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Introdução
União Europeia não federação como EUA nem mera organização de cooperação como
ONU. Caráter único. Transferência de parcelas de soberania dos Estados à União
europeia.
Princípios da autonomia, aplicabilidade direta, uniformidade de aplicação, e
primado do direito comunitário.
Direito nacional, internacional e comunitário. Direito comunitário se afasta da
concepção clássica do direito internacional já que introduz o elemento da
supranacionalidade. Direito comunitário surge e se desenvolve em zonas de
mercado comum, nos processos de integração e formação de blocos econômicos
comunitários de Estados.
União Europeia apresenta-se como organismo de natureza supranacional, contudo,
alguns de seus principais órgãos possuem característica intergovernamental.
Infere-se, do novo quadro constitucional comunitário, que o Conselho europeu é
fortemente marcado por tendência intergovernamental.
Sistema de pilares (desde 1992 até 2009): caráter híbrido do processo decisional da
União Europeia. Mesmo que o sistema de pilares tenha sido abolido e concedido
personalidade jurídica única à União Europeia, o processo decisório não foi em sua
substância alterado.
Método supranacional: adotado porque às vezes o método de cooperação
intergovernamental não era tão eficaz. Características: prevalência de órgãos formados
por indivíduos, prevalência do princípio da maioria, não unanimidade; amplidão do
poder de adotar atos vinculantes e existência de um sistema de controle jurisdicional de
legitimidade dos atos das instituições
Histórico
Ideia de um continente europeu não mais divididos em Vários Estados é bastante antiga.
Já pensadores, filósofos e políticos do século XIX tinham imaginado um continente
unido. Projetos só realizados concretamente após o final da II GM.
1 momento: Declaração Schumann (1950), Proposta da criação de um órgão, chamado
de Alta autoridade que devia colocar em comum a produção siderúrgica dos países
interessados (carvão e aço) objeto de litígio frequente entre Alemanha e França e
também elementos principais para produção de armamentos. Gestão em comum desses
recursos. Proposta contida na declaração Schumann aceita pelos 6 Estados que originam
a Comunidade Europeia do Carvão e Aço (CECA) instituída com o Tratado de
Paris em 1951.
Em 1955, na conferência de Messina (Itália), os 6 Estados-membros da CECA se
reuniram para buscar estudar a viabilidade de novos projetos: criação de uma
comunidade de energia atômica e outra de cunho exclusivamente econômico. O projeto
apresentado pelo ministro das RI belga, Spaak, leva à assinatura em Roma de dois
tratados: o que institui a Comunidade Econômica Europeia (1957) e outro que institui
a Comunidade Europeia da Energia Atômica (CEEA ou Euratom). Presença de 3
comunidades europeias. Depois da assinatura do Tratado de Maastricht de 1992
(chamado também de Tratado da UE), a CEE virou Comunidade Europeia (CE).
Presença de 3 comunidades distintas, com próprias instituições e regras distintas.
Tentativas para simplificar a estrutura: as três comunidades compartilham de
duas instituições: o Tribunal de Justiça e a Assembleia Parlamentar. Em 1965,
tratado que funde os executivos (Comissão e Conselho) assinado em Bruxelas.
Enfim, vencimento do Tratado da CECA previsto para 50 anos sucessivos à sua entrada
em vigor, isto é, 31 de dezembro de 2001. O setor do carvão e aço veio a fazer parte do
campo de aplicação do mercado comum.
Ato único europeu (1986): aumentados os poderes do Parlamento europeu que
intervém mais incisivamente nos procedimentos legislativos. Formalização dos
encontros de chefes de Estados e de Governo no âmbito do conselho europeu. Ao
lado do Tribunal de Justiça, criado um Tribunal de 1 grau, cujas decisões podem
ser impugnadas perante o Tribunal de Justiça.
1992, assinatura do Tratado de Maastricht (também chamado de Tratado da União
Europeia): criação da denominação de União Europeia para as Comunidades
Europeias.
Estrutura a pilares: União Europeia está no topo. O primeiro pilar é aquele
comunitário, constituído pelas três comunidades (CE, CECA e CEEA), instituição
de uma Banca central europeia de uma moeda única e consolidação da União
econômica e monetária. Ao lado do primeiro pilar, temos o setor da Política
Exterior e de segurança comum (PESC) e o da Justiça e Assuntos do Interior (JAI)
que com o Tratado de Amsterdã reduziu o seu âmbito à cooperação judiciária e
policial em matéria penal (algumas das competências originarias foram
transferidas ao setor comunitário). Instituições iguais para os três pilares, mas
diferença nas modalidades de ação. O primeiro utiliza-se do método comunitário
ou supranacional, o segundo e o terceiro utilizam-se prevalentemente do método
intergovernamental. Aqui, o papel da Comissão, o Parlamento e o Tribunal de
Justiça é reduzido, sendo que a maioria das decisões do Conselho é tomada por
unanimidade.
