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O TRATADO DE LISBOA

Esta ficha apresenta os antecedentes e as disposições essenciais do Tratado


de Lisboa, de modo a contextualizar historicamente a emergência deste último
texto fundamental da UE face aos precedentes. As disposições específicas (com
remissões para os artigos) e os respetivos efeitos para a União Europeia são
explicados com mais pormenor nas fichas seguintes, que abordam políticas e
matérias específicas.

BASE JURÍDICA
Tratado de Lisboa que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que institui a
Comunidade Europeia (JO C 306 de 17.12.2007); entrou em vigor em 1 de dezembro
de 2009.

ANTECEDENTES
O Tratado de Lisboa começou por ser um projeto de natureza constitucional lançado
no final de 2001 (Declaração do Conselho Europeu sobre o Futuro da União Europeia,
ou Declaração de Laeken), tendo sido seguido, em 2002 e 2003, pela Convenção
Europeia que elaborou o projeto de Tratado que estabelece uma Constituição para
a Europa (Tratado constitucional) (ver ficha 1.1.4). O processo que conduziu ao
Tratado de Lisboa teve origem no resultado negativo de dois referendos sobre o
Tratado constitucional realizados em maio e junho de 2005, tendo então o Conselho
Europeu reagido decidindo que fosse declarado um «período de reflexão» de dois
anos. Finalmente, com base na Declaração de Berlim de março de 2007, o Conselho
Europeu de 21 a 23 de junho de 2007 aprovou um mandato mais preciso com vista a
uma posterior Conferência Intergovernamental (CIG), a realizar durante a Presidência
portuguesa. A CIG concluiu os seus trabalhos em outubro de 2007 e o Tratado foi
assinado no Conselho Europeu de Lisboa de 13 de dezembro de 2007, tendo sido
ratificado por todos os Estados-Membros.

CONTEÚDO
A. Objetivos e princípios jurídicos
O Tratado que institui a Comunidade Europeia passa a designar-se «Tratado
sobre o Funcionamento da União Europeia» (TFUE), sendo o termo «Comunidade»
substituído por «União» ao longo do respetivo texto. A União toma o lugar da
Comunidade, sendo a sua sucessora legítima. O Tratado de Lisboa não atribui à União
símbolos próprios de Estados, tais como uma bandeira ou um hino. Embora já não se

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1. Relação do processo legislativo ordinário e as competências
acórdãos
No âmbito do Direito da União Europeia, o processo legislativo ordinário
é regulado pelo Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE), que
estabelece os procedimentos a serem seguidos para a adoção de atos
legislativos da UE. O processo legislativo ordinário é aplicável a todos os atos
legislativos da UE, como os regulamentos, as diretivas e as decisões.
O processo legislativo ordinário da UE é composto por três fases
principais: a proposta, a negociação e a adoção. Durante a fase de proposta, a
Comissão Europeia apresenta uma proposta legislativa ao Parlamento Europeu
e ao Conselho da União Europeia. Durante a fase de negociação, o Parlamento
Europeu e o Conselho da UE discutem e negociam a proposta, a fim de chegar
a um acordo sobre o texto final do ato legislativo. Finalmente, durante a fase de
adoção, o ato legislativo é adotado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho
da UE e entra em vigor.
Os acórdãos do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) podem
ter uma influência significativa nas competências do processo legislativo
ordinário da UE. O TJUE é responsável por interpretar e aplicar o direito da UE,
incluindo os atos legislativos adotados no âmbito do processo legislativo
ordinário. Se uma instituição da UE violar as competências atribuídas a ela
pelos Tratados, o TJUE pode ser chamado a intervir e tomar uma decisão que
possa afetar o processo legislativo em questão.
Por exemplo, o TJUE pode ser chamado a decidir sobre a validade
jurídica de uma proposta legislativa ou de uma medida adotada no âmbito do
processo legislativo ordinário, se houver uma disputa legal em relação à sua
conformidade com os Tratados. Nesse caso, o acórdão do TJUE pode
influenciar o processo legislativo em andamento, obrigando as instituições da
UE a revisar ou ajustar o texto proposto ou adotado em conformidade com as
decisões do TJUE.

