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História da UE
A Europa apresentava traços identitários comuns a vários níveis: religião (cristã), cultural (filosofia grega,
humanismo, iluminismo…), língua (latim) e jurídico (direito romano). Durante anos foi alvo de guerras
sangrentas: Guerra dos Trinta Anos, invasões napoleónicas, I guerra Mundial e II Guerra Mundial. Nasce
assim o projeto europeu, com o objetivo de alcançar a paz no solo europeu.
Alguns homens visionários que apoiaram o projeto europeu foram: Winston Churchill, defendeu a criação
dos Estados Unidos da Europa (1949); Robert Schumann, esteve na origem da criação das comunidades
europeias.
Foi em 1950, na declaração de Schumann que se avançou com a ideia de criação de uma alta autoridade
que colocasse em comum apenas a produção franco-alemã de carvão e aço, ou seja, colocar o carvão e o
aço sobre uma autoridade independente. Assim, a guerra entre estes dois países seria não só
impensável, mas materialmente impossível, porque se tratava de dois importantes recursos
económicos e dada a centralidade destes na esfera militar os EM já não podiam mobilizar os exércitos
sem que os outros soubessem, eliminava-se assim a desconfiança recíproca.
1951 – Tratado de Paris, que institui a comunidade europeia de carvão e aço (CECA)
Os primeiros seis contratantes: RFA, França, Bélgica, Luxemburgo, Itália, Holanda.
Integração funcional: colaboração dos Estados-Membros em matérias concretas (em vez de apostar
numa união política, Estado federal), de tipo económico, criando assim uma solidariedade de factos entre
eles.
1957 – Tratado de Roma, que instituíram a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade
Europeia da Energia Atómica (CEEA ou Euratom)
CEE – Apesar de perseguir um objetivo político a longo prazo, esta inovadora organização internacional
focava-se essencialmente na esfera económica, dando particular destaque à criação de um mercado
comum.
CEEA ou Euratom – Esta organização era responsável pela coordenação das políticas nacionais em
matéria nuclear. Fora criada com o pressuposto errado de que a energia nuclear se tornaria a base do
desenvolvimento económico.
As reformas posteriores
Os tratados sucessivos invadiram sobretudo em duas áreas: alargamento e aperfeiçoamento e
mudança institucional.
Aperfeiçoamento institucional
Vários tratados alteraram o quadro institucional das comunidades europeias e da UE, nomeadamente para
responder aos desafios decorrentes dos alargamentos e das novas funções assumidas.
A UE nasce com um fim político: garantir a paz mediante uma federação europeia.
A UE é uma organização regional, de tipo supranacional, com finalidades variadas. Contudo algumas
áreas ainda funcionam segundo o método intergovernamental porque os EM não quiseram largar a sua
soberania nessas áreas sensíveis, exemplo: relações externas.
Direito Institucional da UE
O estudo das instituições da UE ajuda-nos a compreender a natureza da UE, os seus princípios e o seu
funcionamento. O quadro institucional é bastante complexo, consultar Art. 12.º.
Parlamento Europeu
A UE e o princípio democrático
O TUE eleva a democracia representativa a um dos alicerces da UE (Art. 10.º/1, TUE)
Daí a importância do PE referido em 1ºlugar no elenco do art. 13.º, TUE
Disposições relevantes
• Art. 14.º, TUE;
• Art. 223.º a 234.º, TFUE;
• Regimento PE;
Legitimidade
Único órgão europeu eleito por sufrágio universal e direto (desde 1979)
Representa os cidadãos da UE (Art. 14.º/2, TUE)
Sistema eleitoral
O TFUE prevê a criação de um sistema eleitoral uniforme (Art. 223.º/1, TFUE). No entanto não chegou a
ser criado, todos os EM adotam variantes do sistema proporcional (com exceção dos EM).
A representação dos cidadãos é degressivamente proporcional, significa que quanto maior for a
população de um Estado-Membro, mais cidadãos um deputado deverá representar.
Foi adotado este sistema para que também os Estados-Membros mais pequenos estejam excessivamente
representados.
Quando se realizam as eleições? As eleições realizam-se em todos os Estados-Membros num período
entre quinta-feira e o domingo seguinte.
Capacidade eleitoral ativa e passiva: Em virtude da cidadania europeia, podem eleger e ser eleitos para o
PE tanto os cidadãos do EM onde decorre a eleição, quanto os cidadãos de outros EM que sejam aí
residentes. (Art. 20.º/2/b), TFUE) e Art. 39.º CDFUE)
Grupos políticos:
Os deputados não estão agrupados por nacionalidade, mas sim por afinidade e ideologia política, mais
precisamente por grupos políticos multinacionais. Estes podem organizar-se em verdadeiros partidos
políticos europeus (Art. 10.º/4, TUE)
Deliberações do PE
O TFUE (Art. 261.º, TFUE) diz-nos que, salvo disposições em contrário, o PE delibera por maioria dos
votos expressos (não dos deputados eleitos). Quer dizer que deve ser a maioria simples ou relativa
(mais votos a favor do que contra, sem contar as abstenções). O quórum ao invés, é fixado pelo regimento
do PE (1/3 dos deputados).
