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UNIÃO EUROPEIA E TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Introdução
União Europeia não federação como EUA nem mera organização de cooperação como
ONU. Caráter único. Transferência de parcelas de soberania dos Estados à União
europeia.
Princípios da autonomia, aplicabilidade direta, uniformidade de aplicação, e
primado do direito comunitário.
Direito nacional, internacional e comunitário. Direito comunitário se afasta da
concepção clássica do direito internacional já que introduz o elemento da
supranacionalidade. Direito comunitário surge e se desenvolve em zonas de
mercado comum, nos processos de integração e formação de blocos econômicos
comunitários de Estados.
União Europeia apresenta-se como organismo de natureza supranacional, contudo,
alguns de seus principais órgãos possuem característica intergovernamental.
Infere-se, do novo quadro constitucional comunitário, que o Conselho europeu é
fortemente marcado por tendência intergovernamental.
Sistema de pilares (desde 1992 até 2009): caráter híbrido do processo decisional da
União Europeia. Mesmo que o sistema de pilares tenha sido abolido e concedido
personalidade jurídica única à União Europeia, o processo decisório não foi em sua
substância alterado.
Método supranacional: adotado porque às vezes o método de cooperação
intergovernamental não era tão eficaz. Características: prevalência de órgãos formados
por indivíduos, prevalência do princípio da maioria, não unanimidade; amplidão do
poder de adotar atos vinculantes e existência de um sistema de controle jurisdicional de
legitimidade dos atos das instituições
Histórico
Ideia de um continente europeu não mais divididos em Vários Estados é bastante antiga.
Já pensadores, filósofos e políticos do século XIX tinham imaginado um continente
unido. Projetos só realizados concretamente após o final da II GM.
1 momento: Declaração Schumann (1950), Proposta da criação de um órgão, chamado
de Alta autoridade que devia colocar em comum a produção siderúrgica dos países
interessados (carvão e aço) objeto de litígio frequente entre Alemanha e França e
também elementos principais para produção de armamentos. Gestão em comum desses
recursos. Proposta contida na declaração Schumann aceita pelos 6 Estados que originam
a Comunidade Europeia do Carvão e Aço (CECA) instituída com o Tratado de
Paris em 1951.
Em 1955, na conferência de Messina (Itália), os 6 Estados-membros da CECA se
reuniram para buscar estudar a viabilidade de novos projetos: criação de uma
comunidade de energia atômica e outra de cunho exclusivamente econômico. O projeto
apresentado pelo ministro das RI belga, Spaak, leva à assinatura em Roma de dois
tratados: o que institui a Comunidade Econômica Europeia (1957) e outro que institui
a Comunidade Europeia da Energia Atômica (CEEA ou Euratom). Presença de 3
comunidades europeias. Depois da assinatura do Tratado de Maastricht de 1992
(chamado também de Tratado da UE), a CEE virou Comunidade Europeia (CE).
Presença de 3 comunidades distintas, com próprias instituições e regras distintas.
Tentativas para simplificar a estrutura: as três comunidades compartilham de
duas instituições: o Tribunal de Justiça e a Assembleia Parlamentar. Em 1965,
tratado que funde os executivos (Comissão e Conselho) assinado em Bruxelas.
Enfim, vencimento do Tratado da CECA previsto para 50 anos sucessivos à sua entrada
em vigor, isto é, 31 de dezembro de 2001. O setor do carvão e aço veio a fazer parte do
campo de aplicação do mercado comum.
Ato único europeu (1986): aumentados os poderes do Parlamento europeu que
intervém mais incisivamente nos procedimentos legislativos. Formalização dos
