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Direito da União

Europeia
Génese da União Europeia
 Em 09 de maio de 1950, Robert Schuman (Ministro dos Negócios
Estrangeiros em França) apresentou uma proposta de criação de uma
organização com alguns países europeus.

 Esta organização seria aberta a todos os outros países europeus, com o


objetivo de manter a paz na Europa recém-saída da 2.ª Guerra Mundial
(1939-1945) e numa altura em que se temia uma terceira guerra mundial.

 Esta proposta ficou conhecida como a “Declaração Schuman”. Nesse dia


nasceu a Europa Comunitária.

 Propunha-se a gestão conjunta dos recursos de carvão e do aço da França


e da Republica Federal da Alemanha (RFA), para pôr fim às guerras entre
estes dois países.
 Em consequência desta Declaração, os trabalhos resultara, em 18 de abril de
1951, na criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (C.E.C.A.) pelo
Tratado de Paris.

 Os membros fundadores que aderiram ao projeto e assinaram o Tratado foram:


 França

 Alemanha

 Itália

 Bélgica

 Holanda

 Luxemburgo
 Um pouco mais tarde, em 25 de Março de 1957, foram criadas a Comunidade
Europeia da Energia Atómica (C.E.E.), organização europeia de integração geral,
pelos Tratados de Roma que entraram em vigor em 01 de janeiro de 1958, com os
mesmos países fundadores.

 Nasceram assim as Comunidades Europeias.

 Todos os países europeus podem aderir a esta organização desde que adotem:
 Valores de paz e solidariedade;

 Respeito pelos direitos humanos;

 Sejam uma democracia; e

 Tenham a concordância dos restantes membros

 Cada estado membro mantém a sua cultura, os seus hábitos, a sua língua e,
eventualmente, a sua moeda. Mas todos os seus nacionais são cidadãos europeus e
gozam das liberdades de circulação (art. 20.º a 25.º TFUE)
 Em fevereiro de 1986, ocorre a assinatura do Ato Único Europeu, com esta
designação porque o mesmo ato procedeu à revisão dos Tratados CECA, CEE e
CEEA, entrando em vigor em 01 de julho de 1987. Constituiu a primeira grande
revisão dos Tratados. Fixou medidas para coordenar a política monetária dos
Estados Membros, abrindo caminho à União Económica e Monetária.

 Em 07 de fevereiro de 1992, na sequência das conferências intergovernamentais,


é assinado o Tratado da União Europeia, segunda grande revisão dos Tratados e
que cria uma nova entidade: A UNIÃO EUROPEIA.

 Entrou em vigor em 1993 e cria um novo conjunto que é representado


graficamente na doutrina através de um templo grego baseado em 3 pilares
dóricos e uma base.

 Em 1997, foi assinado o Tratado de Amesterdão, que constituiu a terceira grande


revisão dos Tratados e a primeira do TUE, e que veio a entrar em vigor em 1999.
 Em 2001 é assinado o Tratado de Nice, abrindo a via para a reforma institucional
necessária ao alargamento da EU aos países candidatos do Leste e Sul da Europa.

 No Conselho Europeu em dezembro de 2001 é ponderada uma nova revisão dos


Tratados com a Declaração sobre o futuro da UE.

 O início dos trabalhos da Conferência Intergovernamental (CIG), em outubro de


2003, entre os 25 membros da Comunidade Europeia, em Roma, culminou no
“processo constitucional pós-Nice”, com a redação de uma constituição europeia
e definição das competências nacionais e das instituições.

 Em 2005 ocorreu a publicação no Jornal Oficial do texto completo da Constituição


Europeia, mas face aos referendos negativos na França e na Holanda, no Conselho
Europeu de Bruxelas, em 2005, ponderou-se alongar os prazos para adoção do
texto do Tratado Constitucional, sendo que tal nunca foi ratificado e o projeto foi
abandonado.
 A assinatura do Tratado de Lisboa ocorreu em 13 de dezembro de 2007, no
Mosteiro dos Jerónimos, a quinta grande revisão aos tratados ao entrar em vigor.

 O Tratado de Lisboa veio alterar o Tratado da União Europeia e o Tratado que


institui a Comunidade Europeia.

 Porém, este tratado só entrou em vigor em 2009.


Objetivos da UE
 Objetivos imediatos
 Fases da integração
 União aduaneira
 Mercado comum
 Liberdades de circulação
 União económica e monetária
 Objetivo mediato: União Política
Objetivos Imediatos
 Todos os Tratados Comunitários institutivos visavam os mesmos objetivos iniciais:
 A expansão económica e o aumento do nível de vida dos cidadãos

 Uma união pacífica entre os povos europeus

 Hoje, os objetivos da União Europeia estão previstos no artigo 2.º, 3.º, n.º 1 e 5 do TUE.

 A criação da Comunidade Económica Europeia em 1957 – CEE – teve então os seguintes


objetivos:
 Económicos

 Sociais

 Políticos

Como objetivos imediatos ou a curto prazo, traduzidos na criação de uma União Económica e
Monetária
 E subjacente à criação da Comunidade esteve sempre o desejo de criação de uma
União Europeia, eventualmente de caráter federal. Esse era o objetivo a realizar a
longo prazo, o objetivo mediato.

