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Princípios estruturantes

Servem de fundamento à cultura jurídica europeia:


➔ Estado de Direito
➔ Democracia
➔ Direitos Fundamentais
Princípios gerais do Direito da União Europeia, ou seja, princípios direta ou indiretamente
inscritos nos Tratados constitutivos. Estes constituem uma referência normativa que advém
da própria ideia de União de Direito e informam materialmente os atos do poder político
europeu.

Jurisprudência Principialista do TJUE

É através desta que se capta o atual sentido e efeito destes princípios. Na verdade, o Tribunal
de Justiça da União Europeia resolve o caso concreto recorrendo ao manuseamento dos
princípios adequando-os ao caso em questão.
Gomes Canotilho: defende uma jurisprudência que diz o caso concreto através do
manuseamento da aplicação dos princípios. Ressalva-se aqui, que não se pode ou deve
desprezar as regras jurídicas precisas e densas, no entanto evidências o papel relevante que os
princípios possuem.
Zabrebelsky afirma que tal visão principialista derivaria das exigências das sociedades
pluralistas e multiculturais da atualidade, uma vez que os princípios proporcionam
substantividade ao sistema jurídico. Para este os princípios não são mais do que obra do
artifício humano na tentativa de positivar conteudisticamente a ideia de justiça. Este vem
ainda propor que a lógica da subsunção das regras seja substituída pela lógica da otimização
ou ponderação dos princípios.
Destaca-se ainda que os princípios são normas fundamentadoras de decisão , e são cada vez
mais o meio utilizado pelas jurisdições dos Estado Membros em conjunto com o amplo
recurso aos direitos fundamentais.

TJUE e o seu papel no contexto jurisdicional europeu

O Tribunal de Justiça da União Europeia tem um papel preponderante no contexto


jurisdicional europeu.De facto, visa assegurar a unidade do ordenamento jurídico europeu.
Reconhece-se desde logo que este Tribunal não atua como instância de recurso mas sim como
“a última palavra no discurso jurídico europeu”.Na verdade, o TJUE vai servir de garantia ao
respeito na interpretação e aplicação do direito contido nos Tratados.
O Tribunal de Justiça da União Europeia não interpreta normas nacionais porém com a
evolução do reenvio prejudicial tornou-se um mecanismo que aprecia a compatibilidade entre
essas normas e o Direito da União Europeia.Denote-se que para alcançar tal competência o
TJUE limitou-se a esclarecer o sentido da norma europeia, porém desse esclarecimento surge
um juízo relativo à conformidade da norma nacional (juizo este pretendido geralmente por
quem efetua o reenvio prejudicial).

Ampliação de competências do juiz nacional

O reenvio prejudicial amplia as competências do juiz nacional além dos limites formais
estabelecidos pelo ordenamento jurídico em que se insere:
1. Autoriza-o a desaplicar normas nacionais em desconformidade com o Direito da
União Europeia
2. Autoriza-o a interpretar direito nacional à luz do Direito da União Europeia
3. Autoriza-o a conceder providências cautelares tendentes a suspender a aplicação das
leis (mesmo que o ordenamento jurídico nacional não o permita).
Nota relativa ao caso de Portugal: é dos Estados Membros que menos reenvios prejudiciais
fez.O comportamento português infringe a subordinação do poder judicial à lei uma vez que
o Direito Comunitário faz parte do bloco de legalidade que obriga os tribunais portugueses.

Princípio do Precedente vinculativo

Beneficia os Estados Membros, uma vez que os vincula a reenvios alheios permitindo deste
modo um reforço na integração europeia.

Acórdão Marbury vs. Madison: afirmou o controlo da constitucionalidade das leis.


A União Europeia estaria em perigo se o Supremo Tribunal não pudesse declarar a invalidade
de leis aprovadas pelos Estados , uma vez que é nesse âmbito que existe o perigo da
desagregação e secundarização do interesse conjunto (da União).
Acórdão Da Costa de 1963: afirmou a vinculação de todos os juízes de todos os Estados
Membros às decisões de interpretação e de validade proferidas pelo Tribunal de Justiça da
União Europeia.
Nota: Não afasta jurisprudência anterior pontualmente distinta enquanto precedente
vinculativo independentemente das novas nuances da jurisprudência posterior.
As decisões do Tribunal de Justiça da União Europeia resultam do consenso e tem uma
preocupação eminentemente prática.