encontros de chefes de Estados e de Governo no âmbito do conselho europeu. Ao
lado do Tribunal de Justiça, criado um Tribunal de 1 grau, cujas decisões podem
ser impugnadas perante o Tribunal de Justiça.
1992, assinatura do Tratado de Maastricht (também chamado de Tratado da União
Europeia): criação da denominação de União Europeia para as Comunidades
Europeias.
Estrutura a pilares: União Europeia está no topo. O primeiro pilar é aquele
comunitário, constituído pelas três comunidades (CE, CECA e CEEA), instituição
de uma Banca central europeia de uma moeda única e consolidação da União
econômica e monetária. Ao lado do primeiro pilar, temos o setor da Política
Exterior e de segurança comum (PESC) e o da Justiça e Assuntos do Interior (JAI)
que com o Tratado de Amsterdã reduziu o seu âmbito à cooperação judiciária e
policial em matéria penal (algumas das competências originarias foram
transferidas ao setor comunitário). Instituições iguais para os três pilares, mas
diferença nas modalidades de ação. O primeiro utiliza-se do método comunitário
ou supranacional, o segundo e o terceiro utilizam-se prevalentemente do método
intergovernamental. Aqui, o papel da Comissão, o Parlamento e o Tribunal de
Justiça é reduzido, sendo que a maioria das decisões do Conselho é tomada por
unanimidade.
Tratado de Amsterdã (1997): Algumas competências do terceiro pilar (em matéria
de vistos, imigração, asilo e cooperação judiciária em matéria civil) foram
atribuídas à Comunidade Europeia. Extensão das matérias em que as decisões são
tomadas conforme o procedimento de co-decisão.
Tratado de Nice (2001): Composição numérica da comissão: até agora um
comissário por Estado-membro, desde 1 de novembro de 2014: 2/3 dos Estados
membros. Se prevê a possibilidade que o Tribunal de primeiro grau possa se
pronunciar sobre reenvio prejudicial, podendo ocupar-se de recursos interpostos
por pessoas físicas e jurídicas.
Foi proclamada oficialmente a Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia,
passando a configurar apenas como documento de caráter político, sem conter força
jurídica vinculante, podendo ser utilizado como instrumento interpretativo.
Frustrada tentativa de 1 Tratado de Constituição da União de 2004.
Tratado de Lisboa (2007): firmado pelo 27 Estados-membros da UE em 13 de
dezembro de 2007 em Lisboa e entrado em vigor em 2009. Ele emenda o Tratado
de Maastricht (TUE) e o Tratado que estabelece a Comunidade europeia (1957),
mudando a denominação para Tratado sobre o Funcionamento da União europeia.
Ele estabelece a personalidade jurídica única da União, estendendo-se às matérias
dos denominados primeiro, segundo e terceiros pilares. O Conselho europeu se torna
uma instituição, cria-se o cargo de presidente do conselho europeu, confere-se nova
composição ao Parlamento europeu e amplia-se sua competência, estende-se o voto pela
maioria qualificada, concede-se nova competência à Comissão europeia. O Tribunal de
Justiça das Comunidades europeias passou a ser denominado Tribunal de Justiça
da União Europeia, compreendendo o Tribunal de Justiça, o Tribunal Geral e os
Tribunais Especializados; criou-se ainda o cargo de Alto representante da União
para negócios estrangeiros e política de segurança. Confere-se valor vinculante à
Carta de Nice de 2000, incorporando-a ao Tratado da UE, conferindo-lhe o mesmo
valor jurídico dos tratados comunitários. Por meio do Tratado de Lisboa, a União
também aderiu à CEDH. Previsto também o direito de retirada voluntária dos Estados-
membros do âmbito da União europeia, prevista iniciativa legislativa popular por parte
dos cidadãos europeus (pelo menos 1 milhão que pode enviar uma proposta à
Comissão).

