Você está na página 1de 8

Aula de Direito da União Europeia dia 1 de março de 2021

As aulas terão uma base apoio, por isso é que se apresenta a calendarização
das ualas práticas. O direito de União Europeia tem como fonte a jurisprudência, uma
base muito importante. O que é distinto do que acontece no Direito Interno. O direito
da União é diferente, exótico, é um Direito que tem algum impacto na ordem jurídica
interna cada vez mais no direito interno dos diferentes estados-membros.
eur-lex.europa.eu – base de dados de Direito de União Europeia
Lá encontraremos o Tratado de Funcionamento da União da Europeia,
Tratado da União Europeia assim como a Carta do Direito da União Europeia.
As aulas não serão gravadas! Há um livro que é transversal a toda a disciplina,
“Princípios da União Europeia - Doutrina e Jurisprudência”, 2011, Quid Juris (onde
será publicado).

Reenvio Prejudicial
Recomendações da EU para esclarecer como o reenvio deverá e poderá
acontecer.
Todo o exercido de poder público está submetido a uma dinâmica de
legalidade que vai determinar como é que a institutos ou entidades nacionais terão
de atuar de acordo com o que decorre da UE, cabe nos perceber como é que o
reenvio prejudicial ocorre porque é que ele é tão relevante?
O que é o reenvio prejudicial?
A relevância do reenvio prejudicial
A ordem jurídica europeia aglutina e condensa 27 tradições jurídica
constitucionais culturais e sociais diferentes, portanto é uma ordem jurídica que só
irá ser operante se se promover uma aplicação homogénea e uma interpretação
também ela homogéneo ou uniforme do Direito da União Europeia. Aqui os tribunais
nacionais tem um papel fundamental na medida em que a ordem jurídica europeia
não se dotou de tribunais exclusivamente europeus e os difundiu os dispersou no
território dos diverso estados-membros, antes pelo contrário e a fim de promover
uma proximidade na aplicação do Direito da União Europeia, a ordem jurídica
europeia determinou que os tribunais dos diversos estados-membros atuariam como
Tribunais comuns da União Europeia, razão pela qual a professora Alessandra Silveira
designa os tribunais nacionais como tribunais funcionalmente europeus quando
estes são chamados a aplicar o Direito da União nos litígios que têm perante si. Mas
quando a própria ordem jurídica da União Europeia determina e confia a aplicação
do Direito da União aos tribunais nacionais coube-lhe criar um mecanismo que
permitisse a esses tribunais afastar dúvidas interpretativas de ou validade do Direito
da União que têm de aplicar ao caso concreto. E a forma de verem essas dúvidas
respondidas foi encontrada através do reenvio prejudicial, atualmente consagrado
no artigo 267º do TFUE.
A União Europeia cria Direito, tal prova-se pelo impacto quando houve a
adoção de regulamento geral sobre a proteção de dados. O DUE impacta nas nossas
vidas enquanto cidadãos de estados e terceiros que vivemos de forma autorizada e
válida no território da União Europeia, assim como nos estado europeus. Nesta
circunstância a ordem jurídica europeia pensou em adotar tribunais próprios, uma
parte, o Tribunal de Justiça da União Europeia - tribunais organicamente europeus –
mas numa perspetiva de proximidade de cada pessoa, de cada particular poder
dirigir-se aos tribunais que lhe são próximo, determinou que os tribunais nacionais
aplicariam o DUE de forma imediata. Por isso é que se dizem funcionalmente
europeu, quanto à função que desempenham são europeus, mas organicamente
não, porque quanto ao funcionamento e outras questões é regido por Direito
Interno. Cada cabeça sua sentença, quando se determina que o Direito da UE é
aplicado pelos tribunais nacionais é para evitar que houvesse uma afetação da
efetividade de DUE, que os cidadãos não fossem discriminados em função da
nacionalidade em relação aos seus congéneres, para tal criou-se e estabeleceu-se o
reenvio prejudicial, permite ao juiz nacional entabular um diálogo com os juízes do
Direito da União Europeia.
A adoção deste mecanismo configura-se como uma faculdade ilimitada
reconhecida aos juízes nacionais de querendo se articularem com o tribunal de