As competências podem ser tripartidas:
Competência legislativa
Manifesta-se de uma forma bastante diferente do que acontece a nível nacional, pois o PE não dispõe de
poder de iniciativa legislativa e somente excecionalmente legisla sozinho.
As suas atribuições dividem-se em:
Ideias a reter:
- O PE nunca legisla sozinho;
- O PE participa quase sempre no procedimento legislativo, por vezes por simples parecer, outras vezes
de forma indireta
→ Competências políticas
O PE dispõe de importantes atribuições políticas, resultantes do facto de ser o único órgão eleito.
As competências políticas do PE manifestam-se ao nível das designações e do controlo de outros
órgãos. Estes poderes atingem sobretudo a Comissão, com aspetos que relembram a relação de
confiança entre o PE e o Governo (Art. 17.º/8, TUE – afirma que a Comissão é responsável perante
o PE)
o Eleição do presidente da Comissão: Eleição por maioria absoluta (Art. 17.º/7, par.1, TUE)
o Investidura da Comissão: A Comissão enquanto órgão colegial, é sujeita colegialmente a
um voto de aprovação do PE (Art. 17.º/7, par.3, TUE), só a seguir podendo ser nomeada
pelo Conselho Europeu.
o Demissão da Comissão: O PE pode aprovar uma moção de censura contra a Comissão
(Artº17º, nº8, TUE que remete para o Art. 234.º, TFUE). Deve ser favoravelmente votada
por 2/3 dos votos expressos, desde que superiores à maioria absoluta dos membros. Este
instrumento nunca chegou a ser utilizado, embora a sua utilização já foi discutida várias
vezes pelo PE.
o Poder de nomear Comissões temporárias de inquérito: Para analisar alegações de
infração ou má administração na aplicação do Direito da EU (Art. 226.º, TFUE)
o Poder de eleger o Provedor de Justiça Europeu (o chamado Ombudsman): Art. 288.º,
TFUE
Competências orçamentais (Art. 314º, TFUE)
O Conselho Europeu
Disposições mais relevantes: Art. 15.º, TUE; Art. 235.º, TFUE; Art. 236.º, TFUE
Origem
Os tratados fundadores não previam esta instituição. Em 1974, foi decidido informalmente que os Chefes
de Estado e de Governo dos Estados membros se reunissem em cimeiras periódicas para debater
assuntos particularmente importantes para as comunidades europeias. Em 1992, o Tratado de Maastricht
transformou estas cimeiras num órgão então da UE, denominado Conselho Europeu. O Tratado de Lisboa
veio transformá-lo numa instituição da atual UE, dando-lhe um papel relevante.
Natureza
É o órgão da cúpula da UE, com uma natureza essencialmente política e intergovernamental. Na prática
assume a forma de cimeiras, em que os líderes europeus discutem os assuntos mais importantes relativos
ao futuro da UE.
Funções principais (Art. 15.º/1, TUE)
Impulsionar o desenvolvimento da UE; Definir as suas prioridades e orientações políticas.
Nunca participa no procedimento legislativo, (Artº 15º/1, in fine).
Importante: Este órgão limita-se a participar nos trabalhos, sem poder de voto (Art. 15.º/2, par.1, TUE)
Corolários desta composição: O Conselho Europeu não é um órgão imparcial, representa os interesses
dos EM. A sua natureza é quase intergovernamental, reflexos disso no facto de votar por consenso, sob a
forma de unanimidade tácita (Art. 15.º/4, TUE + Art. 235.º/1, par.3), embora haja casos em que se vota por
maioria qualificada ou até maioria simples (Art. 235.º/1, par.2, e 3, TUE)
Reunião
Reúne pelo menos 4 vezes por anos (2 vezes por semestre), Art. 15.º/3
O Conselho
Disposições relevantes: Art. 16.º, TUE; Art. 237.º a 243.º TFUE e Regimento interno.
Natureza:
Instituição composta pelos representantes dos Governos dos Estados-Membros. Representa, portanto,
interesses nacionais (Art. 10.º/2, par.2, TUE). É uma espécie de segunda câmara legislativa embora as
suas funções não se circunscrevam à área legislativa.
Composição (Art. 16.º/2, TUE):
Um representante de cada Estado-Membro ao nível ministerial, com poderes para vincular o Governo do
respetivo Estado-Membro e exercer o direito de voto”
Interpretação desta disposição: “a nível ministerial” entende-se que possa ser qualquer membro do
Governo (isto é, não apenas o Ministro, como também o secretário de estado)
Particularidade desta composição: Em vez de ser fixa, muda conforme a matéria agendada (Art. 16º/6,
TUE). Atualmente existem 10 formações, por exemplo: - Quando se devem debater assuntos económico-
financeiros, estão presentes os Ministros das Finanças dos Estados-Membros (é o chamado Conselho
Ecofin).