As instituições e os órgãos da UNIAO EUROPEA

Conselho europeu (Art 235 e 236 TFUE e artigo 15 TUE): É formado pelos chefes de
estado ou de governo dos estados membros, pelo seu presidente e pelo presidente
da comissão. Impulsiona politicamente o processo de integração e de definir as
orientações e prioridades políticas gerais da União. Fortalecimento da dimensão
intergovernamental. Presidente atual: belga Van Rompuy, dois anos e meio desde 2012.
Próximo será o polonês Tusk. O presidente é escolhido pelos chefes de Estado ou de
governo dos países membros.
Parlamento europeu (artigo 14 TUE e 223-234 TFUE): Formado por até 750
deputados mais o presidente, todos com mandatos de 5 anos. Os parlamentares são
eleitos por sufrágio universal direito desde 1979 e se organizam em grupos segundo
afinidades políticas. Exerce função legislativa, orçamental, consultiva e controle
político. Elege o presidente da comissão. Controle político das ações da comissão e
do conselho. Possui competências consultivas e de codecisão que lhe permite adotar
atos legislativos conjuntamente com o Conselho. Pronuncia-se a respeito de
algumas matérias como, por exemplo, solicitações de adesão de novos estados à UE
e nos projetos de revisão dos tratados. Tem um papel no processo legislativo
ordinário mas possui iniciativa para proposição de atos legislativos em casos
específicos.

Conselho (art 237- 243 TFUE e 16 TUE): O Conselho é formado por um


representante de cada Estado-membro no nível ministerial com poderes para
vincular o seu governo e sua missão geral é a de promover a coordenação entre
estados e EU. O conselho possui função legislativa (adotando os atos previstos pelo
artigo 288 TUE), executiva e orçamental. Coordena as políticas econômicas dos
estados membros podendo emitir recomendações aos estados quando a comissão
considerar que as políticas econômicas sejam incompatíveis com as orientações
gerais da união. Conselho elabora com o Parlamento o orçamento anual depois de
a comissão ter apresentado o anteprojeto. O conselho aprova a lista dos membros
do tribunal de contas e os dois comitês. A partir de 1 de novembro de 2014, por
maioria qualificada entender-se-á: pelo menos 55% dos membros do Conselho,
num mínimo de quinze, devendo representar Estados-membros que reúnem no
mínimo os 65% da população da União. Unanimidade em alguns temas políticos
importantes. Pode ser convocado pela presidência do conselho, por petição de
alguns estados ou da comissão.
Comissão (artigo 17-18 TUE e art. 244-250 TFUE): Comissão agora formada por um
membro de cada estado membro, incluindo presidente e alto representante da
união que é um dos vice-presidentes. A partir de 1 de novembro de 2014, a
formação será de 2/3 dos estados membros, incluindo presidente e alto
representante da união para negócios estrangeiros, a menos que o conselho
deliberando por unanimidade decida alterar esse número. Os comissários são
nomeados pelos governos nacionais em comum acordo com 5 anos de mandado.
São independentes dos governos de proveniência. A Comissão representa a união
europeia, exceto a política externa e de segurança comum e os outros casos
previstos pelo tratado. Ela salvaguarda o interesse da união, executa o orçamento,
propõe os atos legislativos da união. É conhecida como a guardiã do direito da
união. Dirige as políticas comunitárias e celebra acordos internacionais de
comércio e cooperação. Negocia com estados terceiros, inclusive no que tange à
adesão de novos países. Ela controla a concorrência no mercado interno,
desempenhando papel próprio de autoridade administrativa ordinária. Ela
controla a concessão de ajudas de estado às indústrias nacionais e as práticas que
tenham por efeito falsear a concorrência no mercado interno. Pode impor sanções
pecuniárias aos responsáveis que infringem essas normas. Exerce iniciativa de atos
normativos, que são deliberados pela forma colegiada. É a promotora dos
processos por infração e é considerada motor da integração. É órgão independente
seja dos Estados seja do Conselho, sendo sujeita ao controle do Parlamento
europeu. Presidente é o português Barroso