Justiça para verem as suas dúvidas de interpretação ou de validade respondidas pelo
tribunal de Justiça. Posto isto, é o Tribunal nacional e juiz nacional que goza de
competência para fazer o reenvio prejudicial, no entanto o reenvio prejudicial
determinou uma alteração de paradigma quanto à atuação de todos operadores
judiciários, nomeadamente juízes e advogados. Para os juízes porque veio exigir que
acomodassem a convicção de que são eles que gozam de competência para dirigir ao
tribunal de Justiça as questões prejudiciais, mas aos advogados e para as partes que
representam também veio determinar que os mesmos passassem a ter a
sensibilidade de nas peças processuais que dirigem ao tribunal serem capazes de
invocar o Direito da União Europeia aplicável e de sempre que possível sensibilizar o
juiz nacional para a necessidade de um reenvio prejudicial. Mas porquê?
Não nos é desconhecido, porque esta dinâmica de ser a parte que chama a
atenção do juiz nacional para o reenvio prejudicial surgiu de um acórdão português -
Gomes Valente – o Supremo Tribunal Administração português realizou o reenvio
prejudicial aproveitando para o efeito uma questão prejudicial que uma das partes
tinha minutado nas suas alegações de recurso tendo disso inclusivamente dado
conta ao Tribunal de Justiça da EU, portanto a sensibilização das partes nos
processos e dos mandatários que as representam para que tal alteração de
paradigma se efetive passa pela sua sensibilização quanto à necessidade de podendo
oferecer nas suas peças processuais a minuta (por exemplo como decorre) do
potencial reenvio prejudicial. Acresce por outro lado que esta alteração de
paradigma também reforça o facto da norma nacional deixar de ser a referência
fundamental (ordem jurídica português é muito normativista) porque se estivermos
non âmbito de aplicação do DUE há um outro corpo jurídico europeu que tem de se
equacionado, que tem de ser ponderado na resolução dos caos concretos que os
tribunais nacionais terão de decidir. Esta peculiaridade, de termos normas jurídicas
de diversas fontes, que revela a fundamentalidade a articulação entre o juiz nacional
e o juiz do Tribunal de Justiça. Só assim é que a ordem jurídica europeia é capaz de
sobreviver e de conhecer a sua plena efetividade. A sobrevivência da ordem jurídica
europeia é fundamental pois foi através dela que muitos dos direitos fundamentais
reconhecidos aos particulares foram adotados cabendo aos tribunais nacionais
efetivá-los, sem restrições e como o sentido e alcance adequados à ordem jurídica
europeia. Ao reenvio prejudicial reconhecem-se duas dimensões: uma dimensão
objetiva e uma dimensão subjetiva. A dimensão objetiva caracteriza o reenvio
prejudicial como um mecanismo de diálogo entre os tribunais, entre os tribunais
nacionais dos diversos estados-membros e o tribunal de justiça da UE. Esta dimensão
objetiva foi apelidada por Timmermans como o diálogo formal entre os tribunais
nacional e o Tribunal de Justiça da UE. Dimensão essa diretamente resultante do
artigo 267º do TFUE. Formal porque o artigo estabelece a forma que o diálogo deve
revestir: o reenvio prejudicial.
Artigo 267º (ex-artigo 234.o TCE) O Tribunal de Justiça da União Europeia é
competente para decidir, a título prejudicial: a) Sobre a interpretação dos Tratados;
b) Sobre a validade e a interpretação dos atos adotados pelas instituições, órgãos ou
organismos da União. Sempre que uma questão desta natureza seja suscitada
perante qualquer órgão jurisdicional de um dos Estados-Membros, esse órgão pode,
se considerar que uma decisão sobre essa questão é necessária ao julgamento da
causa, pedir ao Tribunal que sobre ela se pronuncie. Sempre que uma questão desta
natureza seja suscitada em processo pendente perante um órgão jurisdicional
nacional cujas decisões não sejam suscetíveis de recurso judicial previsto no direito
interno, esse órgão é obrigado a submeter a questão ao Tribunal. Se uma questão
desta natureza for suscitada em processo pendente perante um órgão jurisdicional
nacional relativamente a uma pessoa que se encontre detida, o Tribunal pronunciar-
se-á com a maior brevidade possível.