2. Processo de evolução de construção europeia abordando o tratado de


Maastricht.
O processo de construção europeia começou logo após a Segunda
Guerra Mundial, com o objetivo de unir os países europeus em prol da paz e da
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estabilidade econômica. A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA),
fundada em 1951, foi a primeira instituição a ser criada com esse propósito.
Posteriormente, foi criada a Comunidade Econômica Europeia (CEE), em 1957,
e a Comunidade Europeia da Energia Atômica (EURATOM), com o objetivo de
desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos.
O Tratado de Maastricht, assinado em 1992, representa uma etapa
importante na evolução do processo de construção europeia, pois consolidou
as três comunidades anteriores em uma única entidade, a União Europeia
(UE). O tratado estabeleceu a criação de uma união econômica e monetária, a
adoção de uma política externa e de segurança comum, além da cooperação
em questões como justiça e assuntos internos.
No âmbito do direito da União Europeia, o Tratado de Maastricht trouxe
mudanças significativas, tais como a criação da cidadania europeia e do
Tribunal de Justiça da União Europeia. Além disso, o tratado estabeleceu o
princípio da subsidiariedade, segundo o qual a UE só deve intervir em questões
em que os Estados membros não têm competência exclusiva.
No que se refere às competências dos acórdãos, o Tratado de
Maastricht reforçou o papel do Tribunal de Justiça da União Europeia como
órgão responsável por garantir a uniformidade na interpretação e aplicação do
direito da União Europeia pelos Estados membros. O tribunal possui a
competência para interpretar o direito da União Europeia e decidir em questões
que lhe são submetidas pelos Estados membros ou por cidadãos europeus. As
suas decisões têm efeito vinculativo para todos os Estados membros e para
todas as autoridades nacionais.
Em resumo, o Tratado de Maastricht foi um marco importante na
evolução do processo de construção europeia, consolidando as três
comunidades anteriores em uma única entidade, a UE. No âmbito do direito da
União Europeia, o tratado estabeleceu o princípio da subsidiariedade e reforçou
o papel do Tribunal de Justiça da União Europeia como órgão responsável por
garantir a uniformidade na interpretação e aplicação do direito da União
Europeia pelos Estados membros. As suas decisões têm um papel
fundamental na definição do direito europeu e na garantia da sua aplicação
uniforme em toda a UE.

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3. Distinção entre Direito da UE do Direito Internacional.
O Direito da União Europeia (UE) é um sistema jurídico autônomo e
distinto do Direito Internacional Público (DIP). Embora haja alguma
sobreposição entre os dois sistemas jurídicos, existem diferenças significativas
que distinguem o Direito da UE do DIP.
Em primeiro lugar, a UE é uma organização supranacional com poderes
e competências específicas, que foram delegados pelos Estados-Membros. O
Direito da UE é criado através de um processo legislativo e judicial específico,
que é diferente do processo de criação do Direito Internacional
Em segundo lugar, o Direito da UE é caracterizado pela sua aplicação
direta e uniforme em todos os Estados-Membros. Isso significa que as normas
jurídicas da UE têm primazia sobre as normas jurídicas nacionais dos Estados-
Membros e devem ser aplicadas por todos os tribunais nacionais.
Por fim, o Direito da UE é um sistema jurídico integrado, que abrange
diversos campos do direito, desde o direito comercial ao direito ambiental. O
DIP, por outro lado, é composto por um conjunto de normas que regem as
relações entre Estados soberanos e as organizações internacionais.
Em resumo, o Direito da UE é um sistema jurídico autônomo que tem
suas próprias regras, instituições e procedimentos. Embora haja alguma
sobreposição com o Direito Internacional, as duas áreas do direito são distintas
e possuem características próprias que as diferenciam.

4. Competências da União europeia e os seus princípios.


As competências da União Europeia são divididas em três categorias:
competências exclusivas, competências compartilhadas e competências de
apoio. As competências exclusivas da UE incluem a política comercial com
países terceiros, a união aduaneira, a conservação dos recursos biológicos do
mar, a política monetária para países que adotaram o euro, a conservação da
fauna e flora selvagens e a política de concorrência.
As competências compartilhadas incluem a política social, a política
ambiental, a política de transportes, a política de energia, a política de
investigação e desenvolvimento e a política de ajuda humanitária. As
competências de apoio incluem a promoção de atividades culturais,
educacionais e de juventude, a proteção civil, a saúde pública e a cooperação 4

