanto, em 1900, quando foram suprimidas
diversas comarcas através da Lei nº 348, de 25 de setembro, a comarca de
Calçado foi anexada à de São Pedro de Itabapoana.

Na mensagem apresentada à Assembleia Legislativa em 1914, o governador


do Estado, Marcondes Alves de Souza, defendeu o restabelecimento da
comarca de Calçado.

A injustificável intolerância da política de outrora deu lugar à


supressão da comarca de São José do Calçado. Não foi outro motivo,
senão o fato de se não achar filiado à então politica dominante, a
maioria dos políticos do rico e florescente município de que se
compunha aquela comarca.

Faz-se, pois, necessária uma reparação que, na hipótese, será o


restabelecimento da comarca. Tal medida de modo algum viria
prejudicar a comarca de São Pedro de Itabapoana, porquanto, tanto
esta como aquela, se criada for, poderá ter vida própria. (ESPÍRITO
SANTO, 1914, p. 130).
30

Dessa forma, Calçado voltou à condição de comarca sob a denominação de


Marcondópolis pela Lei nº 980, de 5 de dezembro de 1914.

Segundo Alacir de Araújo Silva, o nome Marcondópolis foi uma homenagem ao


governador Marcondes de Souza, denominação que não se manteve, pois os
habitantes não se habituaram e “solicitaram o retorno ao nome de São José do
Calçado, no que foram atendidos pelo então governador, Bernardino Monteiro
(1916–1920)”. (SILVA, 2008. p.42).

Em 1915, o governador Marcondes Alves de Souza, na mensagem


apresentada ao Legislativo, informa que a Lei nº 980/1914 não havia sido
executada por falta de verba no orçamento e esperava deixar a comarca de
Calçado instalada no primeiro dia do ano seguinte.

Assim, a primeira referência ao promotor de justiça da comarca de


Marcondópolis foi localizada no jornal Diário da Manhã de 14 de janeiro de
1916, o qual cita que o ocupante do cargo era Pedro Galvão do Rio Apa.

Foram promotores da comarca de Marcondópolis no período de 1916 a 1920


Pedro Galvão do Rio Apa (1916), Rodolpho Sá Earp (1916), Custódio de
Castro (1916–1917), Antônio Serrano (1918–1919), Samuel Brandão (1919) e
Álvaro Alves Bouguignon (1920–1922).

3.11 Comarca do Rio Pardo

A comarca do Rio Pardo foi criada pelo Decreto nº 54, de 12 de novembro de


1890. No ano seguinte, conforme consta no Decreto nº 95, de 11 de maio de
1891, a referida comarca tinha como sede o município do Espírito Santo do Rio
Pardo (atual Muniz Freire) e compreendia esse município e o do Rio Pardo
(atual Iúna).

A Lei nº 348, de 25 de setembro de 1900, suprimiu a comarca do Rio Pardo, da


qual foi destacado o município do Espírito Santo do Rio Pardo para a comarca
de Cachoeiro de Itapemirim, e o do Rio Pardo para a de Alegre. Seis anos
31

depois, a comarca de Rio Pardo foi restabelecida pela Lei nº 1, de 26 de


outubro de 1906.

Figura 11 Comarca do Rio Pardo

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
32

Em 1910, conforme a Lei nº 715, de 5 de dezembro, a comarca do Rio Pardo


aparece subdividida em sete distritos judiciários, a saber: o primeiro com sede
em Rio Pardo; o segundo em Cachoeira; o terceiro em Chalet; o quarto em
Sant’Anna; o quinto em São Sebastião do Ocidente; o sexto em Bom Jardim e
o sétimo distrito em São Manoel do Mutum. Estes três últimos distritos
deixaram de integrar a comarca do Rio Pardo, pois foram transformados na
comarca de Marechal Hermes pela Lei nº 824, de 10 de abril de 1912.

Foram promotores da comarca de Rio Pardo de 1910 a 1920 Carlos Xavier


Paes Barreto (1910), Affonso Augusto Botelho (1910–1912), Waldemar Pereira
(1913–1920) e Albino Marinho Peixoto (19/4/1920 a 9/6/1920).

3.12 Comarca de Santa Júlia

A comarca de Santa Júlia foi criada pela Lei nº 659, de 7 de novembro de


1910, com sede na vila de Pau Gigante (atual Ibiraçu), compreendendo esse
município e o de Nova Almeida, desmembrado da comarca de Santa Cruz.

