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DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA

AS FONTES PRIMÁRIAS DE DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA

O direito primário corresponde ao direito da União Europeia regulado pelos


Tratados institutivos. O direito regulado através dos tratados institutivos não se
esgota no Tratado da União Europeia (TUE) e no Tratado de
Funcionamento da União Europeia, do qual fazem parte ainda os protocolos
e as declarações.

Inclui, também, os Tratados de adesão dos Estados, as revisões dos Tratados,


Pode incluir decisões, que correspondem a atos unilaterais, como o de 1979,
que introduziu o sufrágio universal e direto para o Parlamento europeu. O que
distingue o direito primário do direito derivado é a intenção e a hierarquia.

Os Tratados são a fonte primária de Direito da União Europeia, sendo


convenções internacionais, de tipo clássico, produto exclusivo da vontade
soberana dos Estados contratantes, que foram concluídas em
conformidade com as regras do direito internacional e das respetivas
normas constitucionais. É assim o direito que enquadra, fundamenta e limita
todo o restante direito (o direito derivado).
O Direito derivado nunca pode contrariar o Direito originário, existindo um
conjunto de mecanismos de controlo se tal acontecer – art. 263.º, 267.º e 277.º
do TFUE.
A violação do Direito originário é objeto de sindicabilidade contenciosa (art.
258.º do TFUE), podendo ser verificada jurisdicionalmente, culminando em
sanções para os
Estados (art. 260.º do TFUE), quando não deem execução aos acórdãos.
- Segundo MOTA DE CAMPOS os Tratados enunciam os objetivos
fundamentais da UE e definem os instrumentos para a respetiva
realização; e definem a estrutura institucional da União Europeia (onde
se específica as atribuições e poderes das instituições, bem como a
definição das relações entre elas e o controlo político e jurisprudencial a que a
sua ação está sujeita).
Dos Tratados resultam ainda as regras quanto à relação entre da União
Europeia e os Estados-membros, bem como, organizam o sistema jurisdicional
de salvaguarda da ordem jurídica instituída no quadro da União Europeia.
Os Tratados da União Europeia contêm ainda disposições de Direito
Económico e Financeiro.
 Os Tratados serão uma Constituição?
A doutrina diverge, havendo uma pré-compreensão política adjacente
a esta caracterização, que se prende com uma visão mais ou menos
federalista da União Europeia.
Porém, a diferença no plano político é muito importante, pois levanta questões
sobre quem detém o poder constituinte e se a União Europeia já se
autonomizou dos Estados. A corrente federalista: querem ver os tratados
como uma Constituição e procuram encontrar pontos de apoio em que a
criatura se autonomizou dos criadores,
tendo a União Europeia já poder constituinte próprio e pode andar por si.
Falava-se da irreversibilidade do acervo comunitário, mas tal argumentação foi
destruída com o Tratado de Lisboa, que estabeleceu no art. 48.º e 50.º, do
Tratado da União Europeia, a reversibilidade do adquirido.
Corrente não federalista: os seus defensores vêm os Tratados como Tratados
de Direito Internacional Público. Contudo, os Tratados não possuem a
competência das competências, e a competência da União Europeia é
definida pelos Estados, uma vez que os Estados são os criadores e a União
Europeia é a criatura. Alguma doutrina defende que os Tratados são Tratados
Internacionais, mas funcionalmente têm uma função análoga à de uma
Constituição em sentido material. Mas, também se podem encarrar como
uma constituição em sentido estrutural, na aceção da pirâmide
normativa de Kelsen.

Âmbito de aplicação dos Tratados:

Material: os Tratados são aplicáveis no quadro das competências que


os Estados
atribuem à União Europeia (por exemplo o art. 18.º do Tratado de
Funcionamento da União Europeia).
Subjetivo: os Tratados são aplicáveis às instituições, órgãos e organismos da
União Europeia, Estados-membros e pessoas. O art. 20.º e ss. é aplicável aos
cidadãos da União Europeia, mas não só a estes, pois quando os
tratados não o especificam, aplicam-se a todos (art. 263.º, do Tratado de
Funcionamento da União Europeia).
Na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, também as
disposições valem para todos, embora hajam algumas disposições específicas
para os cidadãos da União Europeia.
Territorial: os Tratados são aplicáveis no território dos Estados-membros, por
força do art. 52.º, do Tratado da União Europeia, que remete para o art. 355.º
e 349.º do Tratado do Funcionamento da União Europeia.
Há casos de territórios onde não se aplicam os Tratados, em virtude do
negociada pelos Estados-membros e a União Europeia. Há ainda o estatuto
especial nas regiões ultraperiféricas, previsto no art. 349.º, do Tratado
de Funcionamento da União Europeia (Caso Mayotte, C-132/14).