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policial e judiciária em matéria penal.
Os princípios fundamentais da União Europeia são a liberdade, a
democracia, o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais
e o Estado de Direito. Esses princípios são consagrados no Tratado da União
Europeia e nos valores da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.
A liberdade inclui a liberdade de circulação de pessoas, bens, serviços e
capitais, bem como a liberdade de estabelecimento em qualquer Estado-
Membro da UE. A democracia é garantida pelo Parlamento Europeu, pelo
Conselho da UE e pela Comissão Europeia, que são eleitos ou nomeados
pelos cidadãos da UE ou pelos governos dos Estados-Membros.
O respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais é
protegido pela Carta dos Direitos Fundamentais da UE, que garante direitos
como a igualdade perante a lei, a liberdade de expressão, a proteção de dados
pessoais e a proibição da discriminação com base em raça, religião, orientação
sexual, entre outros.
O Estado de Direito garante que as leis são aplicadas de forma justa e
igual para todos os cidadãos da UE, independentemente da sua origem ou
posição social. Os tribunais da UE, incluindo o Tribunal de Justiça da União
Europeia, garantem a aplicação e interpretação correta das leis da UE.

5. Os princípios de subsidiariedade e proporcionalidade UE.


Os princípios de subsidiariedade e proporcionalidade são fundamentais
no direito da União Europeia (UE) e têm sido constantemente reafirmados
desde o Tratado de Maastricht em 1992. O princípio de subsidiariedade é
baseado na ideia de que as decisões devem ser tomadas no nível mais
adequado, ou seja, devem ser tomadas pela UE apenas se não puderem ser
tomadas de forma mais eficaz por um Estado-Membro ou por uma autoridade
regional ou local. Isso significa que a UE deve atuar apenas em áreas onde
seus objetivos não podem ser alcançados de forma suficientemente eficaz
pelos Estados-Membros, seja em nível nacional, regional ou local.
O objetivo do princípio de subsidiariedade é garantir que as decisões
sejam tomadas o mais próximo possível dos cidadãos da UE, a fim de garantir
que as políticas e regulamentações da UE sejam adequadas às necessidades
e interesses locais. Ele também visa garantir a eficiência da UE, evitando 5

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intervenções desnecessárias ou excessivas nas áreas de competência dos
Estados-Membros.
Já o princípio de proporcionalidade implica que as medidas adotadas
pela UE devem ser adequadas e necessárias para alcançar seus objetivos,
sem ir além do que é estritamente necessário. A UE deve escolher os meios
mais adequados para alcançar seus objetivos e garantir que esses meios
sejam proporcionais aos objetivos visados, sem exceder o necessário para
alcançá-los.
O objetivo do princípio de proporcionalidade é garantir que a UE não
adote medidas excessivas ou desproporcionais em relação aos objetivos que
deseja alcançar. As medidas devem ser cuidadosamente avaliadas, a fim de
determinar se são necessárias e proporcionais em relação aos objetivos
visados.
Ambos os princípios são importantes para garantir que a UE atue de
maneira eficaz e eficiente, respeitando as competências dos Estados-Membros
e levando em consideração as necessidades e interesses locais. Eles também
têm um papel importante na proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos
da UE, garantindo que as políticas e regulamentações da UE não afetem esses
direitos de maneira desproporcional ou excessiva.

6. Repartição de competências entre a união europeia e os estados-


membros e dentro das instituições da união europeia.
A repartição de competências entre a União Europeia (UE) e os Estados
membros é definida pelos Tratados da UE. De acordo com o princípio da
atribuição, a UE tem apenas as competências que lhe são atribuídas pelos
Tratados, enquanto os Estados membros têm todas as competências que não
foram atribuídas à UE.

Existem três tipos de competências da UE: exclusivas, compartilhadas e


de apoio. As competências exclusivas são aquelas em que a UE tem o
monopólio da regulação e ação, como é o caso da política comercial com
países terceiros. As competências compartilhadas são aquelas em que a UE e
os Estados membros têm a capacidade de agir em conjunto, como é o caso da
política ambiental. Por fim, as competências de apoio são aquelas que a UE só 6

