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As aulas terão uma base apoio, por isso é que se apresenta a calendarização
das ualas práticas. O direito de União Europeia tem como fonte a jurisprudência, uma
base muito importante. O que é distinto do que acontece no Direito Interno. O direito
da União é diferente, exótico, é um Direito que tem algum impacto na ordem jurídica
interna cada vez mais no direito interno dos diferentes estados-membros.
eur-lex.europa.eu – base de dados de Direito de União Europeia
Lá encontraremos o Tratado de Funcionamento da União da Europeia,
Tratado da União Europeia assim como a Carta do Direito da União Europeia.
As aulas não serão gravadas! Há um livro que é transversal a toda a disciplina,
“Princípios da União Europeia - Doutrina e Jurisprudência”, 2011, Quid Juris (onde
será publicado).
Reenvio Prejudicial
Recomendações da EU para esclarecer como o reenvio deverá e poderá
acontecer.
Todo o exercido de poder público está submetido a uma dinâmica de
legalidade que vai determinar como é que a institutos ou entidades nacionais terão
de atuar de acordo com o que decorre da UE, cabe nos perceber como é que o
reenvio prejudicial ocorre porque é que ele é tão relevante?
O que é o reenvio prejudicial?
A relevância do reenvio prejudicial
A ordem jurídica europeia aglutina e condensa 27 tradições jurídica
constitucionais culturais e sociais diferentes, portanto é uma ordem jurídica que só
irá ser operante se se promover uma aplicação homogénea e uma interpretação
também ela homogéneo ou uniforme do Direito da União Europeia. Aqui os tribunais
nacionais tem um papel fundamental na medida em que a ordem jurídica europeia
não se dotou de tribunais exclusivamente europeus e os difundiu os dispersou no
território dos diverso estados-membros, antes pelo contrário e a fim de promover
uma proximidade na aplicação do Direito da União Europeia, a ordem jurídica
europeia determinou que os tribunais dos diversos estados-membros atuariam como
Tribunais comuns da União Europeia, razão pela qual a professora Alessandra Silveira
designa os tribunais nacionais como tribunais funcionalmente europeus quando
estes são chamados a aplicar o Direito da União nos litígios que têm perante si. Mas
quando a própria ordem jurídica da União Europeia determina e confia a aplicação
do Direito da União aos tribunais nacionais coube-lhe criar um mecanismo que
permitisse a esses tribunais afastar dúvidas interpretativas de ou validade do Direito
da União que têm de aplicar ao caso concreto. E a forma de verem essas dúvidas
respondidas foi encontrada através do reenvio prejudicial, atualmente consagrado
no artigo 267º do TFUE.
A União Europeia cria Direito, tal prova-se pelo impacto quando houve a
adoção de regulamento geral sobre a proteção de dados. O DUE impacta nas nossas
vidas enquanto cidadãos de estados e terceiros que vivemos de forma autorizada e
válida no território da União Europeia, assim como nos estado europeus. Nesta
circunstância a ordem jurídica europeia pensou em adotar tribunais próprios, uma
parte, o Tribunal de Justiça da União Europeia - tribunais organicamente europeus –
mas numa perspetiva de proximidade de cada pessoa, de cada particular poder
dirigir-se aos tribunais que lhe são próximo, determinou que os tribunais nacionais
aplicariam o DUE de forma imediata. Por isso é que se dizem funcionalmente
europeu, quanto à função que desempenham são europeus, mas organicamente
não, porque quanto ao funcionamento e outras questões é regido por Direito
Interno. Cada cabeça sua sentença, quando se determina que o Direito da UE é
aplicado pelos tribunais nacionais é para evitar que houvesse uma afetação da
efetividade de DUE, que os cidadãos não fossem discriminados em função da
nacionalidade em relação aos seus congéneres, para tal criou-se e estabeleceu-se o
reenvio prejudicial, permite ao juiz nacional entabular um diálogo com os juízes do
Direito da União Europeia.