O reenvio prejudicial congrega uma dimensão subjetiva que o reconhece


como um mecanismo ao serviço da tutela jurisdicional efetiva, ou seja, que o
reconhece como um mecanismo capaz de assegurar no âmbito da função
jurisdicional a proteção dos direitos conferidos pela ordem jurídica da União
Europeia, a fim de assegurar que esses direitos congregam de formas apropriadas o
sentido e o alcance que o legislador europeu lhes quis dar. A partir do acórdão
Köbler, o Tribunal de Justiça veio expressamente reconhecer esta dimensão subjetiva
ao afirmar que a ausência de reenvio prejudicial comprometia a tutela jurisdicional
dos direitos conferidos aos particulares. Daqui resulta, portanto que o reenvio
permitirá que em qualquer processo judicial que corre termos nos diversos estados-
membros se promova a uniformidade da interpretação do Direito da União e da
validade dos atos praticados pelas instituições europeias, permitindo que a mesma
norma jurídica seja aplicada de forma idêntica nos diversos estados-membros.

Tipologia dos reenvios prejudiciais


O reenvio configura uma faculdade ilimitada conferida ao juiz nacional, o que
é afirmado desde o acórdão Rheinmühlen-Düsseldorf, daqui resulta que o juiz tem a
suscetibilidade de colocar as suas dúvidas sobre o Direito da União, podendo fazê-lo
porque para isso foi alertado por uma das partes no processo ou oficiosamente, ou
seja, porque apesar de nenhuma das partes o ter alegado, o juiz entende que a
situação em apreço deve ser decidia à luz da ordem jurídica europeia, sendo
portanto necessário articular-se com o Tribunal de Justiça da EU. Como fomos
capazes de ver à luz do artigo 267º do TFUE, o reenvio pode ser de interpretação ou
de validade. Um reenvio de interpretação pode incidir sobre normas de Direito
originário da União Europeia ou seja «, normas decorrentes dos tratados, do TFUE do
TUE, e por força do artigo 6º/1 do TUE pode incindir também sobre os artigos da
Carta dos Direito Fundamentais da EU também enquanto Direito originário.
Artigo 6º (ex-artigo 6.o TUE) 1. A União reconhece os direitos, as liberdades e
os princípios enunciados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, de 7
de dezembro de 2000, com as adaptações que lhe foram introduzidas em 12 de
dezembro de 2007, em Estrasburgo, e que tem o mesmo valor jurídico que os
Tratados. De forma alguma o disposto na Carta pode alargar as competências da
União, tal como definidas nos Tratados. Os direitos, as liberdades e os princípios
consagrados na Carta devem ser interpretados de acordo com as disposições gerais
constantes do Título VII da Carta que regem a sua interpretação e aplicação e tendo
na devida conta as anotações a que a Carta faz referência, que indicam as fontes
dessas disposições. 2. A União adere à Convenção Europeia para a Proteção dos
Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais. Essa adesão não altera as
competências da União, tal como definidas nos Tratados. 3. Do direito da União
fazem parte, enquanto princípios gerais, os direitos fundamentais tal como o garante
a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades
Fundamentais e tal como resultam das tradições constitucionais comuns aos
Estados-Membros.
O reenvio de interpretação poder ainda incindir sobre Direito derivado da EU,
ou seja, sobre normas de regulamentos, de diretivas, de decisões públicas de outros
atos jurídicos da união que estabelecem o Direito derivado da União nos termos dos
artigos 288º e seguintes do TFUE.
Artigo 286º (ex-artigo 247.o TCE) 1. Os membros do Tribunal de Contas serão
escolhidos de entre personalidades que pertençam ou tenham pertencido, nos
respetivos Estados, a instituições de fiscalização externa ou que possuam uma
qualificação especial para essa função. Devem oferecer todas as garantias de
independência. 2. Os membros do Tribunal de Contas são nomeados por um período
de seis anos. O Conselho, após consulta ao Parlamento Europeu, aprova a lista dos
membros estabelecida em conformidade com as propostas apresentadas por cada
Estado-Membro. Os membros do Tribunal de Contas podem ser nomeados de novo.
Os membros do Tribunal de Contas designam de entre si, por um período de três
anos, o Presidente do Tribunal de Contas, que pode ser reeleito. 3. No cumprimento
dos seus deveres, os membros do Tribunal de Contas não solicitarão nem aceitarão
instruções de nenhum Governo ou qualquer entidade e abster-se-ão de praticar
qualquer ato incompatível com a natureza das suas funções. 4. Enquanto durarem as
suas funções, os membros do Tribunal de Contas não podem exercer qualquer outra
atividade profissional, remunerada ou não. Além disso, assumirão, no momento da
posse, o compromisso solene de respeitar, durante o exercício das suas funções e
após a cessação destas, os deveres decorrentes do cargo, nomeadamente os de
honestidade e discrição, relativamente à aceitação, após aquela cessação, de
determinadas funções ou benefícios. 5. Para além das substituições normais e dos
casos de morte, as funções dos membros do Tribunal de Contas cessam
individualmente por demissão voluntária ou compulsiva declarada pelo Tribunal de
Justiça, nos termos do n.o 6. O membro em causa será substituído pelo tempo que
faltar para o termo do período de exercício das suas funções. Salvo no caso de
demissão compulsiva, os membros do Tribunal de Contas permanecem em funções
até serem substituídos. 6. Os membros do Tribunal de Contas só podem ser
afastados das suas funções, ou privados do direito a pensão ou de quaisquer outros
benefícios que a substituam, se o Tribunal de Justiça declarar verificado, a pedido do
Tribunal de Contas, que deixaram de corresponder às condições exigidas ou de
cumprir os deveres decorrentes do cargo. 7. O Conselho fixa as condições de
emprego, designadamente os vencimentos, subsídios, abonos e pensões do
Presidente e dos membros do Tribunal de Contas. O Conselho fixa todos os subsídios
e abonos que substituam a remuneração. 8. As disposições do Protocolo relativo aos
Privilégios e Imunidades da União Europeia aplicáveis aos juízes do Tribunal de
Justiça da União Europeia são igualmente aplicáveis aos membros do Tribunal de
Contas