 A definição dos objetivos, finalidades ou missões de uma organização internacional


reveste-se de uma importância fundamental, na medida em que permite:

 Delimitar a sua esfera de competências com o necessário rigor;

 Apurar com mais segurança o sentido e alcance dos textos que a regem;

 Avaliar da adequação dos meios ou instrumentos de ação de que a organização dispõe para
o cumprimento desses objetivos e eventualmente para lhe facultar o recurso a
competências não expressamente previstas mas necessárias à prossecução dos objetivos
estatutariamente fixados.

 Verificam-se em relação à redação originária do TUE uma diversificação e


complexificação dos objetivos globais da CE e hoje como um todo da UE.
 Os objetivos imediatos ou reais da Comunidade Europeia eram de caráter
marcadamente económico e social e foram prosseguidos mediante o
aprofundamento do processo de integração conducente à União Económica e
Monetária.

 Busca-se um desenvolvimento contínuo e partilhado por todos os Estados


Membros, de que possam beneficiar todos os setores da economia e as diversas
regiões da UE. Tal crescimento implica não só o crescimento regular da produção
mas de igual modo uma expansão global ligada ao emprego ótimo de fatores
produtivos.

 Como meios para atingir os objetivos propostos, surgem as fases de integração


 Fases de Integração
 Os movimentos de integração têm características diferentes e podem distinguir-se de várias
formas. A integração económica comporta vários estádios dinâmicos, de complexidade
crescente.

 Em regra, distinguimos na história da Comunidade 5 fases de integração económica:

 Zona de comércio Livre

 União Aduaneira

 Mercado Comum

 Mercado Interno ou Mercado Único

 União Económica e Monetária

 União Política
 Relativamente à Zona de Comércio Livre, o Tratado de Roma pretende construir
uma zona franca, sem direitos aduaneiros.

 Trata-se da primeira e mais rudimentar forma de integração económica. Há entre


os países membros liberdade de movimentos da generalidade dos produtos,
mantendo todavia cada um deles a possibilidade de seguir uma política comercial
própria em relação ao exterior.

 Encontramos uma livre circulação de mercadorias, sem restrições quantitativas e


sem direitos aduaneiros entre os Estados que dela fazem parte, embora cada
Estado prossiga com a sua política aduaneira e política comercial nas fronteiras
externas em relação aos países não associados, determinando-se regras de origem
para distinguir os produtos em livre circulação e fixando os níveis de proteção
aduaneira que entende.
 Quanto à União Aduaneira (art. 28.º TFUE) comporta a livre circulação de
mercadorias em geral, independentemente da origem, desde que colocados em
livre prática (art. 29.º TFUE) nos Estados Membros. Além da liberdade de
circulação das mercadorias há uma política comercial comum, traduzida
designadamente na aplicação de uma pauta única face ao exterior e na
negociação conjunta de qualquer acordo com países terceiros.

 A pauta aduaneira comum ou tarifa aduaneira comum é aplicável em todas as


fronteiras da União, e as receitas são receitas próprias da União, inscritas no
orçamento anual da União.
 Quanto ao Mercado Comum, pretendia-se que existisse livre circulação de produtos e
também de fatores produtivos: livre circulação de pessoas, de serviços e de capitais,
e implica a adoção de políticas comuns.

 A plena realização do Mercado Comum implica a realização de políticas comuns sob a


égide das autoridades comunitárias:
 Uma política agrícola comum (art. 38.º a 44.º TFUE)

 Uma política comercial comum (art. 206.º e 207.º TFUE)

 Uma política da concorrência (art. 101.º a 109.º do TFUE)

 Uma política de transportes (art. 90.º a 100.º TFUE)

 A noção de Mercado Comum comporta a eliminação de todos os entraves às trocas


intercomunitárias tendo em vista a fusão dos mercados nacionais num mercado único
que funcione em condições tao próximas quanto possível das de um verdadeiro
mercado interno. Passa-se então à noção de mercado interno que prolonga a de
mercado comum ou de mercado único europeu.
 O Mercado Interno ou Mercado Único é uma realidade correspondente a um grau
superior de integração económica: implica não só a livre circulação dos bens mas
também a livre circulação dos diversos fatores de produção: trabalho, capitais e
iniciativas empresariais traduzidas no exercício das liberdades de estabelecimento
e de prestação de serviços.

 Artigo 26.º, n.º 1 e 2 do TFUE “A União adota as medidas destinadas a estabelecer


o mercado interno” que “compreende um espaço sem fronteiras internas, no qual
a livre circulação das mercadorias, das pessoas, dos serviços, dos capitais é
assegurada de acordo com as disposições dos Tratados”
 Quanto à União Económica Monetária, caracteriza-se por uma política económica
e monetária comum e um sistema de câmbios fixos sob uma autoridade monetária
comum (Banco Central Europeu), com convertibilidade obrigatória e ilimitada
entre as diferentes moedas nacionais e uma moeda única emitida popr um banco
central.