Apenas duas composições são referidas expressamente no TUE (Art. 16.º/6, par.2 e 3):
Exceção: O Conselho dos negócios estrangeiros tem uma presidência fixa (Art. 16.º/6, TUE)
Trata-se do Alto representante da União para os Negócios estrangeiros e Política de segurança (Art. 16.º,
TUE)
O Comité dos Representantes Permanentes dos Governos ou COREPER (Art. 16.º/7, TUE)
Este Comité é composto por representantes que cada EM mantém em Bruxelas.
A sua principal função é a de preparar os trabalhos do Conselho. Na realidade, acabam por fazer um
trabalho técnico extremamente importante, chegando mesmo a dividir as propostas legislativas nas que
precisam ser discutidas e nas que podem ser aprovadas sem discussão.
Funções:
O Conselho é a instituição com mais poder na UE.
As suas funções são enunciadas resumidamente no Art. 16.º/1, TUE:
Funções legislativas:
o Indireta (Art. 241.º, TFUE)
o No processo ordinário juntamente com o PE (Art. 289.º/1, TFUE)
o No processo especial, normalmente com mera aprovação ou consulta do PE (Art. 289.º/2, TFUE)
Funções Orçamentais
o Outras funções importantes na definição das políticas da UE, nas relações externas, etc.
Funcionamento: Normalmente as deliberações são por maioria qualificada (Art. 16.º/3). Contudo, há
várias exceções, com base nas quais pode ser exigida por unanimidade (Art. 19.º, TFUE) ou apenas
maioria simples.
A maioria qualificada pode ser adotada pelo Conselho, é muito complexa (Art. 16.º/4, TUE).
Não é aplicada a regra básica “um Estado-Membro, um voto”, dado que os EM passam a ter um peso
diferenciado baseado na população. Ou seja, é uma maioria com ponderação do voto, que confere mais
peso aos EM mais populosos.
Conselho da Europa
É uma organização internacional do tipo intergovernamental, criada em 1949, sediada em Estrasburgo,
com 47 membros.
Objetivos:
Promoção no espaço Europeu dos direitos humanos, da democracia, do Estado de Direito.
O Conselho da Europa é conhecido por ter adotado a Convenção Europeia dos Diretos do Homem
(CEDH), cuja implementação é assegurada pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH)
Comissão Europeia
Disposições relevantes: Art. 17.º, TUE; Art. 244.º a 250.º, TUE; Regimento próprio
Visão geral
É a instituição que persegue o interesse geral (ou o bem comum) da UE (Art. 17.º/1, TUE). É independente
dos EM ou de interesses privados.
É um órgão de natureza essencialmente executiva. Zela pela aplicação dos tratados e dos demais atos
normativos da UE (Art. 17.º/1, TUE) (é chamada guardiã dos tratados).
Daí que se justifique alguma semelhança comum Governo Estadual.
Composição
A regra tradicional seguia o critério “tantos comissários quantos EM (Art. 17.º/4, TUE). Contudo, estava
previsto que, a partir de 2014, se adotasse uma versão mais reduzida da Comissão (Art. 17.º/5, TUE),
baseada no pressuposto de que os comissários não representam os interesses dos EM. Contudo, diante
da insistência de alguns EM o Conselho Europeu, utilizando o poder que lhe é concedido no art. 17.º/5, in
fine, decidiu manter a composição tradicional.
Eleição do presidente da Comissão
Trata-se de uma questão importante uma vez que os poderes do Presidente têm aumentado nas últimas
reformas. Atualmente, são elencados no Art. 17.º/6.
Nos termos do Art. 17.º/7, par.1, TUE, o presidente é proposto pelo Conselho Europeu por maioria
qualificada, tendo em conta os resultados eleitorais para o PE. A seguir, preciso de ser eleito pelo PE por
maioria dos seus membros (isto é, por maioria absoluta)
❖ Observação nº1: O tratado de Lisboa introduziu a cláusula “tendo em conta os resultados
eleitorais”. Trata-se de um reforço do princípio democrático. Ao votarmos para o PE, estamos
indiretamente a escolher o Presidente da Comissão, que será da mesma cor política da maioria do
PE.
❖ Observação nº2: À margem dos tratados, o PE tem tentado reforçar a eleição indireta do
Presidente da Comissão através do processo dos spitzenkandidaten (“cabeças de lista” em
alemão), ou seja, antes das eleições europeias o PE informa o Conselho Europeu que só irá
aceitar que lhe seja proposto como presidente da comissão um dos cabeças de lista às eleições
europeias.
Em 2019, o processo do spitzenkandidatem foi descartado quando se tornou claro que nenhum dos
cabeças de lista reunia consenso suficiente no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu.