Tribunal de Justiça da União europeia (art 251-281 TFUE e 19 TUE): Órgão que
garante a aplicação comum do direito no espaço comum. Sede em Luxemburgo,
Tribunal de Justiça foi criado em 1952, serve de sustentáculo e garantia de
longevidade da ideia de integração europeia. Cumprimento da função de aplicação
e interpretação do direito da união é compartilhada pelos tribunais internos
também que são os primeiros responsáveis pela aplicação do direito da união. O
tribunal de justiça é da união europeia é instituição única integrada por três
jurisdições: tribunal de justiça, tribunal geral (antes chamado de tribunal de
primeira instância), tribunal da função pública. O Tribunal de justiça possui um
juiz por Estado membro e oito advogados gerais, designados pelos governos dos
estados membros para um mandato de 6 anos, com possibilidade de renovação.
Dos oitos advogados gerais, 5 são nomeados por Espanha, Alemanha, Itália, Reino
Unido e França e três são designados alternadamente pelos vinte e dois países
restantes. A corte pode deliberar como tribunal pleno (todos os juízes), grande
seção (13 juízes), pequena seção (câmaras compostas por cinco ou 3 membros).
Sentenças têm força obrigatória e força executiva. Dotado de uma Secretaria e
serviço linguístico. Jurisdição superior obrigatória e exclusiva para toda as
questões relacionadas ao direito da União, desempenha funções consultivas e
funções jurisdicionais. Controla a legalidade dos atos administrativos e normativos
emitidos pelas instituições, já que não podem entrar em colisão com o direito
originário. O Tribunal geral é formado pelo menos por um juiz por Estado
membro, nomeados pelos Governos dos Estados por um período de 6 anos,
renováveis. Competência Tribunal de Justiça: reenvio prejudicial, ação por
incumprimento, recursos de anulação interpostos pelas instituições e pelos Estados,
ações por omissão interpostas pelos Estados membros ou pelas instituições, recurso em
cassação contra decisões dos Tribunais inferiores por questões de direito. Competência
Tribunal Geral: recurso de anulação interposto por particulares ou empresas, recurso
de omissão interposto por particulares ou empresas, recursos fundamentados sobre
clausula compromissória ou compromisso, recursos por responsabilidade
extracontratual da Comunidade, dos recursos limitados às questões de direito contra as
decisões pronunciadas pelo Tribunal da Função pública da União europeia, dos recursos
em matéria de marcas comunitárias. A função dos advogados consiste na apresentação
de suas conclusões motivadas, de caráter não vinculante, sobre questões jurídicas
suscitadas em dado procedimento, com garantias de imparcialidade e independência.

Tribunal Geral: Criado em 1988 com o intuito de desafogar o TJ. Composição do


TG: pelo menos um juiz por Estado membro, mandado de 6 anos renovável. As
decisões proferidas pelo Tribunal Geral podem, no prazo de dois meses, ser objeto de
recurso para o Tribunal de Justiça, limitado às questões de direito. O Tratado de Nice
reforça a posição do Tribunal Geral, ao concebê-lo como instância do TJUE com
competência geral para conhecer todos os recursos, salvos aqueles expressamente
atribuídos ao TJUE. O Tribunal Geral é competente para conhecer os recursos que se
interpõem contra as resoluções dos tribunais especializados, criadas pelo Conselho,
encarregadas de conhecer em primeira instância de determinadas categorias de recursos
interpostos em matérias específicas. O Conselho poder criar esses tribunais
especializados por unanimidade, sob proposta da Comissão e prévia consulta ao
Parlamento e ao Tribunal de Justiça e prévia consulta ao Parlamento e à Comissão.
Contra as pronúncias proferidas pelos tribunais especializados, pode interpor-se recurso
perante o Tribunal Geral por questões de direito, ou quando a decisão referente à
criação do tribunal assim o contemple, recursos de apelação referente também às
questões de fato. Os recursos interpostos pelas Instituições da EU, pelo Banco Central e
pelos Estados membros são competência do TJUE. O Tribunal Geral tem competência
para conhecer as questões prejudiciais em matérias específicas determinadas pelo
Estatuto do Tribunal de Justiça. Mas ele pode remeter a questão ao Tribunal de Justiça
quando é posto em risco a unidade e coerência do direito da União. E da mesma forma,
em via excepcional, o próprio Tribunal de Justiça pode examinar quanto estabelecido
pelo Tribunal Geral quando há risco de ruptura de unidade e coerência do direito da
União.