 Reúne 3 elementos:
 Uma moeda única

 Uma política monetária unificada

 Controlo comunitário das taxas de câmbio e reservas monetárias

 Pressupõe a centralização de decisões sobre os principais objetivos económicos a


atingir: pleno emprego, estabilidade de preços, taxa de crescimento, níveis de inflação
 Foi o Tratado de Maastricht que previu pormenorizadamente a construção faseada
da União Económica e Monetária:
 Fase I (1990) – Coordenação e liberalização financeira

 A liberdade total de circulação dos capitais da CE, fim do controlo dos câmbios;

 Atuação dos fundos estruturais para corrigir os desequilíbrios entre as regiões europeias;

 Convergência económica, através da vigilância multilateral das políticas económicas dos


Estados

 Fase II (1994) – Criação de novas estruturas

 Criação do Instituto Monetário Europeu (IME), composto por governadores dos bancos centrais
dos Estados Membros;

 Independência dos bancos centrais nacionais;

 Regulamentação da proibição dos défices orçamentais excessivos (art. 126.º, n.º1 TFUE)
 Fase III (1999) – Transferência de responsabilidades

 Fixação irrevogável das taxas de câmbio

 Estabelecimento da moeda única

 Nesta fase os Estados tinham que preencher um conjunto de critérios de convergência,


que implicavam a estabilidade de preços (art. 140.º, n.º1 §1 TFUE), as taxas de juros
(art. 140.º, n.º1 § 4 TFUE), défice orçamental público nacional (Art. 126.º, n.º2, al.b) e
140.º, n.º1 § 2 do TFUE), dívida pública (art. 126.º, n.º2, al.b) do TFUE) e estabilidade
monetária (art. 140.º, n.º1 § 3 TFUE)
 Por fim, quanto à União Política, desde a Antiguidade manteve-se ciclicamente
manifesta uma opinião favorável à criação de uma união política da Europa,
incluindo na ocasião da formação das Comunidades, mas a questão quando
diretamente abordada feria as suscetibilidades de outros. Continua-se à procura
de uma formulação talvez inovadora que corresponda às aspirações consensuais
dos europeus.
Liberalidades de Circulação
 O Mercado Comum criado pelo Tratado de Roma que instituiu a Comunidade
Europeia é uma das fases de integração e caracterização pela livre circulação de
fatores produtivos: liberdade de circulação de pessoas, serviços e capitais.

Mercadorias (art. 28.º TFUE)

Trabalhadores (art. 45.º TFUE)

Liberdade de Pessoas
Estabelecimentos (art. 49.º TFUE)

Circulação

Serviços (art. 56.º TFUE)


As Instituições e Organismos da UE
 A UE não é uma federação de Estados, nem uma mera organização de cooperação
entre governos. Possui um caráter único. Os países que pertencem à UE congregaram
asa suas soberanias em algumas áreas para ganharem uma força e uma influência no
mundo que não poderiam obter isoladamente.

 As instituições comunitárias apresentam-se como um exemplo de integração positiva.


Foram estabelecidas pelos Tratados e neles estão consagradas as competências, as
regras e os procedimentos que as instituições da UE devem seguir.

 As instituições da UE encontram os princípios gerais sobre o seu funcionamento


previstos nos Tratados: Tratado da União Europeia (TUE) e Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia (TFUE). Mas é o próprio direito originário que
determina que cada órgão preveja o seu funcionamento interno, estabelecendo as
regras pormenorizadas através do direito derivado publicitado no Jornal Oficial da UE.
 PARLAMENTO EUROPEU

 Quanto à sua organização o Parlamento Europeu é uma das instituições originárias


das Comunidades Europeias. A Assembleia Europeia representa os cidadãos da União
e tem sido o motor da integração europeia. Em 1962, a Assembleia Parlamentar
decidiu passar a designar-se por Parlamento Europeu. É uma instituição comum às
então três Comunidades desde a Convenção de Roma de 1957.

 Numa primeira fase, os seus membros eram designados por sufrágio universal
indireto pelos parlamentares dos Estados. Eram delegados dos parlamentos
nacionais, designados por um processo ficado por cada Estado Membro.

 Em 1976 é adotado um ato relativo à eleição dos representantes ao Parlamento


Europeu por sufrágio universal direto, livre e secreto (art. 14.º, n.º3 TUE). Estsa
forma permite que exista uma ligação direta estabelecida pela escolha direta dos
cidadãos.
 O ato de Bruxelas relativo à eleição dos representantes ao Parlamento Europeu
por sufrágio universal direto foi adotado pelo Conselho em 1976. em 1998 é
adotada uma Resolução do Parlamento Europeu sobre um sistema de tipo
proporcional, a adotar por todos os Estados Membros nas eleições para o
Parlamento Europeu.

 Quanto às eleições, o número de deputados tem sido diferente ao longo dos


tempos, sendo atualmente um total de 704 + o seu presidente.

 O presidente e a sua mesa é eleito pelos seus pares (art. 14.º, n.º4 TUE) no inicio
da legislatura e os deputados organizam-se por grupos políticos e são
independentes. Os deputados são organizados em função das suas ideologias ou
afinidades políticas e não em razão da sua nacionalidade. Os deputados que não
adiram a um grupo político são designados por deputados “não inscritos”
 Quanto ao seu funcionamento o Parlamento Europeu goza de poder de auto-
organização.