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pode agir para apoiar ou complementar as ações dos Estados membros, como
é o caso da política de saúde. Já a repartição de competências dentro das
instituições da UE é definida pelos próprios Tratados. A Comissão Europeia é
responsável pela iniciativa legislativa, apresentando propostas de atos
legislativos da UE. O Parlamento Europeu, juntamente com o Conselho da
União Europeia, é responsável pela aprovação desses atos legislativos. Já o
Tribunal de Justiça da União Europeia é responsável por interpretar e aplicar o
direito da UE.
O princípio da subsidiariedade, por sua vez, é um dos princípios
fundamentais da UE que define que a UE deve atuar apenas quando os
objetivos da ação proposta não podem ser alcançados eficazmente pelos
Estados membros, seja a nível nacional, regional ou local. Em outras palavras,
a UE só deve agir quando sua intervenção é necessária e justificável, e os
Estados membros são os principais responsáveis pela tomada de decisão e
implementação de políticas.
Já o princípio da proporcionalidade define que a ação da UE deve ser
proporcional aos objetivos que se pretende alcançar, ou seja, a ação da UE
deve ser adequada e necessária para atingir o objetivo proposto, sem
ultrapassar os limites do necessário. Em outras palavras, a ação da UE deve
ser proporcional aos meios disponíveis para alcançar seus objetivos e não
deve ir além do que é necessário para alcançar esses objetivos.

7. A importância do princípio do primado e efeito direto a relacionar com


os acórdãos relativos ao direito da UE.
O princípio do primado do Direito da União Europeia é um dos princípios
fundamentais do sistema jurídico da UE. Esse princípio estabelece que o
Direito da União Europeia prevalece sobre o Direito nacional dos Estados-
membros. Isso significa que, caso haja conflito entre as normas do Direito da
União Europeia e as normas do Direito nacional, as normas do Direito da União
Europeia devem ser aplicadas. Isso assegura a uniformidade da aplicação do
Direito da UE em todos os Estados-membros e a coesão do mercado único
europeu.
O princípio do efeito direto, por sua vez, estabelece que os cidadãos e
as empresas dos Estados-membros podem invocar diretamente perante os 7

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tribunais nacionais os direitos conferidos pelas normas do Direito da União
Europeia. Isso significa que, caso haja uma norma do Direito da União
Europeia que conceda um direito a um cidadão ou empresa, esse direito pode
ser diretamente invocado perante os tribunais nacionais, sem a necessidade de
se aguardar a transposição da norma para o Direito nacional. Isso garante a
proteção efetiva dos direitos conferidos pelo Direito da União Europeia aos
cidadãos e empresas.
Em relação aos acórdãos relativos ao Direito da União Europeia, o
princípio do primado do Direito da União Europeia é fundamental, uma vez que
garante a uniformidade da aplicação do Direito da UE em todos os Estados-
membros. Já o princípio do efeito direto é importante porque permite que os
cidadãos e empresas possam invocar diretamente seus direitos perante os
tribunais nacionais, independentemente da transposição da norma para o
Direito nacional. Dessa forma, esses princípios contribuem para a proteção e
efetividade do Direito da União Europeia.

8. Explicar aprofundadamente o processo de evolução da União europeia


mencionando o tratado de Maastricht.
R: A União Europeia (UE) é um bloco econômico e político composto por 27
países membros localizados principalmente na Europa. O processo de
evolução da UE tem suas raízes na formação da Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço (CECA) em 1951, seguida da formação da Comunidade
Econômica Europeia (CEE) em 1957. A CEE foi criada com o objetivo de
promover a cooperação econômica entre seus membros, e desde então a
integração europeia tem se aprofundado em várias áreas, incluindo políticas
comuns em relação ao comércio, meio ambiente, energia, justiça e assuntos
internos, entre outros.
O Tratado de Maastricht foi um marco importante na evolução da UE,
sendo assinado em 1992 e entrando em vigor em 1993. O tratado estabeleceu
as bases para a criação da União Europeia, que substituiu a Comunidade
Europeia. O Tratado de Maastricht foi o resultado de muitos anos de
negociações e discussões entre os países membros da Comunidade Europeia,
com o objetivo de aprofundar a integração europeia em várias áreas.
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O Tratado de Maastricht estabeleceu três pilares para a União Europeia:
União Econômica e Monetária (UEM): O objetivo deste pilar era
estabelecer uma moeda única para a Europa, o Euro, e coordenar as políticas
econômicas entre os países membros da UE.
Política Externa e de Segurança Comum (PESC): Este pilar tem como
objetivo coordenar as políticas externas e de segurança entre os países
membros da UE, incluindo questões como defesa, comércio e relações
internacionais. Cooperação em assuntos de justiça e assuntos internos: Este
pilar tem como objetivo melhorar a cooperação entre os países membros da
UE em questões relacionadas à justiça, imigração e outros assuntos internos.
O Tratado de Maastricht também estabeleceu várias outras políticas
importantes da UE, incluindo a cidadania europeia, que permitiu aos cidadãos
da UE viver, trabalhar e estudar livremente em qualquer país da UE, e a
criação da Comissão Europeia, que é responsável pela implementação das
políticas da UE.
Desde a assinatura do Tratado de Maastricht, a UE continuou a evoluir e
expandir suas políticas e atividades em várias áreas. A UE também enfrentou
desafios, como o Brexit, e tem trabalhado para lidar com questões como a crise
financeira e migratória. Em geral, a União Europeia tem sido vista como um
modelo de integração regional bem-sucedido e tem contribuído
significativamente para a estabilidade e prosperidade da Europa e do mundo.