Ainda em 1910, duas novas leis estão relacionadas à instalação da comarca de


Santa Júlia. A Lei nº 696, de 24 de novembro de 1910, cujo artigo 3º deliberou
pela extinção da comarca de Santa Cruz e incorporação de seu território à de
Santa Júlia, e a Lei nº 715, de 5 de dezembro, que apresentou a comarca de
Santa Júlia subdividida em quatro distritos judiciários assim definidos: o
primeiro sediado na vila de Pau Gigante; o segundo na vila de Santa Cruz; o
terceiro na vila de Nova Almeida e o quarto na vila do Riacho.

Com a extinção da comarca de Santa Cruz, seu promotor de justiça, o bacharel


Jorge de Mello Cahú, foi designado para continuar a exercer suas funções na
nova comarca de Santa Júlia (INFORMES..., 1910, p.2).

A comarca de Santa Júlia viria a ser denominada Pau Gigante pela Lei nº
1.307, de 30 de dezembro de 1921.
33

Figura 12 Comarca de Santa Júlia

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
34

Foram promotores da comarca de Santa Júlia de 1910 a 1920 Jorge de Mello


Cahú (1910–1911), Milton Arruda (1911), Antonio Luiz Pitanga dos Santos
(1911–1912), Luiz Antonio Neves Filho (1912), Eduardo Rubens Wanderley
(1913–1917), Mirabeau Ferreira da Rocha Pimentel (1917–1918) e Octavio de
Carvalho Lengruber (1918–1920).

Observa-se que não se identificou a data-limite do exercício de Octávio


Lengruber, todavia sabe-se que em 29 de dezembro de 1920 tomou posse no
cargo de promotor de justiça da comarca de Santa Júlia o bacharel Roberto
Hall Machado.

3.13 Comarca de Santa Leopoldina

A comarca do Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina foi criada pelo Decreto


nº 19, de 12 de abril de 1890, compreendendo os municípios de Porto do
Cachoeiro e Santa Thereza (ALMANAK..., 1911).

Em 1891, pelo Decreto nº 95, de 11 de maio, que classificou as comarcas do


estado do Espírito Santo, a de Santa Leopoldina aparece compreendendo os
municípios de Santa Leopoldina, Santa Teresa e Afonso Cláudio sendo o
primeiro a sede da comarca. No entanto, pela Lei nº 8, de 30 de junho de
1892, o município de Afonso Cláudio foi desanexado da comarca de Cachoeiro
de Santa Leopoldina e transformado em comarca sob a denominação de
Guandu.

De acordo com o art. 5º da Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, Cachoeiro


de Santa Leopoldina passou a ter sete distritos judiciários. O primeiro era a
cidade de Santa Leopoldina; o segundo, povoado de Mangarahy; o terceiro,
povoado do Timbuhy; o quarto, povoado Jequitibá; o quinto, vila de Santa
Thereza; o sexto, povoação de São João de Petrópolis; e o sétimo, povoado do
Alto Santa Maria do Rio Doce.

Conforme a Lei nº 24, de 31 de dezembro de 1916, em seu art. 2º, a comarca


de Santa Leopoldina foi reduzida à categoria de primeira entrância. Três anos
35

depois, foi novamente elevada à segunda entrância por meio da Lei nº 1.215,
de 26 de dezembro de 1919.

Figura 13 Comarca de Santa Leopoldina

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
36

Foram promotores de justiça em Santa Leopoldina na década de 1910 Joaquim


José Bernardes Sobrinho (1909–1910), Antônio Pedro da Silveira (1910–1916),
José de Barros Wanderley (1916–1917), João Baptista Tavares (1917–1919) e
Luiz Holzmeister (1919–1921).

3.14 Comarca de São Mateus

A comarca de São Mateus, segundo Nardoto e Lima (2001, p. 449), possui


divergências bibliográficas acerca da data de sua criação. Os autores relatam
que, para o historiador Francisco Eugênio de Assis, a comarca foi criada em 17
de abril de 1833. Já a historiadora Maria Stella Novaes afirma ser no dia 23 de
março de 1835. No entanto, a Justiça capixaba informa que a comarca foi
criada em 23 de maio de 1835, instalada em 14 de agosto de 1836, extinta em
18 de novembro de 1844 e restabelecida em 28 de julho de 1852.

Este trabalho optou por considerar como marco inicial da comarca de São
Mateus o ano de 1833, uma vez que o relatório desse ano escrito pelo
presidente da província do Espírito Santo aponta a divisão da província em
duas comarcas: Vitória e São Mateus.