A adoção deste mecanismo configura-se como uma faculdade ilimitada
reconhecida aos juízes nacionais de querendo se articularem com o tribunal de
Justiça para verem as suas dúvidas de interpretação ou de validade respondidas pelo
tribunal de Justiça. Posto isto, é o Tribunal nacional e juiz nacional que goza de
competência para fazer o reenvio prejudicial, no entanto o reenvio prejudicial
determinou uma alteração de paradigma quanto à atuação de todos operadores
judiciários, nomeadamente juízes e advogados. Para os juízes porque veio exigir que
acomodassem a convicção de que são eles que gozam de competência para dirigir ao
tribunal de Justiça as questões prejudiciais, mas aos advogados e para as partes que
representam também veio determinar que os mesmos passassem a ter a
sensibilidade de nas peças processuais que dirigem ao tribunal serem capazes de
invocar o Direito da União Europeia aplicável e de sempre que possível sensibilizar o
juiz nacional para a necessidade de um reenvio prejudicial. Mas porquê?
Não nos é desconhecido, porque esta dinâmica de ser a parte que chama a
atenção do juiz nacional para o reenvio prejudicial surgiu de um acórdão português -
Gomes Valente – o Supremo Tribunal Administração português realizou o reenvio
prejudicial aproveitando para o efeito uma questão prejudicial que uma das partes
tinha minutado nas suas alegações de recurso tendo disso inclusivamente dado
conta ao Tribunal de Justiça da EU, portanto a sensibilização das partes nos
processos e dos mandatários que as representam para que tal alteração de
paradigma se efetive passa pela sua sensibilização quanto à necessidade de podendo
oferecer nas suas peças processuais a minuta (por exemplo como decorre) do
potencial reenvio prejudicial. Acresce por outro lado que esta alteração de
paradigma também reforça o facto da norma nacional deixar de ser a referência
fundamental (ordem jurídica português é muito normativista) porque se estivermos
non âmbito de aplicação do DUE há um outro corpo jurídico europeu que tem de se
equacionado, que tem de ser ponderado na resolução dos caos concretos que os
tribunais nacionais terão de decidir. Esta peculiaridade, de termos normas jurídicas
de diversas fontes, que revela a fundamentalidade a articulação entre o juiz nacional
e o juiz do Tribunal de Justiça. Só assim é que a ordem jurídica europeia é capaz de
sobreviver e de conhecer a sua plena efetividade. A sobrevivência da ordem jurídica
europeia é fundamental pois foi através dela que muitos dos direitos fundamentais
reconhecidos aos particulares foram adotados cabendo aos tribunais nacionais
efetivá-los, sem restrições e como o sentido e alcance adequados à ordem jurídica
europeia. Ao reenvio prejudicial reconhecem-se duas dimensões: uma dimensão
objetiva e uma dimensão subjetiva. A dimensão objetiva caracteriza o reenvio
prejudicial como um mecanismo de diálogo entre os tribunais, entre os tribunais
nacionais dos diversos estados-membros e o tribunal de justiça da UE. Esta dimensão
objetiva foi apelidada por Timmermans como o diálogo formal entre os tribunais
nacional e o Tribunal de Justiça da UE. Dimensão essa diretamente resultante do
artigo 267º do TFUE. Formal porque o artigo estabelece a forma que o diálogo deve
revestir: o reenvio prejudicial.
Artigo 267º (ex-artigo 234.o TCE) O Tribunal de Justiça da União Europeia é
competente para decidir, a título prejudicial: a) Sobre a interpretação dos Tratados;
b) Sobre a validade e a interpretação dos atos adotados pelas instituições, órgãos ou
organismos da União. Sempre que uma questão desta natureza seja suscitada
perante qualquer órgão jurisdicional de um dos Estados-Membros, esse órgão pode,
se considerar que uma decisão sobre essa questão é necessária ao julgamento da
causa, pedir ao Tribunal que sobre ela se pronuncie. Sempre que uma questão desta
natureza seja suscitada em processo pendente perante um órgão jurisdicional
nacional cujas decisões não sejam suscetíveis de recurso judicial previsto no direito
interno, esse órgão é obrigado a submeter a questão ao Tribunal. Se uma questão
desta natureza for suscitada em processo pendente perante um órgão jurisdicional
nacional relativamente a uma pessoa que se encontre detida, o Tribunal pronunciar-
se-á com a maior brevidade possível.