Processos de Revisão (art. 48.º do Tratado da União Europeia)


O regime do art. 48.º, do Tratado da União Europeia, distingue o processo de
revisão ordinária e o processo de revisão simplificado, cuja distinção
resulta da distinta tramitação.
- Processo de Revisão Ordinário:

Vem desde a versão originária dos tratados e foi alterado aquando das
negociações da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.
Contempla várias fases: a fase da iniciativa; fase da convenção e a fase
intergovernamental. Fase da Iniciativa Fase da Convenção. Esta expressão
está historicamente associada a uma Assembleia com poderes
constituintes. É uma assembleia com Estados, representantes do Parlamento
europeu (há a participação do Parlamento europeu no exercício do
poder constituinte), Comissão e representantes dos parlamentos nacionais.
Fase da Conferência Intergovernamental A regra da deliberação é sempre o
acordo entre todos (elemento que caracteriza a natureza de Tratado de Direito
Internacional Público; as Constituições ao invés são revistas por maioria).A
revisão dos Tratados é negociado e aprovado, e depois sujeito a ratificação de
todos os Estados-membros. Por força do art. 48.º, n.º 5, do Tratado da União
Europeia, o Conselho Europeu não se pode substituir à vontade dos Estados-
membros, mas dá-se-lhe o mandato para conceder concessões e exceções,
com o escopo de facilitar que os Estados ratifiquem os Tratados. Processo de
Revisão Simplificado: Trata-se de um processo de revisão mais expedito. Nos
termos do art. 48.º, n.º 6, do Tratado da União Europeia, apenas é aplicável à
Parte III do Tratado de Funcionamento da União Europeia; às disposições
sobre políticas e ações da União Europeia. Ocorre por ato unilateral do
Conselho Europeu, que tem de ser aprovado por unanimidade, ainda que se
mantenha a necessidade de ser ratificado (por exemplo, o novo n.º 3 do art.
136.º). Não se podem aumentar as competências. Nos termos do art. 48.º, n.º
7, do Tratado da União Europeia, estabelece que para se passar da
unanimidade para a maioria qualificada, há subtração de competências aos
Parlamentos Nacionais, pois está a usar-se uma via mais comunitária. Estes
dois procedimentos são análogos no acordo de todos os Estados e na
exigência de ratificação por todos. O art. 48.º é elucidativo do caráter da União
Europeia e seus Tratados como Tratados, por os Estados (criadores) ainda
controlam a criatura (União Europeia).

São características dos Tratados (Direito Primário):