Resolvi falar agora, senhores conselheiros, sobre outro importante


ramo da segurança, a Organização Judiciária. Procedendo o Vice
Presidente em Conselho à divisão dos Termos em virtude da
publicação do Código do Processo Criminal, conservou os limites dos
Termos do Espírito Santo, Guarapary, Benevente e Itapemirim, mas
alterou os limites dos Termos da Cidade de Nova Almeida, e S.
Matheus, criando os Termos da Serra, de Linhares, e da Barra de S.
Matheus. Dividiu também a Província em duas comarcas, aplicando à
da Victoria a parte meridional da Província com o Termo da Serra, e
consignando para território da de S. Matheus a parte septentrional da
mesma Província. (ESPÍRITO SANTO, 1833, p. 2-7).

Além da criação das comarcas de Vitória e São Mateus, o presidente da


província do Espírito Santo relata que haviam sido nomeados e providos os
cargos de juízes municipais, os de Órfãos e os promotores.

Já no período republicano, a Organização Judiciária do Estado do Espírito


Santo dada pelo Decreto nº 95, de 11 de maio de 1891, apresenta a comarca
de São Mateus tendo como sede a cidade de São Mateus e compreendendo o
37

município de mesmo nome e o da Barra de São Mateus (atual Conceição da


Barra).

Figura 14 Comarca de São Mateus

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
38

Em 1892, por meio da Lei nº 8, de 30 de junho, foi aprovada a criação da


comarca da Barra de São Mateus, desanexada da de São Mateus. Todavia,
essa comarca viria a ser suprimida pela Lei nº 348, de 25 de setembro de
1900, e seu território anexado à de Santa Leopoldina.

Pela Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, a comarca de São Mateus


subdividia-se em quatro distritos judiciários, sendo o primeiro sediado em São
Mateus; o segundo em Barra de São Mateus; o terceiro em Serra dos Aymorés
e o quarto distrito em Itaúnas.

Foram promotores de justiça da comarca de São Mateus na década de 1910


Oscar Faria Santos (1910–1911), João Cláudio Carneiro Campello (1911–
1915) e Ezequiel Ferreira Baptista (1915–1922).

3.15 Comarca de Viana

Criada pelo Decreto nº 29, de 4 de julho de 1890, a comarca de Viana tinha,


conforme o Decreto nº 95, de 11 de maio de 1891, como sede a vila de Viana e
compreendia apenas esse município.

A Lei nº 348, de setembro de 1900, ao prever a supressão de diversas


comarcas do Estado, definiu em seu art. 3º que a comarca de Viana, quando
vagasse, seria suprimida e anexada à da Capital. No entanto, no relatório
apresentado ao governador pelo procurador-geral do Estado, Manoel
Clodoaldo Linhares, em 1909, há registros das atividades desenvolvidas
naquela comarca.

Além disso, na Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, a comarca de Viana é


apresentada com os cinco distritos judiciários que a compunham, sendo o
primeiro sediado na vila de Viana; o segundo na povoação de Araçatiba; o
terceiro na vila de Santa Isabel; o quarto na povoação de Araguaia e o quinto
distrito sediado no povoado Sapucaia.

Conforme disposto na Lei nº 1.116, de 16 de novembro de 1917, a comarca de


Viana foi suprimida e seu território incorporado ao da comarca da Capital.
Assim, de 1910 a 1917, foram promotores de justiça da comarca de Viana José
39

Vicente de Sá (1908–1914), Gilberto de Souza Martins (1914) e José Lobo


Leite Pereira (1914–1917).

Figura 15 Comarca de Viana

Fonte: ESPÍRITO SANTO (Estado). Exposição sobre os negócios do Estado no quatriênio


de 1909 a 1912 pelo Exmo. Sr. Dr. Jerônimo Monteiro, presidente do Estado durante o
mesmo período. Victoria, 1913.
40

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Proclamação da República no Brasil em 1889 e a transformação das


províncias em estados federados demandaram uma organização judiciária em
âmbito regional. No estado do Espírito Santo, além do previsto na Constituição
Estadual, a Organização Judiciária foi instituída pelo Decreto nº 95, de 11 de
maio de 1891. Em face desses aparatos legais, o Ministério Público foi se
estruturando como órgão de primeira e segunda instância.

A primeira instância era representada pelo promotor de justiça que atuaria nas
comarcas. De acordo com a Lei nº 715, de 5 de dezembro de 1910, na época o
total de promotores de justiça somava 14.