 A decisão do Parlamento Europeu 2005/684/CE veio aprovar o Estatuto dos


Deputados ao Parlamento Europeu, estabelecendo as normas e condições gerais de
exercício do mandato dos deputados ao Parlamento Europeu.

 Funciona como um parlamento nacional, em plenário ou em comissões


parlamentares, com uma presidência e uma mesa.

 Por regra, delibera por maioria absoluta de votos expressos e as atas dos trabalhos
são publicados no Jornal Oficial (art. 231.º e 232.º § 2 do TFUE).

 Os deputados europeus votam individualmente e pessoalmente e não podem


receber ordens nem estar vinculados a instruções, beneficiando de certas
imunidades e privilégios.
 Quanto à sua competência o Parlamento Europeu não tem poderes legislativos
autónomos, mas participa do poder legislativo ordinário e tem um poder
orçamental, bem como poderes consultivos (Art. 14.º, n.º1 do TFUE). O seu poder
normativo é reduzido.

 Tem sido contemplado com novos ou reforçados poderes em cada uma das
Revisões aos Tratados.

 Poder consultivo – o Parlamento Europeu participa na elaboração dos atos normativos do


Conselho e da Comissão através de consulta obrigatória ou facultativa. Em resultado
emite pareceres favoráveis ou consultivos. Quando o parecer for consultivo é irrelevante
o seu sentido, o ato pode ser adotado mesmo contra a opinião do PE. Quando o Tratado
exija que o parecer seja favorável, o PE tem um autêntico direito de veto pois se o
parecer não for favorável o ato não poderá ser adotado.
 Poder de controlo político – o PE exerce um poder de controlo político sobre a Comissão, de
investidura e censura (Art. 225.º e 234.º do TFUE)

 Poder orçamental – o PE tem um poder de co-decisão orçamental com poder de aprovação final do
orçamento geral das Comunidades (art. 314.º, n.º4 do TFUE).

 Poder legislativo com o Conselho – o PE dispôs de um poder de co-decisão legislativa com o


Conselho, num processo complexo que traduziu um esforço para ampliar as competências do PE e
tem vindo a aplicar-se a um leque cada vez mais alargado de matérias ao longo das revisões aos
tratados (Art. 294.º do TFUE)

 Outros poderes:

 Poder de eleger o presidente da Comissão

 Poder de cooperação com o Conselho

 Direito de solicitar propostas à Comissão

 Direito de constituir comissões de inquérito

 Direito de receber petições

 Direito de nomear o provedor de justiça europeu


 Conselho Europeu

 O Conselho Europeu foi criado em 1974 e institucionalizado pelo Ato Único


Europeu e pelo TUE.

 O Conselho Europeu não se encontrava previsto nos Tratados institutivos das


Comunidades Europeias e, como tal, não era uma instituição comunitária, porém,
interferia no funcionamento comunitário e era já considerado um órgão da UE.
Assim veio a ficar consagrado com o Tratado de Lisboa.

 O Conselho Europeu transformou-se numa instituição cujo papel de estímulo e


orientação da UE é reforçado, definindo os seus objetivos e prioridades
estratégicas sem interferir no normal exercício dos poderes legislativos e
orçamentais da UE.
 Quanto à sua composição e funcionamento, o Conselho Europeu é constituído
por:
 Chefes de Estado ou Chefes de Governo

 O Presidente

 Alto Representante da UE

 Presidente do Parlamento Europeu

 As reuniões ordinárias do Conselho Europeu realizam-se semestralmente, 2 vezes


cada semestre e extraordinariamente sempre que necessário.

 Nos termos do Tratado de Lisboa, o Presidente do Conselho Europeu é eleito para


um mandato de 2 anos e meio (Art. 15.º, n.º5 e 6 do TUE) e pode ser demitido
pelo Conselho Europeu.
 Quanto à competência e votação, o Conselho Europeu dá à União os impulsos necessários ao
seu desenvolvimento e define as orientações e prioridades políticas gerais.

 Trata-se de uma instituição sem poderes legislativos (art. 15.º, n.º1 do TUE), que toma decisões
de natureza essencialmente política, resultando do consenso dos Chefes de Estado ou de
Governo (art. 15.º, n.º4 do TUE), por isso também com menos exigências de transparência no
acesso público à sua documentação.

 As atribuições dizem respeito:


 Ao plano institucional;

 Aos Estados Membros

 À política externa e de segurança comum

 À revisão aos Tratados

 À adesão ou saída de Estados Membros

 Ao Espaço de liberdade, segurança e justiça da União

 À coordenação das políticas económicas dos Estados Membros

 Ao emprego
 Conselho da União Europeia

 Quanto à sua organização é uma instituição intergovernamental e o autêntico


órgão político da UE.

 É composto por um representante por Estado, designado por cada Governo ao


nível ministerial, mas, ao contrário de outros órgão, não tem uma composição fixa
e única.

 É formado, por regra, pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros de cada Estado
Membro para as reuniões com assuntos de caráter geral.