- Primado do Direito da União Europeia;
- Aplicabilidade Direta;
- Efeito Direto (apenas aplicável a normas que atribuam aos particulares
posições jurídicas de vantagem; clareza – não suscitarem dúvidas de
interpretação, precisão, incondicionalidade – não sujeitas a intervenção do
legislador nacional no sentido de as completarem);
- Rigidez dos processos de revisão.
Todas as normas e atos jurídicos adotados pela União Europeia e que resultam
da vontade das instituições, órgãos e organismos da União Europeia.
Correspondem a atos unilaterais emanados das instituições, adotadas para
aplicação daqueles Tratados e na sua conformidade, que, por isso, neles
encontram o seu fundamento jurídico e deles derivam.
- Direito Derivado Típico: art. 288.º, do Tratado de Funcionamento da União
Europeia.
- Atos Não Vinculativos
Não são juridicamente irrelevantes, pois podem conter diretrizes de
interpretação (num exercício de auto vinculação, não está obrigado afazer, mas
ao fazê-la auto vincula-se) e/ou serem necessários (para a validade formal da
atuação, se pareceres necessários não forem dados, inquina-se a legalidade).
- Recomendações
Adotadas por iniciativa do órgão – atos do Conselho dirigidos aos Estados
membros (art. 121.º e 126.º, n.º 7, ambos do Tratado de Funcionamento da
União Europeia), ou atos da Comissão dirigidos quer ao Conselho (art. 207, n.º
3; 218.º, n.º 3, do Tratado de Funcionamento da União Europeia) quer aos
Estados-membros (art. 117.º, do Tratado de Funcionamento da União
Europeia). Exprimindo-lhes o respetivo ponto de vista sobre determinadas
questões, apontando-lhe as medidas ou soluções reclamadas pelo interesse da
União Europeia, sugerindo ou prescrevendo os comportamentos a adotar.
Instrumento de ação indireta da União Europeia, visando a aproximação das
legislações nacionais ou adaptação de uma dada regulamentação interna ao
regime da União Europeia.- Pareceres Elaborado a pedido de outro
órgão. Não constituem só por si os respetivos destinatários em
qualquer obrigação jurídica. Com efeito, o Tribunal de justiça da união europeia
não atende ao nome, mas sim ao conteúdo, pois sob um nome errado às vezes
há atos que são criadores de direitos e deveres. A natureza jurídica dos atos da
União Europeia não está limitada pela sua designação oficial, antes se deve ter
em conta o seu objeto e o seu conteúdo.
- Atos vinculativos
Regulamentos:
Ato normativo por excelência (lei); instrumento de uniformização jurídica. Ato
geral e abstrato que vincula todos os sujeitos de direito, como fonte direta de
obrigações, sendo aplicável em todos os Estados-membros.
- Caráter geral: âmbito subjetivo Estabelecem regras, impõe obrigações ou
conferem direitos que a todos os que se incluam ou possam vir no futuro a
incluir-se na categoria de destinatários que o regulamento define em abstrato e
segundo critérios objetivos, afetando todas as pessoas de direito da União
Europeia.
Generalidade: quanto aos destinatários
Abstração: quanto ao objeto da previsão legislativa (proibição ou
permissão de comportamentos ou situações jurídicas emergentes da norma).
Um ato não perde o seu caráter regulamentar pelo facto de, num dado
momento, ser possível identificar as pessoas sujeitas à aplicação das normas
que nele se contêm (ac. TJUE – 05.05.1977 –proc. 107/76).
Exemplo: Um regulamento que dado o caráter técnico, económico ou
social visa pequenas empresas. Não perde o caráter geral e abstrato,
desde que as normas estabelecidas sejam igualmente aplicáveis a qualquer
outra empresa que, no futuro, venha a preencher as condições definidas no
regulamento.
Obrigatório em todos os seus elementos – âmbito objetivo Poder
normativo perfeito que permite às instituições da União Europeia impor
autonomamente (prescindindo das instituições nacionais) a observância da
totalidade das disposições desse ato aos Estados-membros, seus órgãos e
autoridades, e a todos os particulares sujeitos à jurisdição da União
Europeia. O Conteúdo esgota o âmbito de regulamentação em termos das
opções políticas primárias. Diversamente da Diretiva pode impor quaisquer
modalidades de aplicação e de execução julgadas necessárias ou úteis pelas
instituição da União Europeia.
Os Estados-membros não podem adotar atos que dissimulem a natureza
comunitária do regulamento (ac. TJUE – Caso Variola, de 02.02.1977, proc.
50/76). Os Estados-membros não podem acrescentar novos elementos (ac.
TJUE – 18.02.1970 – proc.40/69) Os Estados-membros não podem aplicar de
forma incompleta ou seletiva as disposições de um regulamento por
discordarem de algumas delas (ac. TJUE –07.02.1973 – proc. 39/72).
Diretamente aplicável em todos os Estados-membros – âmbito da
operabilidade nas ordens jurídicas dos Estados-membros. Uma vez publicadas
no JOUE e decorrida a vacatio legis (art. 297.º TFUE), entram em vigor em
todos o espaço da União Europeia e ficam de pleno direito
(automaticamente) incorporados no ordenamento jurídico interno dos
Estados, sendo aí aplicáveis a qualquer pessoa (quando nasce na UE, nasce
em todos os Estados-membros).
Não é necessário a intervenção de órgãos estatais para que o
regulamento seja suscetível de invocação e aplicação a quantos possam
fundar nas suas disposições qualquer direito merecedor de tutela
jurisdicional. Não é necessária, nem sequer admissível, qualquer receção
explicita ou implícita do regulamento nas ordens jurídicas internas para que
esse ato normativo entre a fazer parte do corpo de normas que ao juiz nacional
cumpre aplicar (regulamentos obrigam como direito da União Europeia enão
como direito nacional).- Aplicabilidade direta Entra em vigor em todos e para
todos os Estados-membros, produzindo imediatamente efeitos sem estar
sujeito a medidas de receção, mas não são autossuficientes e podem
necessitar de atos de execução pelos Estados-membros (portarias e
despachos).Mesmo em Estados-membros com o modelo dualista (de
transposição proíbe-se a transposição – não se deve mascarar o
Regulamento como norma de direito interno. Os cidadãos devem saber da
natureza comunitária da norma. A forma do regulamento é sempre a mesma,
seja qual for a instituição que o produza (de que emane).Os Regulamentos do
Conselho distinguem-se em:
Regulamentos de base: estabelecessem as bases gerais do regime jurídico a
adotar e são utilizados para aplicar disposições de direito originário.
Regulamento de execução: subordinados aos regulamentos de base,
destinam-se a dar execução aos mesmos, cujos regimes pormenorizam e
desenvolvem, estabelecendo as condições e os meios da sua
aplicação. Em regra esta competência é da Comissão (art. 290.º, do
TFUE)).
Regulamentos do Parlamento europeu e do Conselho
Regulamentos do Parlamento europeu
Regulamentos da Comissão (só podem ser adotados no exercício de um
poder autónomo, em casos específicos e limitados (art. 290.º, do TFUE).