O reenvio de interpretação serve para obter do Tribunal de Justiça o sentido


material (do sentido e alcance) das disposições de Direito da União a aplicar ao caso
concreto quer seja de Direito originário ou derivado. Já o reenvio de validade visa
pedir ao Tribunal de Justiça a apreciação da validade de atos emitidos pelas
instituições europeias, serve apenas para apreciar o Direito derivado da União
Europeia, não servindo para questionar a validade do Direto originário, já que este é
que servirá de referencial de validade ou invalidade. O Direito originário da União
Europeia é que estabelece e permitirá ao Tribunal de justiça conduzir esse juízo de
averiguar se aquele ato de direito derivado é ou não válido à luz do texto dos
tratados, por ser com eles compatível ou não. Os atos de Direito derivado poderão
ser inválidos com base num conjunto de vícios tal como eles resultam do artigo 263
segundo parágrafo, e são eles um vício de incompetência: incompetência interna ou
incompetência externa, diz-se interna quando uma instituição europeia viola as suas
próprias competências e diz-se um vício de externa quando a adoção do ato de
Direito derivado determinou uma violação das competência tal como elas estão
distribuídas entre a União Europeia e os estados-membros, ou seja, em que houve a
violação das regras de distribuição de competência entre a União Europeia e os
estado membros tal como estas resulta dos artigos 2.º e seguintes do TFUE.
Artigo 2º - 1. Quando os Tratados atribuam à União competência exclusiva em
determinado domínio, só a União pode legislar e adotar atos juridicamente
vinculativos; os próprios Estados-Membros só podem fazê-lo se habilitados pela
União ou a fim de dar execução aos atos da União. 2. Quando os Tratados atribuam à
União competência partilhada com os Estados-Membros em determinado domínio, a
União e os Estados-Membros podem legislar e adotar atos juridicamente vinculativos
nesse domínio. Os Estados-Membros exercem a sua competência na medida em que
a União não tenha exercido a sua. Os Estados-Membros voltam a exercer a sua
competência na medida em que a União tenha decidido deixar de exercer a sua. 3.
Os Estados-Membros coordenam as suas políticas económicas e de emprego de
acordo com disposições determinadas no presente Tratado, para cuja definição a
União tem competência. 4. A União dispõe de competência, nos termos do Tratado
da União Europeia, para definir e executar uma política externa e de segurança
comum, inclusive para definir gradualmente uma política comum de defesa. 5. Em
determinados domínios e nas condições previstas pelos Tratados, a União dispõe de
competência para desenvolver ações destinadas a apoiar, a coordenar ou a
completar a ação dos Estados-Membros, sem substituir a competência destes nesses
domínios. Os atos juridicamente vinculativos da União adotados com fundamento
nas disposições dos Tratados relativas a esses domínios não podem implicar a
harmonização das disposições legislativas e regulamentares dos Estados-Membros.
6. A extensão e as regras de exercício das competências da União são determinadas
pelas disposições dos Tratados relativas a cada domínio.
Um outro vício é o da viloa gão de formalidade essenciais, quando o ato ao
cumpra por exemplo as regras inerentes ao procedimento legislativo aplicável, o qual
em regra observa os tramites de um procedimento legislativo ordinário nos termos
do artigo 294º TFUE. Um outro vício prende-se com a insuficiência de
fundamentação, quando mesma se imponha por força do artigo 296º segundo
parágrafo do TFUE. Podemos também uma invalidade por desvio de poder, porque o