Apreciação geral
É um procedimento complexo partilhado, que envolve todas as instituições europeias do tipo político. O
protagonismo do PE neste processo tenciona aumentar a legitimidade democrática indireta da Comissão.
A natureza da Comissão revela-se no estatuto dos Comissários (Art. 245.º, TFUE)
• Dever de independência e isenção
• Exclusividade (quase total) de funções
• Inamovibilidade (dos EM não os poderem remover)
Funções: Como poderemos ver no Art. 17.º, nº1 e noutros artigos são numerosos por isso veremos as
principais.
→ Funções de iniciativa legislativa (Art. 17.º/2, TUE)
Exceto nalguns casos, é a entidade que apresenta propostas legislativas, para serem enviadas ao
Conselho e ao PE. Cada comissário apresenta propostas relacionadas com o seu pelouro. Para tal,
conta com o apoio de uma ou mais Direções-Gerais e demais serviços administrativos.
→ Várias competências executivas e administrativas (Art. 17.º/1, TUE)
Adota atos normativos não legislativos (os atos delegados (Art. 290.º, TFUE) e os atos de
execução (Art. 291.º, TFUE), que estudaremos mais à frente);
Executa o orçamento (Art. 317.º, TFUE);
Gere os programas da UE e o Fundo Social Europeu.
→ Função de fiscalização do cumprimento do Direito da UE
A CE é comumente apelidada de guardiã dos tratados ou até, nas palavras do professor X “cão de
guarda dos tratados” como veremos, esta função é visível sobretudo no contencioso da UE e em
matéria de concorrência e auxílios de Estado.
Síntese do Quando-Institucional:
Disposições relevantes: Art. 127º a 133º, TUE; Art. 282º a 284º, TFUE
Em suma, como afirma Fausto de Quadros, TJUE é apenas o rótulo que abarca estes três níveis
judiciários.
Na realidade, quando nos referimos ao sistema judicial da UE não nos podemos esquecer dos tribunais
nacionais dos Estados-Membros. Estes também devem aplicar o Direito da UE (Art. 19.º/1, par.2, TUE).
São frequentemente chamados pela doutrina de tribunais comuns do Direito da UE.
Em síntese:
• Sistema judicial da UE em sentido estrito: TJUE = TJ + TG + TE
• Sistema judicial da UE em sentido amplo: TJUE = TJ + TG + TE + Tribunais Nacionais
Importância do TJUE: Como salienta Fausto de Quadros os tratados da União Europeia são tratados-
quadro, ou seja, deixam margem de manobra interpretativa ao juiz, de modo a permitir a adaptação das
decisões tendo em conta a teleologia (finalidade) dos Tratados (isto é, a progressiva integração europeia).
Vários princípios fundamentais do DUE devem-se ao TJUE, exemplos:
➢ Princípio do Primados;
➢ Princípio do Efeito Direto
Disposições mais relevantes: Art. 19.º, TUE; Art. 251.ª e ss., TFUE; Estatuto do TJUE
Natureza
Trata-se de um verdadeiro poder judicial. Sem um sistema judicial, a UE não poderia ser uma verdadeira
comunidade de Direito a atuar mediante instrumentos jurídicos.
Tribunal de contas
Função principal: Fiscalização das contas da UE.
1 – Procedimento legislativo
Neste âmbito, a grande dicotomia é entre o procedimento ordinário e o procedimento especial.
NÃO CONFUNDIR: Uma coisa é o poder de iniciativa legislativa indireta que, não obriga a Comissão a
apresentar uma proposta e diz respeito a qualquer assunto; Outra é a atribuição de um poder de iniciativa
legislativa a sujeitos diferentes da Comissão , que existe apenas em casos excecionais previstos pelos
Tratados.
A ordem jurídica da UE
Depois de analisada a dimensão institucional da UE (as instituições e os procedimentos decisórios),
vamos agora analisar a sua ordem jurídica, destacando: as suas fontes e os seus princípios.
As fontes do Direito da UE
O que são as fontes do Direito da UE?
Os modos de criação e revelação das normas que compõem este ramo de Direito.
Art. 218.º/11, TFUE: Não pode ser celebrado um acordo internacional que o TJ considere violar os
Tratados.
Em suma, o Direito Originário é o parâmetro de validade dos acordos internacionais e do Direito Derivado
da UE, assim como a CRP é do Direito Infraconstitucional.
▪ Regulamentos
▪ Diretivas Atos vinculativos
▪ Decisões
▪ Recomendações Atos não vinculativos
▪ Pareceres
Os atos jurídicos adotados através deste procedimento assumem a forma de: regulamento, diretiva,
decisão.
Em suma, o que conta não é o tipo de ato ou o seu conteúdo, mas sim o facto de ter sido adotado por
procedimento legislativo.