Diretiva
Instrumento de harmonização de legislação (lei-quadro). Atos pelos
quais uma instituição competente fixa aos destinatários um resultado, que no
interesse comum deve ser alcançado, permitindo que cada um deles escolha
os meios e as formas mais adequadas, do ponto de vista do direito interno, da
realidade nacional ou dos seus interesses próprios, para alcançar o objetivo
visado.
Não é um ato de alcance geral, visto que os destinatários são
exclusivamente os Estados-membros (todos os Estados-membros, alguns
deles ou um único). Tem caráter individual e os seus destinatários são certos e
determinados, ainda que sejam todos os Estados-membros. Embora acabe por
produzir um irrecusável efeito normativo geral.
Vincula o destinatário quanto ao resultado a atingir, por via da
compatibilização da legislação interna com o conteúdo da Diretiva, dando
aos Estados a hipóteses de escolher a forma e os meios.
Obriga os seus destinatários quanto aos fins, resultados ou objetivos a atingir
(impõe aos Estados uma obrigação de resultados), que se conjuga
com a obrigação de comportamento do art. 4.º, n.º 3, TUE, em que os
Estados devem abster-se de adotar medidas suscetíveis de comprometer os
resultados previstos pela Diretiva.
O regime jurídico da Diretiva não se torna obrigatório logo no dia seguinte à
sua criação, criando logo é a obrigação de transposição para os Estados-
membros.
Federalismo vertical com dois níveis de regulamentação:
Fixação, em termos vinculativos, do resultado a atingir é da responsabilidade
das instituições da União Europeia.
Determinação e adoção das medidas destinadas a alcançar tal
resultado incumbem aos Estados-membros destinatários da Diretiva.
Têm de ser transpostas – medidas de transposição são atos internos
mediante os quais as diretivas são recebidas no direito interno, existindo
liberdade quanto à forma, tendo em consideração a ordem jurídica de cada
Estado-membro. Em Portugal, o art. 112.º,n.º 8, CRP, exige ato legislativo, cujo
o órgão emissor depende da matéria em questão, embora o TJUE entenda que
não tinha de ser assim, correspondendo a uma opção constitucional dos
Estados-membros.
Os Tratados dão liberdade aos Estados para escolherem a forma e os meios
de transpor as diretivas, correspondendo a uma prerrogativa dos
Estados, podendo, inclusivamente, ser até por remissão, quando o direito
interno já acomoda o conteúdo da diretiva; ou por transcrição e/ou
adaptação. A Diretiva não tem aplicabilidade direta, uma vez que esta não
pode modificar, por si própria, o direito nacional e alteraras situações jurídicas
que ela teve em vista – tal efeito só haveria de resultar das novas regras
jurídicas que, para dar execução à diretiva, o Estado-membro
destinatário acabasse por adotar na respetiva ordem interna.
Por força da jurisprudência do TJUE admite-se que as diretivas podem ter
efeito direto(interpretação criativa do TJUE do art. 288.º, do TFUE)
– apenas chamado após terminar o prazo de transposição