Sistema de Governação da União Europeia

Diz-se tratar-se de um sistema multinível uma vez que os atores políticos envolvidos nas
decisões não são só os Estados Membros e as instituições europeias, mas também uma rede
de atores transnacionais e comités públicos e privados que constituem assim um sistema
decisório policêntrico, fragmentado e interdependente, caracterizado pela ausência de
hierarquias.

Proteção de Direitos Fundamentais

O bloco de jusfundamentalidade que serve de parâmetro ao Tribunal de Justiça da União


Europeia consagra direitos fundamentais de diferenciadas fontes:
1. Proveniência europeia
1.1. Tratados constituintes
1.2. Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
2. Proveniência nacional
2.1. Constituições dos Estados Membros
3. Proveniência internacional
3.1. Tratados internacionais
3.2. Convenção Europeia dos Direitos do Homem
A aplicação concreta de normas de direitos fundamentais não é inequívoca, embora o seu
núcleo essencial seja o mesmo nos vários ordenamentos, as diferenças sistêmicas dos vários
ordenamentos geram padrões distintos.
Na verdade, esses padrões refletem-se desde logo quando os tribunais orgânica e
funcionalmente europeus aplicam normas de direitos fundamentais de fonte nacional ou
convencional segundo critérios próprios do Direito da União Europeia. Deste modo a
disposição normativa é compatibilizada pelo modelo jurídico tendo em conta a estrutura e os
objetivos da ordem jurídica europeia.
Assim, tendo por base as especificidades do modelo europeu de proteção dos direitos
fundamentais, o Tribunal de Justiça da União Europeia tenta determinar o conteúdo
normativo aplicável ao caso concreto.

Integração Europeia

O Tratado de Lisboa surge à partida como a alternativa possível ao Tratado Constitucional,


rejeitado , em referendo, pela França e pela Holanda.
De facto, tendo em vista a União da diversidade a unidade política europeia, prossegue-se a
ideia de integração política do continente europeu.
Kant, elaborou um dos contributos científicos mais significativos, uma vez que defendeu a
ideia da celebração de acordos entre os representantes dos povos liberais da Europa tendo em
vista alcançar a “Paz Perpétua”.
Conceito de Paz Perpétua: estabelecimento por parte do regime constitucional de uma Lei dos
Povos que visa realizar a liberdade dos cidadãos.

Foi então, do colapso das economias europeias e da necessidade de reconstruir uma


Europa devastada pelo poder bélico que surgiu a integração europeia, ou seja, foi então da
decadência europeia que se condicionou favoravelmente tal integração-"Nada como a
desgraça para patrocinar a convergência de vontades”.
Robert Schuman começa por propor que a produção franco-alemã do carvão e do aço
fosse posta sob uma autoridade comum, a qual submetia Estados , empresas e cidadãos.É
assim, em 1951 que se assina o Tratado constitutivo da Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço.
Foi assim, através da necessidade que se percorreu o caminho para a integração europeia, isto
é, para a união dos povos livres do continente europeu.
De forma a conseguir uma solução determina-se que esta se baseará numa delegação de
soberania e no exercício comum desta.
Começa-se assim o caminho em direção à integração faz-se através da integração do sector
económico.
Mas porquê começar com o carvão e o aço?
Primeiramente, por se temer o retorno à guerra (que dependia em grande parte desta
indústria), mas também sujeição da mesma a uma autoridade comum que ia posteriormente
alargar-se a outras áreas (económica, monetária e política).
Constitui-se deste modo, uma produção de base comum e uma autoridade que vinculava não
só a França e a Alemanha mas também os restantes países que aderissem.Estão assim,
lançadas as bases de uma federação europeia indispensável à preservação da paz.-Declaração
de Schuman.