Tratado de Amsterdã (1997): Algumas competências do terceiro pilar (em matéria
de vistos, imigração, asilo e cooperação judiciária em matéria civil) foram
atribuídas à Comunidade Europeia. Extensão das matérias em que as decisões são
tomadas conforme o procedimento de co-decisão.
Tratado de Nice (2001): Composição numérica da comissão: até agora um
comissário por Estado-membro, desde 1 de novembro de 2014: 2/3 dos Estados
membros. Se prevê a possibilidade que o Tribunal de primeiro grau possa se
pronunciar sobre reenvio prejudicial, podendo ocupar-se de recursos interpostos
por pessoas físicas e jurídicas.
Foi proclamada oficialmente a Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia,
passando a configurar apenas como documento de caráter político, sem conter força
jurídica vinculante, podendo ser utilizado como instrumento interpretativo.
Frustrada tentativa de 1 Tratado de Constituição da União de 2004.
Tratado de Lisboa (2007): firmado pelo 27 Estados-membros da UE em 13 de
dezembro de 2007 em Lisboa e entrado em vigor em 2009. Ele emenda o Tratado
de Maastricht (TUE) e o Tratado que estabelece a Comunidade europeia (1957),
mudando a denominação para Tratado sobre o Funcionamento da União europeia.
Ele estabelece a personalidade jurídica única da União, estendendo-se às matérias
dos denominados primeiro, segundo e terceiros pilares. O Conselho europeu se torna
uma instituição, cria-se o cargo de presidente do conselho europeu, confere-se nova
composição ao Parlamento europeu e amplia-se sua competência, estende-se o voto pela
maioria qualificada, concede-se nova competência à Comissão europeia. O Tribunal de
Justiça das Comunidades europeias passou a ser denominado Tribunal de Justiça
da União Europeia, compreendendo o Tribunal de Justiça, o Tribunal Geral e os
Tribunais Especializados; criou-se ainda o cargo de Alto representante da União
para negócios estrangeiros e política de segurança. Confere-se valor vinculante à
Carta de Nice de 2000, incorporando-a ao Tratado da UE, conferindo-lhe o mesmo
valor jurídico dos tratados comunitários. Por meio do Tratado de Lisboa, a União
também aderiu à CEDH. Previsto também o direito de retirada voluntária dos Estados-
membros do âmbito da União europeia, prevista iniciativa legislativa popular por parte
dos cidadãos europeus (pelo menos 1 milhão que pode enviar uma proposta à
Comissão).
Conselho europeu (Art 235 e 236 TFUE e artigo 15 TUE): É formado pelos chefes de
estado ou de governo dos estados membros, pelo seu presidente e pelo presidente
da comissão. Impulsiona politicamente o processo de integração e de definir as
orientações e prioridades políticas gerais da União. Fortalecimento da dimensão
intergovernamental. Presidente atual: belga Van Rompuy, dois anos e meio desde 2012.
Próximo será o polonês Tusk. O presidente é escolhido pelos chefes de Estado ou de
governo dos países membros.
Parlamento europeu (artigo 14 TUE e 223-234 TFUE): Formado por até 750
deputados mais o presidente, todos com mandatos de 5 anos. Os parlamentares são
eleitos por sufrágio universal direito desde 1979 e se organizam em grupos segundo
afinidades políticas. Exerce função legislativa, orçamental, consultiva e controle
político. Elege o presidente da comissão. Controle político das ações da comissão e
do conselho. Possui competências consultivas e de codecisão que lhe permite adotar
atos legislativos conjuntamente com o Conselho. Pronuncia-se a respeito de
algumas matérias como, por exemplo, solicitações de adesão de novos estados à UE
e nos projetos de revisão dos tratados. Tem um papel no processo legislativo
ordinário mas possui iniciativa para proposição de atos legislativos em casos
específicos.
Tribunal de Justiça da União europeia (art 251-281 TFUE e 19 TUE): Órgão que
garante a aplicação comum do direito no espaço comum. Sede em Luxemburgo,
Tribunal de Justiça foi criado em 1952, serve de sustentáculo e garantia de
longevidade da ideia de integração europeia. Cumprimento da função de aplicação
e interpretação do direito da união é compartilhada pelos tribunais internos
também que são os primeiros responsáveis pela aplicação do direito da união. O
tribunal de justiça é da união europeia é instituição única integrada por três
jurisdições: tribunal de justiça, tribunal geral (antes chamado de tribunal de
primeira instância), tribunal da função pública. O Tribunal de justiça possui um
juiz por Estado membro e oito advogados gerais, designados pelos governos dos
estados membros para um mandato de 6 anos, com possibilidade de renovação.
Dos oitos advogados gerais, 5 são nomeados por Espanha, Alemanha, Itália, Reino
Unido e França e três são designados alternadamente pelos vinte e dois países
restantes. A corte pode deliberar como tribunal pleno (todos os juízes), grande
seção (13 juízes), pequena seção (câmaras compostas por cinco ou 3 membros).