- Decisão
Corresponde ao ato administrativo
É individual e concreta, pelo que obriga apenas os destinatários que
ela própria designar, individualizado-os. Tais destinatários, diversamente do
que sucede com as diretivas, que apenas podem ser dirigidos a
Estados-membros, tanto podem ser Estados-membros (um, vários ou
todos) como pessoas coletivas de direito público ou mesmo simples
particulares. Tem normalmente a finalidade de aplicar as regras do Direito da
União Europeia a casos particulares. À semelhança da diretiva, a decisão
impõe o resultado a atingir, mas, diversamente daquela, obriga igualmente
quanto às modalidades de execução (é obrigatória em todos os seus
elementos como o regulamento).
Tratam-se de decisões dirigidas pelas instituições da União Europeia
aos Estados membros: não modifica por si própria a ordem jurídica interna
dos Estados membros em causa nem as situações jurídicas individuais, cuja
modificação só ocorrerá após a aplicação, pelos Estados-membros
destinatários da decisão, das medidas que a decisão lhes impõe que adotem.
As decisões dirigidas pelas instituições da União Europeia a particulares,
originam, por si próprias, direta e imediatamente, direitos e obrigações para os
respetivos destinatários e eventualmente para terceiros (tem inoponibilidade
erga omnes).
- Atos Atípicos (fora do art. 288.º, do TFUE). Encontram-se nos tratados (art.
232.º e234.º, do TFUE). Encontram-se fora dos Tratados: atos que
resultam da prática institucional, cuja natureza não está prevista nos
Tratados, mas a competência do mesmo tem de se reconduzir aos Tratados.
Pretensa hierarquia dentro do direito derivado
O art. 288.º, do TFUE, não estabelece um critério expresso e apenas enumera
certa ordem, o que não é relevante para que se deduza pela
existência de certa e determinada hierarquia. Ainda assim as decisões
devem respeitar a legislação base.
Regulamento e Diretiva
Produzem atos que podem ser atos legislativos, atos delegados e atos de
execução. Quando não há designação expressa, será ato legislativo,
conforme resulta do art.289.º, n.º 4; 290.º, n.º 3; e 291.º, n.º4, do TFUE. Pode
haver regulamentos legislativos, delegados e de execução, o mesmo
ocorrendo com as diretivas. Os delegados só podem completar ou alterar
elementos não necessários dos legislativos (art. 290.º) –são subordinados aos
atos legislativos, o mesmo ocorrendo como os de execução.
Segundo alguma doutrina, entre Regulamento e Diretiva (legislativa,
delegada, execução) não há hierarquia e sim paridade. A jurisprudência do
efeito direto levou a que a Diretiva se aplicasse a todos, tornando-a geral e
abstrata como o Regulamento.
A partir dos anos 80, as Diretivas foram sendo cada vez mais
pormenorizadas –“diretivas regulamentares” – pelo que se aproximam ao
regulamento (reduzindo a zero a margem de apreciação dos Estados,
que apenas as podem transpor). Alguma doutrina sustenta tratar-se de
uma subversão da Diretiva. Portanto, estes atos são paritários e atenta-se ao
critério cronológico. No art. 296.º e 297, do TFUE, consagra-se o regime
comum.
Todos os atos da União Europeia, normativos ou não, têm de ter base jurídica
(i.e.norma de habilitação) que estão nos Tratados (Direito Primário). Têm de
invocar a disposição dos tratados quem que fundam a decisão, embora
segundo o TJUE se possa admitir a remissão genérica se dela se puder inferir
a base jurídica, caso contrário, há uma invalidade formal por falta de base
jurídica.
Por vezes, indica-se nos Tratados o tipo de ato, mas, quando tal não acontece,
o artigo296.º, do TFUE, deixa a instituição escolher o ato normativo, segundo o
princípio da proporcionalidade (exigências de adequação, necessidade e
proibição do excesso).
Este princípio da proporcionalidade articula-se ainda com o princípio
da subsidiariedade, uma vez que se a União Europeia conseguir realizar os
seus objetivos enquadrando os Estados-membros, deve fazê-lo. Nos termos do
art. 296.º, §2, do TFUE, exige-se fundamentação do ato normativo, sob pena
de violação do princípio da legalidade, tornando o ato impugnável (art. 263.º,
do TFUE).
- Assinatura e publicação no JOUE
Série L para todos os atos normativos de publicação obrigatória; Série C para
todos os atos normativos de publicação facultativa; Vacatio legis supletiva: 20
dias
.As diretivas dirigidas a poucos Estados ou as decisões o que há
de tomar em consideração não é a data da publicação, mas sim a notificação
dos destinatários (oque é fundamental para apuramento dos prazos de
impugnação).

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