ato adotado pelas instituições prossegue fins diversos daqueles que estava na base
da sua adoção. Um outro vício decorre da violação de tratado ou norma que o
aplique, o juízo de validade ou invalide pode ter em consideração a adequação do
ato aos princípios gerais do Direito da União ou da própria Carta dos direitos
fundamentais da UE. Neste contexto encontramos ainda dos outros tipos de reenvio,
por conta do acórdão Foto-Frost confirmado pelo acordão IATA, os reenvios de
validade serão sempre obrigatórios, na medida em que se visa atingir a maior
efetividade do Direito da União, não fazendo portanto sentido que o reenvio fosse
facultativo porque poderia determinar a manutenção no tempo de um ato de Direito
da União potencialmente inválido, Por seu turno, por força do artigo 267º do TFUE os
reenvios prejudiciais de interpretação conferem aos juiz que não decide em última
instancia uma ampla faculdade de reenviar e quando o Tribunal decide em última
instância (não administração recursos interno) o reenvio é obrigatório, forma a evitar
que se sedimente uma decisão que comprometa a efetividade do Direito da União.
Cabe esclarecer que através do acórdão CILFIT se inaugurou a teoria do ato
claro, segundo a qual o juiz decide em última instância, está obrigado, portanto a
reenviar, poderá não fazê-lo quando entenda que o ato de direito da União a aplicar
ao caso concreto é claro. Mas o Tribunal de Justiça no novo acórdão da CILFIT 2
concretizou as circunstâncias em que ela poderia correr, balizando a teoria do ato
claro, onde recordou que o tribunal nacional para não fazer o reenvio prejudicial
obrigatório tinha de equacionar os riscos da não realização do reenvio (1), e as
particulares tendências de aplicação do Direito da União (2). Para o efeito o tribunal
nacional terá de aferir se existe ou não jurisprudência do tribunal de justiça sobre a
matéria, se a dúvida real que se coloca o juiz é ou não coincidente, com os acórdãos
já existência do Tribunal de Justiça, devendo atentar às várias questões linguísticas e
às várias versões linguísticas do ato, para perceber se o ato é inequívoco, assim como
o sentido a atribuir à sua disposição é inequívoco. Daqui resulta que o Tribunal de
Justiça através do reenvio prejudicial não se pronuncia sobre Direito Interno, embora
possa dar todos os elementos ao tribunal nacional para que este se sinta suportado a
aferir da desconformidade do Direito nacional com o Direito da União.
Por conta disto vigora uma presunção de pertinência do reenvio prejudicial,
que significa que o Tribunal de Justiça irá presumir a indispensabilidade o reenvio
para boa decisão da causa que corre perante o tribunal nacional, o que determinará
que em regra o reenvio seja admissível. Este só será inadmissível em três situações
precisas:
- quando o litígio não tem relação com o Direito da União;
- quando a questão prejudicial não se relaciona com o processo nacional ou
com o seu objeto (do processo);
- quando o juiz fórmula questões hipotéticas, equaciona hipóteses que não se
relaciona com o Direito da União Europeia
Se algumas dessas circunstâncias ocorrer o Tribunal de Justiça pode recusar o
reenvio prejudicial, embora o mais comum seja a reformulação das questões
prejudiciais, adequando-as ao âmbito da sua jurisdição. O juiz nacional pode fazer o
reenvio prejudicial em qualquer fase do processo, embora haja uma recomendações
de este se realizar quando já tenha verificado o exercício de algum género de
contraditório, ou seja, quando as partes no processo poderão já ter argumentado e
contra-argumentado.