Mercado Comum

O mercado comum foi concebido como um instrumento de transformação econômica


e psicológica. De facto, existia a convicção de que a soberania tendia perecer quando
estagnada em formas do passado, e que esta deveria então ser transferida para um espaço
maior no qual se fundiu com outras soberanias em evolução.
Deste modo, impunha-se a criação de instituições comuns as quais acumulavam
experiência coletiva. Existia ainda a necessidade de criar progressivamente um interesse
comum , o qual seria gerado democraticamente por instituições comuns nas quais se delega a
soberania necessária.

Resistência à mudança

Sabia-se à partida que iria existir resistência à defesa do interesse comum em detrimento do
da defesa de interesses puramente nacionais.Acrescenta-se ainda a ideia de que a resistência é
tanto maior quanto maior for a mudança.
Porém os problemas globais conduzem à necessidade de uma maior unidade. Assim, a
partilha de poderes soberanos inicia-se com o sector produtivo do carvão e do aço, a qual se
mostrou bem sucedida.
1957- Assinatura do Tratado constitutivo da Comunidade Europeia da Energia Atómica
( pretende promover uma utilização para fins pacíficos e o desenvolvimento da indústria
nuclear) e o Tratado constitutivo da Comunidade Económica Europeia - tendente à criação de
um mercado comum.
Tratado constitutivo da Comunidade Económica Europeia
Foi através deste Tratado que assumiram compromissos de solidariedade, reconhecidos
atualmente como o princípio da lealdade europeia e plasmados no artigo 4º nº2 do Tratado da
União Europeia.

Nota relativa às competências partilhadas (Artigo 4º do Tratado para o Funcionamento da


União Europeia):a União Europeia só intervém se e na medida em que os objetivos da ação
não possam ser suficientemente realizados pelos Estados Membros (critério da insuficiência)
ou possam ser melhor alcançados ao nível europeu (critério da mais-valia).
Existe deste modo, o comprometimento dos Estados com o cumprimento dos objetivos do
Tratado. Foi a partir do princípio da cooperação leal ou da lealdade europeia que o Tribunal
de Justiça da União Europeia consagrou outros princípios indispensáveis à sobrevivência da
União Europeia.
Após 50 anos da assinatura desses Tratados assiste-se a um fenómeno sem precedentes, o da
reunificação de um continente assolado por dois grandes conflitos bélicos (século 20).
Atualmente, são 27 os Estados Membros que integram a União Europeia após vários
alargamentos que deram lugar a sucessivas adaptações nos tratados constitutivos, de modo a
não acarretar custos indesejáveis para a agregação destes Estados.
Ato Único Europeu
Revisão de fundo na qual se estabeleceu como objetivo prioritário a construção de um
mercado interno, ou seja, a criação de um espaço sem fronteiras que permitisse a circulação
de mercadorias, pessoas, serviços e capitais.

Tratado de Maastricht
Segunda revisão de fundo fundada nas três comunidade existentes e em dois pilares
intergovernamentais:
1. Política externa e segurança comum
2. Cooperação judicial e em matéria de assuntos internos
Nota: Assuntos que eram decididos por unanimidade dos Estados Membros.

Projeto do Tratado Constitucional e a assinatura do Tratado de Lisboa


O Conselho Europeu convocou em 2001 uma convenção tendente a elaborar um documento
que previsse soluções às seguintes questões:
➔ Delimitação mais precisa de competências entre a União Europeia e os Estados
Membros ,atendendo ao princípio da subsidiariedade.
➔ O estatuto da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.
➔ A simplificação dos Tratados
➔ O robustecimento do papel dos Parlamentos nacionais na arquitetura europeia

Nota relativa ao princípio da subsidiariedade (Artigo 5º nº3 do Tratado da União Europeia):


obriga o poder europeu a fazer prova de que prossegue os objetivos que o fundamento
jurídico invocado lhe autoriza, ou seja, informa o sistema de competências da União
Europeia.
Em 2003 a Convenção apresentou um projeto do Tratado Constitucional europeu porém este
dependia da ratificação por todos os Estados Membros, ou seja, era necessária a aprovação
por parte dos Parlamentos nacionais ou através de consulta referendária. No entanto, o
projeto foi abortado por conta das rejeições referendárias da França e Holanda.
A crise constitucional da União Europeia resolveu-se com a assinatura do Tratado de Lisboa.
(Até à página 26 do Livro)

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