 A presidência sempre foi assegurada rotativamente por cada um dos Estados


Membros, por um período de 6 meses, por uma ordem determinada.
 Quanto ao funcionamento as reuniões são, em regra, em Bruxelas e o Conselho
conta com um órgão auxiliar – Comité dos Representantes Permanentes. As
reuniões do Conselho são pontuais, apesar de poderem chegar às 200 por ano, nas
suas diversas formações

 Quanto à competência o Conselho tem funções predominantemente legislativas.


 Comissão Europeia

 É um dos elementos principais da estrutura orgânica da União e representa os interesses


próprios desta, o seu interesse geral, como um verdadeiro órgão supranacional e
verdadeiro “motor” que impulsiona a atividade da União.

 Os seus membros são cidadãos de países que integram a União, mas não devem nortear-
se pela prossecução dos interesses nacionais dos respetivos Estados.

 Quanto à sua organização, a Comissão Europeia é constituída por Comissários, é um


órgão de pessoas escolhidas segundo critérios de independência, emprenho europeu e
competência.

 A Comissão é composta por 27 comissários. E o presidente da Comissão tem funções


próprias de liderança, de caráter político, jurídico e funcional. Ele também é membro
do Conselho Europeu, ainda que sem direito a voto, representa a Comissão perante
terceiros e dirige internamente a instituição
 Quanto ao seu funcionamento, a Comissão é um órgão de indivíduos, de
funcionamento colegial em que as deliberações são adotadas com independência
e por maioria dos seus membros (Art. 250.º do TFUE).

 Cabe ao Presidente da Comissão convocar as reuniões, apreciar a justificação de


faltas, adotar a ordem de trabalhos da reunião, propor outros assuntos e registar o
resultado das deliberações
 Quanto à sua competência, consagra-se o princípio da iniciativa da Comissão nos
atos legislativos (Art. 17.º, n.º2 do TUE) com a auscultação na fase de preparação
das propostas, pelo que deve realizar amplas consultas antes de propor textos
legislativos e publicar os documentos relativos a essas consultas e há casos de
partilha de iniciativa legislativa.

 A comissão é guardiã dos Tratados. E compete-lhe a representação externa da


União Europeia muito embora em muitos domínios ela seja conferida ao Alto
Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança,
que por sua vez é membro da Comissão
 Tribunal da Justiça da União Europeia

 O Tribunal de Justiça da EU é uma jurisdição administrativa interna e uma


verdadeira jurisdição comunitária.

 Com a criação das Comunidades Europeias surgiu um direito novo, autónomo,


nascido dos Tratados institutivos, mas com algumas especificidades em relação ao
Direito Internacional Público Clássico. Uma das especificidades que desde logo
ressalta é a existência de um Tribunal criado pelos Tratados originários e
competente para dirimir quaisquer conflitos de aplicação do direito comunitário,
quer o constante dos Tratados, quer o derivado, que se impõe aos Estados
Membros.

 Com sede no Luxemburgo, é um órgão independente, com uma jurisdição própria


e uma competência exclusiva e determinada pelos Tratados. Como as outras
instituições comunitárias, exerce uma competência por atribuição.
 Entre os tribunais nacionais e o Tribunal de Justiça da União Europeia não existe
uma hierarquia, antes se estabelecem relações de colaboração judiciária. Os
tribunais internos funcionam como tribunais comuns de aplicação do direito
comunitário. E os juízes nacionais são verdadeiros juízes ordinários de direito
comunitário, encarregues da sua aplicação de acordo com a sua competência e
com um papel fundamental no processo de aplicação do direito comunitário
através das questões prejudiciais que permitem ao TJUE pronunciar-se quanto à
interpretação e validade do mesmo.
 Tribunal Geral da União Europeia

 O considerável aumento do número de processos no Tribunal de Justiça deu lugar


à criação de uma outra jurisdição – o Tribunal Geral da União Europeia / Tribunal
de 1.ª Instância.

 Funciona junto ao Tribunal de Justiça Europeu, no Luxemburgo.

 Progressivamente transferiram-se competências para o Tribunal Geral, para tratar


dos processos interpostos pelos particulares (pessoas singulares ou coletivas), sem
prejuízo de possibilidade de recurso para o Tribunal de Justiça, onde se contam
processos de notoriedade pública pela envergadura económica.
 Banco Central Europeu

 Elemento necessário à construção da União Económica e Monetária, o Banco


Central Europeu é hoje uma instituição e uma entidade com personalidade
jurídica e vem previsto em Protocolo relativo aos Estatutos do Sistema Europeu de
Bancos Centrais e do Banco Central Europeu anexo ao Tratado
 Tribunal de Contas Europeu