Tribunal de Função Pública: Tratado de Nice abriu a possibilidade de criação de


tribunais especializados para lidarem com questões específicas. Existe o tribunal
da função pública, criado em 2004 que tem competência para julgar em primeira
instância os litígios entre instituições comunitárias e seus agentes. Composto por 7
juízes designados pelo conselho com mandado renovável de 6 anos.
Tribunal das contas: Comprova a legalidade e regularidade das receitas e despesas
da união e garante a boa gestão financeira Nacional de cada estado membro
nomeado por um período de 6 anos pelo Conselho. Exerce controle externo não
apenas sobre documentos apresentados por outras instituições, podendo
inspecionar qualquer organismo que realize despesas em nome da união.
Banco Central europeu: Compete-lhe gerir o euro, moeda comum da união. Define e
executa a política econômica e monetária da união. Junto com os bancos centrais
de todos os estados-membros da UE constitui o sistema europeu de bancos
centrais.

Comitê econômico e social: Criado em 1957, órgão de natureza consultiva, pode ser
formado por até 350 membros. Representantes das organizações de trabalhadores,
empregadores, representantes da sociedade civil que apresentam seus pontos de
vista e os seus interesses na discussão das políticas que atuam como assistentes de
comissão, conselho e parlamento. Sede em Bruxelas.

Comitê das regiões: Órgão consultivo formado por representantes das instâncias de
poder locais e regionais da Europa comunitária como municípios e regiões. Pode
ser composto por até 350 membros. Foi criado pelo Tratado de Maastricht.
Permite os grupos regionais e locais intervirem nos processos decisórios da União.
Deve ser consultado obrigatoriamente antes da adoção de decisões da união no
âmbito da política regional, educação, transporte, ambiente.

Banco europeu de Investimento: Missão de contribuir recorrendo ao mercado de


capitais e utilizando os seus próprios recursos para o desenvolvimento equilibrado
e harmonioso do mercado interno no interesse da união. Concede empréstimos
destinados a viabilizar projetos de interesse comunitário, centrando sua atenção
nas regiões menos favorecidas, nos países candidatos e nas nações em via de
desenvolvimento. Estabelecimento público internacional vinculado aos objetivos da
união, cujos funcionários são da união mas ele conserva sua personalidade jurídica
separada da UE.

Atos comunitários (Fontes):