Apesar de não ser objeto deste trabalho a análise dos critérios de nomeação,
remoção e exoneração de ofício dos promotores de justiça, nem das
motivações das exonerações a pedido, percebe-se que havia uma grande
rotatividade na ocupação do cargo de promotor de justiça, que pode ser
observada no Quadro 3. Essa rotatividade pode ser atribuída ao fato de, no
início do século XX, não haver concursos nem a vitaliciedade para esse cargo
e por ser a carreira na magistratura mais atrativa aos bacharéis.

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(continua)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920
Albino Marinho Peixoto
Guandu

Pardo
Rio

Abílio Peixoto da Silva


Guarapari

Guarapari

Guarapari

Guarapari

Acrísio Teixeira Coelho


Itapemirim

Affonso Augusto Botelho


Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo
Santos

da Cunha
Antonio Serrano
Alberto de Carvalho

Antônio Pereira Lima


Antônio Honório Junior

Antonio Luiz Pitanga dos

Aristeu Borges de Aguiar


Álvaro Alves Bouguignon
Promotor de Justiça

Antônio Pedro da Silveira

Aristóteles Solano Carneiro


Alfredo Sérgio Ferreira Filho
Benevente / Santa Benevente
Cachoeiro de Leopoldina
1910

Itapemirim

Santa Benevente /
Leopoldina Santa Júlia
1911

Benevente Santa Santa Júlia Itabapoana


Leopoldina
1912

Benevente Santa Itabapoana Linhares


Leopoldina
1913
ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920

Itapemirim Benevente / Santa Itabapoana


Cachoeiro de Leopoldina
1914

Itapemirim

Itapemirim Cachoeiro de Santa Itabapoana


Itapemirim Leopoldina
1915

Itapemirim Cachoeiro de Santa Itabapoana


Itapemirim Leopoldina
1916

Capital Itapemirim /
Itabapoana
1917

Marcondópolis Itabapoana
1918
(continuação)
Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS
41

Marcondópolis Itabapoana
1919

Marcondópolis
1920
42

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(continuação)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920
Arnoldo Medeiros da

Itapemirim
Fonseca

Attila Cardoso

Guandu

Astolpho Virgílio Lobo


Guandu

Carlos Xavier Paes Barreto


Itapemirim /
Rio Pardo

Celso Calmon Nogueira da


Itapemirim

Gama

Christiano Vieira de Andrade


Capital

Capital

Custódio de Castro
Marcondópolis

Marcondópolis

Diniz do Valle
Guandu /
Linhares

Capital

Capital

Capital

Eduardo Rubens Alvim


Wanderley
Linhares

Santa

Santa

Santa

Santa

Santa
Júlia

Júlia

Júlia

Júlia

Júlia

Eurico Rodolpho Paixão


Cachoeiro de
Cachoeiro de

Cachoeiro de
Itapemirim

Itapemirim

Itapemirim

Ernesto Martins Vieira


Itabapoana /
Itapemirim
Guandu /
43

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(continuação)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920

Ezequiel Ferreira Baptista

São Mateus

São Mateus

São Mateus

São Mateus

São Mateus

São Mateus
Francisco Barreto Rodrigues
Linhares

Linhares

Linhares
Campello

Francisco Gonçalves

Alegre

Alegre
Francisco dos Passos Costa
Itabapoana

Francisco Monteiro de
Itabapoana

Almeida

Gilberto de Souza Martins


Benevente /
Benevente

Linhares

Linhares

Linhares

Linhares

Linhares

Linhares
Viana /

Jayme de Souza
Linhares

Linhares

Carrascosa

João Alfredo Godin


Alegre

Alegre

Alegre

Alegre

Alegre

Alegre

João Baptista Tavares


Leopoldina

Leopoldina

Leopoldina
Santa

Santa

Santa

João Cláudio Carneiro


São Mateus

São Mateus

São Mateus

São Mateus

São Mateus

Campello
Guandu

João Fioravanti Pires


Itapemirim

Ferreira

Joaquim José Bernardes


Leopoldina /

Sobrinho
Capital

Capital
Santa
44

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(continuação)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920