 O Tribunal de Contas tem por missão fiscalizar as contas da Comunidade Europeia


e velar pela correta aplicação das regras orçamentais das Comunidades,
examinando a totalidade das receitas e despesas sendo constituído por um
nacional de cada Estado Membro, nomeados por um período de 6 anos
(renovável), por deliberação do Conselho tomada por maioria qualificada após
consulta (não vinculativa) do Parlamento Europeu, exercendo as suas funções com
total independência e no interesse geral do Comunidade.
Fontes e Princípios da UE
 Fontes escritas:  Fontes não escritas:
 Direito originário  Princípios gerais comuns aos

direitos dos Estados membros
Tratados institutivos
 Princípios gerais de direito
 Alterações aos tratados
comuns às nações civilizadas
 Outros tratados
 Princípios gerais de Direito
 Direito derivado Internacional
 Fontes obrigatórias  Princípios gerais de Direito da
 Regulamentos União Europeia
 Diretivas  Jurisprudência dos Tribunais
 Decisões Europeus
 Fontes não obrigatórias  Costume
 Recomendações
 Pareceres
 Atos sui generis ou atos atípicos
 Direito complementar dos
Tratados
 Fontes externas do direito da
União Europeia
 Das Fontes Escritas…
 Direito Originário – o direito originário da UE ou primário é, segundo um critério de
fonte formal, o direito criado pelos Estados membros através de tratados internacionais,
constituído pelas normas que criam as Comunidades Europeias e a União Europeia,
conferindo-lhes as suas atribuições e regulando a sua organização e funcionamento
internos, bem como as alterações a estes tratados. Trata-se do direito que criou e
moldou a atual EU, expresso nas normas de diversos tratados internacionais.

 Direito derivado da UE – o direito derivado da UE ou direito secundário é o direito que


resulta dos tratados institutivos, baseia-se nos tratados e implica uma série de
procedimentos aí previstos. É constituído pelos atos adotados pelos órgãos da UE, no
desempenho das competências que os tratados lhe conferem (art. 288.º do TFUE).
 Atos sui generis ou Atos Atípicos – os documentos legislativos são aqueles que são
elaborados ou recebidos no âmbito de procedimentos tendo em vista a aprovação de
atos juridicamente vinculativos.

 Porém, surgem-nos numerosos atos adotados pelas instituições comunitárias uns


previstos por artigos dos tratados e outros ainda que não previstos expressamente pelos
tratados (atípicos porque não previstos no art. 228.º do TFUE), antes nascem da prática
comunitária. Estes atos não estão, por regra, sujeitos ao controlo do Tribunal de Justiça
da UE e podem, em certos casos, ultrapassar as competências dos tratados. Podem ser:
regulamentos internos, atos preparatórios, decisões, comunicações, programas de ação
ou linhas orientadoras, recomendações, código de conduta, entre outros.

 Direito complementar dos Tratados – convenções concluídas pelos Estados em execução


do art. 293.º do TCE.

 Convenções não previstas pelos tratados e celebradas entre os Estados Membros.

 Decisões dos representantes dos Estados Membros reunidos no seio do Conselho são
textos adaptados nas reuniões do Conselho mas com valor de conferência diplomática
 Fontes externas do direito da UE – está aqui em causa o relacionamento entre os
tratados e os demais compromissos internacionais assumidos pelos Estados Membros
assim como a capacidade para a UE concluir acordos internacionais.

 Acordos concluídos pela UE com terceiros Estados

 Tratados concluídos pelos Estados Membros com terceiros Estados ou organizações


internacionais

 Tratados concluídos pelos Estados Membros entre si


 Das Fontes não escritas…
 Princípios gerais comuns aos direitos dos Estados-Membros
 Princípios gerais de direito comuns às nações civilizadas
 Princípios gerais de Direito Internacional
 Princípios gerais de Direito da UE
 Jurisprudência do Tribunal de Justiça do UE
 Costume
Competências da UE
 As instituições da UE têm competências próprias e ainda para controlar o
cumprimento das obrigações dos Estados Membros. Esse controlo é realizado,
nomeadamente, pela Comissão e pelo Tribunal de Justiça da UE (art. 7.º TFUE).

 As competências por atribuição – as competências das instituições da UE são


competências por atribuição. Sendo que estas competências são funcionais, uma vez
que as instituições têm poderes e meios de ação conferidos para a realização de
determinados fins. As suas atribuições são específicas e não gerias. Aliás, em cada
matéria o Tratado determina as atribuições das instituições, que não se presumem.
 A correção do princípio das competências por atribuição – pode acontecer que seja
necessário levar a cabo determinada ação para realizar os objetivos da UE e essa
medida não caiba no âmbito das competências atribuídas às instituições. A UE não pode
criar a sua própria competência, mas desde cedo admitiu que a falta de previsão de
competência ou dos mecanismos de ação não voluntária permite a integração de lacunas
do próprio direito originário, apontando a doutrina alguns mecanismos por esta ordem:

 Teoria das competências implícitas; e

 Recurso ao art. 352.º do TFUE


 Teoria das competências implícitas – o princípio das competências implícitas ou dos
poderes implícitos afirma que uma organização internacional deverá ter todas as
competências que sejam necessárias ou convenientes à prossecução dos seus fins. Ou
seja, trata-se de uma forma de interpretação extensiva dos tratados: uma
competência que decorre dos tratados, ainda que implicitamente, é uma
competência prevista no tratado.