Fonte do direito comunitário. Fontes primarías e fontes derivadas, fontes
complementares.
As fontes primárias abrangem os tratados institutivos, modificativos, atos de adesão de
novos Estados, protocolos adicionais, acordos entre UE e Estados. As fontes derivadas
são: regulamentos, diretivas, decisões adotados pelas instituições conforme os poderes
atribuídos a elas pelos tratados. As fontes derivadas não podem derrogar as fontes
primárias, senão através de uma específico procedimento de revisão.
Entre as fontes primárias, temos: o Tratado de Paris que instituiu a CECA (1952); o de
Roma de 1957 (CECA e Euratom); Ato único europeu, Tratado de Maastricht,
Amsterdã, Nice e Lisboa. Os protocolos adicionais como por exemplo os Estatutos do
Tribunal de Justiça ou da Banca europeia para os investimentos.
Fontes derivadas: artigo 288 TFUE: regulamentos, diretivas, decisões, pareceres,
recomendações, outros atos como os livros verdes e brancos, as comunicações e
recomendações. Além desses atos unilaterais, temos os atos convencionais como os
acordos entre os Estados da UE e terceiros países ou OIs, acordos entre Estados
membros e acordos entre instituições. Há também fontes complementares, como a
jurisprudência do TJUE, além dos princípios gerais do direito (entre os quais, temos: os
princípios gerais do direito comunitário, princípios gerais de direito comuns aos
ordenamentos dos Estados-membros).
Os Regulamentos têm caráter geral, sendo obrigatórios e sendo aplicável diretamente.
São obrigatórios em todos os seus elementos, não podendo os Estados limitar o campo
de aplicação de algumas disposições do ponto de vista temporal, territorial ou pessoal.
Os regulamentos produzem efeitos imediatos dentro dos ordenamentos nacionais, os
direitos atribuídos por ele podem ser invocados diretamente pelos destinatários, sejam
eles pessoas físicas ou jurídicas. Eles no mesmo momento em que entram em vigor no
ordenamento comunitário, são aplicáveis também dentro dos ordenamentos internos.
Não precisa de atos de recepção para internalizar essa fonte. É o instrumento utilizado
quando se visa uniformar o direito comunitário, impondo regras iguais em todos os
Estados.
As diretivas: vinculam os Estados quanto aos resultados a serem alcançados,
permanecendo aos Estados a competência quanto à forma e aos meios. Típico ato de
harmonização das legislações nacionais, Mesmo sendo um ato vinculantes, tem alcance
individual, prevendo destinatários definidos. Ela é obrigatória em todos os seus
elementos. Mas não são diretamente aplicáveis, de fato os Estados devem modificar o
ordenamento interno para assegurar que o resultado quisto pela diretiva seja obtido. Os
Estados têm obrigação de atuar a diretiva estabelecida em um prazo e essa obrigação
surge quando a diretiva entra em vigor.
A decisão é obrigatória em todos os seus elementos para os destinatários previstos por
ela. Ela, como o regulamento, é obrigatória em todos os seus elementos, mas como a
diretiva, não tem alcance geral, sendo destinada não apenas a Estados, mas também a
pessoas físicas (por exemplo decisões adotadas pela Comissão em matéria de
concorrência).
Recomendações e parecer não vinculantes. Podem ser adotados pelo Parlamento, pelo
Conselho e pela Comissão, sendo que também o comitê econômico e social pode adotar
os dois, enquanto o comitê das regiões pode adotar somente os pareceres. A
recomendação tem a função principal de solicitar que o destinatário adote uma conduta
determinada que é tida como correspondente aos objetivos, interesses e finalidades da
UE. O parecer expressa o ponto de vista, tomada de posição sobre um determinado fato
ou assunto por parte do sujeito que o emite.
Os atos comunitários devem ser motivados (obrigação) indicando a especificação dos
elementos de fato e de direito que fundamentam a emanação do ato por parte da
instituição. Os atos comunitários devem expressamente indicar a base jurídica, isto é, a
específica norma do Tratado que prevê o poder de emanar o ato jurídico.

Recursos

Anulação: artigo 263-264 TFUE. Anulação total ou parcial dos atos vinculantes
adotados pelas instituições. 4 vícios: incompetência; vícios substancias de forma,
violação dos tratados e desvio de poder. São impugnáveis os atos definitivos de
instituições que produzam efeitos jurídicos ante terceiros. Podem ser impugnados
atos adotados conjuntamente pelo Parlamento e pelo Conselho, os atos do
Conselho, os atos da Comissão, os atos da Banca central e os atos do Parlamento.
Legitimados ativos são Estados e instituições como Comissão, Conselho e
Parlamento. Banco central europeu, tribunal de contas e comitê das regiões só
pode ser legitimados ativos se estiverem motivados pela salvaguarda das próprias
prerrogativas. Os particulares e as pessoas jurídicas podem apresentar demandas
perante o Tribunal Geral se acreditarem que o ato os afeta direta e individualmente.
Prazo para recurso: 2 meses a partir da publicação do ato, da sua notificação ou
momento em que o recorrente tenha tomado conhecimento do mesmo. Sentença que
anula o ato apresenta efeitos ex tunc.
Omissão: artigo 265 TFUE. Pressupõe inatividade de uma instituição, órgão ou
organismo em matéria na qual estava obrigada a atuar em decorrência de obrigação
imposta pelos Tratados. Condição para propor violação da obrigação de agir pode ser
feita valer se: a instituição em questão foi precedentemente solicitada a agir e se venceu
o período de dois meses a partir da solicitação sem tomada de posição da instituição.
Legitimados passivos são: Parlamento, Conselho, Conselho europeu, Comissão, Banco
central, órgãos e organismos da união. Legitimidade ativa é dos Estados e Instituições
(Comissão, Conselho, Parlamento e Tribunal das Contas), que são os recorrentes
privilegiados. Depois o Banco central que pode recorrer somente nos setores que são de
sua competência. São recorrentes privilegiados já que não precisam demonstrar
interesses em recorrer, diferentemente dos particulares que podem interpor ação de
anulação só se forem afetados diretamente e individualmente ou seja “para acusar uma
das instituições, órgãos ou organismos da união de não lhe ter dirigido um ato que não
seja recomendação ou parecer. A sentença declara apenas a incompatibilidade da
omissão nos termos do tratado, ficando nas mãos do réu a eleição de medidas cabíveis
de atuação.
Exceção de ilegalidade (artigo 277 TFUE): É um incidente, não recurso. Configura-se
como controle incidental de ato de alcance geral no marco do litígio principal, no qual
se impugna uma medida de aplicação desse ato. Possuem legitimação ativa os estados,
as instituições e particulares, que são os que mais utilizam-se dessa exceção.