Jorge de Mello Cahú Santa

Santa
Júlia

Júlia
José Cupertino de Castro

Guandu

Guandu
Filho

José de Barros Wanderley

Leopoldina

Leopoldina
Santa

Santa
José Estevão Dantas Seve

Guarapari
José Ferreira Coelho
Guarapari /
Guarapari

Guarapari

Linhares

José Gomes de Mattos


Guandu
Alegre /

José Lobo Leite Pereira


Viana

Viana

Viana

Viana

José Luiz da Costa Gouvea


Itabapoana

Itabapoana

José Rodrigues Sette


Linhares

José Vicente de Sá
Viana /
Capital

Capital

Capital
Viana

Viana

Viana

Viana

Luiz Américo de Freitas


Capital
Alegre

Alegre

Luiz Antonio de Souza


Santa Júlia

Neves Filho
Linhares /

Luiz Holzmeister
Leopoldina

Leopoldina
Santa

Santa
45

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(continuação)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920

Manoel Fernandes Beiriz

Benevente
Guandu /
Guandu

Manoel Lopes Pimenta

Benevente

Benevente

Benevente

Benevente
Linhares
Mario Bevilácqua
Alegre

Messias Lins de Oliveira

Benevente
Benevente
Alegre/
Alegre
Milton Arruda
Itapemirim /
Santa Júlia
Alegre /
Alegre

Mirabeau da Rocha

Santa Júlia /
Pimentel Santa Júlia
Guandu /

Capital

Capital

Capital
Octaviano de Araújo Britto
Benevente
Alegre /

Octávio de Carvalho
Lengruber
Santa Júlia
Guandu /
Guandu

Oscar Faria Santos


São Mateus

São Mateus

Oswaldo Cabral de Mello


Guandu

Pompei Fernandes Maia


Linhares
46

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(continuação)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920

Pedro Galvão do Rio Apa

Marcondópolis
Pedro Marques
Alegre

Percio Goulart
Benevente

Porfírio José Soares Netto


Cachoeiro de
Itapemirim

Raymundo José Guterres

Itabapoana /
Itabapoana
Valle

Itapemirim
Itapemirim

Itapemirim
Rodolpho de Sá Earp
Marcondópolis

Cachoeiro de

Cachoeiro de

Cachoeiro de

Cachoeiro de
Itapemirim

Itapemirim

Itapemirim

Itapemirim
Samuel Brandão
Marcondópolis

Itabapoana

Samuel Oswaldo Chaves


Guandu

Guandu

Guandu

Guandu

dos Santos

Severino Pimentel
Itabapoana

Valmore Magalhães
Cachoeiro de
Itapemirim
47

Quadro 3 PROMOTORES DE JUSTIÇA E AS COMARCAS NAS QUAIS


ATUARAM NO PERÍODO DE 1910 – 1920
(conclusão)

Promotor de Justiça 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920

Waldemar Pereira

Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo

Rio Pardo
Washington Tobias de
Cachoeiro de

Vasconcellos Pessoa Cachoeiro de


Itapemirim

Itapemirim

REFERÊNCIAS

ALMANAK administrativo, mercantil e industrial do Rio de Janeiro. Rio de


Janeiro, 1911.
______. Rio de Janeiro, 1913.
______. Rio de Janeiro, 1915.
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Zanon: a importância do voto na construção da identidade política em
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BORGO, Alexandre de Oliveira. História da comarca de Guarapari. Vitória:
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Diário da Manhã (Jornal). Ano X. Nº 125. Vitória, 14 jan. 1916, p. 01.

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______. Procurador Geral do Estado (Manoel Clodoaldo Linhares). Relatório


apresentado ao governador... Victoria: Typ. Modelo, 1909.

______. Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo... Pelo


presidente do Estado Marcondes Alves de Souza em 15 de outubro de
1914. Victoria: Papelaria e Typographia Popular, 1914.
48

ESPÍRITO SANTO (Estado). Mensagem apresentada ao Congresso


Legislativo... Pelo presidente do Estado Marcondes Alves de Souza em 8
de setembro de 1915... Victoria: Tipographia do Diário da Manha, 1915.
______. Relatório do Presidente Manoel da Silva Pontes. Vitória, 1º de
dezembro de 1833. Manuscrito. Disponível em: <http://memoria.bn.br/
pdf/287130/ per287130_1833_00001.pdf>. Acesso em: 25 set. 2017
ESPÍRITO SANTO (Ministério Público). Procuradores-Gerais do Ministério
Público do Espírito Santo: 1909 – 2009. Vitória: Procuradoria-Geral de
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______. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Presidente do Estado


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02.
NARDOTO, Eliezer; LIMA, Herinéa. História de São Mateus. 2. ed. São
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1958: da fundação à encampação. 2008. 262f. Tese (Doutorado) –
Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Departamento de História, Programa de Pós-Graduação em História
Social, São Paulo.

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