 Recurso ao art. 352.º do TFUE – para aplicação deste artigo terão de estar
verificados alguns requisitos, designadamente,
 Supõe o envolvimento dos órgãos da UE de direção (Conselho, Comissão Europeia e
Parlamento Europeu)

 Deliberação final do Conselho

 Decisão tomada por unanimidade

 Relação a adoção de disposições juridicamente apropriadas


Relações entre o Direito da UE e o
Direito Interno
 Relações de substituição, harmonização, coordenação e coexistência

 A integração do Direito da UE na ordem jurídica interna

 O efeito direto do Direito da UE

 O primado do Direito da UE

 A autonomia do Direito da UE

 A interpretação e aplicação uniforme do Direito da UE

 Relações entre o Direito da UE e o Direito português


 Relações entre o Direito da UE e o Direito Interno
 Entre a ordem jurídica nacional e a ordem jurídica da UE podem existir vários tipos de relações:

 Relações de substituição – onde o Direito dos Estados Membros pode ser substituído pelo direito
originário ou derivado da UE que irá ocupar o lugar que antes era ocupado pelas normas nacionais.

 Relações de harmonização – subsiste o Direito da UE junto com o Direito Interno, devendo haver uma
aproximação deste face à legislação da UE. O Direito Nacional é modificado e alterado alinhando-se pelas
conceções da União com a harmonização de legislações através da utilização de diretivas.

 Relações de coordenação – o Direito da UE influencia o direito nacional dos diferentes Estados Membros.
São estabelecidas relações e ajustamentos entre as diferentes legislações nacionais. A legislação nacional
mantém a sua autonomia obedecendo a interesses e princípios próprios, variando de Estado para Estado.

 Coexistência de legislações – há coexistências de legislações entre a ordem jurídica da UE e a ordem


jurídica dos Estados Membros sem que uma interfira na outra. É o que acontece em matéria de direito da
concorrência, em que há uma competência concorrente entre a União Europeia e os Estados, que regulam
as mesmas relações mas com dimensões e preocupações diferentes, de forma que cada um desempenha
uma função própria, não estando mesmo excluída a sua aplicação simultânea.
 A integração do Direito da UE na ordem jurídica interna
 A integração do direito da UE na ordem jurídica interna tem a ver com as relações
anteriores e encontram-se, aqui, duas doutrinas que se opõem:

 Doutrina Monista – em que as regras de direito internacional aplicam-se na ordem jurídica


interna sem necessidade de receção ou transformação pelo direito interno. Em caso de conflito
permanecem as normas de direito internacional

 Doutrina Dualista – que defende que a ordem jurídica internacional e as ordens jurídicas
nacionais são independentes e separadas, não sofrendo qualquer influência mútua. Para um
tratado produzir efeitos na ordem jurídica interna tem que ser recebido ou incorporado no
direito interno.

 A doutrina adotada no direito da UE é a doutrina monista em que o direito da UE


integra-se na ordem jurídica dos Estados sem qualquer cláusula de receção.
 O efeito direto do Direito da UE
 Para alguns autores a aplicabilidade direta em sentido formal ou efeito imediato é a
suscetibilidade de uma disposição produzir efeitos na esfera interna dos Estados
Membros sem ter de ser incorporada nos textos legislativos ou regulamentares internos.

 Já a aplicabilidade direta em sentido material ou efeito direito é a suscetibilidade de


uma disposição ser aplicada pelos Tribunais na ordem interna e poder ser invocada pelos
particulares perante os Tribunais quer contra outros particulares (efeito horizontal),
quer contra o Estado (efeito vertical)

 Apesar desta questão terminológica, iremos usar indistintamente a aplicabilidade direta


e o efeito direto.

 Segundo o Direito Internacional Público, um tratado não cria diretamente para os


particulares direitos e obrigações. Os seus destinatários são os Estados contratantes ou
aderentes e as organizações internacionais.
 Uma disposição de Direito da União Europeia tem efeito direto vertical quando cria
direitos subjetivos para os particulares e pode ser invocada perante os órgãos
jurisdicionais ou outras autoridades internacionais. Se pode ser invocada contra outros
particulares diz-se que produz efeito direto horizontal.

 Para que uma norma de Direito da União Europeia produza efeito direto é necessário
que seja clara e precisa, incondicional, completa e juridicamente perfeita.

 Pela sua natureza e função e nos termos do art. 288.º do TFUE, o regulamento produz
efeito direto e é diretamente aplicável.

 O regulamento é diretamente aplicável em sentido formal porque, para produzir


efeitos, não precisa nem pode ser incorporado no Jornal Oficial de cada país.

 O regulamento é aplicado não como direito interno, mas como direito da União
Europeia.
 Em sentido material, o regulamento é diretamente aplicável porque cria direito e
obrigações para todos os interessados, podendo e devendo ser aplicado pelo juiz
nacional. Dada a sua natureza, o efeito direto tanto pode ser vertical como horizontal.
De acordo com o conteúdo do regulamento, este pode criar direito e obrigações para os
Estados Membros bem como para os particulares.

 Por força do art. 288.º do TFUE, as decisões dirigidas aos particulares, normalmente
agentes económicos, pela sua natureza e efeito, tal como os regulamentos são
aplicáveis produzindo efeito direto e vertical. Estas decisões criam direitos e obrigações
para os seus destinatários, podendo também criar direitos para terceiros.

 Todos os casos que as disposições de uma diretiva aparecem como incondicionais e


suficientemente precisas, os particulares podem invoca-las contra o Estado, quer
quando este se abstém de a transpor no prazo previsto, quer quando faz uma
transposição incorreta.
 O primado do Direito da UE
 O primado do Direito da União Europeia é a prevalência hierárquica do direito da União
Europeia originário ou derivado sobre qualquer regra de direito nacional, quer anterior
quer posterior, de natureza constitucional ou infra constitucional.