Procedimento por incumprimento (artigo 258-260 TFUE): Função essencial desse


instrumento é constatar que um Estado desrespeitou uma das obrigações estabelecidas
pelos Tratados ou normas derivadas ou por acordos internacionais estipulados pela UE.
Exemplo: ausência de transposição de uma diretiva nos prazos fixados ou ausência de
execução de uma decisão do TJUE, que já reconhecia o incumprimento. Esse
procedimento é composto por duas fases: pré-contenciosa e contenciosa ou judicial. Os
legitimados ativos são Comissão e outros Estados membros, legitimado passivo é o
Estado. Duas fases do processo: pré-contenciosa e contenciosa.
Fase pré-contenciosa com tentativa de solução amigável da controvérsia. Com troca de
informações entre Comissão e Estado infrator. Emissão de um parecer motivado com
dois meses de tempo para o Estado reparar a violação.
Fase contenciosa: se abre quando o Estado não se conforma com o parecer motivado.
Ocorre perante o Tribunal de Justiça, o qual, se constatar a violação, Emana uma
sentença de caráter declaratório. O Estado deve conformar-se ao conteúdo da sentença e
se não o fizer, a Comissão pode abrir outro processo com ação de incumprimento.
Nesse último caso O Tribunal condena o Estado a uma sanção pecuniária.
No caso em que o Estado não executa a sentença do Tribunal em um prazo brevíssimo,
a Comissão pode interpor outra ação de incumprimento onde se condena o Estado a uma
sanção pecuniária (inclusão dessa possibilidade por meio do Tratado de Maastricht, ex
art.228, agora art. 260 TFUE). Caso o Tribunal de justiça declare no seu acórdão que o
Estado não cumpriu com uma obrigação, ele deve pôr-lhe termo sem demora. Se o
estado permanecer inademplente, a comissão pode instaurar segundo processo, após ter
dado a esse Estado a possibilidade de apresentar suas observações. A comissão indica o
montante da quantia fixa ou da sanção pecuniária compulsória, a ser paga pelo Estado-
membro.