❖ Os objetivos
❖ O conteúdo
❖ O âmbito de aplicação
❖ O período de vigência
o Caráter geral: Dentro do seu âmbito de aplicação, se aplicam a sujeitos indeterminados (todos os
EM, todas as pessoas físicas, todas as empresas…)
o Caráter obrigatório: Quer dizer que deve ser atacado na sua totalidade. Não permite uma pick-
and-choose-application por parte dos EM
o Aplicabilidade Direta: Os regulamentos adquirem a eficácia nos EM sem precisarem de medidas
nacionais de receção ou de incorporação, isto é, são dotados de autossuficiência normativa (self-
excuting).
Diretivas (Art. 288º/3)
A transposição permite que os EM tenham alguma margem de liberdade, que lhe permite adaptar a
diretiva ao seu contexto social, jurídico e económico.
E se o Estado não traspuser a Diretiva no prazo previsto ou transpuser de modo errado ou insuficiente?
o Várias consequências:
o Possível abertura contra o Estado faltoso de um processo de incumprimento junto do TJUE
(Art. 258º a 260º, TFUE)
o Devido à sua escassa eficácia, o TJ criou outra “sanção” para o Estado faltoso.
É possível propor uma ação de responsabilidade civil extracontratual com o Estado em falta
nos seus próprios tribunais nacionais (Caso Francovich v.Italy, 1991)
O TJ decidiu que o Estado italiano se deveria responsabilizar pelos danos causados aos particulares por
não ter transposto a Diretiva em tempo útil.
O TJ exigiu 3 condições:
o O resultado prescrito pela Diretiva deve implicar a atribuição de direitos a favor dos particulares.
o O conteúdo desses direitos deve poder ser identificado com base nas disposições da Diretiva
o Deve haver um nexo de causalidade entre a violação da obrigação que incumbe ao Estado e
prejuízo sofrido pelas pessoas lesadas
Findo o prazo, se não tiver sido transposta, a Diretiva passa a gozar de efeito direto, ou seja, poderá ser
invocada pelos particulares contra o Estado para fazer valer um direito contido na Diretiva.
Em regra geral, são atos concretos e individuais, que aplicam o DUE a casos específicos, por isso, serem
vistas como atos da EU materialmente administrativos.
Podem dirigir-se aos EM ou a pessoas físicas e coletivas (particulares, empresas, etc.)
Contudo, podem também não designar os destinatários, assumindo, neste caso, uma dimensão mais
geral.
Quando se utiliza a decisão?
Por vezes, os Tratados impõem que se recorra a este ato normativo. Exemplos:
- Para medidas restritivas da liberdade de circulação de capitais (Art. 65.º/4 , TFUE)
- Na política de concorrência (Art. 105.º/2; Art. 108.º/3, etc.)
- Nas questões relativas ao défice orçamental e à dúvida pública (Art. 126.º)
Pareceres
Podem ser emitidos pelas instituições ou por outros órgãos das regiões (Ex: Comité das Regiões ou
Comité Económico Social Europeu)
Apesar de não serem vinculativos, ambos tem repercussões a nível jurídico-político.
Os atos vinculativos devem referir as recomendações e os pareceres previstos pelos Tratados, sob pena
falta de fundamentação (Art. 296º, par.2, TFUE).
As recomendações acabam por ter certo peso sobre os destinatários, como o seu desrespeito pode levar à
adoção de um ato vinculativo.
CUIDADO: Na prática, a EU tem conseguido, por vezes, alargar as suas competências através dos
mecanismos do 352.º, TFUE.
Art. 5.º/1
Delimitação das competências: Princípio da Atribuição
Exercício das competências concorrentes: princípio da subsidiariedade e princípio da proporcionalidade
Então, quem tem o ónus de provar que se encontram preenchidas as duas conduções suprarreferidas?
R: A própria UE, na fundamentação do ato normativo.
E se um ato legislativo da UE violar este princípio?
Os parlamentos nacionais podem:
Em suma, este princípio sublinha que a atuação da UE deve confinar-se ao que for necessário, de maneira
a limitar o menos possível a atuação dos Estados-Membros.
Atos da UE sem aplicabilidade direta, que se dirigem aos Estados e pressupõem a sua cooperação:
❖ Disposições dos Tratados
❖ Diretivas
❖ Decisões dirigidas ao EM
Para estes casos, o TJ elaborou a teoria do chamado efeito direto em que os particulares podem invocar
os direitos subjetivos conferidos por esses atos perante os órgãos nacionais aplicação do Direito, mesmo
que estes atos ainda careçam de transposição.
Exceção importante: Se a norma nacional em contraste for mais favorável aos direitos fundamentais,
então continuará a aplicar-se.
União Aduaneira
À criação de uma ZCL, adiciona a criação de uma pauta aduaneira comum em relação a países
terceiros, permite assim a livre circulação das mercadorias em geral (isto é, dos EM ou importadas de
países terceiros).
Concluindo, a União Aduaneira faz com que os Estados adotem uma política comercial comum, entre si
e com os países terceiros. Assim, facilita o comércio, sobretudo por reduzir a burocracia e as dificuldades
ligadas ao controlo da origem dos produtos.