9. Dicotomia entre aprofundamento e alargamento.


R: A dicotomia entre o aprofundamento e o alargamento é um tema comum na
discussão sobre o futuro da União Europeia (UE). Ela se refere à tensão
existente entre o aprofundamento da integração entre os países membros da
UE, por um lado, e o alargamento da UE, ou seja, a admissão de novos países
membros, por outro.
O aprofundamento da integração entre os países membros da UE
envolve a criação de políticas comuns em várias áreas, como comércio, meio
ambiente, energia, justiça e assuntos internos, entre outros. Essas políticas
comuns exigem uma maior cooperação entre os países membros da UE e, em
alguns casos, a transferência de soberania nacional para a UE. O objetivo do
aprofundamento da integração é criar uma União Europeia mais integrada e 9

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eficaz, capaz de enfrentar os desafios globais e proteger os interesses dos
seus cidadãos.
Por outro lado, o alargamento da UE envolve a admissão de novos
países membros. Desde a sua criação, a UE tem crescido de seis países
membros para os atuais 27. O alargamento é visto como uma forma de
fortalecer a UE, trazendo novos membros que compartilham os valores e
objetivos da UE. No entanto, o alargamento também pode criar desafios para a
UE, especialmente em termos de lidar com as diferenças culturais e políticas
entre os países membros. A tensão entre o aprofundamento e o alargamento é
uma questão complexa, que pode gerar diferentes pontos de vista entre os
países membros da UE. Alguns argumentam que a UE deve se concentrar no
aprofundamento da integração antes de considerar novos membros. Outros
argumentam que a UE deve continuar a se expandir para fortalecer sua
posição no cenário mundial.
Em geral, a dicotomia entre o aprofundamento e o alargamento não é
uma escolha binária entre um ou outro. Em vez disso, a UE deve encontrar um
equilíbrio adequado entre o aprofundamento e o alargamento, que leve em
consideração os benefícios e desafios de ambos. A UE deve continuar a se
esforçar para se tornar uma União mais integrada e eficaz, ao mesmo tempo
em que trabalha para fortalecer sua posição como um bloco econômico e
político global.

10. As competências da união europeia e os estados-membros


referenciando o princípio da proporcionalidade e subsidiariedade.
R: O princípio da subsidiariedade é um dos princípios fundamentais da União
Europeia (UE). Ele estabelece que as decisões devem ser tomadas o mais
próximo possível dos cidadãos, ou seja, que a UE só deve agir quando os
objetivos não possam ser alcançados de forma eficaz pelos Estados membros.
Já o princípio da proporcionalidade estabelece que a ação da UE não pode ir
além do que é necessário para atingir seus objetivos.
Com base nesses princípios, as competências da UE e dos Estados
membros são estabelecidas no Tratado de Funcionamento da União Europeia
(TFUE). O TFUE estabelece três tipos de competências: exclusivas,
compartilhadas e de apoio. 10
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As competências exclusivas da UE são aquelas em que a UE tem o
poder exclusivo para tomar decisões. Estas incluem, por exemplo, a política
comercial com países terceiros, a política de concorrência e a política
monetária. Nesses casos, os Estados membros não podem tomar decisões
separadamente.
As competências compartilhadas são aquelas em que a UE e os
Estados membros têm o poder de tomar decisões, mas a UE tem a
responsabilidade de coordenar a ação dos Estados membros. Estas incluem,
por exemplo, a política agrícola e a política ambiental. Aqui, os Estados
membros podem tomar decisões, mas devem respeitar as decisões tomadas
pela UE. As competências de apoio são aquelas em que a UE pode apoiar,
coordenar ou complementar a ação dos Estados membros. Estas incluem, por
exemplo, a política de saúde e a política de educação. Nesses casos, os
Estados membros têm o poder de tomar decisões, mas a UE pode oferecer
apoio e coordenação para garantir que as políticas sejam eficazes.
Em todas as áreas de competência, a UE deve agir de acordo com os
princípios da subsidiariedade e proporcionalidade. Isso significa que a UE deve
respeitar a autonomia dos Estados membros e intervir apenas quando
necessário, garantindo que suas ações não ultrapassem o que é necessário
para alcançar seus objetivos. Esses princípios são fundamentais para garantir
que a UE e os Estados membros trabalhem juntos de forma eficaz e eficiente
para alcançar seus objetivos comuns.