Tramitação do processo judicial


Em regra, o reenvio prejudicial assume a designada tramitação comum que
assenta na realização de uma fase escrita que confere às partes intervenientes um
prazo de dois meses para apresentarem observações escritas. São ouvidos ou podem
ser ouvidos as 1) partes no processo nacional, 2) todos os estados-membros
(aprestando observações escritas), 3) a comissão europeia, quanto guardiã dos
tratados, 4) as instituições responsáveis pela adoção do ato a interpretar. À fase
escrita pode suceder-se uma fase oral., embora vigore a regra da sua
dispensabilidade, em alternativa à tramitação comum, poderemos encontrar uma
tramitação acelerada e uma tramitação urgente. A primeira pautando-se por uma
compressão dos prazos, uma abreviar do processo prejudicial, e a segunda, uma
tramitação urgente, visando que em matérias de especial exigência o Tribunal de
Justiça decida o mais rapidamente possível, como é o caso de existir um preso ou um
detido, o caso de obtenção de vistos ou de asilo, como é o caso de guarda de criança,
exercício de responsabilidades parentais. A tramitação urgente exige do tribunal
nacional a demonstração fáctica da urgência e a demonstração material de que
estamos no âmbito e estamos no âmbito do espaço de liberdade, segurança e justiça
tal como o mesmo se encontra estabelecido nos artigos 67º e seguintes do TFUE.
Artigo 67º (ex-artigo 61.o TCE e ex-artigo 29.o TUE) 1. A União constitui um
espaço de liberdade, segurança e justiça, no respeito dos direitos fundamentais e dos
diferentes sistemas e tradições jurídicos dos Estados-Membros. 2. A União assegura
a ausência de controlos de pessoas nas fronteiras internas e desenvolve uma política
comum em matéria de asilo, de imigração e de controlo das fronteiras externas que
se baseia na solidariedade entre Estados-Membros e que é equitativa em relação aos
nacionais de países terceiros. Para efeitos do presente título, os apátridas são
equiparados aos nacionais de países terceiros. 3. A União envida esforços para
garantir um elevado nível de segurança, através de medidas de prevenção da
criminalidade, do racismo e da xenofobia e de combate contra estes fenómenos,
através de medidas de coordenação e de cooperação entre autoridades policiais e
judiciárias e outras autoridades competentes, bem como através do reconhecimento
mútuo das decisões judiciais em matéria penal e, se necessário, através da
aproximação das legislações penais. 4. A União facilita o acesso à justiça,
nomeadamente através do princípio do reconhecimento mútuo das decisões judiciais
e extrajudiciais em matéria civil.
Ver documento que a prof disponibilizou na zona “Conteúdos”.

Você também pode gostar