Mercado Interno
Além da livre circulação de mercadorias (União Aduaneira), há uma livre circulação dos demais fatores
de produção: pessoas, serviços e capitais.
É o elemento central na integração económica europeia. (Art. 26.º/2, TFUE)
União Económica
Exige também:
o A harmonização das legislações nacionais em domínios económicos
o A coordenação das políticas económicas, financeiras e monetárias e eventualmente com uma
autoridade comum.
Exemplos: Os vários Estados empenham-se em respeitar os mesmos padrões em matéria de tutela dos
consumidores, concorrência, transparência financeira, ajudas estatais a empresas em crise, etc., criando
entidades fiscalizadoras e sancionadoras.
União Económica e Monetária
▪ Criação de uma entidade comum aos EM que gere a política monetária (normalmente com uma
moeda única).
▪ Análise custo-benefício da integração económica.
Possíveis benefícios:
→ Alargamento do mercado;
→ Concertação das políticas económicas;
→ Incentivos para que os Estados imitem o sistema económico mais avançado;
→ Resolução de problemas cambiais (se houver também união monetária)
→ Intensificação da concorrência, e daí: - Menores custos para os consumidores; - Melhor qualidade
dos produtos.
Possíveis desvantagens:
→ Concorrência económica selvagem, com o risco de desaguar numa espécie de darwinismo
económico;
→ Resistência das populações, ressurgimento de visões nacionalistas ou políticas protecionistas.
→ Mercado interno ≠ Espaço económico europeu
Mercado Interno
A livre circulação na UE é realizada mediante a remoção tanto de barreiras financeiras quanto de não
financeiras ao comércio. Comecemos pela remoção das primeiras, analisando o conceito chave de União
Aduaneira, cuja definição se encontra no Art. 28.º/1, TFUE.
Direitos aduaneiros: Imposições pecuniárias que incidem sobre a importação e exportação de produtos.
Podem assumir duas modalidades:
- Ad. valorem: Percentagem do valor aduaneiro das mercadorias
- Específicos: São determinados com base, por exemplo, na quantidade e não no valor (100 euros por
cada tonelada de milho)
Encargos de efeito equivalente: O TJ definiu-os como quaisquer encargos pecuniários, ou seja, qual for
a sua denominação ou finalidade, que incidam sobre mercadorias nacionais ou estrangeiras pelo mero
facto de estas transporem uma fronteira, não podendo porém ser considerados direitos aduaneiros em
sentido estrito.
Exemplo: No caso 24/68, Comissão v. Itália, o TJ estatuiu que a Itália estava a violar os Tratados ao impor
um encargo pecuniário sobre os bens exportados para outros EM, mesmo que este encargo só servisse
para finalidades estatísticas relativas ao comércio nacional. Segundo o TJ, este encargo era proibido,
independentemente da sua finalidade ou do destino dado à quantia cobrada.
Exceções: Segundo o TJ, apenas serão permitidos encargos resultantes de serviços opcionais prestados
pelos EM (ex: fornecimento de armazéns refrigerados para guardar as mercadorias) ou de inspeções
sanitárias obrigatórias à luz do Direito da UE.
Contudo, há uma terceira categoria de entraves proibidos, o Art. 30º, in fine, TFUE adiciona a
proibição de direitos aduaneiros de natureza fiscal, cuja descrição se encontra no Art. 110º, TFUE.
Dimensão externa
Por pauta aduaneira comum entende-se uma fronteira comum para todos os produtos produzidos fora da
UE. Para um exportador de um país terceiro, torna-se irrelevante exportar para Portugal ou para outro EM
uma vez que será sujeito ao pagamento dos mesmos encargos.
À luz disso, as mercadorias abrangidas pelo mercado interno serão: Art. 28º/2, TFUE:
o Os produtos originários dos EM
o E também os produtos de países terceiros legalmente importados por um EM (ou “em livre prática”)
A noção de produto em livre prática é definida no Art. 29º, TFUE. Trata-se de produtos que foram
desalfandegados em qualquer EM, contra o pagamento dos direitos aduaneiros eventualmente exigíveis
na pauta aduaneira comum, e que não tenham beneficiado do draubaque.
Medidas discriminatórias
São medidas estatais que:
❖ Exigem licenças de importação;
❖ Imponham controlos fronteiriços para os produtos importados;
❖ Concedam incentivos fiscais aos produtores nacionais;
❖ Tornem mais cara a publicidade para os produtores estrangeiros;
❖ Exijam procedimento burocráticos mais pesados para os carros importados.
Pessoas
A livre circulação de pessoas
Esta liberdade nasce como liberdade das pessoas trabalhadoras e, portanto, ligada à criação do mercado
interno. O seu regime jurídico encontrava-se sobretudo no Regulamento (CEE) nº1612/68
No entanto, a partir da década de 80, começou a emergir, antes jurisprudencialmente e depois mediante
três diretivas em 1990, o direito de circulação de pessoas economicamente não ativas.