11. Processo de génese da UE.


R: A evolução da União Europeia (UE) é um processo complexo que envolve
diversas fases e marcos históricos importantes. A seguir, vamos explicar de
forma mais aprofundada a gênese e a evolução da UE:
Pós-Segunda Guerra Mundial: a UE tem suas raízes no pós-Segunda
Guerra Mundial, quando a Europa estava devastada e dividida. A ideia de uma
união europeia surgiu como uma forma de garantir a paz e a prosperidade na
região, através de uma maior cooperação e integração entre os países
europeus.
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA): em 1951, seis
países europeus (França, Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Holanda e 11

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Luxemburgo) assinaram o Tratado de Paris, que estabeleceu a CECA. O
objetivo era criar um mercado comum para o carvão e o aço, que eram
recursos essenciais para a reconstrução da Europa pós-guerra. Comunidade
Econômica Europeia (CEE) e Comunidade Europeia da Energia Atômica
(Euratom): em 1957, os mesmos seis países assinaram o Tratado de Roma,
que estabeleceu a CEE e a Euratom. A CEE tinha como objetivo criar um
mercado comum para todos os produtos, enquanto a Euratom tinha como
objetivo promover o uso pacífico da energia atômica na Europa.
Ampliação e aprofundamento: ao longo das décadas seguintes, a UE
cresceu com a adesão de novos membros e a ampliação de suas
competências. O Tratado de Maastricht, assinado em 1992, estabeleceu a UE
como uma entidade política e econômica, com uma moeda única, o euro, e a
criação de uma política externa e de segurança comum.
Novas políticas e instituições: desde então, a UE tem continuado a se
expandir e aprofundar sua integração, através da criação de novas políticas e
instituições, como a Política Agrícola Comum, o Espaço Schengen, o Acordo
de Paris sobre Mudança Climática e a criação da Agência Europeia de Defesa.
Alargamento: A UE também cresceu através do alargamento, com a
adesão de novos países membros. Em 2004, dez novos países, principalmente
do Leste Europeu, foram admitidos na UE. Em 2007, mais dois países foram
admitidos, e em 2013, a Croácia se tornou o mais recente país a aderir à UE.
Desafios atuais: a UE enfrenta atualmente uma série de desafios, como
o Brexit, a crise dos refugiados, a ameaça do terrorismo, a instabilidade
econômica e a ascensão do populismo. No entanto, a UE continua a trabalhar
para superar esses desafios e manter sua posição como uma das maiores
potências econômicas e políticas do mundo.
Em resumo, a evolução da UE é um processo contínuo, que tem suas
raízes na busca por paz e prosperidade no pós-guerra, e que tem evoluindo
através da ampliação e aprofundamento de suas competências, políticas e
instituições, bem como do alargamento com a adesão de novos países
membros. Ao longo das décadas, a UE se tornou uma entidade política e
econômica complexa, com um mercado comum, uma moeda única, políticas e
regulamentações comuns, além de uma política externa e de segurança
comum. O princípio da subsidiariedade e proporcionalidade tem sido 12

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fundamental para a divisão de competências entre a UE e os Estados
membros, garantindo que as decisões sejam tomadas no nível mais
apropriado.
Apesar dos desafios atuais, a UE continua a ser uma referência para a
cooperação internacional e a defesa dos direitos humanos e dos valores
democráticos. Além disso, a UE é um ator importante no cenário internacional,
promovendo a cooperação global e liderando esforços para enfrentar desafios
globais como as mudanças climáticas, a pobreza e a desigualdade.

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