Reenvio prejudicial (artigo 267 TFUE): O TJUE compartilha a aplicação direito da


união com os juízes nacionais que são juízes ordinários do direito da UE. Reenvio
prejudicial tem como finalidade a interpretação uniforme do direito em qualquer
zona do espaço comunitário. Não se trata de recurso de cassação já que não existe
hierarquia entre as jurisdições. Objeto de reenvio prejudicial de interpretação:
normas dos Tratados, atos da União, princípios gerais e acordos estipulados pela
União. Objeto de reenvio prejudicial de validade: atos concretizados pelas
instituições, órgãos e organismos da União. O processo principal onde origina-se a
questão reenviada é suspenso até que o TJ profira o seu acórdão. O juiz nacional ou ex
ofício ou por solicitação das partes é o único que decide sobre pertinência e necessidade
da abertura do procedimento. A sentença pronuncia-se sobre o direito, apresentando sua
interpretação inspirada no direito da união e seus princípios. Concretamente é o juiz
nacional que decidirá a questão. O magistrado deve aplicar a norma comunitária
segundo a orientação do TJUE.
Quanto à faculdade e obrigação de reenvio, cabe distinguir duas hipóteses. No caso em
que haja possibilidade de recorrer contra as decisões de um juiz interno, ele tem
faculdade de propor reenvio prejudicial, no caso em que não haja mais possibilidade,
quer dizer, o juiz é de último grau, ele é obrigado a reenviar a questão ao TJUE. O
procedimento de reenvio pode instar-se de ofício ou sob petição de uma parte e inicia-se
com a suspensão do processo principal por parte do juiz nacional. A noção de juiz de
última instância não refere-se apenas à posição que o juiz ocupa no ordenamento
judiciário nacional, mas também à possibilidade concreta de propor impugnação contra
a decisão do mesmo. Precisa distinguir entre questões prejudiciais de interpretação e
questões prejudiciais de validade. Com referência a essas últimas, também os juízes não
de última instância, devem reenviar a questão ao TJUE. Eles não podem averiguar
autonomamente a invalidade de um ato das instituições.

Ação de indenização por responsabilidade civil (artigo 268 TFUE):


Ação por danos causados pelas instituições e seus agentes no exercício das suas funções
que pode ser proposta pelos Estados-membros e particulares. Requisitos são: ação
contrária ao direito da união, existência de dano, existência de nexo causal entre ato e
dano. Competência do Tribunal Geral, cabendo recurso ao Tribunal de Justiça por
questões de direito. Pode ser proposto até 5 anos a partir da ocorrência do dano.
O recurso em cassação contra as decisões do Tribunal Geral e os procedimentos de
reexame contra as sentenças de cassação do Tribunal Geral referentes às decisões dos
tribunais especializados. (art. 256 TFUE).

Alargamento competências TJUE: O Tratado de Lisboa alarga o âmbito do controlo


jurisdicional do Tribunal de Justiça aos atos do Conselho Europeu. O Tratado de
Lisboa torna igualmente os recursos acessíveis a novos recorrentes. Os parlamentos
nacionais e o Comitê das Regiões podem assim solicitar a anulação dos atos que
considerem contrários ao princípio da subsidiariedade. O Tratado de Lisboa procede a
um ajustamento menor quanto aos recursos interpostos por particulares. Estes têm,
doravante, a possibilidade de interpor recursos contra atos regulamentares que não
necessitem de medidas de execução. Em contrapartida, são mantidas as condições de
admissibilidade que exigem que os particulares sejam direta ou individualmente
afetados pelo ato impugnado.

O âmbito do controlo jurisdicional do Tribunal de Justiça alargou-se ao espaço de


liberdade, de segurança e de justiça. Os atos relativos aos vistos, ao asilo, à
imigração e a outras políticas relacionadas com a livre circulação das pessoas são,
a partir de agora, passíveis de recurso, o que constitui um avanço importante no
sentido da construção europeia. O Tratado de Lisboa impõe, contudo, restrições a este
novo controlo jurisdicional. O Tribunal de Justiça não pode, com efeito, deliberar sobre
as operações policiais executadas por um Estado-Membro ou sobre as responsabilidades
dos Estados-Membros em matéria de manutenção da ordem pública e de garantia da
segurança interna. (artigo 276 TFUE).

No domínio da política externa e de segurança comum, a exclusão da competência do


Tribunal de Justiça continua a ser o princípio. No entanto, o Tratado de Lisboa introduz
duas exceções que permitem o recurso ao Tribunal de Justiça:

- recursos interpostos relativos a medidas restritivas adotadas pela União Europeia


contra pessoas singulares ou coletivas (artigo 275.º do Tratado sobre o Funcionamento
da UE);

- no caso de acordos internacionais; em caso de parecer negativo do Tribunal de Justiça,


o acordo projetado não pode entrar em vigor, salvo alteração deste ou revisão dos
Tratados (artigo 218.º do Tratado sobre o Funcionamento da UE).

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