O TUE reforçou esta liberdade introduzindo o conceito de cidadania europeia.
Vejamos como é atualmente conhecida a liberdade de circulação dos cidadãos europeus não
ativos.
Disposições normativas relevantes: Art. 20º/2/a), TFUE; Art. 21º, TFUE; Art. 45º, CDFUE; Diretiva
nº2004/38/CE (Regula o direito de livre circulação e residência dos cidadãos da UE e dos membros das
famílias no território nacional. Foi transposta em Portugal através da Lei nº37/2006)
Art. 6º da Diretiva nº2004/38/CE – Direito de residência até 3 meses:
Quanto à residência por mais de 3 meses, o Art. 7º explica que o cidadão de um EM pode residir
noutro EM desde que:
É esta faceta da liberdade de circulação das pessoas que mais interessa ao Mercado Interno. Além disso,
esta liberdade existe desde o Tratado de Roma e tem um mais amplo conteúdo muito mais amplo.
Direito de entrada
Entrar no território do EM que pretende trabalhar.
O EM de origem não pode exigir visto de entrada ou outro documento além do BI ou passaporte válidos
(Art. 4º, da Diretiva 38/2004 e Art.º4º da Lei nº37/2006)
E a família do trabalhador?
Os familiares do trabalhador migrante, nacional de um EM, têm o direito de se instalarem com o
trabalhador no EM em que esteja a trabalhar (Art. 2.º e 3.º da Diretiva 2004/38/CE)
Contudo, reparem: Como já vimos, o direito de residência já não é necessariamente ligado à condição de
trabalhador, uma vez que é possível obter o registo também se simplesmente demonstrar:
- que dispõe de recursos suficientes;
- que está inscrito num estabelecimento de ensino;
- que acompanha um familiar
Exemplo: Estudantes internacionais; reformados
Algumas situações específicas que, por vezes, podem justificar algumas restrições ao acesso ao
emprego noutro EM:
1. Reconhecimento de qualificações ou certificações
As profissões liberais (médico, jornalista, solicitador, etc.) costumam ser regulamentadas. Daí o problema
de reconhecimento dos títulos académicos ou de habilitação profissional exigidos legalmente, algo
extremamente relevante também para a livre prestação de serviços
Principal fonte normativa: Diretiva de 2005/35/CE, transposta para a ordem nacional pela Lei nº9/2009
Trata-se de um regime bastante complexo, sintetizando: Antes de tudo opera-se uma distinção entre
prestação de serviços temporária – é suficiente apresentar uma declaração preliminar à autoridade
competente do EM de destino. No entanto, nalguns casos esta poderá exigir uma verificação das
qualificações (ou seja, há uma presunção de suficiência das formações, salvo disposto em contrário)
Estabelecimento do profissional noutro EM: neste caso, é exigido o reconhecimento do título profissional.
Quanto ao reconhecimento:
Geralmente é automático (princípio do reconhecimento mútuo) , desde que sejam respeitados requisitos
mínimos, cuja ausência poderá justificar que o EM exija um estágio ou uma prova de aferição dos
conhecimentos. No entanto, algumas profissões particularmente delicadas (médico, enfermeiro,
veterinário, arquiteto, etc.) possuem um regime especial
Reservas à liberdade de circulação das pessoas: Os EM não aceitaram a liberdade de circulação das
pessoas de forma absoluta
Contudo, uma vez que se trata de noções ambíguas suscetíveis de restringir um direito fundamental, o TJ
declarou que devem ser interpretadas restritivamente.
Repara! O TJ, em vários acórdãos, realçou que numerosos direitos associados à livre circulação dos
trabalhadores gozam do efeito direto.
Confirma J.Machado (p.344), no fundo continuamos na liberdade de circulação de pessoas, só que neste
caso não são nem trabalhadores assalariados, nem pessoas economicamente não ativas, mas sim:
- Pessoas que se deslocam para outro EM para se estabelecerem por conta própria;
- Pessoas que se deslocam para outro EM para prestarem serviços, embora permanecendo
estabelecidas no seu país
O que se entende por liberdade de estabelecimento? – Art. 49º/1 e 2, TFUE
Antes de tudo olhemos para o âmbito subjetivo desta liberdade:
- Não se confina apenas às pessoas singulares. De facto, abrange também pessoas coletivas (e, de entre
elas não se restringe às sociedades), em virtude da equiparação efetuada pelo Art. 54º/1 e 2, TFUE
Restrições:
O Art. 51º, exclui atividades que estejam ligadas, mesmo ocasionalmente, ao exercício da autoridade
pública.
O TJ interpreta restritivamente esta cláusula. Já disse que não se aplica à profissão de advogado (caso
Reyners, 1974), revisor oficial de contas (Caso Thijssen, 1933) ou agentes de segurança (caso
Comissão/Espanha, 1998)
Âmbito subjetivo
Também neste caso, a liberdade aproveita tanto às pessoas particulares quanto às coletivas - Art. 62º,
TFUE.