 Se os Estados Membros não o fizerem incorrem na sanção a que se refere os art.258.º a


260.º do TFUE.

 Por um lado, o direito da União Europeia deve ser uniformemente interpretado e aplicado,
sob pena de os mesmos cidadãos da UE terem direitos e obrigações diferentes conforme o
país onde se encontrem. Deve ser obrigatório, em igual medida, em todos os países
membros. A natureza do direito da União Europeia perder-se-ia se qualquer Estado pudesse
subtrair-se aos seus comandos, paralisando os seus efeitos. Por outro lado, na natureza da
UE repousa na limitação dos poderes soberanos dos Estados Membros. Se assim é, os
Estados Membros têm que se sujeitar à ordem jurídica por eles criada.

 Em síntese, o direito da UE prevalece sempre sobre o direito interno qualquer que seja a
sua fonte ou origem
 O juiz nacional deve interpretar as normas do direito à luz do direito da UE. O primado
do direito comunitário impõe-se a todos os órgãos dos Estados Membros, incluindo os
tribunais.

 O órgão jurisdicional nacional encarregado de aplicar, no âmbito da sua competência, as


disposições de direito da UE deve garantir a plena eficácia dessas normas, se necessário
não aplicando, por sua iniciativa, qualquer disposição contrária da legislação nacional,
sem que tenha solicitar ou aguardar a sua revogação pela via legislativa ou pelo
processo constitucional adequado.
 A autonomia do Direito da UE
 O direito da UE é um direito autónomo, distinto quer do direito interno dos Estados Membros, quer do
direito internacional. A sua autonomia é fundamento do primado e da sua aplicabilidade direta. É em
virtude do princípio da autonomia que o Tribunal não anula atos legislativos ou administrativos de
qualquer Estado Membro e não decide nem interpreta questões de direito nacional. As relações entre
o TJUE e os tribunais nacionais são relações de colaboração e de cooperação horizontal.

 O direito da UE é também autónomo face ao direito internacional. A ordem jurídica internacional


funda-se na ideia de cooperação enquanto a ordem jurídica comunitária se funda na ideia de
integração. O direito internacional é um direito convencional. Sendo convencional, na sua origem, por
ter a sua fonte nos tratados, é desenvolvido pelas instituições da UE e tem qualidades próprias.

 Se um Estado não cumprir os Tratados ou o direito derivado não pode outro Estado, eventualmente
prejudicado, deixar de cumprir a parte que lhe cabe. Deve levantar a questão no Conselho, fazer
queixa à Comissão ou mesmo demandar o seu par no TJUE.

 O tribunal exclui o recurso aos princípios do direito internacional público geral quando tais princípios
lhe pareçam incompatíveis com a natureza jurídica, a estrutura institucional ou os objetivos da UE.
 A interpretação e aplicação uniforme do Direito da UE
 O TJUE tem o monopólio da interpretação do direito da UE para que este seja
uniformemente aplicado pelos tribunais nacionais que são tribunais comuns de aplicação
do direito da UA. As relações entre os tribunais internos e o TJUE são relações de
cooperação e não relações de hierarquia. Daí que o TJUE não seja um tribunal de
recurso das sentenças dos tribunais nacionais.

 O TJUE interpreta as disposições dos Tratados de forma a assegurar a prioridade das


disposições específicas sobre as disposições gerais.

 As autoridades nacionais, administrativas e legislativas, participam na aplicação das


disposições da UE, tendo o dever de colaborar com a União. A Comissão zela pela
aplicação uniforme do Direito da União Europeia
 Relações entre o Direito da UE e o Direito português
 Com exceção da Holanda (Países Baixos), num primeiro momento nenhum Estado
Membro reconheceu um primado absoluto e incondicional do Direito da União Europeia
sobre o direito nacional.

 A questão das relações entre o direito português e o direito da UE resolve-se


essencialmente através do art. 8.º da CRP.

 A CRP não admite a superioridade do direito convencional face à Constituição.

 Como conclusão, a CRP não admite o primado do direito da UE sobre as sua próprias
normas (constitucionais), sujeitando-o ao controle eventual de constitucionalidade.
 O art. 8.º, n.º3 da CRP admite o primado do direito derivado da EU mas sobre as
próprias leis ordinárias, abaixo da CRP, desde que aquelas sejam diretamente aplicáveis
ou produzam efeito direto.

 A CRP é favorável ao acatamento, na ordem publica interna, do primado do direito


internacional público sobre as normas ordinárias e favorável à aceitação da primazia do
direito da UE tanto originário como derivado sobre a legislação ordinária (art. 8.º, n.º3
da CRP). Mas a CRP proclama a proeminência absoluta dos princípios e disposições
constitucionais sobre toda a norma que se lhe oponha, qualquer que seja a sua origem.
É certo que Portugal se obrigou no Tratado de Adesão a acatar sem reservas a primazia
do direito da UE, mas os Tratados de Adesão são convenções internacionais sujeitas
como qualquer outra ao controlo jurisdicional previsto no art. 280.º, n.º3 da CRP.

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