Sentenças têm força obrigatória e força executiva. Dotado de uma Secretaria e
serviço linguístico. Jurisdição superior obrigatória e exclusiva para toda as
questões relacionadas ao direito da União, desempenha funções consultivas e
funções jurisdicionais. Controla a legalidade dos atos administrativos e normativos
emitidos pelas instituições, já que não podem entrar em colisão com o direito
originário. O Tribunal geral é formado pelo menos por um juiz por Estado
membro, nomeados pelos Governos dos Estados por um período de 6 anos,
renováveis. Competência Tribunal de Justiça: reenvio prejudicial, ação por
incumprimento, recursos de anulação interpostos pelas instituições e pelos Estados,
ações por omissão interpostas pelos Estados membros ou pelas instituições, recurso em
cassação contra decisões dos Tribunais inferiores por questões de direito. Competência
Tribunal Geral: recurso de anulação interposto por particulares ou empresas, recurso
de omissão interposto por particulares ou empresas, recursos fundamentados sobre
clausula compromissória ou compromisso, recursos por responsabilidade
extracontratual da Comunidade, dos recursos limitados às questões de direito contra as
decisões pronunciadas pelo Tribunal da Função pública da União europeia, dos recursos
em matéria de marcas comunitárias. A função dos advogados consiste na apresentação
de suas conclusões motivadas, de caráter não vinculante, sobre questões jurídicas
suscitadas em dado procedimento, com garantias de imparcialidade e independência.
Comitê econômico e social: Criado em 1957, órgão de natureza consultiva, pode ser
formado por até 350 membros. Representantes das organizações de trabalhadores,
empregadores, representantes da sociedade civil que apresentam seus pontos de
vista e os seus interesses na discussão das políticas que atuam como assistentes de
comissão, conselho e parlamento. Sede em Bruxelas.
Comitê das regiões: Órgão consultivo formado por representantes das instâncias de
poder locais e regionais da Europa comunitária como municípios e regiões. Pode
ser composto por até 350 membros. Foi criado pelo Tratado de Maastricht.
Permite os grupos regionais e locais intervirem nos processos decisórios da União.
Deve ser consultado obrigatoriamente antes da adoção de decisões da união no
âmbito da política regional, educação, transporte, ambiente.
Recursos
Anulação: artigo 263-264 TFUE. Anulação total ou parcial dos atos vinculantes
adotados pelas instituições. 4 vícios: incompetência; vícios substancias de forma,
violação dos tratados e desvio de poder. São impugnáveis os atos definitivos de
instituições que produzam efeitos jurídicos ante terceiros. Podem ser impugnados
atos adotados conjuntamente pelo Parlamento e pelo Conselho, os atos do
Conselho, os atos da Comissão, os atos da Banca central e os atos do Parlamento.
Legitimados ativos são Estados e instituições como Comissão, Conselho e
Parlamento. Banco central europeu, tribunal de contas e comitê das regiões só
pode ser legitimados ativos se estiverem motivados pela salvaguarda das próprias
prerrogativas. Os particulares e as pessoas jurídicas podem apresentar demandas
perante o Tribunal Geral se acreditarem que o ato os afeta direta e individualmente.
Prazo para recurso: 2 meses a partir da publicação do ato, da sua notificação ou
momento em que o recorrente tenha tomado conhecimento do mesmo. Sentença que
anula o ato apresenta efeitos ex tunc.
Omissão: artigo 265 TFUE. Pressupõe inatividade de uma instituição, órgão ou
organismo em matéria na qual estava obrigada a atuar em decorrência de obrigação
imposta pelos Tratados. Condição para propor violação da obrigação de agir pode ser
feita valer se: a instituição em questão foi precedentemente solicitada a agir e se venceu
o período de dois meses a partir da solicitação sem tomada de posição da instituição.
Legitimados passivos são: Parlamento, Conselho, Conselho europeu, Comissão, Banco
central, órgãos e organismos da união. Legitimidade ativa é dos Estados e Instituições
(Comissão, Conselho, Parlamento e Tribunal das Contas), que são os recorrentes
privilegiados. Depois o Banco central que pode recorrer somente nos setores que são de
sua competência. São recorrentes privilegiados já que não precisam demonstrar
interesses em recorrer, diferentemente dos particulares que podem interpor ação de
anulação só se forem afetados diretamente e individualmente ou seja “para acusar uma
das instituições, órgãos ou organismos da união de não lhe ter dirigido um ato que não
seja recomendação ou parecer. A sentença declara apenas a incompatibilidade da
omissão nos termos do tratado, ficando nas mãos do réu a eleição de medidas cabíveis
de atuação.
Exceção de ilegalidade (artigo 277 TFUE): É um incidente, não recurso. Configura-se
como controle incidental de ato de alcance geral no marco do litígio principal, no qual
se impugna uma medida de aplicação desse ato. Possuem legitimação ativa os estados,
as instituições e particulares, que são os que mais utilizam-se dessa exceção.