Esta liberdade tem um conteúdo maior do que as demais. De facto o Art.º63º, 1 e 2 estende-se também
aos países terceiros, como forma de responder à crescente globalização da nossa economia, promover o
Euro como moeda internacional, atrair os investimentos internacionais.
Contudo, reparem: a sua ingerência nos EM é muito limitada uma vez que:
- Não é de forma alguma um tribunal de recurso das decisões dos tribunais nacionais;
- Não pode anular os atos dos EM, sejam eles legislativos, regulamentares, etc.
Em suma:
Não podemos reconduzir o TJUE nem os Tribunais Nacionais, nem um tribunal federal (Ex: o US Supreme
Court), nem aos tribunais internacionais (Tribunal Europeu dos Direitos do Homem; Tribunal Internacional
da Justiça; Tribunal Penal Internacional)
Tribunal Geral
Foi criado em 1988, com o AUE, e inicialmente chamava-se Tribunal de Primeira Instância. Na realidade, a
sua relação com o TJ é mais complexa.
Por vezes atua como tribunal de primeira instância – Art. 256º/1, TFUE , outras vezes é uma instância de
recurso:
- Das decisões dos tribunais especializados
- Das decisões de outros órgãos (exemplo, decisões do Instituto da Propriedade Intelectual da União
Europeia)
Tribunais Especializados
Podem ser criados pelo PE e pelo Conselho para matérias específicas – Art. 257/1, TFUE
Só houve um, o Tribunal da Função Pública, extinto em 2016
As competências do TJ
Jurisdição contenciosa:
1) Ação por incumprimento
2) Recurso de anulação
3) Exceção da ilegalidade
4) Recurso por omissão
5) Ação por indemnização
Jurisdição contenciosa
A UE dispõe de vários meios processuais para resolver conflitos, que podem ocorrer entre:
- As instituições e os órgãos da EU
- Os EM
- Os EM e a UE
- Os particulares e a UE
CUIDADO: Os Arts. 258º e 259º mostram claramente que a ação por incumprimento não pode ser
exercida pelos particulares. Estes dispõem de meios processuais a nível nacional (Ex: invocar o efeito
direto ou intentar uma ação de responsabilidade extracontratual contra o Estado)
Contudo, os particulares podem sempre apresentar queixa à Comissão, descrevendo a alegada infração
imputável ao EM. A Comissão não fica obrigada a agir, mantendo a possibilidade de decidir
discricionariamente, tendo em conta os interesses em jogo.
CUIDADO: A fórmula “obrigações que lhe incumbem por força dos tratados” – Art. 258º e 259º, TFUE deve
ser interpretada extensivamente. Compreende todo o Direito da UE.
O que se entende por incumprimento?
Semelhantemente ao que ocorre noutros ramos do Direito (Direito Civil, Direito Penal, etc.) , pode ser por
incumprimento por ação ou omissão.
Uma vez que muito raramente os EM são demandantes neste processo, analisaremos apenas a
tramitação em que a Comissão é demandante.
Se o EM não proceder em conformidade com o parecer no prazo fixado por este a Comissão pode (é
uma faculdade, não uma obrigação!) recorrer ao TJ
Fase judicial:
É sempre diante do TJ, nunca diante do TG.
- Como podemos saber, se o art. 258º fala simplesmente em “Tribunal de Justiça da União Europeia”?
R: Está na definição da competência do Tribunal Geral – Art. 256º, TFUE
O que o TJ faz?
Limita-se a averiguar o incumprimento, condenando ou absolvendo o EM – Art. 260º/1
No entanto, uma vez que o Tribunal de Justiça não é um tribunal federal, a sentença tem efeitos
meramente declarativos, não podendo anular atos nacionais ou obrigar o EM a adotar determinados
comportamentos.
Se o EM for condenado: Este EM deverá tomas “as medidas necessárias à execução do acórdão do
Tribunal” – Art. 260º, 1 par.1, in fine, TFUE)
E se o EM decidir ignorar a sentença do TJ?
Começa um segundo processo por incumprimento – Art.º260º, 2, TFUE
Como afirmado pelo próprio TJ , desta vez trata-se de um processo especial de execução dos acórdãos do
Tribunal de Justiça, ou seja, um processo executivo, de caracter simplificado em relação ao processo
principal.
O que se faz neste 2ºProcesso? – Art. 260º/2, TFUE
- A Comissão é demandante
- O EM pode apresentar as suas observações
- Após isso a Comissão pede ao TJ que condene o EM ao pagamento de: - Uma quantia fixa; - Uma
sanção pecuniária compulsória (isto é, de tipo progressivo)
E se EM se recusar a pagar?
Não há mais nada a fazer. A UE não é um Estado Federal logo não pode, por exemplo, penhorar bens
dos EM para executar a sentença. Contudo, é altamente improvável que algum dia se chegue a uma
situação tão extremada.